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03/01/2019 / Em: Clipping

 

Por que conteúdos de jornais são usados em vestibulares (Nexo – 03/01/2019)

Provas que garantem vagas em grandes universidades públicas utilizam a produção de veículos de notícias na elaboração de suas questões

 

Os mais de 4 milhões de estudantes que prestaram o Enem em 2018 tiveram que escrever uma redação sobre o tema “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. Para ajudar na argumentação, a prova disponibilizou quatro textos motivadores, sendo três deles trechos de conteúdos publicados nos veículos El País, BBC e Outras Palavras.A prova do ensino médio, que é usada como etapa de seleção para o ingresso em diversas universidades, está alinhada com outros processos seletivos. O uso de conteúdos jornalísticos na elaboração das provas é comum nos grandes vestibulares, que garantem vagas em instituições públicas e privadas.No início de 2018, a Fuvest, prova de seleção para a USP, utilizou uma parte da entrevista da curadora Solange Farkas ao Nexo como apoio para uma dissertação que questionava os limites da arte. Na primeira fase da Unicamp deste ano, um texto da colunista do jornal Lilia Schwarcz foi utilizado em uma questão de português. Algumas provas, como a da Unicamp, também cobram formatos típicos do jornalismo em suas redações. Desde 2011, quando houve uma mudança na estrutura do vestibular, estudantes já tiveram que escrever artigos de opinião, uma carta de um leitor a um jornal e um texto de divulgação científica.O coordenador executivo da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp), José Alves de Freitas Neto, explica que os vestibulares usam esses conteúdos como uma forma de adequar a linguagem da prova ao repertório cultural que está disponível para os estudantes.“Se espera que essa pessoa que está pleiteando uma vaga no ensino superior tenha conhecimento e domínio do mundo que está ao seu redor, o que é feito por meio do contato com a mídia e o jornalismo”, afirma. O uso de recursos do campo jornalístico-midiático na educação está previsto nas Diretrizes do Ensino Básico do Brasil e foi recentemente reforçado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da etapa básica, aprovada em 2017. Leia mais.