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04/09/2017 / Em: Clipping

 

Vagas pelo Sisu e sistema de cotas devem aproximar Unicamp das metas de inclusão em 2019, diz Comvest (G1 – Campinas e Região – 02/09/2017)

Universidade estuda reservas de 20% das vagas para Sisu, 15% para cotas étnico-raciais e a criação de vestibular indígena. Proposta será votada em novembro.

Os novos formatos avaliados pela Unicamp para acesso aos cursos de graduação, em 2019, devem aproximar a universidade das metas de inclusão, segundo a comissão responsável por organizar o processo seletivo (Comvest). Entre elas estão ingresso de 50% dos alunos oriundos da rede pública – por curso e turno – e alcançar índice de 37,5% de autodeclarados pretos, pardos e indígenas, segundo parâmetro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no estado. Na quinta-feira (31), o grupo de trabalho criado pelo Conselho Universitário (Consu) propôs, entre outras medidas, reservar 20% das vagas ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa como critério de análise a nota obtida pelo candidato no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); garantir 15% das oportunidades aos contemplados pelas cotas étnico-raciais; reformular o Programa de Ação Afirmativa e Inclusiva (Paais), e a criação de um vestibular para povos indígenas. “Estamos com proposta ambiciosa e a simulação indica que vamos chegar no primeiro momento a 31% de autodeclarados pretos e pardos. Haverá avaliação constante”, explica o coordenador executivo da Comvest, José Alves de Freitas Neto. O grupo de trabalho foi criado em maio. As propostas, segundo ele, serão debatidas em faculdades e institutos nos campi de Campinas (SP), Piracicaba (SP) e Limeira (SP). Já a votação final da proposta está marcada para 21 de novembro. “A minha expectativa é de que haja alguns ajustes. Foi um estudo exaustivo”, pondera Freitas Neto ao defender que haverá promoção da diversidade acadêmica e baixa na desigualdade do acesso.

De acordo com o coordenador, a distribuição de alunos oriundos da rede pública – por curso e turno – também deve ter maior equidade entre os cursos. “Nossa projeção é de 46%, hoje são 50% geral, mas haverá equilíbrio das notas”, falou ao lembrar que alguns cursos da Unicamp têm índice superior, mas outros contabilizam percentual abaixo do estabelecido como objetivo pela instituição. “Não queremos apenas números, mas desempenho no sistema de avaliação. A universidade ganhará qualidade”, avalia o coordenador ao pontuar que o índice poderá ter pequena variação.

Propostas

De acordo com a Unicamp, 10% das vagas do Sisu devem ser destinadas aos estudantes oriundos de escolas públicas; 5% aos candidatos pretos e pardos procedentes de unidades da rede; enquanto outros 5% serão reservados exclusivamente para os estudantes pretos e pardos. Sobre o Programa de Ação Afirmativa e Inclusiva (Paais) aplicado desde 2005, conta o coordenador, ele será reformulado e o bônus será somado à nota final do candidato em cada fase do vestibular da seguinte maneira: 40 pontos para estudantes que cursaram todo o ensino médio na rede pública, e 20 pontos para os que fizeram todo o ensino fundamental II em unidades públicas. Para os estudantes que realizaram ensino fundamental II e ensino médio na rede pública, serão incorporados 60 pontos às notas das provas. Por outro lado, autodeclarados pretos, pardos e indígenas deixam de ser contemplados no Paais, diante da inclusão de novas formas de acesso. Com isso, 65% das 3,3 mil vagas distribuídas entre 70 cursos de graduação passariam a ser preenchidas por ampla concorrência. As inscrições do Vestibular 2018 terminam nesta quinta-feira.

Vestibular indígena

Segundo a universidade, a criação de um vestibular indígena autônomo deve reservar pelo menos duas vagas. A proposta prevê realização de um exame descentralizado em pelo menos três capitais de diferentes regiões do país, e junto com outras universidades públicas do estado. Os candidatos aprovados, explica Freitas Neto, seriam convocados após a primeira chamada do vestibular. “Eles devem preencher as vagas que não forem ocupadas. Nos últimos dez anos recebemos de sete a 17 estudantes autodeclarados indígenas matriculados por ano”, destaca. Segundo ele, o modelo da proposta é referenciado em seleções feitas pela UFSCar e a UnB. Entre os cursos que devem integrar a lista, propõe o grupo de trabalho, estão medicina, ciências biológicas, farmácia, enfermagem, educação física, nutrição, ciências sociais, letras, linguística, pedagogia, geografia, história, filosofia, administração, comunicação social – midialogia e engenharia agrícola. De acordo com o coordenador da Comvest, a prova deve ter composição diferente. “Não vai ter inglês, porque não tem sentido. A literatura, eles não estudam as mesmas obras no que aprendem sobre linguagem e alfabetização, talvez não tenha mesma relevância para uma sociedade marcada pela oralidade. Mas vai ter as mesmas áreas, ciências da natureza, ciências humanas, linguagens, matemática. A prova será em português”, destaca Freitas Neto. Outra proposta da universidade é permitir o ingresso por vagas que serão designadas aos melhores classificados em olimpíadas, competições de conhecimento ou modalidades que demonstrem desempenho excepcional do estudante a critério de áreas específicas. “Temos que fazer uma prospecção nas áreas sensíveis para produção de ciência e tecnologia. O país tem perdido alguns estudantes para universidades de outros países, é um mecanismo para tentar atrair mais talentos para a Unicamp, e consequentemente para o Brasil”, ressalta.

 


Novo Enem exige mudança de estratégia e adaptação (Folha de Pernambuco – Notícias – 02/09/2017)

Após se prepararem pelo modelo vigente até 2016, estudantes, professores e escolas tiveram que se adaptar às novas regras do Exame Nacional do Ensino Médio

Está chegando a hora. A praticamente dois meses do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), programado para os dias 5 e 12 de novembro, estudantes, professores e instituições educacionais devem ficar atentos para as novas regras do concurso, que passam a valer a partir da edição deste ano. Entre as novidades, as que mais geraram expectativa foram a realização do evento em dois domingos consecutivos – e não mais em um sábado e um domingo seguidos – e a mudança na configuração das provas: agora, linguagens, códigos e suas tecnologias passam a dividir o primeiro dia com a redação e a área de ciências humanas e suas tecnologias; no segundo dia é a vez de ciências da natureza e suas tecnologias e matemática e suas tecnologias. Até o ano passado, ciências humanas eram aplicadas com ciência da natureza e linguagens e códigos com matemática e a redação. Outras implementações ocorrem visando facilitar a vida dos alunos, como a disponibilização da prova com o nome do concorrente, de videoprova em libras (a língua brasileira de sinais) e de solicitação de tempo adicional. O Enem também não servirá mais como certificação de conclusão do ensino médio. As alterações podem parecer simples, mas exigem uma estratégia diferenciada, sobretudo dos alunos. Para Ana Cristina Santos, coordenadora pedagógica do ensino médio do Colégio Marista São Luís, as mudanças implementadas ocorreram dentro do que era esperado pelos profissionais das instituições de ensino. “Participamos da consulta pública que o MEC (Ministério da Educação) e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) promoveram justamente para ouvir a população sobre o Enem, no início deste ano”, lembra. “A única coisa que não tivemos autonomia para dizer foi se a junção das áreas daquele jeito era melhor ou se preferiríamos um outro modelo. Mas as modificações vieram se somar àquilo que acreditávamos que deveria acontecer.” De acordo com o professor de física Rodrigo Carneiro da Cunha, essas duas principais mudanças foram para melhor. “Um depoimento que escuto de praticamente todos os alunos, que já vinham treinando no modelo do ano passado, e que agora estão treinando nesse modelo, é que o tempo está bem melhor”, explica. “Em 2016 era muito pior, faltava muito mais tempo, eles tinham que chutar a maioria das questões. Este ano me surpreendeu. Eles se queixam, mas bem menos do que em anos anteriores.” O estudante Lucas Nunes Viana da Costa, 16 anos, que pretende cursar medicina, conta que, ao mudar a ordem da estratégia, muda também toda a técnica de prova. Aluno do terceiro ano do ensino médio, Lucas explica que desde o primeiro ano vem treinando visando o Enem. “A gente chegou agora pensando que ia ser de um jeito e mudou. Mas acabou que deu para se adaptar”, afirma. “O tempo, para mim, foi a maior readaptação”, diz Marília Soares Santana, 17, que também mira o curso de medicina. “Tem que se acostumar, porque o tempo para fazer uma prova de linguagens e códigos com a de matemática, e com a redação, você divide de forma diferente de fazer uma página de matemática com ciências da natureza. Da mesma forma quando vai fazer linguagens e códigos com ciências humanas.” Mesmo com todo o trabalho de readaptação, a estudante aprova o novo formato. “No início, eu criticava, porque achei que ia ser muito texto num dia e muito cálculo no outro. Só que o colégio já deu oportunidade de fazer Enem (simulado) nesse estilo e eu percebi que é bom. Foi uma mudança boa. Não me senti prejudicada.” Ana Cristina explica que no Colégio São Luís ocorre o Simulado Provincial Marista Enem, que simula a realidade do exame. “São provas preparadas considerando o modelo do Enem, tipos de questões, aplicação da TRI (Teoria de Resposta ao Item) para balizar as questões e os itens, compor as provas com itens fáceis, medianos e de uma complexidade maior“, detalha. “Para os alunos do terceiro ano ocorreu em maio. Esse simulado já se adequou a esse novo modelo de dois domingos e também a essa nova organização em termos de áreas. E, ao longo do ano, internamente, a gente também organiza outros simulados para os alunos do terceiro ano. Aos pouquinhos, está tudo caminhando”, comemora.

 


Coordenadores municipais do Enem fazem preparação para aplicação das provas (Jornal do Brasil – País – 02/09/2017)

Os 1.783 coordenadores municipais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão sendo capacitados para a atuação no dia das provas. Neste sábado (2) está sendo realizada a capacitação para 323 coordenadores do Maranhão, Amazonas, Tocantins, Ceará e na região de Campinas, em São Paulo. As capacitações do Enem apresentam o procedimento de logística e aplicação do exame, incluindo as mudanças que foram introduzidas neste ano, como a aplicação em dois domingos consecutivos e a estreia das provas personalizadas com nome e número de inscrição do participante. Há também o novo recurso de vídeo da prova traduzida em Língua Brasileira de Sinais (Libras). A preparação começou em agosto e vai até o dia 23 de setembro. Até agora, já foram realizadas nos estados do Amapá, de Goiás, da Paraíba, do Paraná, de Mato Grosso do Sul, do Espírito Santo; de Minas Gerais; Pernambuco; do Rio Grande do Norte e nas regiões de Limeira e Santos; em São Paulo. Além das oito horas de curso presencial, a equipe deve cumprir 20 horas de aulas em plataforma de ensino a distância. Depois da preparação, os coordenadores municipais deverão repassar as orientações aos coordenadores locais, que irão capacitar os chefes de sala e aplicadores de provas. Este ano, o Enem será aplicado em 1.724 municípios, para 6.731.203 inscritos. As provas serão realizadas nos dias 5 e 12 de novembro. As capacitações estão sendo feitas pelas fundações Cesgranrio e Getúlio Vargas (FGV), que, juntamente com a fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (Vunesp), formam o consórcio aplicador do Enem. Representantes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) acompanham as capacitações.

 


Algum dia será preciso ranquear os rankings? (Jornal da USP – Artigos – 01/09/2017)

Ranqueamentos de universidades, amplamente divulgados pela mídia, viraram quase uma epidemia. Muitas pessoas, impossibilitadas de terem acesso a informações mais adequadas, acabam por tirar conclusões muito mais gerais, e erradas, do que os rankings permitem. Os ranqueamentos consideram, basicamente, a produção científica e a formação de pessoas, características avaliadas a partir de vários indicadores, como número de publicações científicas, número de alunos por professor (quanto menor, melhor), opiniões de pesquisadores sobre a instituição avaliada, presença de ex-alunos entre altos dirigentes de grandes empresas, opinião de empregadores sobre os estudantes formados, quantidade de ganhadores do Prêmio Nobel e da Medalha Fields entre os ex-alunos e no corpo docente, entre outros. E isso é feito para as diferentes áreas de conhecimento. Evidentemente, há um processo de realimentação nos ranqueamentos. Os critérios usados nas avaliações não têm como objetivo, por exemplo, examinar se as instituições estão cumprindo as funções que a sociedade espera delas; para que isso ocorresse, seria necessário, primeiro, e evidentemente, pesquisar a opinião da sociedade. Mas isso não é feito e os critérios adotados para os ranqueamentos são, de fato, exatamente o que as instituições mais ricas – aquelas com maiores orçamentos totais, por pesquisador ou por estudante – e instaladas nos países e nas regiões mais ricas do mundo, fazem. Portanto, as regras do jogo definem previamente as vencedoras e aquelas instituições acabam por ocupar os primeiros lugares. Esses resultados, por um lado, dão credibilidade aos rankings, que “acertaram” ao classificar nos primeiros lugares aquelas instituições que, todos sabem, cumprem direitinho as tarefas que foram avaliadas; por outro lado, reforçam o prestígio que elas têm. Mas, além desse pecado de origem, os ranqueamentos têm outros problemas e características que precisam ser examinadas. Apesar da similaridade de critérios entre as maiores empresas avaliadoras, as posições relativas das instituições podem variam bastante. Por exemplo, nas últimas avaliações disponíveis, o campus da Universidade da Califórnia em Berkeley aparece em terceiro lugar na avaliação da ARWU[i], em 27º na da QS e em décimo no ranking da THE, três empresas avaliadoras que analisam o mesmo conjunto de instituições. Situações similares ocorrem com muitas outras instituições que ocupam as posições mais elevadas nos rankings. Quando examinamos instituições que estão uma ou algumas centenas de posições abaixo das primeiras colocadas, como é o caso das instituições brasileiras mais bem classificadas, variações de um ranking para outro da ordem de centenas de posições não são raras. Portanto, mesmo supondo que os critérios usados nos ranqueamentos estejam de acordo com o que se espera de uma instituição de ensino e pesquisa, variações de algumas dezenas de posições entre as mais bem classificadas e de centenas, entre as que estão mais abaixo, não permitem tirar qualquer conclusão significativa além do fato de que pequenas variações nos critérios podem levar a grandes variações nas posições de uma instituição. Ranqueamentos de universidades, amplamente divulgados pela mídia, viraram quase uma epidemia. Muitas pessoas, impossibilitadas de terem acesso a informações mais adequadas, acabam por tirar conclusões muito mais gerais, e erradas, do que os rankings permitem. Supondo que os rankings deem informações adequadas, é importante observar que uma universidade pode estar muito bem posicionada quanto ao quesito pesquisa, mas não tão bem no quesito ensino e vice-versa. Entre as universidades consideradas de ponta, as diferenças segundo esses dois critérios podem ser de dezenas de posições. Nas universidades em posições próximas às melhores brasileiras, as diferenças podem ser de centenas de posições. Portanto, é necessário ficar atento para não tirar uma conclusão errada quanto ao prestígio ou à qualidade de uma instituição naquela característica em que se está interessado. Estar mal posicionado em um ranking (ou nem sequer aparecer nele) pode ser totalmente irrelevante. Vamos examinar os três sistemas públicos de ensino superior da Califórnia. Dos dez campi da Universidade da Califórnia (cerca de 200 mil alunos de graduação), oito estão bem posicionados no THE. Mas dos 23 campi da Universidade do Estado da Califórnia (cerca de 400 mil graduandos), apenas um aparece naquele ranking, e não muito bem posicionado, e nenhum dos colleges, com cerca de 2,5 milhões de matrículas, é ranqueado. Entretanto, isso não causa preocupação, pois enquanto o primeiro sistema tem por função principal a pesquisa científica de ponta, característica muito considerada pelas instituições avaliadoras, o segundo dedica-se principalmente à formação de quadros profissionais, formando cerca da metade dos professores e dos engenheiros da Califórnia, e o sistema de colleges tem por função oferecer o ensino técnico e tecnológico e servir de ponte para os dois sistemas universitários. Em resumo, os três sistemas têm funções diferentes e os cumprem muito bem. Os critérios usados nos ranqueamentos podem fazer com que uma ação negativa faça uma universidade subir em um ranking. Por exemplo, segundo a QS, entre as cinco grandes áreas de conhecimento, a melhor posição ocupada pela USP, 114ª, é em Artes e Humanidades e a pior, 177ª, em Engenharia e Tecnologia. (As demais são: Ciências Naturais, 155; Medicina e Ciências da Vida, 129; Ciências Sociais, 146.) Portanto, se fecharem os departamentos das escolas de engenharia que têm “pior” desempenho – segundo os critérios daquela agência –, isso faria a USP subir no ranking, o que seria péssimo. O inverso também ocorre: uma ação positiva pode fazer uma instituição cair no ranking. Por exemplo, pós-doutores e doutorandos dão uma importante contribuição para a produção de artigos científicos de uma universidade. Assim, eles contribuem para um aumento na relação entre o número de artigos acadêmicos publicados e o número de docentes, indicador comumente usado nas avaliações. Se uma universidade absorver parte de seus doutorandos e pós-doutores em seu corpo docente, todos ganhariam: as próprias pessoas absorvidas, que passariam a ter condições de trabalho mais estáveis; os estudantes, que teriam mais professores disponíveis para consultas; e toda a sociedade, quando esses novos professores viabilizassem o aumento do número de ingressantes e de concluintes. Apesar disso, a universidade que fizesse isso cairia de posição em um ranking que dá grande peso para a produção de artigos por docente, pois a quantidade de trabalhos publicados com a contribuição e participação daquelas pessoas continuaria a mesma, mas o número de docentes estaria aumentado, reduzindo, assim, a relação artigos publicados por docente. Portanto, deve-se tomar cuidado com as conclusões possíveis que se pode chegar ao observar uma variação no ranking. Além do fato de que os critérios adotados pelas empresas ranqueadoras não necessariamente respondem ao que se espera de uma instituição universitária – e estudantes e professores da “má” colocada Universidade do Estado da Califórnia possivelmente sabem bem disso –, outro exemplo da fragilidade das classificações é o fato de que elas não divulgam valores absolutos, mas apenas comparativos. Por exemplo, se todas as instituições de um grupo forem excelentes, ainda assim haverá uma última colocada, sendo esta, uma excelente instituição. Se todas forem péssimas, ainda assim haverá uma posicionada em primeiro lugar: e é uma péssima instituição. Portanto, é melhor examinar se as instituições universitárias estão cumprindo com as funções que a sociedades espera delas em lugar de examinar sua posição em uma classificação. As pessoas tendem a pensar que as universidades disputam uma espécie de corrida de obstáculos e que elas sempre melhoram e avançam. Isso não é verdade. Por exemplo, se uma universidade que estivesse atrás de outra em um determinado ano a “ultrapassasse” no ano seguinte, não significaria, necessariamente, que ambas melhoraram, uma delas, mais do que a outra. Pode ser que ambas tenham piorado, e a que estava na frente tenha piorado bem mais intensamente do que aquela que a ultrapassou. Se uma universidade subiu em um ranking, pode ser que ela não tenha melhorado em nada, foram as outras que pioraram. Por exemplo, a crise financeira iniciada em 2007, muito forte nos países industrializados, afetou muito negativamente as instituições de ensino superior. Isso se manifestou na forma de aumento da evasão, redução do número de ingressantes, diminuição do número de formados, redução na quantidade de publicações ou da taxa de crescimento do número de artigos, diminuição dos patrimônios financeiros usados para financiar a instituição (coisa bastante comum nos EUA), entre outras. Portanto, universidades de países menos afetados pela crise podem ter subido no ranking não porque elas melhoraram, mas porque as outras pioraram. Infelizmente, como estamos rodeados de rankings por todos os lados, somos vítimas de uma epidemia de análises simplificadoras. Mesmo no ambiente acadêmico ouvimos e vemos pessoas concluírem coisas a partir dos rankings que vão muito além do que as informações permitem. Em resumo, não basta ver a posição que uma instituição ocupa em um ranking ou o que aconteceu com ela nos últimos anos. É fundamental examinar o próprio ranking, para saber se ele mede o que queremos saber. E caso alguém pense em ranquear os rankings, que o faça logo, pois já há pelo menos uma empresa fazendo isso[ii]: ranqueando universidades segundo uma média ponderada dos resultados de vários rankings. Na ponderação, esses rankings são ranqueados, dando-se pesos diferentes para os resultados das diferentes empresas ranqueadoras.

 


Novo currículo do ensino médio será dividido em áreas, e não disciplinas (Isto É – Geral – 01/09/2017)

Em processo de elaboração, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio não terá separação de habilidades por disciplinas, mas em áreas de conhecimento. O documento vai estabelecer as competências e habilidades nas áreas de Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Matemática, segundo a secretária-executiva do Ministério da Educação (MEC), Maria Helena Guimarães de Castro. As escolas é que definirão como vão trabalhar em cada disciplina. A base curricular do ensino médio vem sendo produzida por técnicos do MEC, e deve ser encaminhada ao Conselho Nacional da Educação (CNE) em novembro. O documento definirá o que deve ser ensinado no currículo comum a todos os estudantes, em uma carga horária de 1,8 mil horas para os três anos da etapa. “Vamos seguir a mesma estrutura da BNCC (do ensino fundamental), em competências e habilidades, porque a base das duas etapas deve ser uma só, e estar conceitualmente bem alinhada. Só que, no ensino médio, as áreas serão entendidas como áreas, não como disciplinas. As escolas é que decidirão como trabalhar essas competências dentro de cada disciplina”, disse Maria Helena. Apesar de separada em quatro grandes áreas do conhecimento, a base do ensino fundamental (do 1º ao 9º ano) é subdividida em disciplinas, e define o que é esperado que o aluno aprenda em cada série e em cada matéria. Já no ensino médio, segundo Maria Helena, o formato será diferente. “[Nas áreas] estarão encadeadas as habilidades que se referem a determinados conteúdos e podem ser trabalhadas livremente. Elas podem ser trabalhadas, por exemplo, em História, Filosofia, Sociologia ou Geografia. Não importa, quem vai organizar e definir vão ser as escolas. O mais importante da flexibilização é garantir liberdade para esses arranjos curriculares”, disse a secretária executiva. Membro do CNE e presidente da Comissão de Elaboração da BNCC, Cesar Callegari disse esperar que o documento apresentado pelo MEC não fique restrito apenas ao núcleo comum, mas também defina os direitos e objetivos de aprendizagem para os cinco itinerários optativos. “É um erro gravíssimo deixar a base confinada apenas às 1,8 mil horas do currículo comum. Sem ter uma base para a área diversificada, não se tem parâmetros para os processos de avaliação, escolha de materiais didáticos, como orientar a formação de professores”, disse. Para Callegari, trabalhar a base por áreas de conhecimento pode ser positivo para induzir que os conteúdos sejam trabalhados de forma mais interdisciplinar. “Trabalhar por áreas representa uma possibilidade de produzir uma educação mais significativa para os estudantes”, disse.

Itinerários

Aprovada em fevereiro, a reforma do ensino médio dá ao aluno a opção de escolher entre diferentes itinerários formativos. Na lei, são previstas cinco áreas: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas, e educação técnica e profissional. Esses percursos devem preencher 40% da carga horária de três anos. O conteúdo dos itinerários será definido por cada Estado e pelo Distrito Federal, segundo o MEC. Na opinião do professor Luiz Carlos de Menezes, do Instituto de Física da USP, o principal desafio do MEC será garantir que a base curricular dialogue com todos os percursos opcionais. Menezes, que ajudou a elaborar a segunda versão da BNCC no ano passado, espera que a regulamentação da reforma evite desigualdades entre as áreas. “É preciso ter clareza de que a base precisa ser alicerce para tudo, inclusive para a educação profissional.” Menezes afirma que a base curricular pode ter menos conteúdos em relação ao currículo atual, que tem 13 disciplinas obrigatórias e é considerado engessado por especialistas. “Talvez seja possível não eliminar conhecimentos ou competências, mas condensá-los para que não sejam tão detalhados. Essa é uma hipótese, que eu não estou propondo mas poderia ser estudada.”

A divisão em áreas do conhecimento é um caminho para motivar o aluno do ensino médio, segundo a presidente do conselho do Instituto Península, que trabalha com educação e esporte, Ana Maria Diniz. Para ela, o formato pode estimular escolas a trabalharem com oficinas e projetos multidisciplinares, o que costuma fazer com que o aluno veja mais relação entre a aula e a realidade. “A nova educação está muito mais ligada a projetos interdisciplinares e, fazendo esse currículo por áreas, você pode explorar mais os interesses do aluno”, ela diz. Apesar de ser favorável à ideia, Ana Maria aponta que a formação do professor para esse modelo será um desafio. “É preciso professor bem preparado para isso e disposto a trabalhar nessa interdisciplinariedade com outros professores, e ser preparado para isso, o que hoje não existe.”

 


#Enem2017: veja o que evitar na hora de preparar a redação (Secretaria Educação SP – Notícias – 01/09/2017)

Provas acontecem em 5 e 12 de novembro e é composto por prova objetivo e produção textual

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) está chegando e os alunos do Ensino Médio que vão fazer a prova costumam temer a redação. Não por menos, já que a produção do texto tem o peso de 1.000 pontos, somados ao valor da prova objetiva. Escrever uma boa redação, no entanto, depende de atenção, prática e uma boa preparação. Para que os alunos da rede garantam uma boa pontuação, a Educação listou alguns erros muito recorrentes que devem ser evitados. Confira:

Fique atento ao tipo textual da redação: o que o ENEM exige é um texto dissertativo-argumentativo. Ou seja, uma redação opinativa, em que o candidato organize a defesa de seu ponto de vista. Não vale se esquecer de dar um título ao texto.

Não fuja do tema: não entendeu o que o enunciado pediu? Leia novamente e preste muita atenção. Muitos candidatos, por não compreenderem a solicitação, acabam fugindo do tema. Isso custa muitos pontos. Para te ajudar nesse tópico, no período de preparação para a prova, procure intensificar a leitura sobre atualidades.

Evite gírias e clichês: o texto deve ser escrito de acordo com a norma culta da língua e da Nova Reforma Ortográfica, nada de gírias e frases feitas.

Revise o texto para evitar erros gramaticais: erros gramaticais também custam muito para a pontuação final. Acentos, vírgulas fora do lugar e palavras inadequadas, por exemplo, são grandes vilões de uma redação bem-sucedida.

Não usar expressões redundantes: nada de “subir para cima”, nem “descer para baixo”. Preste bastante atenção aos termos usados no texto.

Provas serão aplicas em dois domingos

Diferente das edições anteriores, neste ano, os candidatos devem se preparar para realizar a prova em dois domingos consecutivos, nos dias 5 e 11 de novembro.

No primeiro domingo a prova será composta por questões de linguagens, ciências humanas e redação, com duração de cinco horas. No segundo, os estudantes serão avaliados nas questões de Matemática e Ciências da Natureza, com quatro horas e meia de prova.