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06/02/2018 / Em: Clipping

 

A importância do Ensino Fundamental (Jornal do Commércio – Artigo – 06/02/2018)

 

Muito tem se falado sobre a reforma do Ensino Médio, que é realmente necessária, conforme demonstram os dados do Censo Escolar da Educação Básica 2017, divulgados pelo MEC. É importante ressaltar, no entanto, que as deficiências encontradas nos anos finais da educação básica são oriundas, muitas vezes, da má-formação dos alunos lá atrás, no Ensino Fundamental. Aí está o cerne do problema. Uma das causas é a formação precária dos professores. Cerca de 15% dos docentes da educação básica não têm Ensino Superior, segundo mostrou o censo. O mais preocupante é que, no Ensino Fundamental – quando começa o aprendizado das diversas disciplinas em sala de aula -, 3,7% dos professores que estão lecionando não terminaram o Ensino Médio, e 5% deles estudaram só até essa etapa. Existem ainda 6% que estão na faculdade. E mesmo entre os 85,3% formados na universidade, muitos não fazem cursos de atualização, importantíssimos neste mundo cada vez mais globalizado e digital. As prefeituras, responsáveis pelas escolas públicas de Ensino Fundamental, têm que arregaçar as mangas e oferecer um ensino de maior qualidade, começando por promover cursos de formação e atualização profissional, possibilitando assim que seus professores tenham condições de dar aulas mais criativas e instigantes, incluindo aí a tecnologia, computadores e aplicativos que tornam o aprendizado mais completo, dentro da realidade das crianças e jovens do século XXI. Torna-se urgente modernizar a metodologia de ensino nas escolas, começando pelo Ensino Fundamental.

 


Só um em cada cinco candidatos do Encceja conseguiu nota mínima em todas as provas (G1 –Educação – 06/05/2018)

Resultado do Encceja Nacional do ensino médio foi divulgado na tarde desta segunda-feira; notas do Encceja do ensino fundamental, e do exame aplicado a pessoas privadas de liberdade serão divulgados em março.

Dos quase meio milhão de participantes presentes em todas as provas do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja Nacional) do ensino médio em 2017, só 20,8% conseguiram a nota mínima exigida para obterem o certificado de conclusão do ensino médio. Esse foi o primeiro ano em que o Encceja voltou a aplicar a prova para esse nível de ensino, depois que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deixou de ser usado para esse fim. Os resultados do Encceja Nacional do ensino médio foram divulgados no fim da tarde desta segunda-feira (5) e a consulta é individual. Os candidatos precisam informar o CPF e a senha cadastrada para verem suas notas no site enccejanacional.inep.gov.br. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirmou que os resultados do Encceja Nacional do ensino fundamental, e do exame aplicado às pessoas privadas de liberdade, deve ser divulgado em 30 de março.

Mais de 100 mil certificados

De acordo com dados divulgados pelo Inep, o Encceja Nacional do ensino médio teve 1.272.279 inscritos, mas só 492.613 estiveram presentes em todas as quatro provas. Destes, 102.638 conseguiram a nota mínima exigida para conseguir a certificação em todas as quatro áreas do conhecimento. Os números podem ser maiores, já que o Encceja permite que os candidatos usem notas de edições diferentes do exame para conseguir o certificado de conclusão do ensino médio. Além disso, os candidatos podem solicitar uma declaração parcial de proficiência nas áreas em que tenham atingido a nota mínima de 100 pontos. No caso da prova de linguagens, é preciso ao mesmo tempo ter a pontuação mínima de 100 na prova objetiva e a nota mínima de 5 na redação. Caso contrário, “não há certificação e será necessário refazer a prova de linguagens e redação”, diz o boletim divulgado pelo Inep.

Encceja x Enem

O número de candidatos habilitados em todas as áreas para obterem o certificado de conclusão do ensino médio é mais alto que os registrados no Enem 2016. Naquele ano, o último desde 2009 em que o Enem também serviou para isso, 1.076.092 participantes fizeram o Enem com esse objetivo, mas só 83.434 (ou 7,7%) tiveram nota mínima em todas as provas. Nos últimos nove anos, a quantidade de pessoas interessadas em obter o certificado de conclusão do ensino médio por meio de um exame do governo federal aumentou mais de seis vezes.

Como funciona o Encceja

O Encceja é realizado todos os anos pelo Inep para estudantes jovens e adultos que não concluíram as etapas da educação básica na idade regular. Ele tem várias modalidades e oferece dois tipos de habilitação: a do ensino fundamental e a do ensino médio. Semelhante ao Enem, ele tem quatro provas objetivas e uma redação, mas é aplicado em um único dia, de manhã e à tarde. Além de ser realizado no formato conhecido como Encceja Nacional, para qualquer adulto que cumpra os requisitos, o Encceja também é aplicado para pessoas privadas de liberdade e para brasileiros no exterior. Porém, não é o governo federal quem emite os certificados de conclusão do ensino fundamental ou médio, ou as declarações parciais de proficiência. Quem faz isso são as secretarias estaduais de Educação ou os institutos federais. Os candidatos, na hora em que se inscrevem para o Encceja, escolhem qual órgão será responsável pela emissão do documento.

 

Unicamp 2018: lista de aprovados na 1ª chamada será divulgada nesta quinta-feira (G1 – Campinas e Região – 05/02/2018)

Universidade oferece 3,3 mil vagas em 70 cursos de graduação.

 

A Unicamp divulgará nesta quinta-feira (8) a lista de aprovados na 1ª chamada do vestibular 2018. Nesta edição, a universidade oferece 3,3 mil oportunidades em 70 cursos de graduação. A relação de nomes poderá ser consultada na página da comissão organizadora do processo seletivo (Comvest). Nela, o candidato também deverá preencher um formulário para realizar a matrícula não presencial na sexta (9), entre 8h e 18h – horário de Brasília. Segundo a assessoria da universidade, o estudante aprovado que descumprir esta exigência do edital perde o direito à vaga e também não poderá ser convocado nas listas posteriores. Além disso, os aprovados também precisam fazer a matrícula presencial em 19 de fevereiro, das 9h às 12h, no respectivos campi, conforme indicação da Unicamp:

Faculdade de Odontologia (FOP) – campus de Piracicaba (SP)

Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) e Faculdade de Tecnologia – campus de Limeira (SP)

Demais cursos – campus de Campinas (SP), em Barão Geraldo

2ª chamada e classificação

A segunda chamada para matrícula presencial, além da classificação dos candidatos no vestibular e as notas obtidas por eles na 2ª fase do exame, serão divulgados em 15 de fevereiro. De acordo com a Comvest, quem for convocado nesta lista também terá de fazer matrícula presencial no dia 19. As datas das listas posteriores e respectivas matrículas estão disponíveis no site da Comvest. A data de confirmação de matrícula e início das aulas é 26 de fevereiro. A Unicamp registrou número recorde de inscritos nesta edição do exame – 83,7 mil candidatos. Entre os cursos mais concorridos estão: medicina, arquitetura e urbanismo, e ciências biológicas.

 

Sem saber o que é vestibular até os 18 anos, ex-aluno de escola estadual passa em medicina em 4 universidades públicas (G1 – Educação – 05/02/2018)

Após descobrir sobre o processo seletivo, Douglas Lima fez cursinho por três anos para aprender o conteúdo do ensino médio.

Douglas Silva Lima, de 21 anos, é ex-aluno da rede estadual de São Paulo e foi aprovado em quatro universidades públicas, no curso de medicina: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Há três anos, o jovem sequer sabia o que significava a palavra “vestibular”. Ele e a mãe, a costureira Marilene, pensavam que, para entrar em uma faculdade de medicina, seria necessário fazer contatos e ser indicado por um profissional. “Saí da escola praticamente sabendo ler e escrever. Nunca tinha ouvido falar em mitocôndria. Para fazer contatos com médicos e seguir a profissão, trabalhei no serviço de atendimento ao consumidor no Hospital Bandeirantes, em São Paulo”, conta. Lá, Douglas dialogou com profissionais e acompanhou a rotina de atendimento aos pacientes. Descobriu que precisaria prestar os chamados “vestibulares” – e que eles eram muito concorridos para medicina. E o mais difícil: teria de compensar todo o conteúdo que deixou de aprender na escola estadual. “Pesquisei as mensalidades de cursinho e vi que custavam R$ 500, R$ 800. Então procurei por um comunitário, que custava R$ 50. Depois de um ano, fui para um gratuito, e, por último, estudei no Poliedro como monitor, para poder ter bolsa de 100%”, diz Douglas. Ele chegava às 7h para acender as luzes e preparar as salas para os professores. Ajudava os docentes nas aulas e, depois, ficava estudando até as 21 horas. O jovem relata que a família não compreendia sua ausência nos encontros e o término de seu namoro. “Ninguém tinha feito faculdade pública, então era difícil que eles entendessem por que eu precisava estudar tanto”, conta. “Agora que fui aprovado, eles estão muito felizes. Pediram para eu tirar foto de tudo o que encontrar na faculdade. Comentam todos os meus posts nas redes sociais. Estão muito orgulhosos.”

Cotas

Douglas escolheu estudar na USP – foi selecionado pela Fuvest, com o bônus de 20% na nota para candidatos que fizeram o ensino fundamental e o médio em escola pública. Ele defende o sistema de cotas como forma de competição justa. “É fundamental. Eu sabia só o básico quando saí da escola. Não dá para comparar com quem se preparou a vida inteira em colégios particulares. Descobri o vestibular aos 18 anos e não tenho vergonha nenhuma disso”, argumenta. O jovem diz que estava ansioso com o início das aulas na universidade. “Sei que, muitas vezes, existe uma hierarquia entre os alunos de medicina. Não gosto disso”, conta. “Mas fui conhecer a faculdade depois do resultado do vestibular e os veteranos me receberam muito bem. Disseram que não vai ter trote e que vão me ajudar no que for preciso, inclusive nas provas. Estava com medo, mas fui acolhido”, completa.

 


Plágio no Enem (Diário do Grande ABC – Artigo – 05/02/2018)

O recente episódio de plágio no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) evidencia dois grandes problemas da Educação Básica brasileira: os jovens não são preparados para a escrita original e não temos tecnologia suficiente para mapear a falta de originalidade da escrita na principal avaliação do Ensino Médio brasileiro da atualidade. O caso aconteceu em Salvador, na Bahia. Na ocasião, um aluno teria copiado a sinopse inteira de um livro na redação. O tema era ‘Educação para surdos’ – assunto difícil, como de costume no Enem –, e que exige soluções criativas e muita reflexão para inclusão na Educação daqueles que, hoje, ainda ficam de fora. O plágio no exame nacional é a ponta de um iceberg maior e mais profundo do que imaginamos. Nossos alunos não são treinados para a escrita original, para desenvolver ideias criativas, para pensar em soluções e para concatenar as propostas em frases e parágrafos que façam sentido. Sem essa habilidade, muitos acabam copiando trechos ou textos inteiros. Por sorte, um dos corretores da prova tinha lido a obra copiada e se recordava de trechos. Deve ter consultado a internet e chegou ao veredicto: era cópia. É assim que a maioria dos professores no País identifica conteúdo plagiado nos trabalhos dos alunos. Esforçam-se para trazer à memória trechos que possam ter sido copiados; buscam na internet partes do texto que estão bem escritas, que destoam do restante do material ou que parecem ter sido traduzidos. Nesse esforço, algumas vezes encontram a cópia, outras não. Se o corretor não tivesse conhecimento da obra, e sem tecnologia que ajude a identificar o plágio na correção do Enem, o aluno teria passado com boa nota? O governo já usa tecnologia na correção das questões da prova – a chamada TRI, que identifica o padrão do aluno e dá menos pontos para questões que foram ‘chutadas’, por exemplo. Assim, a nota no Enem nunca é proporcional ao número de acertos – e pode passar de 1.000 pontos. O fato é que existem tecnologias consolidadas que poderiam auxiliar os professores e melhorar a chamada escrita original dos alunos ao longo do processo educativo. São os chamados softwares antiplágio, utilizados pelas principais universidades e escolas de Ensino Médio, no Brasil e do mundo. O Enem acerta ao exigir que alunos escrevam na prova. Universidades e programas como o Fies, de financiamento estudantil, também vão na direção correta ao exigirem nota mínima na redação. Agora, as escolas precisam se mobilizar para trabalhar a escrita original dos alunos – e, de outro lado, o governo precisa garantir que os alunos com escrita original de verdade recebam as maiores notas na redação.

Palavra do leitor

Bolsonaro

O aparecimento da candidatura de Donald Trump nos Estados Unidos foi ponto fora da curva histórico. A mensagem de campanha dele, endossada pelos eleitores que o levaram à Casa Branca, em muito se assemelha às propostas de Jair Bolsonaro. Especialmente no que diz respeito à ordem, à moralidade e à Segurança pública, bem como a repulsa ao consumo de opióides, à imigração sem regras rígidas de segurança, à vulnerabilidade das fronteiras, à exportação de parques fabris para a China, dentre outros tópicos. Não é à toa que os comportamentos de parte da grande mídia no Brasil e nos Estados Unidos são muito parecidos. O que tentaram fazer com Donald Trump fazem neste momento de forma desabusada contra o pré-candidato Jair Bolsonaro. É o caso de pesquisa que, em vez de medir tendência eleitoral, procura doutrinar os eventuais pesquisados de forma a induzir resultado preconcebido.

Vida de atleta

Fazendo analogia da vida social com a vida dos atletas, as pressões social e midiática nos influenciam. Quem tem mais é melhor ou superior àqueles que têm menos e não têm condições de entrar nessa disputa desleal. Nesse efeito opressivo, em que eu preciso ser melhor que o meu vizinho, tendo carro, casa e privilégios para me garantir perante ele, é onde surge a ideia da inveja. Nesse efeito contrário, o meu vizinho não suporta ser inferior a mim, no sentido de ter o que eu tenho ou melhor. Mas penso que pessoas não são melhores que pessoas. Atitudes, sim, são melhores que atitudes e ideias são melhores que ideias. Nesse ponto, precisamos ser mais humanos e menos individualistas. É fácil se achar superior a quem não tem condições, enquanto se está com a barriga cheia, com diplomas de ensino avançado e toda estrutura pela frente. Mas a ideia de ser vitorioso, ser melhor, ter mais, nem sempre tem relação com a felicidade. As vitórias pessoais nem sempre são fáceis e saudáveis. Às vezes, em detrimento do seu próprio ser, como essência, podendo gerar quadro depressivo e perturbador na pessoa. Esse é o preço da vitória, ter mais e estar sozinho.

Velhice

Pesquisa recente mostrou o pavor dos brasileiros de ficarem dependentes na velhice. Na verdade, o nosso povo nasce, cresce e morre carente e dependente. Qualquer dependência é terrível, destrói sonhos e o prazer de viver. O dependente torna-se refém de algo ou alguém. Às vezes, a situação fica insustentável e muitos preferem desencarnar. A vida é maravilhosa quando temos qualidade e dignidade. No Brasil, apenas a minoria ‘sortuda’ é privilegiada pelo ‘destino’. A maioria da população não vive, sobrevive. E cada dia é uma aventura extremamente perigosa. A maior surpresa da pesquisa foi saber que muitos brasileiros desejam viver até os 89 anos. Acho que essas pessoas são humoristas ou masoquistas! Quando alguém consegue completar 60 anos no Brasil, em boas condições de saúde física e financeira, vira exemplo de superação e heroísmo. É façanha para poucos! A propósito, no meu grupo de amizades não existe ninguém com essas condições. Parece que o meu pessoal não possui vocação e pretensão para imitar Matuzalém!

Maus-tratos a crianças

Em resposta à reportagem ‘Agressão física lidera casos de violência infantil’ (Setecidades, dia 2), o Consórcio Intermunicipal esclarece que durante o ano de 2017 o GT (Grupo de Trabalho) Criança e Adolescente manteve ações contínuas de orientação e formação de conselheiros tutelares, como o Seminário Enfrentamento ao Trabalho Infantil e as Competências dos Conselheiros Tutelares; Seminário Estadual Criança Não é de Rua, realizado em parceria com o Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) e o CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social). As iniciativas tiveram como objetivo fortalecer as políticas públicas para promoção dos direitos da criança e do adolescente mediante a integração das ações dos conselhos tutelares da região, dos poderes Executivo e Judiciário e dos demais serviços da região. Até dezembro de 2017, a coordenação do GT pertencia a Mauá, na pessoa da gestora Ricele Borges. A nova coordenação será eleita em reunião ordinária neste mês.

Omissão

E o calvário da Rua Pindorama, em Santo André, continua. Desde agosto que essa coluna do Diário vem notificando a necessidade de reparo da via, porém, prefeito e vereadores ignoram o problema. Total descaso e falta de consciência por parte desta administração, que até o momento não fez coisa alguma pela cidade. Também temos a via de ligação entre a Alameda Vieira de Carvalho e a Estação Prefeito Saladino, que caiu há mais de um ano, e nada foi feito. Inúmeras ruas esburacadas e ignoradas. Muito mato por vielas e corredores e mais descaso. Cadê o tal do projeto de desenvolvimento que tanto foi citado? Que raios de prefeito é esse que vira as costas para situações tão evidentes e que necessitam de ação? Por que não honra o ‘45’ que digitamos na urna. De que adiantou substituirmos o antigo prefeito, se o atual age da mesma maneira? O caso da Rua Pindorama já está saturado, mas até agora esse prefeito e sua equipe riem da cara da gente, não fazendo nada. Agora, elevar o IPTU a um valor abusivo, isso ele sabe fazer.

 


Raça, gênero e classe determinam acesso e permanência estudantil nas universidades (Brasil de Fato – Geral – 05/02/2018)

Universidades que aderiram a programas sociais ainda têm dificuldades de entender contexto social de estudantes

Quando ingressou no curso de Economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), por cotas, em 2012, Gabriela Mendes Chaves já estava acostumada com a tripla jornada que desempenhava. Ainda durante o Ensino Médio, além do estudo regular, ela fazia cursinho na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP), aos sábados, e ainda trabalhava. Já no início das aulas, Gabriela percebeu ainda que o trabalho doméstico, uma realidade para ela, não era comum aos cerca de 40 homens e nove mulheres que eram seus colegas de sala: “Essa questão do trabalho doméstico e tripla jornada perpassa a vida sempre. No trabalho, na faculdade ou em outros espaços há uma cobrança para que a gente tenha o mesmo desempenho, tendo responsabilidades e funções diferentes”, diz ao lembrar que apenas ela e outro homem eram negros em sua classe. Passados 14 anos da implementação de cotas raciais na Universidade de Brasília (UnB), a primeira a adotar o sistema, instituições ainda têm dificuldades de entender as especificidades de alunos ingressantes por esse meio. Rose de Paula, estudante de Políticas Públicas na Universidade Federal do ABC (UFABC), ingressou na instituição por meio de cotas. Ela afirma que muitos professores ainda enxergam essa política como privilégio concedido a alguns estudantes. Para ela, no entanto, a medida é um “ajustamento”, um “desagravo”, “como se fosse uma indenização simbólica de tudo que nos foi tirado”, diz. Aos 30 anos e mãe de dois filhos, Rose só teve oportunidade de entrar na universidade depois que surgiram as políticas inclusivas. Ela lembra uma ocasião em que discutiu com um dos seus professores durante um debate sobre cotas. Rose questionou se havia base de comparação entre a estrutura oferecida ao professor branco e de classe média alta, com a que os negros obtiveram ao longo da história: “Enquanto os antepassados dele estavam construindo um futuro melhor para ele, os meus também estavam construindo esse mesmo futuro melhor para ele como escravos e sem condição de preparar de forma alguma o terreno para os seus”. Essa diferença histórica, explica Rose, até hoje divide oportunidades entre brancos e negros, pobres e ricos e homens e mulheres. Alunos negros ainda se deparam com outro complicador: o fato de muitos deles morarem nas periferias das grandes cidades ou longe das instituições de ensino, demandando um grande tempo de deslocamento. Esse é o caso de Rose que levava uma hora e meia entre o bairro do Jabaquara, na região Sul da cidade de São Paulo, e a UFABC, no município de São Bernardo do Campo. Já Gabriela, gastava quase três horas. Ela morava na cidade de Taboão da Serra e estudava na PUC, localizada no bairro de Perdizes, na região central da capital paulista. Além do deslocamento, se manter financeiramente na universidade é outro desafio. Breno Rosa, que passou neste ano no curso de Jornalismo na Universidade Federal do Mato Grosso e se prepara para sair de São Paulo rumo ao centro-oeste do país, sabe que vai ter que conciliar estudo e emprego. O jovem negro passou por meio do Sisu, o Sistema de Seleção Unificada, criado em 2010 pelo então ministro da Educação do governo Lula, Fernando Haddad. Breno Rosa explica que sem o Sisu não teria como ingressar na faculdade. “Para jovens negros negros de baixa renda, esses programas são muito benéficos. Sem eles, o ingresso na faculdade pública seria bem mais difícil”, diz. Dados do Censo da Educação Superior do Ministério da Educação revelam que, entre 2012, ano de sanção da Lei de Cotas, e 2015, a participação de negros na educação superior passou de 2,6% para 5,3%. No caso de indígenas, saltou de 10.282 matrículas para 32.147, no mesmo período. Os alunos oriundos de escola pública que acessaram a educação superior passaram a representar 64,3% do total de matrículas em 2015. Três anos antes, esse número era de 39,6%.

 


#Encceja2017: resultados do Exame já estão disponíveis para consulta (Secretaria Educação SP – Notícia – 05/02/2018)

Divulgação tem foco nos candidatos ao certificado do Ensino Médio, demais concorrentes saberão o resultado em março

 

Já está disponível para consulta a lista de aprovados no Encceja Nacional (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) do Ensino Médio. Os candidatos desta categoria devem acessar a Página do Participante no site do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). O Exame garante certificado de conclusão do Ensino Médio aos que não se formaram na idade certa. Aos candidatos que pleitearam o certificado do Ensino Fundamental, a instituição responsável – INEP – deverá divulgar o resultado em março de 2018. O mesmo vale para as pessoas privadas de liberdade e as residentes no exterior. Os aprovados devem solicitar a certificação junto à instituição certificadora selecionada no ato da inscrição. E, caso o candidato não tenha alcançado a pontuação necessária em toda a prova, poderá ser solicitada a declaração parcial de proficiência. Contudo, na próxima avaliação não haverá a necessidade de fazer a prova da disciplina em que passou novamente.