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07/08/2015 / Em: Clipping

 


Especialistas indicam 10 razões para ampliar cotas raciais   (Terra – Educação – 07/08/15)

Questões como cotas, desigualdade salarial e de oportunidades entre etnias ainda geram polêmica, 127 anos após o fim da escravidão. No último mês de março, um vídeo gravado em uma sala de aula da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) reacendeu o debate sobre os programas de cotas no País. Na gravação, um grupo de jovens negros faz uma intervenção durante uma aula para falar sobre a necessidade de políticas de acesso para os negros no ensino superior e entram em discussão com os alunos da disciplina que pedem a continuação da aula. Na USP, instituição estadual, não existe um programa de cotas, como o que vigora nas federais.  Em um país que foi o último a abolir a escravidão, especialistas apontam dez razões para ampliar as políticas de cotas raciais.



68% das escolas estaduais paulistas ficam fora do Enem   (O Estado de S.Paulo – Educação – 07/08/15)

A maioria das escolas da rede estadual de São Paulo não aparece na lista com as médias do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) 2014 divulgadas nesta quarta-feira, 5, pelo Ministério da Educação (MEC). Das 3,6 mil escolas de ensino médio da rede, 68%, ou 2,4 mil, não tiveram mais da metade de seus alunos no exame – e são, em geral, unidades com indicadores de qualidade mais baixo. Esse porcentual é ainda maior nas unidades da rede na capital paulista: 79% estão fora do ranking. O MEC não divulga as médias de colégios em que menos da metade dos alunos fez a prova. O dado revela que a rede pública tem dificuldade de estimular o aluno a fazer o exame. O Enem é a porta de entrada para praticamente todas as universidades federais, em que 50% das vagas são reservadas para alunos de escola pública pela Lei de Cotas. É ainda critério para bolsas do ProUni e Financiamento Estudantil (Fies) em instituições privadas. Ele é gratuito para quem é da rede pública.O ranking do Enem, em que figuram no topo as escolas particulares, não contempla 52% das escolas públicas brasileiras – por não terem metade dos alunos fazendo o exame (escolas com menos de dez participantes também não aparecem). A situação é totalmente oposta na rede privada: somente 24% das 8,1 mil escolas do País não tiveram os dados divulgados.No Estado de São Paulo, que tem a maior rede pública e também privada do Brasil, a situação é mais extrema. As 68% das escolas com menos da metade dos alunos no Enem representam 2.450 unidades. Esse porcentual só é menor que Roraima, Maranhão, Bahia e Acre. O Estado de Minas Gerais, com mais de 2,2 mil escolas, conseguiu que 54% dos colégios tivessem participação de mais da metade dos alunos no exame. A rede lidera a média do Enem entre os Estados, com 585,10 pontos.



Elite das públicas tem perfil de escola rica  (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 07/08/15)

Os alunos das escolas públicas de São Paulo mais bem colocadas no Enem 2014 têm renda e condição social muito superiores às do restante da rede e comparáveis às de quem estuda nos colégios privados mais bem avaliados.  Em 90% das cem escolas estaduais paulistas com melhor desempenho no exame, a maioria dos estudantes tem perfil socioeconômico “alto” e “muito alto” –classificação dada pelo Ministério da Educação e que considera itens como renda familiar, bens e escolaridade dos pais. Considerando toda a rede pública do Estado, essa proporção é de só 35%. Nas cem escolas particulares no topo do ranking, alcança 98%. O grupo de elite das públicas é formado quase que integralmente por Etecs (escolas técnicas estaduais), que fazem seleção dos alunos, e por colégios ligados às universidades paulistas. O índice socioeconômico criado pelo Inep, órgão do MEC responsável pelo Enem, é feito com base em questões respondidas pelos alunos. Ele tem sete níveis. Nos dois mais altos estão escolas em que a maioria dos alunos tem empregada mensalista, renda familiar acima de 12 salários mínimos –R$ 8.688, no ano da realização da prova– e pais com ensino superior. A escala de classificação é única no país inteiro. Com isso, escolas de São Paulo com perfil mais pobre em relação ao próprio Estado são classificadas nos níveis mais altos porque a base de comparação do índice é nacional. Pesquisadores avaliam que os dados confirmam a influência do contexto social como algo predominante no desempenho dos alunos.  “As escolas técnicas têm um processo seletivo muito intenso. Nessa seleção, o que acaba pesando mesmo é o nível socioeconômico dos alunos”, afirma Ocimar Alavarse, professor da USP. Ele diz que as condições sociais dos candidatos “por si só não propiciam um bom desempenho, mas favorecem comportamentos” que os ajudam a obter resultados. Fenômeno parecido acontece nas melhores universidades públicas, cujos primeiros colocados no vestibular geralmente têm nível alto. Além disso, diz o professor, “nas escolas técnicas muitos nem querem seguir carreira técnica. Querem se preparar melhor para entrar nas boas universidades públicas”.

CAMADAS

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) diz que há um “alto índice de aprovados vindos das camadas menos favorecidas” no vestibulinho das escolas técnicas –mas não especifica se isso ocorre nas mais bem posicionadas no Enem. O Centro Paula Souza, órgão do governo paulista responsável pelas Etecs, argumenta que grande parte delas fica na periferia e que, neste ano, 80% dos estudantes aprovados no processo seletivo fizeram o ensino fundamental na rede pública. Cita que seu relatório socioeconômico “apontou que 88% destes estudantes vêm de famílias que ganham abaixo de cinco salários mínimos”.  O relatório considera o conjunto de 218 escolas técnicas do Estado. Na lista das cem estaduais mais bem colocadas em São Paulo figuram 93 dessas escolas. Para o centro, a diversidade de seus estudantes é decorrência de ações afirmativas iniciadas em 2006.

No vestibulinho das escolas técnicas há bônus de 3% a candidatos afrodescendentes e de 10% a oriundos da rede pública –pode-se somar as duas pontuações e obter acréscimo de 13% na nota.

Nota vem de ex-alunos de privadas, diz estudante da melhor pública da capital  (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 07/08/15)

A Etesp (Escola Técnica do Estado de São Paulo) obteve a melhor média no Enem de 2014, entre as instituições públicas na capital paulista.  Esse desempenho no ranking não surpreendeu Elizabeth Rodrigues, 15, aluna do 2º ano do ensino médio.  “Elizabeth com Z e TH, igual à rainha”, orienta a adolescente sobre a escrita do seu nome. “Mas só o nome mesmo, já que sou uma das únicas da periferia aqui”, diz. Moradora do extremo leste da cidade e oriunda de outra escola pública, ela aponta a receita do sucesso dessa escola da região central da cidade: a maioria dos alunos vem de escolas particulares, já com uma base de ensino. Essa hipótese de Elizabeth faz sentido quando cotejada com os indicadores da escola no Ministério da Educação. O nível socioeconômico dos alunos é “muito alto”, o mesmo dos dez colégios mais bem colocados do país –todos eles particulares. Para estudar na Etesp, é preciso passar por um processo seletivo. Segundo a administração das escolas técnicas, 56% dos aprovados 2014 vieram de escola pública. Guilherme Martins, 16, sempre estudou em colégio particular e diz que sua família teria condição de pagar uma instituição privada. Contudo, para cursar o ensino médio, escolheu a Etesp. “Vim para cá porque sempre falaram que era a melhor escola técnica de todas.” No ranking geral do Estado, que inclui tanto privadas como públicas, a Etesp aparece na 32ª colocação. Ainda assim, passa por problemas comuns a outras escolas públicas. No início do ano, por falta de professores, alunos do 1º ano não tiveram aulas de história, e os do 2º, de espanhol. Diretor do colégio, Nivaldo Freire diz que ninguém se inscreveu no concurso, por isso prorrogou as inscrições, em vez contratar temporários. Segundo ele, novos professores foram contratados em seguida, e as aulas estão sendo repostas aos sábados. Outra reclamação é a falta de material didático. “Quando chega, vem pouco, e a gente precisa se dividir”, diz o estudante Gabriel Ribeiro, 17. Responsável pela administração das escolas técnicas, o Centro Paula Souza afirma que a falta de livros didáticos ocorreu por um atraso no repasse do governo federal e que a direção solucionou o problema em uma semana. De acordo com o diretor da escola, a Etesp comprou o material para os alunos que não tinham condição de pagar por ele.

Nova regra do Fies eleva disputa para vagas de medicina  (Folha Online – Educação – 07/08/15)

O acesso a uma vaga de medicina pelo Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) exigiu desempenho elevado dos candidatos no Enem.  Se, até o ano passado a nota da prova não era pré-requisito para acesso ao programa federal, agora é preciso pontuação mínima de 450 e nota acima de zero na redação.  Em medicina, no entanto, a nota de corte média nesta edição, segundo dados tabulados pela Folha, foi de 717,7. A média geral dos formados no ensino médio no exame foi de 499 pontos. Ao todo, o MEC ofertou 655 vagas para financiamento da medicina, de 61,5 mil disponíveis nesta edição do Fies (1% do total). Em 2014, do total de 731.723 novos contratos, 10.716 foram para estudantes da graduação (1,46%).  Na tarde de ontem, a maior nota de corte em medicina era para a disputa de uma das quatro vagas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP: 788,62. O prazo de inscrição acabou nesta quinta (6), e o resultado será divulgado segunda-feira (10).  Além da exigência de pontuação mínima no Enem, o Ministério da Educação definiu outros parâmetros para oferta do financiamento, como região da oferta. Assim, Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste (exceto o Distrito Federal) têm prioridade no processo. Essa distribuição, no entanto, gerou críticas de estudantes. No DF, por exemplo, não há contratos disponíveis para medicina. “Agora, só vai passar a entrar [em medicina] quem tem condição financeira”, afirma Auro Paiva Júnior, coordenador-geral de centro acadêmico da UCB (Universidade Católica de Brasília).  A instituição informou que o MEC indicou os cursos que poderiam receber o financiamento –entre eles, não estava o de medicina. A pasta nega. “A ausência de vagas de medicina no DF não decorre da priorização de regiões”, informou o ministério.  Segundo o MEC, as instituições tiveram chance de indicar o número de vagas que queriam oferecer em todos os cursos com conceito positivo.



As cotas na USP   (Carta Capital – Carta na Escola – Edição 98 – Agosto 2015)

Não é apenas no saguão do prédio da História e Geografia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) – tradicional ponto de reivindicações estudantis – que as cotas raciais vêm sendo pedidas. Em outras instituições da Universidade de São Paulo, nem sempre engajadas, pichações e cartazes gritam para retomar o debate. Na entrada da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), por exemplo, o clamor por “Cotas já!” faz coro com frases de protesto como “Povo forte, povo preto” e “Cotas sim!” nos tapumes próximos ao Instituto de Relações Internacionais (IRI).  O florescimento da discussão na principal universidade do País ocorre paralelamente a ações de um movimento recente batizado de Ocupação Preta. Nele, alunos negros de dentro e fora da USP “ocupam” aulas (mais de 15 desde março) para questionar o baixo número de alunos negros na mais renomada universidade brasileira.  O processo é quase sempre o mesmo: os integrantes entram na sala, param a aula e tentam angariar apoio.



Maior parte dos brasileiros sabe pouco sobre ciências, diz pesquisa   (UOL – Educação – 06/08/15)

Pesquisa Indicador de Letramento Científico (ILC), divulgada hoje (6) pelo Instituto Abramundo, revelou que a maior parte dos brasileiros sabe pouco sobre ciências. De acordo com o resultado da consulta, 79% têm conhecimentos científicos básicos, mas não são capazes de usá-los para entender plenamente a realidade que os cerca. O teste envolveu questões com situações cotidianas, como ler e interpretar uma bula de remédio, entender a importância de um pneu de carro não estar careca e conseguir explicar o efeitos do uso de antibióticos. Os resultados finais do ILC foram apresentados na Reunião Ordinária Itinerante do Conselho Nacional de Educação (CNE). O ILC avaliou 2.002 pessoas de 15 a 40 anos, com, no mínimo, quatro anos de estudos. Elas responderam a 36 itens, entre fáceis e difíceis, sobre a aplicação da ciência no dia a dia e em situações mais complexas. Para o presidente do Instituto Abramundo, Ricardo Uzal, o resultado em ciências no Brasil está aquém de outros países, com impactos no desenvolvimento econômico do país e na falta de crescimento por aumento de produtividade.