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09/05/2013 / Em: Clipping

 


Unicamp: nota de alunos com bônus é igual à dos demais   (O Estado de S.Paulo – Educação – 09/05/13)

Os alunos que entraram na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) de 2005 a 2008 por meio do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais) – oriundos de escolas públicas ou autodeclarados negros ou índios – tiveram desempenho igual ou superior ao daqueles que não ingressaram na universidade pelo sistema.  A conclusão faz parte de um estudo da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) que será divulgado nesta quinta-feira, 9. “É uma maneira qualificada de fazer inclusão. Não estamos abrindo mão de fazer uma seleção qualificada dos alunos, esse era nosso pré-requisito. É a primeira vez que temos uma avaliação do desempenho total dos alunos por área”, afirmou o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge.  Criado em 2004, o Paais concede 30 pontos de bônus na segunda fase do vestibular aos candidatos que cursaram os ensinos fundamental e médio na rede pública. Os que se autodeclaram pretos, pardos e indígenas ganham 10 pontos. O programa é uma alternativa à política de cotas do governo federal, que reserva um porcentual de vagas em todos os curso. Em Medicina – curso que tem a maior relação candidato/vaga na Unicamp -, por exemplo, das quatro turmas avaliadas, 347 alunos entraram pelo vestibular tradicional (sem bônus) e 93 ingressaram por meio do Paais. Quem utilizou o Paais teve nota média de 644 no vestibular e quem não usou, de 667 – uma diferença considerada significativa, segundo o estudo. Ao final do curso, o coeficiente de rendimento dos alunos do Paais foi 7,8 e dos demais, 7,7. Em Engenharia, estudantes do Paais tiveram 553 no vestibular e acabaram com rendimento 6,3, enquanto os demais alcançaram 573 no processo seletivo e nota final 6,4.

MEC aumenta rigor na análise da redação do Enem   (O Estado de S.Paulo – Educação – 09/05/13)

Diante da repercussão negativa de redações que continham desde receita de macarrão instantâneo a exaltação a time de futebol, o Ministério da Educação (MEC) decidiu aumentar o rigor na análise dos textos para a próxima edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Conforme divulgado na tarde desta quarta-feira, 8, as inscrições do Enem 2013 serão realizadas de 13 a 27 de maio e a aplicação das provas ocorrerá nos dias 26 e 27 de outubro. A taxa de inscrição será de R$ 35. “Se estamos mudando o padrão e aumentando o rigor, é porque não ficamos confortáveis com algumas avaliações que nós tivemos”, disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. “Estamos partindo desses casos específicos para aprimorar ainda mais a correção.” Nos últimos meses, o MEC foi confrontado com a divulgação nas redes sociais de redações com deboche de alunos. Uma delas, com a citação do hino do Palmeiras, ganhou nota 500. Em outra, um estudante detalhou a receita de preparação de Miojo – o tema da redação se voltava para a questão de fluxos migratórios.



Unicamp: desempenho de alunos com bônus é igual ao dos demais   (Terra – Vestibular – 09/05/13)

Estudo divulgado nesta quinta-feira pela Universidade de Campinas (Unicamp) aponta que estudantes oriundos de escolas públicas bonificados pelo Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais) apresentam ganho de desempenho em relação aos demais, quando se compara duas medidas: a nota no vestibular e a nota ao final na graduaçãoCom notas inferiores no vestibular, os estudantes de escola pública conseguem melhorar seu desempenho ao igualar as notas obtidas ao longo do curso na Unicamp com as dos demais estudantes. O levantamento acompanhou a vida acadêmica dos ingressantes na Unicamp nos anos de 2005 a 2008, comparando o desempenho de todas as turmas após quatro anos na instituição. A Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) analisou a totalidade de ingressantes pelo vestibular.



Pasquale Cipro Neto

“Ao invés de” ou “em vez de”?   (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 09/05/13)

A coleção de mensagens de leitores que me pedem comentários sobre as mais diversas questões da língua é imensa. Faz tempo que me perguntam, por exemplo, sobre a diferença entre “em vez de” e “ao invés de”. No uso efetivo da língua, essas duas expressões se igualaram há um bom tempo; nos dicionários, gramáticas, manuais e guias de uso, no entanto, a diferença persiste. É bom lembrar que, via de regra, as obras citadas se baseiam no uso formal da língua. A expressão “ao invés de” tem por núcleo a palavra “invés”, que vem do latim “inversum” (“de modo contrário”). Como se vê, “invés” e “inverso” são da mesma família. No uso culto, a expressão “ao invés de” ocorre unicamente quando há oposição real entre duas ideias, fatos, palavras etc. Quando chega a safra de determinado produto agrícola, por exemplo, é normal que o preço desse produto caia. Se ocorre o oposto, diz-se que, “ao invés de cair, o preço subiu”. Também se pode dizer que alguém “subiu, ao invés de descer” (imagine alguém que estava no sexto andar à procura de um escritório que fica no quinto e, ao invés de descer, subiu). O “Houaiss” dá este exemplo: “Era um governante piedoso, ao invés de cruel”. A mesma obra diz que “a locução ao invés de deve ser empregada quando houver uma oposição real entre determinada coisa e outra; só é sinônima de em vez de, portanto, num dos sentidos desta”. Permita-me perguntar-lhe, caro leitor: entendeu a observação do “Houaiss”? Leia-a de novo, se necessário. E então? O que se diz lá é que, num de seus sentidos, a locução “em vez de” (atenção: “em vez de”) é sinônima de “ao invés de”. Em outras palavras, o “Houaiss” diz que, na língua culta, ocorre o uso de “em vez de” com o sentido de “ao invés de”, mas… Mas a recíproca não é sempre verdadeira, isto é, sempre se pode substituir “ao invés de” por “em vez de”, mas nem sempre se pode substituir “em vez de” por “ao invés de”. Resumo da ópera: na língua culta, registra-se uma construção como “Em vez de estudar, foi ver a namorada”, mas não se registra algo como “Ao invés de estudar, foi ver a namorada”. Como se sabe, “estudar” nem de longe é o oposto de “ir ver a namorada”. No uso prático da língua, ou seja, na língua do dia a dia, essa distinção beira a filigrana, por isso mesmo é sumariamente ignorada. Pela aproximação semântica, as expressões citadas (como já vimos) acabam sendo igualadas, isto é, são usadas como equivalentes. A esta altura, os pragmáticos já devem estar pensando que é melhor pura e simplesmente riscar do mapa a expressão “ao invés de” e usar sempre a expressão “em vez de”, que, como o caro leitor deve ter deduzido, não ocorre exclusivamente com o papel de estabelecer relação de oposição real entre uma coisa e outra. Para os que amam a tradição linguística, lembro que, no padrão formal da língua, o verbo “preferir” não se constrói com “em vez de” ou com “que/do que”, mas com a preposição “a”, o que equivale a dizer que, nesse registro, uma frase como “Preferiu namorar em vez de estudar” é substituída por “Preferiu namorar a estudar”. Na língua oral a construção “culta” tem incidência próxima de zero. O “Houaiss” diz que “o uso, embora frequente no Brasil, de preferir seguido de do que não é aceito pela norma culta da língua, embora se abone em escritores modernos e clássicos”. A julgar pelo que se vê em provas recentes ou mais antigas, os vestibulares (mesmo os mais “modernos”) e os concursos públicos continuam exigindo dos candidatos o emprego da construção que o “Houaiss” dá como culta, portanto, se você participar de um desses exames, é bom ficar de olho nessas minúcias. É isso.