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09/09/2009 / Em: Clipping

 


Crise estimulará procura por ensino superior, diz OCDE ( Terra – Educação – 08/09/2009)

O período pós-crise econômica mundial será caracterizado por “uma demanda sem precedentes” pelo ensino universitário, afirmou, nesta terça-feira, Angel Gurria, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris.

Segundo a organização, o desemprego, que provavelmente se manterá elevado no período em que as economias começarem a sair da recessão, além das vantagens de um maior nível de educação, “vão incentivar cada vez mais jovens a continuarem seus estudos por mais tempo”.

“Os investimentos em capital humano contribuirão para a retomada do crescimento, sob a condição de que os estabelecimentos de ensino estejam em condições de responder a essa demanda”, diz Gurria.

Em seu relatório anual Olhar sobre a Educação – 2009, publicado nesta terça-feira, a OCDE recomenda aos governos que levem “em conta a tendência de maior demanda por formações de ensino superior na elaboração de suas políticas de educação”.

Benefícios

O estudo analisa os sistemas educacionais de 36 países, sendo 30 membros da organização e seis países “parceiros”, entre eles o Brasil.

“Considerando que as pessoas mais qualificadas têm mais chances de trabalhar, assistimos a um aumento do valor da educação”, afirma o relatório.

A OCDE afirma ainda que “investir na educação é um meio para lutar contra a recessão e aumentar a renda futura”.

A organização diz também que um maior nível de ensino beneficia não apenas as populações – que recebem salários mais elevados – mas também a economia dos países, “que tiram benefícios do maior número de pessoas com diplomas”.

“A análise da OCDE mostra que os resultados positivos do ensino superior se traduzem, posteriormente, em salários mais elevados, melhor saúde e menor vulnerabilidade ao desemprego”, diz o relatório.

Diferenças

Segundo os cálculos realizados para o estudo, um homem com diploma universitário pode obter, nos países da OCDE, uma vantagem salarial acumulada ao longo de sua vida profissional de US$ 186 mil brutos, em média, em relação a alguém que cursou apenas o ensino secundário.

A diferença é menor no caso das mulheres – de US$ 134 mil, em média -, o que revela a disparidade dos salários entre homens e mulheres, afirma a organização.

Os Estados Unidos registram a maior diferença salarial entre os que cursaram e os que não cursaram o ensino superior.

Um americano com diploma universitário pode ganhar, ao longo de sua vida, mais de US$ 367 mil a mais do que uma pessoa que cursou apenas o segundo grau.

No caso do Brasil, os titulares de um diploma universitário “beneficiam-se de uma vantagem salarial muito superior a 100%” em relação às pessoas que cursaram apenas o segundo grau, diz o estudo.

O número de pessoas que obtiveram diplomas do ensino superior aumentou, em média, 4,5% por ano nos países da OCDE entre 1998 e 2006, informa o relatório.

Ensino superior eleva renda do brasileiro em 100%, diz OCDE ( Terra – Educação – 08/09/2009)

Na maioria dos 30 países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a conclusão do ensino superior aumenta em 50% a renda dos trabalhadores. No Brasil, os ganhos excedem 100%. É o que aponta o relatório Panorama da Educação, divulgado nesta terça pelo órgão.

O relatório destaca que, diante da crise econômica mundial, investimentos em educação podem ajudar os países a se recuperar. Os dados são referentes aos anos de 2006 e 2007. Participaram do estudo os membros da OCDE e um grupo de países associados que inclui, além do Brasil, Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Japão, Chile e México.

Os ganhos para aqueles que concluem a educação secundária, equivalente ao ensino médio brasileiro, aumentam em 50% em 17 dos 28 países. Percentual semelhante é registrado no Brasil.

O relatório aponta ainda que as taxas de conclusão da educação secundária entre os adultos (de 25 a 64 anos) na maioria dos países analisados é de 60%. O número é bem inferior ao verificado no Brasil, onde 63% da população na mesma faixa etária não concluiu esse nível de ensino.

Em média, 34% da população jovem entre 25 e 34 anos dos países membros e parceiros concluiu o ensino superior. O relatório aponta que no Brasil esse índice é bastante inferior: apenas 10% dos jovens terminam a etapa.



Escola pública começa a equilibrar jogo com a particular (Gazeta Online – Educação – 09/09/2009)

Carla Nascimento
cnascimento@redegazeta.com.br

Internet com banda larga, quadro digital, passagem gratuita e a chance de ingressar em projetos sociais que incluem bolsas de estudo no ensino superior. A escola pública oferece mais vantagens a cada dia. Mesmo assim, ainda não conseguiu conquistar a mesma confiança que os pais depositam na escola particular quando o assunto é qualidade no ensino. A um mês para o início das matrículas, chegou a hora de pesar prós e contras de cada rede.

A presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto, explica que a qualidade da educação pública foi afetada pela democratização do ensino, que tornou o ensino fundamental obrigatório e ampliou o acesso ao ensino médio.

“No passado, a escola pública era muito estruturada. Hoje em dia, infelizmente, há professores mal preparados, e os alunos acabam sentindo a repercussão disso. Acho que a política de educação para todos é certa, mas nivelou por baixo”, afirma.

No entanto, ela pondera que o título de particular não garante o selo de qualidade. “Uma escola particular muito barata acaba caindo nos mesmos erros de uma escola pública, porque não pode remunerar um professor bem, a menos que seja patrocinada por uma fundação”, diz.

Brenda Fhelberg Corrêia, 15 anos, teve a chance de comparar as duas realidade quando passou da 8ª série do ensino fundamental para o primeiro ano do ensino médio. Nessa época, foi para a escola pública.

Agora, no segundo ano do ensino médio, avalia: “Senti diferença, sim. Os professores da particular cobram mais o desempenho dos alunos, explicam mais o conteúdo. Mas lá havia algumas coisas que eu não gostava, como ter que usar uma cor de tênis específica. O que isso tem haver com o aprendizado? Além disso, as pessoas na escola pública são melhores. Para compensar, estudo uma hora por dia, em casa”.

A mãe de Brenda, a vendedora Rosemere Corrêia, 43, diz que pesquisou e escolheu uma escola bem conceituada. “Assim, pude pagar um curso de inglês melhor para ela. Achei que valia a pena, porque o desempenho também depende do aluno”, explica.

“Uma escola particular muito barata acaba caindo nos mesmos erros de uma escola pública.”
Quézia Bombonatto Presidente da Associação de Psicopedagogia

Parcela que caiba no bolso
“Se a educação é prioridade, o orçamento da família deve se adequar ao valor da mensalidade da escola e não o contrário”. Essa é a posição do superintendente do Sindicato dos Estabelecimentos Privados (Sinepe), Geraldo Diório Filho.

Ele defende que vale a pena fazer alguns sacrifícios para matricular os filhos em uma boa escola particular e ressalta que é preciso tomar cuidados, como ver a infraestrutura e conferir se a instituição é regular. Isso pode ser feito, por meio do sindicato, do Conselho Estadual de Educação (CEE) e da Secretaria Estadual de educação (Sedu).

“A escolha do estabelecimento não deve ser vista como um financiamento habitacional, por exemplo, quando a família só pode comprometer 30% da renda. É preciso pensar no que é prioridade para a família. Se for saúde, que a família invista em saúde. Se for educação, que invista em educação e corte outros gastos. Outra coisa importante é verificar se os valores da família e da escola são os mesmos, porque há questões polêmicas, como religião, envolvidas”, diz.

A tendência, no entanto, é o contrário. No ano passado, pelo menos 70 escolas fecharam no Estado. Entre os principais motivos estão a diminuição do número de alunos e a inadimplência, que chegou a 35%.

Escolha só no ensino médio
Escolher uma escola na rede pública é basicamente um privilégio para alunos do ensino médio. Na educação infantil e no ensino fundamental, a prioridade é para quem mora perto da escola.

Para a rede estadual, que administra unidades de ensino médio, a prioridade é a ordem de chegada na matrícula, a Chamada Escolar, que acontece em outubro. O secretário estadual de Educação, Haroldo Corrêa Rocha, garante que não faltam vagas, mas admite que algumas escolas são mais procuradas.

“As escolas de ensino médio regular não fazem processo seletivo. O que prevalece é a ordem de chegada”, diz. Mas admite que algumas escolas são mais procuradas, como Colégio Estadual (Vitória), Irmã Maria Horta (Vitória), Renato Pacheco (Vitória), Godofredo Schneider (Vila Velha).

Em geral, as escolas com melhor estrutura física são mais atrativas e têm mais demanda do que consegue atender”, explica o secretário. No entanto, ele diz que a família deve observar o tipo de educação que quer para o filho. “No ensino médio também é desejado que o aluno se matricule na escola mais próxima. Mas esse tipo de unidade atende a um conjunto de bairros. A segunda característica é que as escolas de ensino médio tem algum nível de especialização”, explica.

Na escola pública, sem arrependimento
Giuliano Lacerda, 17, Marina Reinhold, 17, e Vinícius Ferreira, 17, são ex-alunos de escolas particulares que optaram por fazer o ensino médio na rede pública. No 3º ano, eles afirmam que não se arrependem. “A decisão foi da minha mãe. Acho que por causa da facilidade de participar de programas, como o Nossa Bolsa, e pela questão financeira. No início fiquei apavorada. Mas a estrutura não mudou muito. É tudo novinho, organizado”, conta Marina, que também participa do programa de estágio Menor Aprendiz.

Prioridade para metodologia e valores
A farmacêutica Maria do Perpétuo Socorro Orletti, 48, enfrentou uma maratona antes de escolher a escola para Giovanna, 16, Lorena, 13, e Angelo Del Rey, 8. “Visitei várias e acabei valorizando a metodologia de ensino e os valores transmitidos. A disciplina na educação também é importante”. Na pré-escola, Angelo chegou a estudar em uma escola pública, que havia ganho prêmios na área de Educação. “Só tenho elogios com relação a essa escola”, diz a mãe. Hoje, os três filhos estão na mesma escola particular.



País investe menos de 25% que ricos em ensino (Estadão – Vida & – 09/09/2009)

Nações como EUA gastam, em média, US$ 8,8 mil por aluno; Brasil não chega a US$ 2 mil

Simone Iwasso

O investimento brasileiro anual por aluno equivale a menos de um quarto do feito pelos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo relatório da entidade divulgado ontem. Enquanto países como Áustria, Bélgica, Canadá, Japão, Suíça, Finlândia, Reino Unido e Estados Unidos gastam em média US$ 8.857 em todos os níveis educacionais, o Brasil coloca muito menos: não chega a US$ 2 mil.

De acordo com o relatório, é justamente um maior investimento em educação que ajudará os países a superarem a crise econômica. Quanto maior o desemprego, maior deverá ser também o aporte em qualificação da população, principalmente no ensino superior. E quanto maior o nível educacional de uma população, melhores são os salários, as condições de saúde e a consciência e participação política.

Os países da OCDE (as 30 nações mais ricas do mundo) investem US$ 6.517 por ano com cada estudante do ensino fundamental; US$ 7.966 com alunos do ensino médio; e US$ 15.791 com os universitários. E, no caso de um homem com curso superior, o retorno líquido médio para o seu país fica em quase US$ 52 mil ao longo da vida – ou seja, quase o dobro do valor originalmente investido, segundo o documento.

No caso do Brasil, o investimento anual de um aluno no ensino fundamental está em torno de apenas R$ 1.221; no médio, aproximadamente de R$ 1.500. Já para um estudante no ensino superior, o custo anual fica em R$ 11.800, segundo dados do Ministério da Educação.

No documento, os gastos do Brasil com a educação básica aparecem na categoria abaixo de US$ 2 mil.

Outro dado mostrado pelo relatório é o aumento nos gastos com educação infantil nos países mais ricos – diversas pesquisas mostram que o ensino nos primeiros anos de vida está relacionado com melhor desempenho escolar nos anos seguintes e salários mais altos na vida adulta.

Neste ponto, o Brasil também está bastante atrás: a educação infantil é um dos maiores desafios das redes municipais, que na maioria dos casos não tem nem mesmo noção do tamanho da demanda não atendida.

Além disso, em comparação com a média dos países da OCDE, o Brasil tem quase o dobro de jovens entre 15 e 19 anos fora da escola e desempregados. São 14% da população nessa situação, enquanto nas nações ricas não chega a 7%.