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10/06/2013 / Em: Clipping

 


Unicamp dobra bônus para candidato de escola pública   (Folha Online – Educação – 08/06/13)

A Unicamp decidiu dobrar os bônus no vestibular para estudantes formados no ensino médio público e aos pretos, pardos e indígenas. Com a mudança, um candidato negro egresso da rede pública ganhará 12% de acréscimo em sua nota em medicina. Hoje, o benefício fica na casa dos 6%.  A mudança foi feita para tentar atingir metas fixadas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelos reitores de USP, Unesp e Unicamp, no ano passado.  O objetivo é que, em cada curso das instituições, haja 50% de calouros provenientes da rede pública. Dentro desse percentual, 35% das vagas devem ser de pretos, pardos ou indígenas. Na Unicamp, hoje 30% dos aprovados se formaram em escolas públicas. Em medicina, são 15%. Já o número de pretos, pardos e indígenas no curso é de apenas 7%.

Unicamp dobra bônus a alunos da rede pública   (Folha de S.Paulo – Folha Corrida – 10/06/13)

A Unicamp decidiu dobrar os bônus no vestibular para estudantes formados em escola pública e aos pretos, pardos e indígenas já no próximo exame.  Com a mudança, um candidato negro egresso da rede pública ganhará 12% de acréscimo em sua nota em medicina. Hoje, o benefício fica na casa dos 6%.  A mudança foi feita para atingir as metas fixadas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e por reitores de USP, Unesp e Unicamp –de que, em cada curso, haja 50% de calouros da rede pública.

Brasil sente falta de engenheiro que seja líder e fale inglês   (Folha de S.Paulo – Especial – 09/06/13)

A dificuldade das empresas para contratar engenheiros persiste, ainda que o número de graduados na área esteja crescendo no país. Há entraves na qualificação de profissionais, falta de capacitação para gestão e de domínio do inglês. De acordo com o Ministério da Educação, 44.775 pessoas concluíram o curso de engenharia em 2011, uma alta de quase 50% em relação a 2006. Como eles são considerados coringas, preparados para assumir cargos desde a construção civil até a área financeira, encontrar um bom candidato é cada vez mais complicado. Jade Carvalho, consultora da DMRH, afirma que as especialidades mais escassas são engenheiros elétricos, eletrônicos, metalúrgicos e de materiais, já que poucos se formam nessas áreas. O Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) aponta ainda a falta de pessoal nas áreas de gás e petróleo, mineração e tecnologia da informação. Com o boom do setor de construção, a Copa do Mundo e a Olimpíada, houve também um aumento na procura por engenheiros civis, que hoje representam quase um quarto dos estudantes. “Mas sabemos que a pessoa leva no mínimo cinco anos para concluir o curso, até mesmo um pouco mais. É uma formação demorada”, lembra Carvalho.

O QUE FALTA
Entre as principais deficiências dos candidatos destacam-se a falta de conhecimento de softwares específicos de cada área, como programas de simulação e planejamento, visão de viabilidade econômica de projetos e principalmente a especialização em negócios. “Faltam gestores com habilidades de administração de pessoal”, ressalta Reginaldo Lúcio Carlos de Medeiros, gerente de desenvolvimento de processos minerais da Vale Fertilizantes. Luiz Roberto Cardoso, superintendente da área de recursos humanos da construtora OAS, lembra que a disponibilidade para mudança pode ser um fator importante numa contratação. “Trabalhar e viver em lugares diferentes da sua origem é uma realidade da carreira.”Diante da falta de profissionais, as empresas buscam alternativas. Medeiros conta que, como a oferta de engenheiros de minas é pequena, muitos das especialidades química e metalúrgica são contratados para as posições menos específicas no setor de mineração. A Vale tem ainda uma parceria com a Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto), que oferece o programa de especialização em fertilizantes para funcionários da empresa e engenheiros recém-formados interessados na área. Maria Carolina Rangel, gerente de recrutamento e seleção da construtora Andrade Gutierrez, cita ainda a falta de informação dos próprios candidatos como um empecilho para a contratação. “Uma construtora atrai muitos engenheiros civis, mas tenho muita dificuldade para encontrar os de mecânica, elétrica e de segurança do trabalho justamente porque essas pessoas não nos procuram. Elas esquecem que são muito importantes em uma obra”, afirma. Para enfrentar a ausência de bons profissionais, é cada vez mais comum que as empresas invistam desde a graduação em seus futuros contratados. Rangel conta que a empresa criou, ainda em 2008, um programa de estágio para formar equipe e evitar a falta de mão de obra na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. “Mandamos os estudantes para grandes obras de usinas em outras regiões do país, para que eles ganhassem experiência e alcançassem o nível júnior a tempo do início da construção em Belo Monte, em 2011.”

INVESTIMENTO PRÓPRIO
Foi na busca por talentos dentro das universidades que Luiz Henrique Zamperlini, 25, encontrou uma porta de entrada na construtora, onde trabalha até hoje. Mas o engenheiro civil percorreu um longo caminho para conquistar a vaga de analista comercial. Ele fez estágios não remunerados durante as férias, com as despesas bancadas do próprio bolso. Em uma dessas experiências, Luiz pagou passagem, hospedagem e até alugou um carro para acompanhar a construção de uma ponte em Aracaju. “Em uma dinâmica de grupo, você ganha destaque quando conta que buscou a prática por iniciativa própria, e ocupa uma posição diferenciada pela proatividade e pelo conhecimento.” Apesar de a maioria dos cursos de engenharia serem integrais, as lições adquiridas durante os tempos da universidade são importantes até mesmo para profissionais de maior nível hierárquico. “Na hora da seleção, a gente leva em consideração qualquer tipo de experiência durante a graduação, seja o trabalho numa empresa júnior ou nos laboratórios da faculdade. Até mesmo aqueles concursos de construção de carro e avião são uma forma de começar”, conta Carvalho, da DMRH. Foi numa dessas competições que o engenheiro elétrico Rafael Pereira, 26, funcionário da CPFL, aproveitou para ganhar mais vivência e conhecimento. Ele participou de um dos projetos da Fórmula SAE, promovida pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade para a criação de um protótipo de corrida. “O que aprendi com esses projetos extracurriculares ajuda muito na minha rotina de trabalho”, conta Pereira, que entrou na companhia por meio de estágio. Além dos estágios, os programas de trainee também são um meio de iniciar a carreira. Entretanto, eles costumam ser menos técnicos e mais voltados para a área de negócios. A maioria das grandes empresas abre processos de seleção anuais que incluem não só pessoas formadas nessa área, mas aspirantes das mais diversas carreiras, o que aumenta a concorrência. Muitas empresas fora da engenharia dão preferência a pessoas da área em suas equipes. Hoje existem profissionais trabalhando até mesmo com recursos humanos, mas a maioria migra para o setor de finanças e administração. Para aproveitar o bom momento do setor, é essencial ter bons conhecimentos de inglês. Recrutadores concordam que é praticamente impossível selecionar um candidato jovem sem ter ao menos o nível intermediário. “Normalmente eles trabalham em empresas multinacionais ou com contatos fora do Brasil e o inglês é necessário inclusive para aprender uma tecnologia totalmente nova e trazê-la para o país”, conta Carvalho. Apesar da importância de continuar os estudos após a graduação, não é aconselhável emendar de cara uma pós-graduação. Piero Abbondi, proprietário da consultoria de carreiras Spectro, aconselha que o profissional trabalhe alguns anos e ganhe experiência na área antes de investir em pós-graduação ou MBA. “É preciso descobrir suas afinidades na busca pela melhor opção em uma especialização que alavanque a carreira.” Até lá, cursos de extensão e de educação continuada são boas opções para manter-se atualizado.

Veja profissões em baixa no mercado  (Folha de S.Paulo – Especial – 09/06/13)

Por mudanças na economia ou excesso de formados, certas carreiras requisitam menos profissionais hoje, como antropologia, sociologia, geografia, história, jornalismo, pedagogia, direito, e serviço social, segundo a Michael Page. Atuantes nessas áreas devem buscar diferenciais para competir.

Fora da universidade   (Folha de S.Paulo – Empregos e Carreiras – 09/06/13)

A crença e a cultura nacional empurram os jovens para as universidades, em busca de melhora na qualidade de vida, obtenção de maiores ganhos financeiros e segurança. Mas hoje verificamos que há falta de profissionais de nível médio, técnicos e especialistas em diversos segmentos. Dois dos segmentos de mercado que mais crescem, em números absolutos, são o varejista e o agronegócio. Há pouca divulgação sobre as oportunidades nesses setores, que são, infelizmente, pouco reconhecidos e valorizados do ponto de vista da carreira -sofrem do estigma de “carreira sem glamour”. Entretanto, em razão da dificuldade de se encontrar bons profissionais, aqueles que se destacam crescem com rapidez e são remunerados regiamente. Esses trabalhos são percebidos como de menor valor se comparados a profissões imperiais, como direito, medicina e engenharia e, por isso, registram alta rotatividade. São funções encaradas como transitórias. Conversando com alguns executivos do comércio varejista, a queixa maior é a falta de pessoas qualificadas para o atendimento no comércio, de norte a sul dos pais. Para reverter essa situação, os empresários e associações desses setores têm papel fundamental na valorização e no reconhecimento dos bons profissionais que atuam na área. É preciso pensar diferente para evitar o “efeito manada”. Incentivar as pessoas a inovar e recriar a identidade do negócio, a fim de encontrar modelos diferentes dos tradicionais. Para quem deseja atuar nesses segmentos, vale a pena conhecer e pesquisar mais sobre as diversas carreiras que vão desde a produção até as gondolas dos supermercados.  Competências altamente desejáveis são: excelente comunicação verbal, habilidade de relacionamento, negociação, capacidade analítica, iniciativa e criatividade. Existem programas de formação técnica para o varejo, mas, para quem deseja se aprofundar, há graduações, pós-graduação e até MBAs sobre o tema. Tirar os olhos dos grandes centros também pode ajudar a ampliar a visão desses mercados potenciais.

ADRIANA GOMES é coordenadora do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas na ESPM.

O discreto perfil acadêmico dos economistas  (Folha de S.Paulo – Opinião – 10/06/13)

Os indícios de uma crise econômica brasileira têm incitado analistas a suspeitar da competência de nossos economistas. Embora alguns questionem se economia é uma ciência, não há dúvidas de que ela é ancorada em teorias.  É possível estimar-se a competência de nossos economistas nesse contexto? Há sem dúvida um caminho para isso. Hoje, há bases de dados que permitem medir prestígio público e acadêmico para as diversas áreas do conhecimento. No primeiro caso, se teria uma medida de visibilidade por meio de exposição na mídia. No segundo, a medida de prestígio seria alcançada pelas publicações em revistas acadêmicas especializadas. É de se esperar que, em ambas as categorias, prestígio tenha uma correlação com competência. No cenário nacional, já se tem uma surpresa. Ao contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, onde os economistas de renome público são também autoridades acadêmicas, no Brasil há uma dicotomia entre os economistas mais dedicados à academia (assim reconhecidos pelo CNPq) e aqueles distinguidos publicamente –são praticamente dois grupos distintos. A segunda surpresa é que, em ambos os grupos, as publicações acadêmicas são exíguas. A terceira surpresa é que o percentual de economistas nacionais que obtiveram doutorado no exterior sob a supervisão de conceituados acadêmicos é superior aos de todas as demais áreas, alcançando 70%. O que se pode inferir desses dados? Primeiro, que a contribuição brasileira para o corpo de conhecimento universal em economia é muito baixa. De fato, de acordo com a base Thomson-Reuters, enquanto no cômputo geral de publicações de artigos científicos o Brasil ocupa a 13ª posição, em economia a posição é a 30ª. Em um marco de qualidade e impacto, medido por citações por artigo, a posição é ainda inferior, 42ª. Essas informações são intrigantes. Elas fazem aflorar dúvidas quanto à aplicação acertada dos conhecimentos da área econômica aos problemas nacionais. Como, porém, deixar de reconhecer dados que falam em favor dos nossos economistas. Um, que os exames de ingresso em instituições nacionais prestigiosas de ensino de economia são muito competitivos, abrindo caminho para alunos de qualidade. E outro, o de que que o ensino em nível de graduação dessas instituições é de boa qualidade. É difícil se esquivar da impressão de que, no Brasil, há uma linha divisória entre graduação e pós-graduação em economia. Talvez o baixo encanto por produção científica frente à atração que setores não acadêmicos exercem (mercado, consultoria, política e comunicação pública) afastem os economistas de uma pós-graduação árdua, pouco compensadora financeiramente e com baixa exposição pública. Talvez isso seja parte da explicação pela alta propensão dos egressos da graduação em economia em buscarem doutorado e pós-doutorado no exterior. Óbvio está que esporadicamente surjam impactos positivos em nossa economia motivados por orientações dos economistas. Porém, é mais provável que essas se encontrem nos “think tanks” do que na academia. Um bem sucedido foi o Plano Real.

ROGERIO MENEGHINI, 72, professor aposentado da USP, é coordenador científico do programa SciELO de revistas científicas brasileiras



Candidato da rede pública terá bônus em dobro no vestibular da Unicamp   (Globo.Com – G1 Vestibular – 08/06/13)

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) dobrou o bônus oferecido aos vestibulandos que fizeram o ensino médio na rede pública ou a autodeclaração étnico racial como negro, indígena ou pardo. Segundo o reitor da instituição, José Tadeu Jorge, a expectativa é chegar a 40% de inclusão no vestibular de 2014. A bonificação passou para 60 pontos aos alunos de escola pública e para 20 pontos no critério racial por meio da valorização do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais). A decisão foi deliberada no Conselho Universitário na semana passada e publicada na quinta-feira (6). Ao ser nomeado reitor em abril deste ano, José Tadeu Jorge afirmou em entrevista ao G1 que já planejava aumentar o bônus, além de afirmar que é contrário à participação da universidade no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “Nós acreditamos que com essa nova quantidade de bônus, nós vamos elevar para 40% a inclusão no próximo vestibular”, disse Tadeu Jorge sobre a decisão. Na edição 2012 do processo seletivo, a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) registrou índice de 32% – valor equivalente a 1.099 dos 3.435 estudantes aprovados. Tadeu Jorge reitera que os alunos que ingressam na universidade por meio do programa vão bem. “Os estudos que nós fizemos mostraram que eles tem um desempenho até mesmo melhor que os alunos não bonificados. Isso é uma segurança de que nós não estamos perdendo qualidade, mas sim fazendo inclusão social”, afirmou o reitor da Unicamp.



Sisu estimula ciclo migratório entre alunos   (Gazeta do Povo/Curitiba – Vida na Universidade – 10/06/13)

O perfil da comunidade acadêmica de universidades e institutos federais tem mudado à medida que o vestibular tradicional é deixado de lado e aumenta a adesão das instituições ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), plataforma digital criada em 2010 pelo Ministério da Educação (MEC). Pela internet, o Sisu classifica calouros a partir do desempenho no Enem, o que possibilita o ingresso de estudantes do Acre ou do Pará em uma universidade do Sul, por exemplo. Em 2013, 13% dos estudantes aprovados pelo Sisu – cerca de 15 mil – se matricularam fora do seu estado de origem. Em Medicina, a mobilidade é maior: 47% mudam para outro estado para estudar. Os números foram divulgados recentemente pelo MEC. Até maio, 119 mil das 129 mil vagas oferecidas no começo do ano estavam ocupadas. Em muitos casos, a busca por um diploma leva calouros a percorrerem centenas de quilômetros, como os 169 mineiros aprovados no Rio Grande do Sul, os 48 paraenses a caminho do Rio de Janeiro ou os 71 paulistas que devem estudar em Alagoas. Proporcionalmente, o Paraná é o estado que mais recebe estudantes de fora. Dos 3.970 matriculados a partir do Sisu neste ano, 1.068 vieram de outros estados – o equivalente a quase 27% das vagas. A maioria dos alunos veio de São Paulo. No outro fluxo migratório, 423 paranaenses foram aprovados pelo sistema para estudar em outro estado – 124 matricularam-se no Rio Grande do Sul. Veja a relação completa ao lado.



‘Derrepentemente’, mais engenheiros  (O Estado de S.Paulo – Opinião -10/06/13)

O Brasil parece ter acordado para o sério problema da escassez de mão de obra em Medicina e Engenharia. Levantamento do governo mostra que faltam 50 mil médicos em todo o País e deveriam se formar ao menos 70 mil novos engenheiros por ano para acompanhar o número de projetos nas mais diversas frentes de trabalho. Passando ao largo da carência de médicos e da polêmica em torno da proposta de importar profissionais de outros países, uma boa notícia ganhou espaço nos jornais. Pela primeira vez, o número de calouros em Engenharia superou o de Direito. Em 2006, segundo o Ministério da Educação (MEC), 95 mil estudantes ingressaram na área (5% do total de calouros das faculdades). Em 2011 já eram 227 mil (10% do total) e a quantidade de calouros em Direito caiu 4%. Esse crescimento na procura por Engenharia reflete a demanda aquecida por profissionais da área, necessários para superarmos os graves gargalos na infraestrutura, que atravancam nosso crescimento e desenvolvimento. Os números mostram que os estudantes estão atentos ao mercado e às oportunidades geradas pelo crescimento, que estimula projetos na construção civil, siderurgia, metalurgia, automação, telecomunicações, petroquímica, etc. Mas é preciso cautela na avaliação desse avanço. O próprio ministro da Educação, Aloizio Mercadante, foi realista: os ingressantes em Engenharia são insuficientes para resolver a carência da área. O déficit é expressivo: foram 45 mil graduados, em 2011, para uma necessidade de 70 mil a 95 mil engenheiros todos os anos, até 2020.



Medicina e a falta de médicos   (Correio Popular – Opinião – 08/06/13)

É trágico: o maior desastre no Brasil é que se morre mais por falta de atendimento médico que por erro médico. Tal déficit deriva, inicialmente, dos altos preços artificiais da medicina, a partir das faculdades, o que escasseia a oferta de médicos. Em Campinas foi lançado um novo curso ao preço de R$6.700,00 por mês por 6 anos, e medicina tem currículo tão extenso que exige período integral, o que impede que o estudante trabalhe para custear seus estudos; astronômico comparado com engenharia,que custa R$ 722,00 mês, período noturno, por cinco anos,por exemplo. Então, só alguns podem cursar medicina e só poucos podem comprar serviços médicos tão caros. Lembrar que a faculdade pública responde por menos de 50%das vagas, porcentagem que deve cair com o avanço das particulares e estagnação das públicas. Na raiz de todos os problemas da medicina está a legislação, ou seja, a tutela estatal, cuja maior exigência é hospital médico (hospital escola) impeditivo para criar-se faculdades de medicina e que torna os custos dos cursos existentes astronômicos. Basta ver o enorme e custoso hospital da Unicamp que existe em função de sua escola de medicina. E a justificativa para essa exigência é que em medicina se mexe com vidas, exige qualidade. Ora, muitas profissões mexem com vidas, mas não há exigência similar. Nelas o estudante se forma, se emprega em treinamento nas empresas,adquire experiência sob supervisão de um profissional e se torna profissional efetivo. Isso acontece, por exemplo, em engenharia que constrói hidroelétricas, Transformadores de alta tensão, prédios, aviões e navios, todos que têm grande responsabilidade sobre vidas,ou com motoristas de ônibus urbanos que têm sob suas mãos milhares de pessoas dentro e fora dos ônibus todos os dias.O que se percebe dessa exposição,é que a exigência de hospital médico e currículo extenso,ao invés de salvar, ceifa vidas. Como parte de toda essa engrenagem, se estabelece que a Saúde é dever do Estado o que, obviamente, ele não pode cumprir, primeiro pelos custos astronômicos, que ele mesmo provoca, e segundo pelas limitações  orçamentárias de implantação e gestão. Mas não são os únicos problemas da legalidade: na medicina não há estratificação que poderia baixar custos e melhorar a oferta de atendimento médico como há em eletricidade, onde há eletricista, técnico e engenheiro eletricista, cada um em seu nível de competência, todos atuando em vários ramos: eletrônica, eletro técnica etc. Foram  criminalizados ao invés de aperfeiçoados os serviços de parteiras e médicos práticos, que são profissões antigas,e os farmacêuticos, que prestavam serviços imediatos à população. As carreiras de enfermagem, auxiliares, técnicas e nível superior são mantidas ainda na tradição de meras cuidadoras, com profissionais amedrontados em fazer qualquer atendimento que implique em diagnóstico, mesmo emergencial, mesmo que lidem todos os dias com os problemas. Ainda dificulta o exercício de médicos estrangeiros. E, como se vê no lamentável acidente na clínica Ressonância Magnética Campinas (RMC) do Hospital Vera Cruz, há erros na esfera médica, embora, pelo noticiado, foi mais erro administrativo que médico, motivado pela coincidência de quatro fatores: novata agindo, embalagem pouco diferenciada, identificação ruim e mesmo local de armazenamento.Mas, erros médicos existem e são cometidos por quem faz. No Brasil, se erra pouco porque se faz pouco. E o RMC fez milhares de tomografias com contraste de forma segura e é tido como referência. Assim, eu entendo que transformar esse acidente eventual em um caso de polícia em que se investiga com
caráter de dolo e que se ameace com prisão de 30 anos é um absurdo contumaz e quede fato vai contra os interesses da sociedade, pois a consequência, já percebida em outras experiências, é que tal mecanismo provoca o encarecimento e a omissão no atendimento.Nos EUA, onde a caça ao erro médico se tornou febre, castigado com indenizações milionárias,conseguiu-se estagnar o já escasso atendimento médico. Outro efeito perverso da investigação para punir mais que corrigir é que os agentes tendem a esconder seus erros e não a divulgá-los, o que impediria outros de cometer os mesmos erros. A Saúde é essencial e envolve toda a sociedade, portanto a discussão não pode ficar circunscrita aos órgãos de classe médica e governo, mas deve envolver todas as entidades civis representativas tendo como objetivo não o dever do Estado de garanti-la, mas como a participação do Estado impede o desenvolvimento da Saúde.

Herculano Simões Junior é jornalista