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16/02/2009 / Em: Clipping

 


Veja a 3ª chamada do vestibular 2009 da Unicamp  (UOL – Vestibular – 13/02/09)

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) divulgou nesta sexta-feira (13) os nomes dos 621 aprovados em terceira chamada no vestibular 2009.

Os convocados devem fazer matrícula no dia 18 de fevereiro, das 9h às 12h, no campus de Piracicaba (para ingressantes em odontologia); em Limeira, (no Ceset, para os em cursos de tecnologia e na Faculdade de Ciências Aplicadas para os cursos de ciências do esporte, engenharia de manufatura, engenharia de produção, gestão de comércio internacional, gestão de empresas, gestão de políticas públicas e gestão do agronegócio e nutrição); e em Campinas (nas respectivas Unidades – para os demais cursos). Os ingressantes nos cursos da Famerp (Faculdade de Medicina de S. J. do Rio Preto) poderão optar pela matrícula em Campinas ou em S. J. do Rio Preto. Veja a lista de documentos para a matrícula. No dia 26 de fevereiro haverá confirmação de matrícula para matriculados nas 1ª, 2ª e 3ª chamadas, inclusive os que aguardam remanejamento. Os estudantes devem realizá-la nos respectivos campi, das 9hs às 16hs. Os ingressantes em cursos noturnos poderão confirmar a matrícula das 18hs às 21hs. A declaração de interesse por vaga ocorre de 20 a 27 de fevereiro, até as 17hs, via Internet. Os que não declararem ficarão eliminados do processo de convocação para matrícula. A quarta chamada será divulgada em de março. Outras informações podem ser obtidas no site da Comvest, organizadora do vestibular da Unicamp.



Unicamp divulga lista da terceira chamada de aprovados  (Globo.Com – G1 Vestibular – 13/02/09)

Matrícula deverá ser feita no dia 18 de fevereiro.
Candidatos não convocados até a 3ª lista devem declarar interesse.

A Unicamp divulgou nesta sexta-feira (13) a lista dos aprovados na terceira chamada do vestibular 2009. A relação traz 621 nomes. A matrícula deverá ser feita no dia 18 de fevereiro, das 9h às 12h.

Confira o local para fazer a matrícula

– Piracicaba: ingressantes no curso de odontologia

– Limeira: no Ceset para os ingressantes nos cursos superiores de tecnologia e na Faculdade de Ciências Aplicadas para os ingressantes nos cursos de ciências do esporte, engenharia de manufatura, engenharia de produção, gestão de comércio internacional, gestão de empresas, gestão de políticas públicas, gestão do agronegócio e nutrição

– Campinas: nas respectivas unidades – ingressantes nos demais cursos 

Os ingressantes nos cursos da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) poderão optar pela matrícula em Campinas ou em São José do Rio Preto. 

Matrícula em opção não preferencial

Os candidatos que fizeram mais de uma opção de curso no vestibular e estiverem sendo convocados para a segunda opção devem fazer a matrícula e, no ato, em formulário apropriado, confirmar interesse por remanejamento para o curso preferencialmente pretendido, que ocorrerá desde que surjam vagas decorrentes de desistências. O não comparecimento do candidato à qualquer matrícula para a qual for convocado levará à sua automática e definitiva exclusão do vestibular. O candidato matriculado em opção não preferencial deverá informar claramente ao funcionário responsável pela matrícula seu interesse por remanejamento. Se não o fizer, perderá a chance de remanejamento.



Fuvest registra baixa procura de estudantes do ensino público  (Gazeta do Povo – Educação – 14/02/09)

Após ampliar seu programa de inclusão, a USP teve no vestibular de 2009 a menor procura em dez anos de jovens vindos de escolas públicas. Segundo a Fuvest, apenas 31,3% dos candidatos cursaram ensino médio nas redes municipal, estadual ou federal. Um índice menor – 30,8% – só tinha sido registrado em 1999. Mas a quantidade de estudantes desse grupo que passou para a segunda fase do exame atual foi a mais alta no período.   ultima = 0; Entre os 36 mil estudantes que participaram da segunda etapa, 10.992 (28,7%) eram da rede pública. O segundo maior porcentual havia sido em 2008, com 27,2%, mas foram apenas 776 alunos a menos. Esse aumento, segundo especialistas, pode ter sido motivado pelo programa de inclusão da USP, o Inclusp, criado em 2006. Em 2009, as notas desse grupo puderam ser até 12% mais altas que as do restante dos candidatos (foram dados 3% para todos os estudantes de escola pública, 6% para os que, dentre eles, fizeram o Enem e outros 3% pelo desempenho na avaliação no fim do ensino médio, feita em 2008).  A coordenadora do Cursinho da Poli, Alessandra Venturi, diz, porém, que “atrativos como o ProUni (Programa Universidade para Todos) fazem com que eles nem tentem a Fuvest”. Ela se refere ao programa do governo federal que dá bolsas a alunos carentes em universidades privadas que, desde sua criação em 2005, é apontado como causa da falta de interesse desse grupo em instituições públicas.

Cotistas desistem menos, mas se formam mais tarde  (Gazeta do Povo – Vida e Cidadania – 16/02/09)

O aluno cotista da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desiste menos dos cursos que seus colegas não-cotistas, mas também leva mais tempo para completar seus estudos. Os dados parciais divulgados pela UFPR a pedido da Gazeta do Povo mostram que o rendimento dos cotistas raciais e sociais está muito próximo dos demais estudantes.

Segundo a UFPR, dos 1.497 alunos cotistas que ingressaram em 2005 (ano em que começou a vigorar o sistema de cotas na instituição), 112 estudantes, ou 9,7% dos que permanecem na universidade, já colaram grau. A porcentagem é parecida com a dos alunos não-cotistas. De acordo com a UFPR, dos 2.647 não-cotistas que entraram na universidade em 2005, 215 já colaram grau, ou 10,8% dos que não desistiram. Os dados ainda são preliminares, já que mais alunos deverão se formar até maio, e alguns cursos duram mais de quatro anos – nesses casos, nenhum cotista terminará o curso antes do fim de 2009.

ultima = 0; Entre os não-cotistas que entraram na UFPR em 2005, 1.979 permanecem na instituição, ou 74,7% do total. Já entre os cotistas, o índice de permancência é de 77,6% – 1.162 alunos que ingressaram em 2005. Em 2005, 924 cotistas sociais entraram na universidade. Outros 573 entraram por meio do sistema de cotas raciais.

Para a pró-reitora de graduação da UFPR, Maria Amélia Sabbag Zainko, a diferença não está relacionada ao perfil ou ao desempenho dos estudantes, e sim à estrutura da própria universidade. De acordo com ela, alguns cursos têm uma grade que torna quase impossível a conclusão da graduação em quatro anos para alunos que trabalham em outros períodos. Há disciplinas obrigatórias em diferentes períodos. Quando o acadêmico não cursa uma delas, já atrasa a conclusão do curso por seis meses. Maria Amélia diz que a adequação da universidade ao novo perfil dos alunos será uma prioridade dessa gestão. “Já fui pró-reitora no início da década de 90. Naquela época, a maior parte dos estudantes podia se dedicar exclusivamente à graduação. Hoje a situação é inversa”, afirma.

Um ponto positivo levantado por Maria Amélia e por outros especialistas é que os cotistas são os estudantes que menos abandonam a universidade ou optam por mudar de curso. A pró-reitora argumenta que essa é uma discussão em andamento dentro da universidade. A ideia é otimizar tanto o tempo de conclusão da graduação, para que os acadêmicos cumpram o prazo correto, quanto diminuir a evasão, para poder criar oportunidades para os demais alunos que ainda não conseguiram uma vaga. As desistências maiores são em cursos como Física e Filosofia.

Quando o assunto é o desempenho nos cursos, cotistas e não-cotistas têm atuação semelhante. A diferença é de poucos pontos porcentuais. Em 2005, os sociais estiveram na frente nos quesitos periodização após um ano (com 52% de aproveitamento), disciplinas obrigatórias cursadas com sucesso (79%) e nota média. Em seguida estão os não-cotistas e os raciais. Em 2006, a situação se repetiu.

Entre 2005 e 2008, o curso que mais recebeu cotistas raciais, segundo a UFPR, foi Ciências Contábeis: 59 estudantes. Destes, apenas quatro haviam desistido até o fim do ano passado. A seguir vêm Pedagogia (noturno), com 51 estudantes, Direito (noturno), com 48, Educação Física (licenciatura) e Medicina, com 46. O curso com o maior número de evasões foi Estatística: 19 em três anos. A seguir aparecem Filosofia, com 10 desistências; Ciência da Computação e Pedagogia, com 9; e Direito (noturno), com 8.

Já entre os cotistas sociais, o curso com o maior número de ingressos entre 2005 e o ano passado foi Engenharia Civil, com 136 estudantes, seguido de Agronomia, com 113; Medicina, com 112; Administração (noturno), com 98; e Ciências Contábeis, com 92. Os maiores índices de evasão foram registrados nos cursos de Estatística (46) e Matemática – licenciatura (38).

Em vez da reserva de vagas, Unicamp adota bônus  (Gazeta do Povo – Vida e Cidadania – 16/02/09)

Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, os professores optaram por outra modalidade de ação afirmativa. Em vez de implantar as cotas, eles criaram um sistema de bônus. Alunos oriundos de escola pública e aqueles que se autodeclaram negros recebem bonificação extra de 40 pontos. Em cursos mais concorridos como Medicina, isso significa passar na frente de mais de 400 candidatos.  De acordo com Leandro Tessler, coordenador da Comissão Permanente para Vestibulares, os estudantes das escolas públicas se saem melhor na prova do que aqueles vindos das particulares. “Nossa prova é dissertativa e arrojada”, diz. O resultado é que 32% dos matriculados vieram do ensino público, 96% desses alunos tiveram melhora no desempenho durante o curso maior que os demais e metade deles tiveram notas superiores às dos estudantes particulares. Tessler critica a implantação das cotas por meio do Projeto de Lei 3.913/08, que exige reserva de metade das vagas nas instituições, já que, de acordo com ele, não se sabe se a demanda é mesmo essa. Outro ponto que difere a Unicamp da UFPR é que os autodeclarados negros não passam por uma comissão avaliadora. “Temos de preservar a autonomia universitária, cada uma deve decidir o que é melhor”, diz. Além disso, Tessler acredita que a questão do mérito para se entrar na universidade deve ser levada em conta. O historiador José Roberto Goés, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), é um dos poucos docentes que se manifesta contra as cotas. “O Senado deixou para decidir em 2009 se aprova a lei que institui cotas raciais para ingresso no ensino superior. Se aprovada, será a primeira lei racial da nossa história”, argumenta. Ele acredita que, com a medida, os brasileiros estarão oficialmente divididos em negros e brancos, com direitos diferenciados. “Um horror até há pouco impensável num país que se orgulha da mistura. Pergunto-me que políticos são esses, prontos a emprestar as sua biografias para fazer do Brasil um país mais parecido com a África do Sul do tempo do apartheid e com a Alemanha nazista”, diz.

Número de negros mais que dobrou  (Gazeta do Povo – Vida e Cidadania – 16/02/09)

O porcentual de estudantes negros na UFPR mais do que dobrou depois da implantação das cotas. Segundo a advogada Dora Lúcia Bertulio, chefe da Procuradoria Jurídica da UFPR, antes os negros eram apenas 5% nos bancos acadêmicos. Hoje, são 13%. “Nosso maior ganho foi quebrar a hegemonia. Tínhamos quase uma casta de pessoas privilegiadas que chegavam à universidade. Hoje isso mudou”, afirma.  Sobre a polêmica de as vagas para os cotistas não serem preenchidas, a procuradora da UFPR diz que há falta de comunicação entre a universidade e a sociedade. “Um primeiro ponto é que muitos estudantes do ensino médio sequer sabem o que realmente é uma universidade e que as cotas existem”, argumenta. Para ela, outro problema é o preconceito, que pode inibir alguns alunos. “Esse movimento contrário às cotas acaba sendo uma nova forma de racismo porque cria o estigma de que o cotista é um aluno burro.” ultima = 0; Para o movimento negro no Paraná, o desafio agora é ocupar todas as vagas ofertadas. “No início o debate foi preconceituoso. Agora, nosso desafio é preencher todas as vagas”, avalia o presidente da organização não-governamental Associação Cultural de Negritude e Ação Popular dos Agentes de Pastoral de Negros (Acnap), Jaime Tadeu. Ele diz que o movimento negro luta por ações afirmativas desde a década de 60, mas que o governo federal nunca tocou na questão. O grupo tem um cursinho pré-vestibular para afrodescendentes e, de acordo com Tadeu, os estudantes têm um ótimo desempenho. “Quando entram na faculdade, dedicam-se mais e têm melhores notas”, diz.

Transição

A professora Milena Maria Costa Martinez, coordenadora do Grupo de Trabalho de Política Habitacional da Associação dos Professores da UFPR, considera válida a reserva de vagas, mas como política transitória. “Elas cumprem seu papel no momento em que se reconhece que há pessoas fora do sistema educacional, mas não isso não deveria ser uma política definitiva”, opina. “O que nos preocupa é o fato de não existirem outras políticas para melhorar as condições da educação básica e da educação fundamental”, acrescenta. A psicóloga e professora da UFPR Tânia Baibich Faria, especialista em preconceito, concorda. “Entendo que a política das cotas tem exatamente a função de imprimir uma ‘carga de positividade’ aos 500 anos de escravidão e suas sequelas contemporâneas, como as divulgadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada no fim de 2008: a expectativa de vida dos brancos é maior, a taxa de analfabetismo é maior entre os negros; o tempo de permanência na escola é maior entre os brancos e as mulheres negras têm renda que é de 34% da dos homens brancos.”

Inclusão

O professor Emmanuel Appel, do Departamento de Filosofia da UFPR, participou de discussões para a implantação da reserva de vagas em 2003, quando foi assessor do então ministro da Educação, Cristovam Buarque. Appel argumenta que a igualdade de condições, apontada pelos críticos das cotas, não pode limitar a inclusão social. “É importante lutarmos sempre pela igualdade jurídica, mas podemos ir mais longe, podemos buscar a igualdade social”, diz.  Para Appel, o sistema de cotas é uma medida urgente quando se observa a realidade brasileira. “Acho que ser branco e pobre não é a mesma coisa que ser negro e pobre no Brasil e esta desigualdade não se corrige com igualdade de oportunidades”, afirma. “Não posso pedir para um pai negro esperar mais 20 anos para que seus netos tenham acesso ao ensino superior gratuito”, afirma. O coordenador do Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da UFPR, Paulo Vinícius Baptista da Silva, diz que o índice de desistência dos cotistas raciais é três vezes menor do que a média. Já entre os alunos oriundos da escola pública o número de desistências seria a metade dos demais estudantes. “O balanço é positivo na maioria dos aspectos: há uma integração efetiva dos alunos, um rendimento bom e uma boa convivência com alunos de diferentes níveis socio-econômicos, nos mais variados cursos”, afirma.

Em busca de apoio para seguir estudando  (Gazeta do Povo – Vida e Cidadania – 16/02/09)

O sistema de cotas aumentou o número de estudantes negros e pobres nas universidades, mas um problema ainda persiste: a falta de apoio à conclusão do curso. Muitos estudantes de famílias de baixa renda ainda têm de optar entre continuar na universidade ou largar os estudos para trabalhar. Neli Gomes da Rocha, 27 anos, um exemplo de cotista que deu certo, revela que quase abandonou o curso de Ciências Sociais. “Pensei várias vezes em largar, por causa do trabalho”, conta Neli, que se forma em julho e ficou em primeiro lugar quando apresentou seu trabalho no Encontro de Iniciação Científica de 2008. “Isso é frequente entre cotistas, principalmente nos cursos integrais. Os alunos não podem trabalhar e não têm como pagar os gastos”, diz. Neli conta que conhece alunos que abandonaram a universidade por falta de recursos. “A evasão acontece porque os alunos não conseguem bancar”, comenta. “Eles têm de escolher entre comprar livros ou comida. O problema não é nem o vestibular em si, o problema é sair”, afirma. Na avaliação da estudante, cursos como as engenharias e Medicina são ainda mais difíceis para os cotistas. “Os cursos da área de Humanas são menos complicados, porque os alunos vivem de fotocópias. Mas na Engenharia Civil o aluno precisa comprar material caro e ainda trabalhar. Conheço alunas de Nutrição que largaram ou trancaram o curso para trabalhar”, conta. Para Milena Maria Costa Martinez, coordenadora do Grupo de Trabalho de Política Habitacional da Associação dos Professores da UFPR, é necessária a implantação de uma política de assistência aos estudantes. “O sistema de cotas não veio acompanhado de uma política de assistência estudantil”, diz. “Os estudantes têm certa dificuldade de se manter na universidade e ter acesso a material pedagógico e científico. O processo de inclusão é muito amplo. Não é só entrar na universidade, é preciso dar condições. Fala-se tanto em inclusão social, mas veem a inclusão apenas como entrar na universidade. Como o aluno vai sair? Esses estudantes estão tendo algum acompanhamento?”, questiona. Renato de Almeida Freitas está no primeiro ano do curso de Direito. Veio de família pobre, sem condições de bancar escola particular. “Não há como um garoto pobre e negro sonhar com a universidade”, relata. “Fiz o ensino médio em uma escola que não tinha professores de Química, Física e Inglês, onde traficantes entravam armados e tinha tiroteio toda semana. E as pessoas vêm falar em mérito? Que mérito há em chegar à universidade estudando em uma escola particular e tomando leite Ninho?”, diz. Quando conseguiu entrar em um cursinho pré-vestibular, Renato conta que chegou a ser colocado para fora por um segurança que o acusou de assistir às aulas de graça. Hoje, a relação com os colegas é normal. “A universidade está mais plural”, avalia. Para ele, o maior ganho é poder simbólico. “As pessoas passam a ter imagens positivas e não mais somente aquela de que negros só servem para serem porteiros”, afirma.

Crítico vê racismo nas cotas  (Gazeta do Povo – Vida e Cidadania – 16/02/09)

Entrevista com José Roberto de Góes, historiador e professor

Contrário às cotas, o historiador e professor da Universidade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) José Roberto de Góes é critico das cotas sociais e raciais. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele defende a melhoria da educação básica para garantir a inclusão social na universidade e diz que estabelecer reserva de vagas pela cor da pele é racismo.

O senhor tem um posicionamento contrário às cotas. Por quê?

As chamadas cotas sociais partem do pressuposto de que uma boa escola não é tão necessária. Mas é. A garotada precisa ter um bom domínio do Português, da Matemática, de Biologia. Ingressar na universidade é fácil, difícil é sair dela qualificado e pronto para enfrentar o mercado de trabalho. Escola faz falta, não adianta tergiversar sobre isso. Em vez de soluções enganosas, o governo e os políticos deviam estar ocupados em levar uma escola de qualidade para todos os brasileiros. Foi assim que a pobreza foi superada nas sociedades prósperas. O Brasil não vai reinventar a roda, não há saída da pobreza senão por uma boa escola. Quanto às cotas raciais, bem, aí estamos diante de um crime que se quer cometer contra a sociedade brasileira. O propósito é dividir os brasileiros entre brancos e negros, criando direitos distintos conforme a cor da pele de cada um. É racismo puro e simples, travestido de boas intenções.

A justificativa para a implantação das cotas por parte de quem as defende é que o país tem uma dívida histórica com os negros. Qual a sua avaliação a respeito dessa afirmação?

Não creio que o Brasil tenha uma dívida histórica com os “negros”. Nem sei direito, aliás, o que é “negro”. Conheço pessoas de pele preta, morena, branca… A minha é branca. Mas não me vejo como um “branco”, mas como um brasileiro. Tem gente que acha que deve cultivar algum tipo de identidade desse tipo, racial – brancos, negros, índios, sei mais lá o que. Tudo bem, cada um sabe de si. O que não é admissível é o Estado obrigar todos os brasileiros a se enquadrarem racialmente. Isso fizeram os Estados Unidos de antes das lutas pelos direitos civis, a África do Sul no tempo do apartheid e a Alemanha nazista. Não é o que queremos para o Brasil. Quanto ao problema da reparação histórica, trata-se de um embuste. Que culpa têm as gerações presentes pelas ignomínias do passado? O que seu filho deve ao filho de outro brasileiro? Só respeito. Essa história no Brasil chega a ser ridícula, pois no passado havia muitos ex-escravos que tornavam-se livres e senhores de escravos. Está em Brás Cubas, de Machado de Assis: o liberto Prudêncio espancava seus escravos à vista de todos, no passeio público.

Os negros realmente estão em desvantagem no nosso país. Diante dessa realidade, a adocão de ações afirmativas não poderia diminuir essa desigualdade?

Segundo o IBGE, quase metade dos brasileiros se diz branca, 40 e tantos por cento se declaram pardos e apenas uns 7% se dizem pretos. Abaixo da linha de pobreza existem, em números absolutos, mais brasileiros de pele branca do que de pele preta. Com tantos pobres, por que privilegiar aqueles de pele preta? E os branquinhos, não merecem igual compaixão? Os negros não estão em desvantagem no Brasil. Os pobres existem, infelizmente, e são de todas as cores.