×
17/07/2012 / Em: Clipping

 

No ensino superior, 38% dos alunos não sabem ler e escrever plenamente   (O Estado de S.Paulo – Educação – 17/07/12)

Entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa. O indicador reflete o expressivo crescimento de universidades de baixa qualidade. Criado em 2001, o Inaf é realizado por meio de entrevista e teste cognitivo aplicado em uma amostra nacional de 2 mil pessoas entre 15 e 64 anos. Elas respondem a 38 perguntas relacionadas ao cotidiano, como, por exemplo, sobre o itinerário de um ônibus ou o cálculo do desconto de um produto. O indicador classifica os avaliados em quatro níveis diferentes de alfabetização: plena, básica, rudimentar e analfabetismo (mais informações nesta pág.). Aqueles que não atingem o nível pleno são considerados analfabetos funcionais, ou seja, são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associar informações.  Segundo a diretora executiva do IPM, Ana Lúcia Lima, os dados da pesquisa reforçam a necessidade de investimentos na qualidade do ensino, pois o aumento da escolarização não foi suficiente para assegurar aos alunos o domínio de habilidades básicas de leitura e escrita. “A primeira preocupação foi com a quantidade, com a inclusão de mais alunos nas escolas”, diz Ana Lúcia. “Porém, o relatório mostra que já passou da hora de se investir em qualidade.”  Segundo dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), cerca de 30 milhões de estudantes ingressaram nos ensinos médio e superior entre 2000 e 2009. Para a diretora do IPM, o aumento foi bom, pois possibilitou a difusão da educação em vários estratos da sociedade. No entanto, a qualidade do ensino caiu por conta do crescimento acelerado. “Algumas universidades só pegam a nata e as outras se adaptaram ao público menos qualificado por uma questão de sobrevivência”, comenta. “Se houvesse demanda por conteúdos mais sofisticados, elas se adaptariam da mesma forma.”



Alto investimento, baixa excelência  (Gazeta do Povo/Curitiba – Vida e Cidadania – 15/07/12)

O ensino superior brasileiro vive um paradoxo. Embora o investimento por aluno esteja próximo da média dos países desenvolvidos, as universidades brasileiras ainda não têm destaque no cenário global e ficam longe do topo nos principais rankings de qualidade na área. O gasto anual em ensino superior hoje no Brasil é de US$ 11,6 mil (R$ 23,5 mil) por estudante, segundo levantamento da Organização para a Cooperação e De­senvolvimento Eco­nômico (OCDE). O valor, que engloba recursos públicos e privados, é maior do que o aplicado na Itália (US$ 9,5 mil) e na Nova Zelândia (US$ 10,5 mil) e não fica muito distante do gasto em Israel (US$ 12,5 mil), Espanha (US$ 13,3 mil) e França (US$ 14 mil). Entre as 17 nações emergentes listadas na pesquisa da OCDE, o Brasil é a que mais investe por aluno. Isso não tem sido suficiente, porém, para que o ensino superior brasileiro crie uma reputação de excelência. Um ranking feito recentemente pela Universidade de Melbourne, na Austrália, comparou os sistemas universitários de 48 países e colocou o Brasil na 40.ª po­­sição, atrás de China, Ar­­gentina, Chile e de diversos países do Leste da Europa, como Eslovênia, Bulgária e Ucrânia. Algumas das limitações brasileiras que aparecem no levantamento australiano são a pequena abrangência do sistema universitário – gasta-se bastante por aluno, mas, como a parcela da população no ensino superior é menor do que em outros paí­­ses, o investimento total em relação às riquezas produzidas pelo país ainda é baixo –; a insuficiente conexão das universidades brasileiras com instituições estrangeiras (tanto para intercâmbios quanto para produção acadêmica); e o pequeno número de instituições em rankings que levam em conta a produtividade dos cursos. Para se ter uma ideia, a Universidade de São Paulo (USP), a melhor do país, aparece apenas na 178.ª colocação no ranking da Times Higher Education.