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17/09/2009 / Em: Clipping

 


Cotas: uma nova consciência acadêmica (Folha de São Paulo – TENDÊNCIAS/DEBATES – 17/09/2009)

JOSÉ JORGE DE CARVALHO

A África do Sul, ainda nos dias do apartheid, já tinha mais professores universitários negros do que nós temos hoje

ENQUANTO cresce o número de universidades que aprovam autonomamente as cotas, a reação a esse movimento de dimensão nacional pela inclusão de negros e indígenas vai se tornando cada vez mais ideológica, exasperada e descolada da realidade concreta do ensino superior brasileiro.
Em um artigo recente (“O dom de iludir”, “Tendências/Debates”, 9/9), Demétrio Magnoli citou fragmento de um parágrafo de conferência que proferi na Universidade Federal de Goiás em 2001. Mas ele suprimiu a frase seguinte às que citou -justamente o que daria sentido ao meu argumento, que, da forma como foi utilizado, pareceu absurdo.
Sua transcrição truncada fez desaparecer a crítica irônica que eu fazia ao tipo de ação afirmativa de uma faculdade do Estado de Maine, nos EUA. O tema da conferência era acusar a carência, naquele ano de 2001, de políticas de inclusão no ensino superior brasileiro, fossem de corte liberal ou socialista.
Magnoli ocultou dos leitores o que eu disse em seguida: “Quero contrastar isso com o que acontece no Brasil.
Como estamos nós? A Universidade de Brasília tem 1.400 professores e apenas 14 são negros”. É 1% de professores negros na UnB.
E quantos são os docentes negros da USP? Dados recentes indicam que, de 5.434 docentes, os negros não passam de 40. Pelo censo de identificação que fiz em 2005, a porcentagem média de docentes negros no conjunto das seis mais poderosas universidades públicas brasileiras (USP, Unicamp, UFRJ, UFRGS, UFMG, UnB) é 0,6%.
Essa porcentagem pode ser considerada insignificante do ponto de vista estatístico e não deverá mudar muito, pois é crônica e menor que a flutuação probabilística da composição racial dos que entram e saem no interior do contingente de 18 mil docentes dessas instituições.
Para contrastar, a África do Sul, ainda nos dias do apartheid, já tinha mais professores universitários negros do que nós temos hoje.
Se não interviermos nos mecanismos de ingresso, nossas universidades mais importantes poderão atravessar todo o século 21 praticando um apartheid racial na docência praticamente irreversível.
É esta a questão central das cotas no ensino superior: a desigualdade racial existente na graduação, na pós-graduação, na docência e na pesquisa.
Pensar na docência descortina um horizonte para a luta atual pelas cotas na graduação.
Enquanto lutamos para mudar essa realidade, um grupo de acadêmicos e jornalistas brancos, concentrado no eixo Rio-São Paulo, reage contra esse movimento apontando para cenários catastróficos, como se, por causa das cotas, as universidades brasileiras pudessem ser palco de genocídios como o do nazismo e o de Ruanda!
Como não podem negar a necessidade de alguma política de inclusão racial, passam a repetir tediosamente aquilo que todos sabem e do que ninguém discorda: não existem raças no sentido biológico do termo.
E, contrariando inclusive todos os dados oficiais sobre a desigualdade racial produzidos pelo IBGE e pelo Ipea, começam a negar a própria existência de racismo no Brasil.
Fugindo do debate substantivo, os anticotas optam pela desinformação e pelo negacionismo: raça não existe, logo, não há negros no Brasil; se existem por causa das cotas, não há como identificá-los; logo, não pode haver cotas.
Raças não existem, mas os negros existem, sofrem racismo e a maioria deles está excluída do ensino superior. Felizmente, a consciência de que é preciso incluir, ainda que emergencialmente, só vem crescendo -por isso, a presente década pode ser descrita como a década das cotas no ensino superior no Brasil. Começando com três universidades em 2002, em 2009 já são 94 universidades com ações afirmativas, em 68 das quais com recorte étnico-racial.
Vivemos um rico e criativo processo histórico, resultado de grande mobilização nacional de negros, indígenas e brancos, gerando juntos intensos debates, dentro e fora de universidades. Os modelos aprovados são inúmeros, cada um deles tentando refletir realidades regionais e dinâmicas específicas de cada universidade.
Essa nova consciência acadêmica refletiu positivamente no CNPq, que acaba de reservar 600 bolsas de iniciação científica para cotistas. Se o século 20 no Brasil foi o século da desigualdade racial, surge uma nova consciência de que o século 21 será o século da igualdade étnica e racial no ensino superior e na pesquisa.



Inscrições para o vestibular 2010 da Unicamp podem ser feitas até o dia 6 de outubro (O Globo – Educação – 15/09/2009)

RIO – A Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp, Comvest, está com inscrições abertas até o dia 6 de outubro para o vestibular 2010. O formulário de inscrição está disponível em www.comvest.unicamp.br. A taxa de inscrição é de 115 reais. Neste ano, serão oferecidas 3.444 vagas em 66 cursos da Unicamp e dois cursos da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto). No ano passado, a Comvest registrou 49.322 inscritos. O Kit do Vestibulando (Manual do Candidato e Revista do Vestibulando) está disponível na página eletrônica da Comvest e é gratuito.

Consulta da inscrição

Após o pagamento da taxa de inscrição, os candidatos deverão obrigatoriamente consultar sua situação na página da Comvest, para assegurar que não houve nenhum problema. A confirmação da inscrição estará disponível para consulta a partir de três dias úteis após o pagamento da taxa.

Alteração de dados

Os candidatos que precisam alterar alguma informação e ainda não efetuaram o pagamento podem simplesmente preencher outro Formulário de Inscrição. A Comvest vai considerar somente o Formulário cujo boleto foi pago. Caso o candidato já tenha efetuado o pagamento, somente poderá fazer alterações nos dados fornecidos até 3 dias após o término do período de inscrições. No caso dos candidatos isentos, qualquer alteração poderá ser feita por meio do preenchimento de novo Formulário de Inscrição e o prazo para alteração equivale ao último dia de inscrição no Vestibular.

Datas

A primeira fase acontece no dia 15 de novembro de 2009 com uma prova que inclui a Redação e 12 questões gerais dissertativas: Matemática, Física, Química, Biologia, História e Geografia. Dia 16 de dezembro a Comvest divulga a lista dos que passaram para a segunda fase e os locais de prova. A segunda fase será realizada de 10 a 13 de janeiro de 2010, com oito provas dissertativas (duas por dia): Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Ciências Biológicas, Química, História, Física, Geografia, Matemática e Inglês. As provas de aptidão, para os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Cênicas, Artes Visuais, Dança e Música acontecem em Campinas entre os dias 18 a 21 de janeiro. A primeira chamada será divulgada dia 04 de fevereiro e a matrícula dos convocados em primeira chamada deve ser feita dia 09 de fevereiro.