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17/10/2010 / Em: Clipping

 


Haddad aponta exame como forma de superar modelo defasado do vestibular (Ministério da Educação – 16/11/10)

O Brasil é o único país de sua dimensão que ainda tem processos seletivos de estudantes à educação superior nos moldes de vestibular. Pelo modelo, alunos são obrigados a pagar taxas elevadas de inscrição, deslocar-se pelo país para fazer provas, caso queiram ingressar em instituições fora da cidade onde moram, e usar nota para apenas uma universidade. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em sua nova configuração, foi elaborado para acabar com o modelo defasado do vestibular. Isso foi o que explicou o ministro da Educação, Fernando Haddad, aos parlamentares presentes à comissão de educação no Senado Federal, nesta terça-feira, 16. “A expansão e a melhoria da qualidade do ensino superior não valeriam de nada se não mudássemos a forma de ingresso”, destacou Haddad. “Se não vencermos o desafio de superar o modo brasileiro de seleção às universidades, não vamos prosperar no atendimento à juventude.” Na visão do ministro, é preciso insistir no modelo do Enem, mesmo com todos os entraves a serem superados. Segundo ele, uma das possibilidades é a aplicação de duas provas por ano, o que diminui o número de inscritos em cada exame e dilui os riscos de falhas. Quanto aos erros gráficos do exame deste ano, Haddad informou que as atas dos locais de prova já começaram a chegar ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).



Universidade da Fronteira Sul, uma instituição popular (IG – Educação – 17/11/10)

A jovem Diágora Joane Ungaratti, de 19 anos, estuda agronomia para seguir a tradição da família. Filha e neta de agricultores, quer se formar para ajudar na terra os avós e os tios, com quem morava em uma pequena propriedade rural até ingressar na nova Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Chapecó, no oeste de Santa Catarina, a mais antiga e até agora bem estruturada das quatro instituições federais criadas desde setembro de 2009 e que fazem parte de série de reportagens que o iG publica até sábado. Antes de se tornar uma estudante universitária, Diágora concluiu o ensino médio em uma escola agrícola pública e frequentava um curso técnico, enquanto aguardava a universidade ser instalada. “A gente sabia que a UFSS estava para nascer, e fiquei esperando”, conta.  Para realizar o sonho do diploma superior ao qual seus familiares não tiveram acesso – os avós foram até a quarta série do ensino fundamental, e a mãe até a oitava –, Diágora está se adaptando a uma rotina de estudos intensa. Pela manhã, frequenta as aulas do primeiro semestre no campus principal da instituição, em sua maioria de disciplinas comuns a todos os cursos, e à tarde se divide entre estudar mais e cumprir as atividades de iniciação acadêmica pelas quais recebe uma bolsa de R$ 450. Com esse dinheiro e uma pequena ajuda dos avós e da mãe, que mora com o padrasto em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em Campos Novos (SC), ela consegue se manter morando em uma pensão na cidade e pode se dedicar só à UFFS. “Tenho algumas dificuldades, principalmente em química e matemática”, diz Diágora ao lado de colegas com histórias de vida parecidas: frequentaram o ensino médio em escolas públicas, têm pais agricultores ou com profissões que não exigem formação superior, como pedreiro, comerciante, diarista, operário – a maioria deles não concluíram mais do que o ensino fundamental, podem ajudar pouco os filhos financeiramente e não teriam condições de arcar com uma mensalidade de uma instituição privada. Esses estudantes universitários estão matriculados nos novos cursos criados para atender necessidades da região onde a instituição está inserida, como agronomia, engenharia de alimentos, desenvolvimento rural e gestão agroindustrial e licenciaturas.



Por mudanças no currículo das engenharias (Folha de S.Paulo – Opinião – 17/11/10)

A Escola Politécnica da USP pratica uma estrutura curricular concebida sob diretrizes que datam de meados da década de 80. Naquela época, era muito forte a política da especialização, fruto do milagre econômico. O objetivo era colocar no mercado um engenheiro produzindo logo após sua formatura. Essa política se tornou paradigma das estruturas curriculares de várias faculdades, de modo que houve uma proliferação das especialidades, a ponto de o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) registrar mais de 300 habilitações. Tal prática se tornou danosa para os estudantes deste século, pois nossos engenheiros precisam estar habilitados a trabalhar em equipes multiprofissionais, abertos para um mundo em que a prática da inovação é a palavra de ordem. Outra questão vital que justifica a formação generalista são as novas características do mercado. A longa permanência no emprego é coisa do passado. Mesmo no Japão isso não acontece mais. É comum o engenheiro mudar de atividade mais de cinco vezes ao longo de sua carreira, de modo que não basta mais uma formação sólida nas disciplinas tecnológicas. Exige-se também boa formação em economia e em psicologia, para ter condições de avaliar a viabilidade econômica e as questões de marketing de seus projetos, pois essa é a tríade que leva à inovação. O enfoque deve ser temático, pois todos os cursos devem ser focados para os grandes desafios da humanidade neste século: a energia, a sustentabilidade, a água e a saúde. Os estudantes precisam ser estimulados a realizar projetos em que tais desafios sejam discutidos. Nossa tradição é apresentar uma disciplina em detalhes, restando pouco para o aluno buscar uma informação por meio do autoaprendizado. Na Europa e nos EUA, a permanência em sala de aula é bem menor do que a nossa, mas os projetos sob orientação são intensos, exigindo uma presença maior do aluno na escola. Para tanto, a escola deve prover condições adequadas de vivência, como salas de projeto, rede de computadores, oficinas com livre acesso e professores em tempo integral. Uma integração com a pós-graduação é fundamental nesse cenário.
A mobilidade deve ser facilitada, e a equivalência de disciplinas deve ser revista, para que mudanças de cursos afetem minimamente a vida do aluno, pois a resolução 1.010 do Crea, que regulamenta o âmbito de atuação dos profissionais, pode não fornecer mais as mesmas atribuições a estudantes de uma mesma habilitação. A atribuição de créditos também deve ser revista. Várias atividades extraclasse, tais como visitas planejadas e iniciação científica, podem ser creditadas. Por fim, as ferramentas de ensino à distância devem ser utilizadas, pois não há mais um período específico para o jovem se dedicar aos estudos. Sua agenda mudou muito: deve haver espaço para lazer, para atualizar a rede de relacionamento e, por que não, para exercer atividade remunerada em tempo parcial. Creio que, assim, poderemos tornar nossos cursos de engenharia mais atraentes e úteis para os grandes desafios deste século.

JOSÉ ROBERTO CARDOSO é diretor da Escola Politécnica da USP.

Unicamp estreia modelo novo (Folha de S.Paulo – Fovest – 17/11/10)

Mais de 57 mil estudantes fazem neste domingo a prova da primeira fase do vestibular da Unicamp, que, a partir de agora, terá questões de múltipla escolha em vez das tradicionais dissertativas. Serão 48 testes, com quatro alternativas cada um, divididos entre matemática, ciências humanas e artes e ciências da natureza. Para Célio Tasinafo, da Oficina do Estudante, cursinho focado em Unicamp, o formato mudou, mas a essência das questões, não. “A universidade vai continuar cobrando interpretação, leitura e capacidade de fazer relações. O que será cobrado continua parecido.” Outra grande mudança se refere à redação, já que os candidatos terão de fazer três textos de gêneros diversos. O peso dessa prova na nota final não mudou: a redação continua valendo 50%. Com mais questões e mais textos para escrever, o tempo total do exame aumentou. Serão cinco horas, uma a mais que anteriormente. “A introdução dos testes e os três textos na redação ajudarão a selecionar melhor os candidatos, principalmente nas carreiras mais concorridas”, justifica Renato Pedrosa, coordenador da Comvest, responsável pelo exame.

SIMULADO
Apesar de esta ser a primeira prova aplicada nesses moldes, em maio, 1.128 estudantes tiveram a oportunidade de conferir na prática como ficou o novo vestibular da Unicamp, num simulado organizado pela Comvest. Segundo pesquisa feita com os participantes, 60% avaliaram a prova de conhecimentos gerais como de dificuldade moderada. A redação teve a mesma avaliação para 49% dos estudantes. Quem não foi sorteado para participar pode se orientar para o exame dando uma olhada nas questões cobradas no simulado, em
www.comvest.unicamp.br. Wellington Darcio, 19, que estuda no Cursinho do XI e vai tentar uma vaga em economia, aprovou as mudanças. “A prova fica mais rápida e menos cansativa.” O novo modelo de redação também foi bem avaliado. “Se você não domina muito um dos assuntos, ainda tem chance de tirar uma nota boa com os outros dois [textos].”
A segunda fase acontece de 16 a 18 de janeiro e continua dissertativa. Ao todo, serão 66 questões.

Redação deve abordar situações do cotidiano (Folha de S.Paulo – Fovest – 17/11/10)

Ao mesmo tempo em que a exigência de três textos pode ajudar os candidatos a não zerar na redação da Unicamp, a possibilidade de serem cobrados gêneros diversos tem deixado estudantes apreensivos. “Acho que ficou pior, muito mais difícil. Tenho medo de não conseguir fazer bem nenhum dos temas cobrados”, queixa-se Bruno Silva Blanco, 20, que concorre a uma vaga em engenharia química. Agora, mesmo se o candidato zerar em 2 das 3 propostas, ainda poderá passar para a próxima fase. Para se dar bem, a dica de professores é ler textos do cotidiano. “A Unicamp deve cobrar redações que poderiam ser escritas em situações reais, como uma carta ao leitor ou um texto de blog”, aposta Lilica Negrão, da Oficina do Estudante, de Campinas. No simulado realizado pela Comvest, os estudantes deveriam produzir um editorial de jornal, uma entrevista e uma carta. Em junho, Matilde Scaramucci, uma das idealizadoras das mudanças na redação, disse ao Fovest que a Unicamp não listará os gêneros que podem ser cobrados. “Mas nós nunca vamos pedir uma poesia ou um e-mail para um amigo.”

Maratona de provas termina só em janeiro (Folha de S.Paulo – Fovest – 17/11/10)

Quem se inscreveu para as públicas de São Paulo ainda tem um longo caminho de provas pela frente. Até agora, só foi realizada a primeira fase da Unesp. Domingo, acontece o exame da Unicamp. Dia 28, é a vez da Fuvest. A Unifesp é a única que ficou para dezembro: a prova será nos dias 16 e 17, quinta e sexta-feira. Quem for aprovado para a segunda fase dos exames só encerra a maratona em 18 de janeiro, quando termina a segunda etapa da Unicamp. A lista só não é maior porque a UFSCar substituiu sua seleção pelo Enem, o que ajudou estudantes como Bruno Blanco, 20. “Ainda vou prestar Unicamp e Fuvest.”

Com 49 candidatos/vaga, medicina é o curso mais disputado da Fuvest (Folha de S.Paulo – Fovest – 17/11/10)

Assim como na edição passada, o curso de medicina voltou a ser o mais disputado no vestibular da USP, com 49,25 candidatos por vaga. Mesmo alta, a concorrência para o curso na USP ainda é menor do que nas outras estaduais paulistas. Na Unesp, a relação candidato/vaga chega a 128,9, e na Unicamp é 103,9. O aquecimento no mercado da construção civil também se refletiu na concorrência da Fuvest. Com 45 vagas, arquitetura em São Carlos (232 km de SP) já tem concorrência maior que a da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), que fica na capital e oferece 150 oportunidades. No campus do interior, a relação candidato/vaga passou de 16,56 no ano passado para 26,04 neste ano. Na FAU, foi de 19,87 para 22,08.
A engenharia civil de São Carlos também contou com mais inscritos neste ano: a sua relação candidato/vaga passou de 26,37 para 36,52. As duas carreiras estão ainda entre as mais disputadas nas outras universidades estaduais paulistas. Na Unicamp, arquitetura tem a segunda maior relação candidato/vaga (71,5) e engenharia civil, a quarta (36,4) -mesma posição ocupada pelo curso na Unesp.