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20/07/2015 / Em: Clipping

 

Formação docente  (Folha de S.Paulo – Editorial – 20/07/15)

O Conselho Nacional de Educação (CNE) editou neste mês uma bem-vinda resolução com vistas a aprimorar a formação em nível superior dos professores brasileiros.  O documento define diretrizes curriculares nacionais para os cursos de licenciatura, de formação pedagógica para graduados e de segunda licenciatura. Estabelece, por exemplo, que o tempo mínimo de estudos para quem quiser seguir a carreira docente na educação básica será de 3.200 horas, e não mais de 2.800. Os cursos passarão dos atuais três anos para quatro, com um aspecto alvissareiro: haverá um acréscimo de atividades destinadas a reforçar a experiência do futuro mestre. Verdade que as novas orientações não se aplicarão a todos os professores, já que basta o ensino médio para lecionar até o 4º ano (antiga 3ª série). Ainda assim, dos 2,2 milhões de docentes da educação básica, 76% têm formação superior (cerca de 1,7 milhão); destes, 89% fizeram cursos de licenciatura (aproximadamente 1,5 milhão). Mantida essa proporção, a maioria dos novos docentes encontrará seus alunos com um preparo mais adequado para a realidade das escolas –ao menos é o que se espera. Embora sobejem debates sobre educação, faltam discussões aprofundadas a respeito do que se passa dentro da sala de aula. Docentes, no Brasil, em geral descobrem apenas no exercício do magistério quão difícil é lidar com turmas grandes e heterogêneas, nas quais a indisciplina grassa. Sem recursos técnicos, sofrem para conquistar os alunos –o que talvez ajude a explicar por que se perde tanto tempo para conseguir dar início à aprendizagem. A resolução do CNE ainda aponta o caminho correto ao defender planos de carreira e condições que assegurem jornada de trabalho “com dedicação exclusiva ou tempo integral a ser cumprida em um único estabelecimento”, além de reservar um terço da carga horária a atividades pedagógicas extraclasse. Não se trata da primeira medida concebida com o propósito de conduzir o sistema de ensino do Brasil a um patamar mais elevado. O mínimo que se espera é que, ao implantar as novas diretrizes, o Ministério da Educação tenha aprendido com os erros anteriores.


As universidades e a cooperação internacional   (O Estado de S.Paulo – Opinião – 20/07/15)

Desde a criação das Faculdades de Direito em 1827 em Olinda e em São Paulo, instituições de ensino superior no País têm tido como principal objetivo formar profissionais em todas as áreas, além de administradores públicos. Mesmo nas áreas técnicas, as escolas criadas ao fim do século 19 e início do século 20 se limitaram basicamente ao ensino, uma vez que a maioria dos produtos industrializados era importada dos Estados Unidos e da Europa. A partir da revolução de 1930 a situação mudou, com maior ênfase na industrialização, principalmente em São Paulo, onde teve grande impulso. A Escola Politécnica e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) supriram a base técnica e os profissionais necessários para essa expansão, mas foi com a criação da Universidade de São Paulo (USP) que pesquisa e inovação tecnológica passaram a ocorrer em maior escala, quando foram contratados, na Europa, professores que trouxeram para o Brasil a própria ideia da importância da pesquisa em todas as áreas. Até então, ela era limitada a algumas áreas mais ligadas à agricultura e à saúde, para as quais haviam sido criados institutos especializados como o Instituto Agronômico de Campinas, o Instituto Butantan, o Instituto Biológico Adolfo Lutz e outros.

 

Governo cria novos cursos de Medicina em cidades sem estrutura   (O Estado de S.Paulo – Saúde – 20/07/15)

Parte das 36 cidades brasileiras que receberam aval do Ministério da Educação (MEC) para abrigar novos cursos de Medicina não cumpre requisitos básicos de infraestrutura exigidos em edital da própria pasta para a aprovação das novas vagas de graduação. Levantamento feito pelo Estado em 11 desses municípios mostra que alguns têm número de leitos públicos inferior ao exigido pelo MEC ou não têm programa de residência ou hospital de ensino, outros dois critérios do edital. No último dia 10, o governo federal anunciou os nomes das instituições privadas escolhidas para abrir 2.290 novas vagas. Agora, as entidades têm de três a 18 meses para oferecer os cursos. A expansão das escolas médicas é uma das diretrizes do programa Mais Médicos. A meta do governo federal é ofertar 11.447 novas vagas de Medicina até o fim de 2017, das quais 4.637 foram abertas. Como pré-requisitos previstos no edital, publicado em 2013, os municípios deveriam ter mais de 70 mil habitantes, não ser capitais nem ter curso de Medicina. Também era exigida estrutura mínima de saúde, como existência de cinco leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) para cada aluno do curso, além de serviço de urgência e emergência, programa de residência, entre outros detalhes. Dados das prefeituras contatadas pela reportagem mostram que, das 11 cidades pesquisadas, três não têm nenhum programa de residência: Rio Claro (SP), Cubatão (SP) e Campo Mourão (PR). As duas últimas, ao lado de Mauá, no ABC paulista, e Piracicaba, interior, não respeitam o número mínimo de leitos por aluno. Na cidade paranaense, por exemplo, há 150 leitos no SUS, quando o mínimo exigido seria 250, considerando 50 vagas do curso.