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21/09/2012 / Em: Clipping

 


Quando o aluno não tem o perfil   (Folha de S.Paulo – Opinião – 21/09/12

A prática da medicina está ameaçada no Brasil. Basta abrir as páginas dos jornais para constatar uma verdadeira crise anunciada que inclui notícias como a abertura indiscriminada de escolas médicas, a flexibilização da residência médica e as tentativas de revalidar automaticamente diplomas de médicos formados no exterior sem exigir comprovação de capacidade, apenas para citar alguns exemplos. O resultado desse cenário é um profissional com formação deficiente para exercer a medicina. Sempre digo que para ser médico, além da disposição para enfrentar, com trabalho árduo, as dificuldades habituais inerentes à profissão, são necessárias características especiais. É fundamental gostar de gente. O bom médico também deve ser imbuído de firmeza de caráter, senso humanístico, consciência coletiva, amor à vida. Esses atributos não são adquiridos na faculdade. É uma questão de formação pessoal. Hoje, com a porta dos vestibulares aberta, a seleção coloca para dentro das escolas médicas principalmente os candidatos que têm mais conhecimento teórico, não os que de fato possuem as importantes características citadas acima. Por isso considero absurda a abertura de grande número de vagas sem critério de avaliação rigoroso. Desse jeito, é grande a probabilidade de entregarmos a prática da medicina a indivíduos com as mais distintas fragilidades. Atualmente, mesmo em vestibulares bem feitos e nas principais escolas medicas, sempre nos deparamos com alunos que passam pela seleção, mas que não têm perfil adequado para a medicina. O indivíduo se arrasta pelo curso de graduação, mas, quando chega à residência médica e é impelido a tomar decisões e conviver com a morte, não possui estrutura psicológica. No exercício desta profissão, as decisões que podem ou não salvar vidas são tomadas sem ter quem confira. Quem que não tem vocação acaba abandonando o curso, desenvolvendo depressão ou outros distúrbios psicológicos. Para evitar tantos problemas advindos da deficiência do vestibular, o ideal seria que os pretendentes à carreira médica fossem avaliados também por um exame psicotécnico. Na medicina, não lidamos com máquinas, mas com seres humanos. Essa prerrogativa é, por si só, um diferencial em relação às outras profissões liberais. O Brasil não precisa de tantos médicos. Precisa, sim, de bons médicos. E selecionar bem os futuros profissionais da medicina é primordial para mudar a triste realidade da saúde no país. Paralelamente, é mister continuar lutando pela implantação de uma política de governo sólida que fixe os profissionais em regiões afastadas, com remuneração digna e possibilidade de desenvolvimento contínuo. Aí sim, alcançaremos o que sempre sonhamos.

ANTONIO CARLOS LOPES, 64, é diretor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica



Vestibular 2013 da Unicamp bate recorde de inscritos  (Correio Popular – Cidades – 21/09/12)

As inscrições para o vestibular 2013 da Unicamp bateram recorde este ano. De acordo com a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), 67.403 pessoas irão disputar as 3.444 vagas distribuídas em 68 cursos da Unicamp e dois cursos da Faculdade pública de Medicina e Enfermagem de São José do Rio Preto (Famerp). Em 2011, o número de inscritos foi de 55.484. No ano passado, mais de 61,5 mil pessoas se candidataram. O número total de inscritos também fez a média da relação candidatos por vaga geral subir para 19,6. Para aqueles que concorrem a uma vaga no curso de medicina, a concorrência continua sendo a maior. Este ano são 127,3 inscritos por vaga, um total de quase 14 mil candidatos. Em seguida vem arquitetura e urbanismo, com 97,1 candidatos por vaga. Quem almeja uma vaga em medicina na Famerp terá de enfrentar 72 candidatos por vaga. Os outros cursos com maior número de inscritos são: engenharia química, comunicação social e midialogia, ciências biológicas, engenharia de produção, geologia e engenharia mecânica. Segundo a organização do vestibular, quase 20 mil candidatos são da rede pública de ensino, o que representa 29,5% do total de inscritos. A esses alunos, soma-se 30 pontos à nota final. Aqueles que se declararem pretos, pardos ou indígenas também ganham mais 10 pontos. O benefício foi implantado em 2004 com o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social da Unicamp (PAAIS). A primeira fase do vestibular será realizada em 11de novembro e a prova é formada por duas redações e 48 questões de múltipla escolha.