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22/09/2017 / Em: Clipping

 

O abismo que separa quem tem e quem não tem ensino superior no Brasil (Revista Piauí – Lupa – 22/09/2017)

149%. Esta é a diferença salarial entre trabalhadores brasileiros com ensino superior e aqueles que não conseguiram tirar um diploma universitário. Isso faz do Brasil o país com maior desigualdade de remuneração nesse quesito. Os dados foram extraídos do estudo Education at a glance, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e divulgados na semana passada, em Paris. O relatório analisa 35 países membros da OCDE e outros 11 que não integram a organização. De acordo com o levantamento, o contraste do brasileiro fica mais evidente quando comparado com a Suécia. Lá a diferença salarial é de apenas 17% entre os que têm os que não têm ensino superior. Ainda vale ressaltar que a média dos 46 países analisados é de 56% em favor dos trabalhadores que possuem diploma universitários. Uma pós-graduação stricto sensu, por outro lado, faz pouca diferença no bolso do brasileiro. Um mestrado ou doutorado representa acréscimo salarial médio inferior a 0,5%. Neste quesito, o Brasil aparece – juntamente com Reino Unido e os países bálticos – entre as nações em que se verifica a menor diferença salarial entre os trabalhadores com diploma universitário e aqueles com mestrado ou doutorado. O relatório revela ainda que apenas 15% da população brasileira tem curso superior, frente aos 34% registrados entre os países da OCDE. Além disso, o investimento neste ensino mostra-se diferente no Brasil. Enquanto os países da OCDE têm um gasto médio por estudante universitário 1,2 vez superior ao gasto por aluno do ensino fundamental, o Brasil gasta o triplo por universitário frente ao desembolsado com cada estudante do ensino fundamental. Os países da OCDE gastam, em média, US$ 8.733 por aluno dos seis primeiros anos do ensino fundamental e US$ 10.106 por aluno do ensino médio. O Brasil gasta, respectivamente, US$ 3.799 e US$ 3.837 por aluno.

 


Mudanças no ensino médio devem ampliar acesso à educação técnica e profissional (JTV – Educação-  22/09/2017)

O novo ensino médio vai trazer benefícios para o estudante que quer cursar a educação técnica e profissional no país. A proposta, sancionada em fevereiro, flexibiliza a grade e reduz a carga horária que o aluno precisa cumprir para conseguir o diploma. Hoje, além das 2,4 mil horas do ensino médio, o estudante da educação técnica e profissional deve completar mais 1,2 mil horas do curso escolhido. Se essas mudanças já valessem em 2012, ano que o técnico em Eletrotécnica, William Santos, de 22 anos, frequentava o ensino médio, ele teria tido mais tempo para se dedicar às aulas e às atividades propostas pelos professores. “O meu curso teve a duração de dois anos e contava com aulas práticas, teóricas, além de visitas às indústrias e postos de trabalho. Se eu tivesse mais tempo para estudar, com certeza sairia do curso mais capacitado, mais profissional”, afirmou. Com os diplomas do ensino médio e do curso técnico em mãos, não demorou muito tempo para que ele conseguisse o primeiro emprego. “Eu já saí do curso profissionalizante com inúmeras possibilidades no mercado de trabalho. É bastante interessante essa junção entre o ensino médio e a qualificação profissional, porque ajuda os jovens a decidirem melhor o futuro”, lembrou William.

Mercado promissor

Segundo a Pesquisa de Acompanhamentos de Egressos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o Senai, seis em cada dez ex-alunos de cursos técnicos formados em 2015 já estavam empregados em 2016, mesmo em meio à crise econômica. Para o deputado Alex Manente (PPS/SP), que participa das discussões sobre o assunto no Congresso Nacional, o que precisa ser estabelecido no país é uma visão de ensino voltada à educação profissional. “A qualificação específica, direcionada ainda no ensino médio, permite aos jovens que não terão acesso à universidade, ingressarem, com qualidade, no mercado de trabalho”, acredita ele. “Esse público, sem dúvida alguma, ainda é um percentual significativo em nossa sociedade. A educação técnica e profissional é muito útil para nós retomarmos o desenvolvimento, a geração de empregos e, consequentemente, possibilitar o acesso dos jovens ao ensino superior”, ressalta. A reforma do ensino médio foi sancionada neste ano, mas para valer, é necessário que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que está sendo discutida em todo o país, seja elaborada e homologada ainda em 2017. A BNCC é um conjunto de orientações que deverá nortear os currículos das escolas das redes públicas e privadas de todo o país. O objetivo dela é aumentar a qualidade da educação básica brasileira, respeitando a autonomia assegurada pela Constituição Federal aos entes federados e às escolas. Para mais informações, consulte o site: http://basenacionalcomum.mec.gov.br

 


‘É um atraso achar que o jovem não tem nada a dizer’, concluem estudantes e especialistas (O Globo – Sociedade – 21/09/2017)

Em bate-papo do Educação 360, alunos ressaltaram a importância do protagonismo juvenil no espaço escolar

Estudantes e professores repetiram à exaustão uma mesma frase no Painel Jovem do Educação 360: a voz da juventude precisa ser levada mais a sério nas escolas. O debate promovido pelo Movimento Mapa Educação reuniu o cineasta Cacau Rhoden e Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco, num bate-papo sobre a importância do protagonismo dos alunos dentro das instituições de ensino. Apesar do teor crítico à realidade brasileira, o discurso não enveredou para um tom pessimista. Longe disso. — Muitas pessoas falam que o Brasil não tem jeito, que nunca chegaremos a lugar nenhum ou que é impossível consertar nossas mazelas. Essa opinião é reacionária. Temos que virar essa chave e entender que, sim, somos ricos e poderosos. O protagonismo juvenil está diretamente ligado ao otimismo. Precisamos pensar que é possível — ressaltou Rhoden, diretor do documentário “Nunca me sonharam”, um retrato do sistema escolar nacional a partir de entrevistas com alunos de 20 escolas públicas de 15 cidades de oito diferentes estados do país. O resultado do trabalho é revelador: classificado como um “espelho da realidade” pelo próprio cineasta, a produção expõe detalhes de uma juventude que jamais teve o direito básico de sonhar — e que, apesar dos pesares, insiste em seguir com certas perspectivas intactas. Disponível na internet, a película foi projetada no evento, uma realização dos jornais O GLOBO e “Extra”, com parceria do Sesc, patrocínio da Fundação Telefônica, do colégio pH e Fundação Itaú Social, apoio da Unesco e Unicef e parceria de mídia da TV Globo, Canal Futura, revista Crescer, revista Galileu e TechTudo. — O filme é uma experiência alegre, embora tenha nascido de uma dor. Sabemos que ainda precisamos de muita transformação para chegarmos no lugar do sonho — pondera Rhoden. Um dos produtores do documentário, Henriques engrossou o coro que valoriza os mais novos. Para ele, a solução dos problemas no campo educacional está sobre as carteiras, com mochila nas costas e lápis nas mãos. Desse modo, é um erro não abrir diálogo com os jovens na confecção de políticas públicas. — É um atraso achar que o jovem não tem nada a dizer. Todas as escolas que conseguem reverter isso com o protagonismo juvenil têm transformações intensas, pois criam um patamar superior de discussão. Toda vez que isso acontece, a escola melhora como um todo. Estudante do terceiro ano do ensino médio numa escola em Botafogo, na Zona Sul do Rio, Eduarda Helena Costa, de 18 anos, pediu a fala para complementar a palestra e recordar uma história ilustrativa. No lugar em que a carioca estuda, um colega de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, demonstrou, aos professores, interesse em aprender alemão. Sem condições de pagar um cursinho de línguas, o rapaz conseguiu apoio do colégio para consumar seu desejo. Hoje, com um intercâmbio à Alemanha agendado, seu sonho se tornou outro: assim que voltar ao Brasil, ele quer ensinar alemão na escola onde cresceu. — O protagonismo juvenil forma cidadãos. Além de otimismo, isso tem a ver com empatia — enfatizou Eduarda. — Quando você se coloca no lugar do outro, você entende o problema do outro. Isso nos dá uma força que nem sabemos que temos. Ouço tanto que ainda tenho muito o que viver para falar alguma coisa com propriedade ou que não faço nada e sou uma vagabunda… Não tinha que ser assim! É bom acreditar e empoderar pessoas, independentemente da idade. Com isso, a gente passa a fazer parte de uma semente, todos juntos. Os jovens podem, sim, ter a solução para todos os problemas.