×
22/10/2014 / Em: Clipping

 


Cada vez maior, concorrência é bicho-papão de vestibulandos  (Correio Popular – Vestibular 2015 – 22/10/14)

O número de candidatos por vaga nas carreiras tradicionalmente mais concorridas continua a bater recordes, o que torna ainda mais complicada a vidados vestibulandos que buscam um lugar nas melhores instituições de ensino superior do País. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) se destaca com o curso de medicina, disputado por 22.415 estudantes, uma média de 203,8 candidatos por vaga. Há cinco anos, o mesmo curso tinha 89,7 concorrentes por vaga. No curso de arquitetura não é diferente. São 114,8 estudantes disputando um lugar. Os números aumentam a exigência para entrar na universidade e a tensão dos candidatos. Mesmo com o maior acesso ao ensino superior e ampliação do número de vagas por meio de programas como o Programa Universidade para Todos (Prouni), a concorrência em cursos tradicionais de instituições conceituadas registra crescimento progressivo (veja quadro nesta página). Edmundo Capelas de Oliveira, coordenador executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp, considera que “o aumento se deve, em grande parte, ao represamento de vagas.”  “Infelizmente, as vagas no ensino público estadual não condizem com a demanda”, disse. Um dos motivos apontados por Marcel Milani, coordenador do cursinho Objetivo, é a maior informação do candidato. “O acesso à informação é maior sobre o curso e essa procura reflete também certo conservadorismo, porque você tem outras carreiras associadas a sucesso profissional, como engenharia florestal, por exemplo, que são promissoras, mas a procura ainda é muito localizada”, disse. Milani também pontuou que o aumento na demanda reflete a ascensão social. “Temos mais alunos saindo do Ensino Médio numa realidade melhor de Brasil do que há dez ou 20 anos. ”Milani observa que um dos fatores que fez estreitar a porta de entrada das instituições federais foi o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), já que permite ao estudante concorrera uma vaga em instituições de todo o País sem precisar viajar para participar do processo seletivo. “Mesmo estando em São Paulo, o estudante pode concorrer a uma vaga na Universidade Federal do Maranhão”, exemplificou. Em relação às estaduais paulistas, o professor considerou outro motivo para a concorrência. “Essas universidades refletem a importância da região Sudeste. A participação de alunos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste no cursinho chega a 15%”, disse. Sim, a concorrência obriga o candidato a estudar mais para ingressar nos cursos altamente concorridos, como afirma Capelas. Entretanto, os especialistas dizem que ela não deve ser motivo para desânimo. Milani ressalta que a aprovação é resultado de um planejamento diário de estudo. “Percebo que parte do sucesso está associado à maturidade em administrar essa realidade de aumento da concorrência. E os vestibulandos devem entender que não estão sozinhos. Que outros alunos também terão a mesma leitura em relação à concorrência. ”Janyele Ferreira de Lima, de 18 anos, de Pernambuco, veio para Campinas no início do ano se preparar para conquistar uma vaga em medicina. “A Unicamp é referência. Uma das universidades mais conceituadas do País, por isso acabei optando por ela. Algumas pessoas falam que a concorrência não preocupa mas é mesmo para não transparecer o nervosismo”, diz. Janyele diz que a rotina de estudo tem sido bem pesada. “No começo do ano estudava em média dez horas por dia. Agora estou estudando cerca de sete horas porque a gente vai ficando bem esgotado”, conta. Além de Unicamp, ela vai prestar o Enem, Fuvest, Unifesp e Unesp. Caroline Felipe Bonfim, de 18 anos, está no segundo ano de cursinho e diz que a concorrência crescente assusta. “No ano passado foi um pouco menor (a concorrência). Agente fica mais preocupado ainda porque as vagas não aumentam e precisamos nos dedicar mais, ficar mais tempo em cursinho, aumentar a carga horária de estudo.” E olha que a rotina de estudo de Caroline não é pequena. “Estudo de segunda a sábado das 7h às 20h. Descanso no domingo, mas às vezes acabo fazendo simulados”, afirma. Caroline vai prestar Unicamp, Unesp, Unifesp, PUC-Campinas e PUC-São Paulo.