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23/02/2011 / Em: Clipping

 


Alunos terminam ensino médio sem aprender  (IG – Educação – 23/02/11)

Calcular quanto um trabalhador deve receber em cada parcela do 13º salário pode parecer uma tarefa trivial após 11 ou, mais recentemente, 12 anos de estudo que levam uma pessoa até o fim do ensino médio. A maioria dos jovens que concluíram essa fase na última década, no entanto, não consegue chegar ao valor correto. O exemplo ajuda a entender uma estatística alarmante sobre o conhecimento dos alunos no terceiro ano do ensino médio. Segundo o Ministério da Educação, apenas 10% dos estudantes adquirem os conteúdos esperados.



Educação superior, banda larga de acesso  (Folha de S.Paulo – Opinião – 23/02/11)

Na última década, o Brasil foi, segundo o Banco Mundial, o país que mais avançou em aumento de escolaridade e, segundo dados da OCDE, o terceiro país que mais evoluiu em qualidade da educação básica. Superamos a China, no primeiro caso, e ficamos atrás apenas de Chile e Luxemburgo, no segundo. Fruto de investimentos recordes em educação básica, essas conquistas não podem nos fazer esquecer dos avanços da educação superior, essenciais para a manutenção e desenvolvimento desse ciclo virtuoso. 1. Reuni: a expansão e interiorização das universidades federais dobrou o número de ingressantes entre 2003 e 2010, levando educação superior pública de qualidade para 126 cidades do interior do país.
O artigo da Constituição de 1988 (suprimido em 1996) que determinava a interiorização da oferta foi recuperado em sua essência, bem como a estratégia de transformar a educação superior num dos eixos de reordenação do território. 2.Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs): foram criados 38 IFs a partir de 140 unidades federais de educação profissional preexistentes (1909-2002) e a entrega de 214 novas (2003-2010), com projeto pedagógico inovador, que alia a oferta de ensino médio integrado a educação profissional, licenciaturas nas áreas de matemática e ciências da natureza e cursos superiores de tecnologia, firmando para estes padrão nacional de excelência acadêmica. 3.Universidade Aberta do Brasil: foram instalados 587 polos de apoio presencial para ensino à distância público de qualidade, sobretudo em cidades que não comportam um campus universitário, criando padrão de excelência nessa outra fronteira de expansão, com foco na formação de professores. 4.ProUni: foi regulamentado o artigo da Constituição que previa isenção fiscal para entidades que atuavam na educação superior, possibilitando o ingresso em cursos superiores pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de mais de 800 mil jovens da escola pública. 5. Novo Fies: as regras de financiamento estudantil foram radicalmente alteradas, com redução dos juros, aumento do prazo de carência e amortização, dispensa de fiador e perdão da dívida para professores da escola pública e médicos do SUS à razão de 1% por mês de exercício profissional. 6. Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior): a expansão da educação superior se dá agora pela observância de rígidos critérios de qualidade. As instituições ganham ou perdem autonomia de acordo com indicadores objetivos do Sinaes, podendo inclusive ser descredenciadas ou mesmo ter seus processos seletivos suspensos. 7.Novo Enem: a reformulação do exame segue seu caminho, possibilitando que instituições de ensino superior substituam seu anacrônico vestibular por um instrumento contemporâneo semelhante ao utilizado pelos mais modernos sistemas de ensino do mundo. Dentre outras possibilidades, o novo Enem permite que, com seu boletim, o estudante possa, conhecendo previamente seu desempenho e a média do desempenho dos demais, escolher o curso e a instituição em que pretende estudar. Todos esses projetos, pela escala monumental, enfrentam algumas dificuldades. Mas o resultado é que, em dez anos, a matrícula no ensino superior teve aumento de 151% e o número de formandos cresceu 195%! Com o aperfeiçoamento desses instrumentos, podemos criar na próxima década uma verdadeira banda larga de acesso à educação superior.

FERNANDO HADDAD, 48, advogado, mestre em economia, doutor em filosofia, é ministro da Educação.

Libras forma professor e tradutor  (Folha de S.Paulo – Fovest – 23/02/11)

Quem se forma em letras-libras certamente vai ter de trabalhar com pessoas surdas. A graduação, no entanto, não é exclusiva para quem tem a deficiência. Oferecido nas modalidades licenciatura e bacharelado, o curso pretende formar professores -para atuar no ensino fundamental e médio de surdos- e tradutores. Na licenciatura, a maior parte das vagas se destina a surdos. No bacharelado, os ouvintes são a maioria. Para concorrer a uma vaga, é preciso ser fluente na língua de sinais, pois até o vestibular é feito em libras. “O português é a segunda língua nessa graduação, as pessoas precisam se lembrar disso”, afirma Regina de Souza, da Faculdade de Educação da Unicamp. A universidade é polo de turmas de ensino a distância oferecidas pela UFSC (Federal de Santa Catarina). Outras 16 instituições também fazem parte da parceria.

PRESENCIAL
A UFSC tem o único curso de letras-libras presencial da rede pública. A graduação dura quatro anos e oferece 40 vagas (20 para licenciatura e 20 para bacharelado). O processo seletivo é específico. Das vagas disponíveis, 20% são para candidatos que cursaram o ensino fundamental e médio na rede pública. Outras 10% são reservadas a quem se autodeclarar negro, desde que também venha de escola pública. Apesar de o ensino em libras ainda não ser obrigatório em todas as escolas do país, a docência é a área que mais emprega. “E ainda estão faltando profissionais qualificados”, diz Mara Ruzza, do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão da Prefeitura de SP. Quem se forma em bacharelado trabalha com tradução. “Esse profissional pode traduzir, por exemplo, a aula de uma faculdade para um estudante surdo”, afirma Regina. “Por isso o curso é voltado para ouvintes. Para fazer tradução, um surdo precisa ser muito bom em leitura labial.”