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25/07/2012 / Em: Clipping

 

A partir deste ano, todos os formandos de medicina no Estado serão obrigados a fazer a prova do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). O exame será obrigatório e pré-requisito para exercer a profissão e fazer residência. A informação foi publicada ontem pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. O Cremesp diz que a iniciativa se deu “em decorrência da queda acentuada na qualidade do ensino médico”. Segundo o órgão, das 28 instituições que formarão médicos neste ano, ao menos 16 apoiaram a medida. A Associação Médica Brasileira e as sociedades de medicina também se declararam favoráveis, diz o Cremesp. O exame será aplicado em 11 de novembro para cerca de 2.460 alunos do último ano do curso. Inicialmente, a prova será uma vez por ano. Diferentemente do exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), por exemplo, quem obtiver índice de acerto abaixo de 60% -nota de corte para aprovação na prova- não será impedidos de exercer a profissão. O exame é aplicado desde 2005, de forma voluntária. USP e Unicamp boicotam. “Somos contra qualquer exame de ordem porque acreditamos que a medida serviria somente para punir o estudante no final do curso, e não as instituições de ensino”, diz Marcela Vieira Freire, coordenadora-geral da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina. “Somos contra a abertura indiscriminada de cursos feita pelo MEC e essa é a forma de avaliarmos o ensino médico no Estado”, diz o cardiologista Braulio Luna Filho, coordenador do exame e primeiro-secretário do Cremesp. O Conselho Federal de Medicina diz concordar com medidas de avaliação, mas “não tem ainda consenso sobre a melhor abordagem para enfrentar o problema”.


Faculdades aprovam exames para médicos   (O Estado de S.Paulo – Educação – 25/07/12)

As principais escolas de Medicina do Estado de São Paulo apoiam a decisão do Conselho Regional de Medicina (Cremesp) de tornar obrigatória a realização de uma prova para avaliar os formandos do 6.º ano do curso de Medicina, conforme o jornal O Estado de S.Paulo antecipou, mas fazem considerações sobre o modelo adotado e defendem uma avaliação nacional. Diretores das faculdades de Medicina da Unicamp, Unesp, USP, UFSCar e Unifesp defendem a avaliação: dizem que ela é necessária porque será mais um mecanismo para que as instituições conheçam suas falhas e criticam a expansão de vagas nos cursos de Medicina – o governo federal anunciou 2,5 mil novas vagas. O professor Mario Saad, da Unicamp, diz que uma prova de múltipla escolha ao final do curso pode não ser a melhor forma de avaliar se um aluno realmente aprendeu tudo o que deveria. “Nem sempre quem responde bem a um teste é quem melhor atende num hospital. O ideal seria existir um mecanismo de avaliação ao final do 2.º, do 4.º e do 6.º anos, incluindo uma avaliação prática e uma prova discursiva.” O professor Joaquim Edson Vieira, da comissão de graduação da USP, segue o mesmo raciocínio. Ele apoia a existência da avaliação, mas avalia que o exame poderia ser mais completo, como uma prova de residência médica (que inclui questões discursivas e prova prática). “Nossos alunos não faziam a prova quando era voluntária por considerar que esse modelo de exame não contribui para o exame da residência médica, que eles obrigatoriamente fazem quando se formam. Não é questão de ser melhor ou pior. Mas são exames diferentes”, diz. Silvana Artioli Schellini, da Unesp, e Bernardino Geraldo Alves Souto, da UFSCar, dizem que os resultados serão uma ferramenta a mais para a melhoria do ensino. “A proposta é muito inteligente porque mantém o sigilo do aluno, não tem caráter punitivo e fornece os resultados por área para a faculdade”, afirmou o professor Souto.


Cremesp: 63% dos alunos de medicina consideram curso pouco exigente   (Terra – Vestibular – 24/07/12)

O perfil do estudante de medicina no Estado de São Paulo mostra, em sua maioria, pessoas originárias de famílias com nível universitário, passagem por colégios particulares e renda elevada, conforme dados do Conselho Regional de Medicina (Cremesp) divulgados nesta terça-feira. Essas características não condizem com o baixo rendimento apresentado nas faculdades, afirma o Cremesp, que anunciou também hoje a realização de uma prova ao fim da graduação para obtenção do registro profissional de médico no Estado. Segundo o conselho, a discrepância entre o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes e o baixo resultado do exame do Cremesp (que até agora não era obrigatório) indica que possa haver falhas no ensino médio e nos cursos de graduação. Essa possibilidade, avalia o conselho, é reforçada por mais um dado da pesquisa: 63% dos alunos consideram que o curso de medicina deveria ter exigido mais dos estudantes. Os exames opcionais realizados nos últimos sete anos indicam que quase 50% dos graduandos saem das escolas despreparados, sem as mínimas condições de exercer a medicina.
Veja o perfil dos recém-formados, segundo o Cremesp:
49% têm até 24 anos; 45% têm entre 25 a 29 anos;
51% são mulheres e 49% são homens;
77% têm pai e 65% têm mãe com escolaridade superior;
40% vêm de família que tem pai ou irmão médico;
85% cursaram o ensino médio em escola particular;
37% fizeram curso preparatório para o vestibular por um período de 1 a 2 anos;
82% leem, escrevem e falam o idioma inglês;
30% têm renda familiar acima de 30 salários mínimos; 22% entre 21 e 30 salários; e 27% entre 11 e 20 salários;
73% não exercem ou exerceram profissão remunerada, sendo que seus gastos são financiados pela família;
87% se consideram brancos; 9%, amarelos de origem asiática; 3%, pardos; e 1% negros;
55% moram com os pais ou parentes; 21% vivem com amigos e 16% moram sozinhos;
67% frequentemente ouvem música;
31% vão frequentemente ao cinema e 50% às vezes vão ao cinema;
61% raramente vão ao teatro; 55% raramente vão a shows, musicais, danças;
50% leem com frequência; 26% leem jornais, impressos ou digitais, com frequência; 54% o fazem de vez em quando; 31% leem revistas, impressas ou digitais, frequentemente; 52% leem de vez em quando;
50% frequentemente praticam esporte ou caminham;
63% avaliam que o curso de Medicina deveria ter exigido mais durante a graduação.