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25/08/2009 / Em: Clipping

 


USP decide continuar fora da avaliação do Enade (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 25/08/09)

Após mais de um ano de negociações, a USP decidiu continuar fora do Enade, exame do governo federal que avalia o desempenho dos universitários. Durante o processo, o Ministério da Educação aceitou alguns pontos reivindicados pela universidade, como o fim do sistema de amostragem para definir os participantes (agora, todos os alunos fazem a prova).
A USP, porém, entendeu que não houve avanços suficientes. Além da universidade, apenas a Unicamp não participa da prova nacional, criada em 2004. As instituições estaduais, que discordam da metodologia da avaliação federal, têm autonomia para definir se aderem ou não. Segundo nota divulgada ontem, a universidade decidiu seguir fora do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) por entender que o modelo não permite saber se um curso recebeu nota baixa por conta da má qualidade ou de boicote dos estudantes.
Essa é uma das principais reclamações das instituições privadas, que são obrigadas a participar do exame. Além disso, a USP afirma que o acompanhamento dos cursos deve ser mais amplo e considerar pontos como a responsabilidade social, a comunicação com a sociedade, a infraestrutura das escolas e a eficácia da autoavaliação, entre outros.

Divergências
A universidade diz “que, considerando que a participação em processo de avaliação externa é de suma importância, continua à disposição dos órgãos federais competentes para contribuir para o aprimoramento do processo, de modo a viabilizar sua participação futura”. Segundo a Folha apurou, o MEC contava com a adesão da USP à prova, uma vez que diversos pontos exigidos pela universidade foram atendidos. Integrantes do ministério entendem que setores da universidade temem ser comparados a cursos de outras instituições.
Além disso, dizem haver contradição na posição da universidade, pois ela participava do Provão, antecessor do Enade, que considerava apenas a nota dos estudantes em uma prova.
O atual sistema leva em conta também a titulação do corpo docente (número de doutores e mestres) e a avaliação dos alunos em relação à infraestrutura dos cursos, que, com o Enade, formam o CPC (Conceito Preliminar de Curso). Procurado, o Ministério da Educação não se pronunciou oficialmente sobre a decisão. No ano passado, ao apresentar os resultados do Enade 2008, o ministro da Educação, Fernando Haddad, lamentou a ausência das duas estaduais. “Daria mais solidez ao sistema.” Como não participa do Enade, não há notas nem para as graduações da USP nem para a instituição como um todo. A reportagem apurou que o peso do Enade cairá de 70% para 60% da nota do curso no CPC. A infraestrutura terá mais importância.



Reitores de universidades federais comentam o que eles esperam dos calouros que serão selecionados por meio do novo exame (Globo On Line – Vestibular – 25/08/09)

O aproveitamento do novo Enem 2009 no processo de seleção das universidades mudará o perfil dos futuros alunos? A Megazine foi a uma reunião da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), na última terça-feira, na Unirio, e aproveitou para perguntar a alguns reitores o que eles esperam dos calouros que serão selecionados por meio do novo exame.  – A expectativa é de que eles tragam para a universidade a riqueza de sua história de vida. Com o novo Enem, teremos a possibilidade de aumentar a inclusão social e a diversidade cultural no campus – opina Malvina Tuttman, reitora da Unirio, que adotou o Enem 2009 como fase única e para preencher vagas remanescentes.  Já Roberto Salles, reitor da UFF, universidade que usará o Enem como parte da nota da 1 fase e como bônus de 10% a 15% na nota de alunos das redes públicas na 2 fase, acredita que a mudança no perfil do aluno não será tão grande.  – Ainda assim, acho que teremos um crescimento do número de alunos oriundos da rede pública – destaca Salles. Para Aloisio Teixeira, reitor da UFRJ, que substituirá a 1 fase de seu vestibular pelo Enem, a mudança é apenas o primeiro passo para facilitar o acesso às universidades, um processo que deve se dar a médio ou longo prazo.  – Não acredito que o perfil do aprovado mude agora. É preciso que o Enem não se restrinja à última série do ensino médio, mas seja uma avaliação continuada e seriada na escola, para substituir o sistema de cursinhos e vestibulares – avalia Teixeira.  Ricardo Motta Miranda, reitor da Rural, uma das primeiras a adotar o Enem como fase única e para vagas remanescentes acredita que não haverá modificação no tipo de aluno:  – A Rural já é uma das universidades que mais atinge as classes de menor renda.



Sistema de cotas muda perfil dos universitários (Diário de Pernambuco – Vida Urbana – 25/08/09)

Uma pesquisa divulgada em 2003 pelo IBGE, que cruzava dados econômicos e sociais, apontava que seis em cada dez estudantes de universidades públicas do Brasil pertenciam às camadas mais ricas da população. A política das cotas, no entanto, está mudando o perfil dos ingressantes no ensino superior gratuito. Pelo menos no estado. De acordo com um levantamento inédito realizado pela Universidade de Pernambuco (UPE), mais de 50% da evasão nos cursos da instituição é causado por problemas financeiros dos alunos. São universitários que, sem dinheiro para transporte e alimentação, terminam abandonando a sala de aula. Mais de 90% deles passou no vestibular através das cotas. Apesar de 60% tirar boas notas, a maioria precisa de ajuda para continuar estudando e reescrevendo a história de suas famílias: garantir o primeiro diploma da casa.



A universidade vista como cérebro  (Revista Ensino Superior – Edição 131)

Estruturar os diversos departamentos de uma universidade do mesmo modo que o funcionamento do cérebro humano. Esse é o pensamento do neurocientista Miguel Nicolelis, apontado pela revista americana Science como um dos dez mais importantes cientistas do mundo. Em recente debate na cidade de São Paulo, Nicolelis expôs seu conceito ao dizer como está montado o Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra, criado por ele em um dos lugares mais pobres do Brasil e chamado de A Cidade do Cérebro, onde tudo está interligado, junto, sem barreiras, sem divisões. “As universidades não podem mais ter departamentos que não falam entre si. O cérebro não funciona assim. Então, vale a pena criar estruturas que se assemelham ao funcionamento do cérebro”, explicou. Durante o encontro de cerca de uma hora e meia, uma plateia atenta ouviu as opiniões de Nicolelis. E um dos temas preferidos do neurocientista foi a questão da doação financeira às instituições de ensino superior, assunto que começa a ser alvo de maior debate no Brasil, já tendo sido, inclusive, motivo de projeto elaborado recentemente pela OAB-SP e entregue ao Ministério da Educação.