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26/11/2012 / Em: Clipping

 


Questões sobre novo livro da lista da Fuvest surpreendem os candidatos   (Globo.Com – G1 Vestibular – 25/11/12)

Na sua “estreia “ na Fuvest, o livro “Til”, de José de Alencar, exigiu muito conhecimento dos candidatos nas questões de português da prova da primeira fase do vestibular, realizada neste domingo (25). A Fuvest divulgou o gabarito oficial e o caderno de provas pouco depos das 19h deste domingo. Inserido este ano na lista das obras literárias de leitura obrigatória, “Til” foi tema de questões que pediam para o candidato relacionar a obra com outros livros da lista, como “Viagens de minha terra”, “Vidas secas”, “O cortiço”, “Cidades e as serras”, “Capitães da areia”, “Memórias póstumas de Brás Cubas” e “Memórias de um sargento de milícias.” A prova também teve perguntas sobre o gênero literário do livro. “Estava contando que caíssem mais perguntas sobre os outros livros, que eu já tinha mais base. ‘Til’ é um livro de linguagem pesada, mas consegui responder as questões porque li o livro”, disse a candidata Pillar Trevisani, de 20 anos, que presta para o curso de direito da Universidade de São Paulo (USP).



Universidades públicas de São Paulo vão propor cotas de 50% a partir de 2016  (O Estado de S.Paulo – Educação – 26/11/12)

As três universidades públicas paulistas, USP, Unesp e Unicamp, fecharam na quinta-feira proposta que será apresentada nesta semana ao governador Geraldo Alckmin para adoção de um programa de cotas que destinará 50% das vagas a alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas. O objetivo é igualar os porcentuais estabelecidos pelo governo Dilma Rousseff para as universidades federais na Lei de Cotas.  A afirmação é do reitor da Unesp, Julio Cezar Durigan, membro do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp), que vinha discutindo o plano desde o início de outubro, quando o governador pediu a sua formulação, após a regulamentação da Lei de Cotas – que só se aplicas às instituições federais de ensino.  A proposta estadual, assim como a lei federal, leva em conta critérios econômicos e raciais de inclusão. Metade das vagas reservadas seria para estudantes com renda familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa; e 35%, para pretos, pardos e índios. “A proposta para o programa de cotas já foi escrita e vai ser apresentada nesta semana ao governador. Estamos fazendo o mesmo que o governo federal, mas com mais qualidade”, afirmou Durigan, em entrevista ao Estado.

Proposta beneficiaria mais de 4 mil alunos   (O Estado de S.Paulo – Educação – 26/11/12)

O prazo para chegar aos 50% de vagas reservadas para cotistas nas universidades estaduais paulistas seria de três anos, segundo a proposta revelada ao Estado pelo reitor em exercício da Unesp, Julio Cezar Durigan.  A ideia é fazer uma adoção progressiva, começando com 16,6% de cotas em 2014, subindo para 33,3% em 2015, e chegando a 50% em 2016. No caso da Lei de Cotas, que já começa a valer no vestibular atual, as instituições federais têm quatro anos para atingir os 50%. “Vamos precisar incluir mais ou menos 4,2 mil alunos para chegar aos 50%”, calcula Durigan.  Os porcentuais de estudantes vindos de escolas públicas nas três universidades hoje variam de 28% na USP a 41% na Unesp e 32%, na Unicamp. Todas têm políticas de inclusão, que dão vantagens a alunos de escola pública para ingressar na instituição, mas não possuem cotas. A Lei de Cotas determina que o número das vagas destinadas a pretos, pardos e índios corresponda ao porcentual dessa população no Estado. Em São Paulo, o número é de 34,73%. Arredondando para cima, como prevê a lei, 35% das vagas de cotas federais no Estado serão definidas por critério racial. Considerando o número de 4,2 mil vagas para cotas estaduais estimado por Durigan, cerca de 1.470 caberiam a pretos, pardos e índios. Custos. Os custos das bolsas não estão definidos. No entanto, considerando o valor de um salário mínimo para 4,2 mil alunos – projeção do reitor da Unesp -, o Estado teria de investir R$ 31 milhões por ano apenas nas bolsas. Parte do financiamento poderá vir da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), afirmou Durigan.  “O governador pediu que o Cruesp fizesse essa proposta. Nós fizemos. A proposta é boa, só que implica gastos com preparo inicial dos alunos e com a manutenção deles com bolsa. Vamos ver se o governador dá o OK ou não, se quer que mude alguma coisa”, afirmou Durigan.  O reitor disse também que o secretário de Educação, Herman Voorwald, “gostou muito da proposta”. O reitor da Unesp afirmou que é possível haver uma definição no próximo mês. “A ideia é que tenha uma decisão final no começo de dezembro. Quando o governador disser ‘Toque em frente, que está bom’, vamos detalhar os números e fazer uma redação esmiuçada da proposta para dar conhecimento ao público”, disse Durigan.



Nossas universidades precisam falar inglês  (Folha de S.Paulo – Opinião – 25/11/12)

Nosso ensino superior está se internacionalizando. É uma via virtuosa: as instituições se internacionalizam porque se qualificam e se qualificam porque se internacionalizam. Há um pequeno fluxo de estudantes de graduação europeus que passam alguns anos da sua formação em nossas melhores universidades em programas de duplo diploma. Na pós-graduação, o Brasil é um destino importante para estudantes de países vizinhos. O Brasil é extremamente atraente para eles: tem um sistema universitário desenvolvido; oferece formação de primeira linha; ao contrário do que ocorre na maioria dos países, não cobra taxas ou mensalidades de nenhum estudante, brasileiro ou estrangeiro; há abundância de bolsas e oportunidades de financiamento. Falamos uma língua facilmente acessível para quem fala espanhol. Mas os resultados atuais estão muito aquém do que poderiam ser. O Brasil ainda tem um número pequeno de universidades entre as 500 melhores do mundo. O número de alunos estrangeiros no Brasil é bastante reduzido. Há mais estudantes norte-americanos na Argentina do que no Brasil. Isso se deve à preferência dos estudantes por um país que fala espanhol, mas também pela disponibilidade de programas de graduação em inglês. As universidades brasileiras deveriam considerar a possibilidade de oferecer cursos superiores em inglês -de preferência até completos- juntamente com o português. Na idade média, quando as universidades foram criadas, as pessoas cultas se comunicavam em latim. Graças ao latim, um estudioso de Oxford ou de Bolonha no século 12 podia trocar ideias com alguém de Salamanca ou da Sorbonne. Com o passar do tempo, o latim caiu em desuso e o inglês tomou conta do universo universitário. Atualmente não existe nenhuma conferência internacional importante que não adote o inglês como língua franca. É fundamental para o avanço do conhecimento que pesquisadores possam se comunicar e se fazer entender diretamente. Nós, brasileiros, historicamente temos resistido a introduzir o inglês como língua de instrução nas nossas universidades. Há quem afirme que ensinar em inglês seria renunciar à soberania nacional, como se a nossa nacionalidade estivesse estritamente associada a falar português. Não se tem notícia de que algum país não anglófono no qual há ensino superior em inglês (como Portugal, berço da língua portuguesa) tenha renunciado a sua nacionalidade por isso. Outra posição recorrente é a do esforço: alguém realmente interessado em estudar no Brasil deveria aprender a língua. Em tese, isso está correto. Na prática, os estudantes preferem dirigir-se a países onde as aulas são dadas em inglês. Eles sentem-se muito mais seguros com a garantia de que a língua não será um problema para o aproveitamento de sua estada. Na verdade, se ensinássemos regularmente em inglês estaríamos fazendo muito mais pela divulgação e expansão da cultura brasileira e da língua portuguesa. Uma última objeção é que isso elitizaria ainda mais as já elitizadas universidades brasileiras. Isso talvez fosse correto se deixássemos de ensinar em português. No entanto, a coexistência de cursos em inglês e português ofereceria oportunidades para estudantes brasileiros conviverem com estrangeiros e aperfeiçoarem sua proficiência em inglês. Foi divulgado recentemente que no programa Ciência sem Fronteiras foram concedidas duas vezes mais bolsas para Portugal e Espanha do que para o Reino Unido, os Estados Unidos e a Austrália, onde se concentram as melhores universidades do mundo. Isso só pode ser explicado pela deficiência na formação dos estudantes em inglês. É urgente mudar isso. Os primeiros passos para uma internacionalização efetiva do nosso ensino superior já foram dados. Falta sermos mais atraentes para estudantes de todo o mundo, como somos atualmente para os estudantes latino-americanos. Falta termos mais resultados de pesquisas publicados em inglês. Publicações acadêmicas em inglês atingem a um público muito maior e têm mais impacto sobre o desenvolvimento científico e cultural da humanidade. O Brasil tem tudo para se tornar um centro importante mundial de ensino superior. Precisamos saber aproveitar a oportunidade histórica.

LEANDRO TESSLER, 50, é professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp e assessor para internacionalização da universidade