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27/01/2010 / Em: Clipping

 


Filhos da revolução digital  (Revista Ensino Superior – Edição 136)

Conectados, informados e até narcisistas. O perfil dos próximos alunos do ensino superior surpreende e levanta a questão de como se comunicar com esse novo público

Entender as características de comportamento dos futuros estudantes é um desafio para as instituições de ensino superior. É claro que a tarefa não é nova, mas a grande diferença que está posta, ao final da primeira década do terceiro milênio, é que a atual geração de adolescentes carrega  características absolutamente novas e peculiares, e, por isso mesmo, campo fértil para estudos e análises sob as mais variadas óticas. Nunca esse grupo, de jovens entre 12 e 16 anos, teve tanta representatividade no espaço social, sendo um consumidor voraz e, por isso mesmo, alvo de diversas campanhas de marketing. Mas, apesar de ter se tornado tão necessário estabelecer um canal de comunicação com essa faixa etária, que entrará na universidade em breve, nunca se teve tanta dificuldade em desvendar como eles pensam.  Um importante ponto de partida para entender o comportamento dos adolescentes de hoje é o contexto social da revolução digital. O processo, de fato, está em curso há algumas décadas e o que se vê atualmente é o crescimento de uma geração imersa, desde o seu nascimento, numa avançada expansão tecnológica, cujos efeitos são amplos e, de certa forma, ainda imprevisíveis. “Podemos dizer que a cultura da pós-modernidade se caracteriza pela fluidez das relações humanas, pela virtualidade dos contatos, pela rapidez, inconsistência e fragilidade dos vínculos, por uma crise nas funções de autoridade, dos valores e das ideologias”, analisa a psicóloga especializada em orientação educacional Jaqueline Ferreira. Para ela, parece existir atualmente uma espécie de “borramento” dos limites nas relações, principalmente entre pais e filhos, o que, na sua opinião, gera uma confusão de papéis e funções, ocasionando uma desorientação ética e moral. A psicóloga pondera que em gerações passadas também havia conflitos e contradições, porém havia o que define como uma “ordem instalada, um status quo estabelecido” contra o qual o jovem se rebelava, adotando uma ideologia que lhe proporcionava uma identidade mais definida, ao contrário de hoje.