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27/07/2015 / Em: Clipping

 


Com mudança em vestibulares, escolas investem na mistura de conteúdo   (Folha Online – Educação – 27/07/15)

Motivados por mudanças nos vestibulares e por correntes pedagógicas modernas, escolas tradicionais da cidade de São Paulo têm atenuado a divisão entre ciências exatas, biológicas e humanas, com foco maior no conteúdo interdisciplinar.  Além da crescente importância do Enem, que une diferentes áreas em uma mesma questão, a Fuvest também tem aumentado a quantidade de itens interdisciplinares e dado menos peso a provas específicas, que hoje valem 25% da nota –antes, chegavam a valer quase 40%. “O que as escolas buscam é preparar os alunos para o Enem. A tendência é levar para o currículo da escola projetos que integrem as habilidades emocionais, sociais e éticas”, afirma Sandra Garcia, coordenadora da empresa Mind Lab, que presta consultoria a mais de 800 escolas em projetos desse tipo. No colégio Bandeirantes, na zona sul de São Paulo, a adaptação começa a ocorrer, e já se fala no fim da divisão das turmas por área (exatas, humanas e biológicas), que existe desde os anos 1980. A instituição, porém, não se pronuncia a respeito da possível mudança. A professora Cristiana Mattos de Assumpção, que coordena a reforma curricular no colégio, limitou-se a dizer que os planos de fomentar a interdisciplinaridade envolvem, por exemplo, unir laboratórios de biologia, química e física.



A USP e as cotas   (Carta Capital – Edição 97 – Junho de 2015)

Por Thais Paiva
“Mostrei a carteirinha, entrei, e aí, quando foi para entrar no prédio, eu fui barrada. (…) Argumentei novamente qual era o motivo, que eu não podia compreender por que eu estava sendo barrada. E nesse momento tive a certeza do motivo.” O relato é da estudante de Saúde Pública Mônica Gonçalves, que no ano passado viu-se impedida de entrar no prédio da Faculdade de Medicina da USP, apesar de ter comprovado que era aluna da instituição. Negra, Mônica não demorou muito para perceber que estava sendo vítima de racismo. Sua história é uma das quatro narradas no curta-metragem USP 7%, uma reflexão crítica sobre como a maior universidade pública do País vem tratando a questão da inclusão racial. “A partir do caso dela (Mônica), vemos como a USP está desacostumada com a presença de negros, que ela não é sequer reconhecida como aluna”, aponta Daniel Mello, jornalista e diretor da produção ao lado de Bruno Bocchini. Disponível em duas versões, uma de 15 e outra de 25 minutos, o filme procura expor o preconceito intrínseco à estrutura da universidade e como ele leva à ausência de alunos negros em suas salas de aula. Além do depoimento de Mônica, a história de três outros personagens ajuda a traçar o panorama de exclusão e preconceito vivenciado pelos alunos negros dentro da instituição. O cotidiano de Fernanda Moreira, vestibulanda à época das filmagens e filha de uma faxineira que trabalha na USP, mostra as barreiras enfrentadas para ingressar na universidade pública. Há ainda a história de dois militantes do movimento negro, Luís Carlos e Regina Lúcia, que trazem a perspectiva de como a luta por cotas foi crescendo até virar uma pauta recorrente na universidade. “Conhecemos todos a partir da pesquisa e da vivência no Núcleo de Consciência Negra. A Fernanda estudava no cursinho mantido pelo Núcleo e tinha uma bolsa, porque também trabalhava no atendimento durante o dia. O Luís e a Regina ainda frequentam as reuniões”, conta Mello. O projeto começou a ganhar contornos por volta de 2012 quando, como repórteres, Mello e Bocchini acompanharam a discussão na universidade em torno do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), então recém-lançado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).