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28/11/2012 / Em: Clipping

 


Cotas à paulista   (Folha de S.Paulo – Editorial – 28/11/12)

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) pediu aos reitores das três universidades estaduais paulistas -USP, Unicamp e Unesp- que apresentem propostas para implantar uma política de cotas no âmbito do Estado. Sintomaticamente, a movimentação do Executivo de São Paulo ocorre três meses depois de a presidente Dilma Rousseff ter sancionado a polêmica Lei de Cotas. A nova legislação reserva metade das vagas de universidades federais a alunos que cursarem o ensino médio na rede pública -com prioridade para negros, pardos e índios. O fato de que a lei se baseie no louvável propósito de corrigir assimetrias históricas não basta para tornar menos equivocados alguns de seus aspectos. O principal erro, como esta Folha já argumentou, reside na eleição do critério racial para discriminar os beneficiados. Não há dúvida de que os efeitos perniciosos da escravidão de africanos e índios ainda deixam marcas na sociedade brasileira. Mas também é evidente que, num país em que se verificou um processo de miscigenação maciça, fica difícil, senão impossível, estabelecer padrões de “pureza” racial -conceito que é, por si só, um logro. No Brasil, a disparidade étnica dissolveu-se e confundiu-se com a iniquidade socioeconômica. Faz sentido, portanto, que eventuais políticas compensatórias na educação privilegiem critérios de renda ou formação em escola pública, cuja qualidade, aliás, deveria ser a primeira preocupação. Outro aspecto criticável na Lei de Cotas é a reserva de 50% das vagas -flagrante exagero populista e discriminatório que atropela o princípio da meritocracia. As instituições públicas paulistas já têm mecanismos para a inclusão em seu corpo discente de jovens de baixa renda, oriundos de escolas públicas. É o caso do Profis (Programa de Formação Interdisciplinar Superior), adotado pela Unicamp, que estaria cotado para servir de modelo estadual. Com efeito, cogita-se, a exemplo do referido programa, criar um curso superior básico de dois anos, que ofereceria aos candidatos preparação melhor para o acesso a faculdades específicas. Essa formação curta seria reconhecida e valeria como curso superior para algumas finalidades -concursos públicos, por exemplo. O governador Geraldo Alckmin não gostaria, por certo, de ser pintado por adversários eleitorais como um político elitista que nega oportunidades aos desfavorecidos de seu Estado. É preciso, todavia, proceder com cautela, para que ambições políticas aceitáveis não se traduzam num jogo de “quem dá mais” com o governo federal -em sacrifício da vocação da universidade para produzir conhecimento e pesquisa em alto nível.

Cotas devem garantir 45% a mais de vagas para a rede pública  (Folha Online – Educação – 28/11/12)

Se as cotas forem mesmo adotadas pela USP, Unicamp e Unesp em 2016, a participação dos alunos das escolas públicas entre os aprovados nessas universidades e nas federais deverá crescer 45%, considerando a situação atual. Hoje, esses alunos representam 35% dos calouros das universidades públicas em São Paulo, aponta levantamento feito pela Folha. Daqui a quatro anos, o percentual terá de ser de ao menos 50% –o que representa aumento de 45% em relação à proporção atual–, segundo lei que abrange as federais e o projeto em discussão entre as estaduais paulistas. A reportagem fez a estimativa com base nos dados do vestibular para ingresso neste ano de todas as universidades públicas do Estado –apenas a UFSCar não respondeu. Ou seja, foi simulado o panorama de 2016 com base nos dados oficiais de 2012.

Para diretora de cursinho, cota reduz desigualdade  (Folha Online – Educação – 28/11/12)

A favor das cotas sociais, Augusta Aparecida Barbosa, diretora do Cursinho do XI –pré-vestibular popular ligado à USP–, diz que a reserva de vagas é um começo para diminuir a desigualdade entre a rede pública e a privada no acesso à universidade. “Mas isso não deve ser permanente.”

Ideal seria melhorar o ensino público, diz diretor  (Folha Online – Educação – 28/11/12)

As cotas podem prejudicar universidades e até a escola pública, afirma Mauro Aguiar, diretor do colégio Bandeirantes e membro do Conselho Estadual da Educação.



Quase metade dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos de idade está fora do ensino médio  (Veja – Educação – 28/11/12)

O ensino médio segue sendo o gargalo da educação brasileira, aponta estudo divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a publicação, apenas 51,8% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados nessa etapa da educação básica. Isso significa que 48,2% das pessoas daquela faixa etária ainda cursam o ensino fundamental ou já abandonaram os estudos. Apesar de revelarem resultados muito abaixo do esperado, os números relativos a 2011 mostram avanço médio de 40% em relação aos dados de 2001. Há uma década, apenas 37,3% dos jovens entre 15 e 17 anos estavam matriculados no ensino médio. No Nordeste, esse número era de 20,9% naquele ano. Na última medição, saltou para 43%. A defasagem escolar no ensino médio varia de acordo com a região do país e situação socioeconômica do jovem.