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28/11/2013 / Em: Clipping

 


Enem atesta desigualdade no ensino   (Correio Popular – Cidades – 28/11/13)

A rede de educação privada de Campinas continua com os melhores desempenhos, em relação à pública, segundo as notas da edição 2012 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) divulgadas anteontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Entre as 20 escolas que aparecem com as melhores colocações, 18 são da rede privada. O Colégio Técnico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Cotuca, entretanto, obteve a melhor colocação entre todas as 62 instituições da cidade que aparecem nos resultados do Enem 2012. A instituição alcançou a média geral de 660,09 pontos e é seguida do Instituto Educacional Imaculada (652,18) e do Colégio Educap (652,09). O exame avalia o aluno nas quatro áreas do conhecimento: linguagens e seus códigos, matemática,ciências humanas e ciências da natureza. O cálculo da média geral não inclui a nota da redação que também foi feita pelos alunos, mas não utiliza a teoria da resposta ao item na correção, usada nas provas objetivas. Entre as escolas de Campinas que aparecem nos resultados divulgados pelo Inep, 23 são estaduais e 39 são particulares. Além do Cotuca — na 1ª posição—, entre as 20 escolas de Campinas com os melhores resultados, também está a Escola Técnica Estadual Conselheiro Antônio Prado (Etecap), na 16ªcolocação. Na outra ponta, das 20 que têm as notas mais baixas, 18 instituições são públicas (veja o quadro ao lado). Diretora de ensino do Cotuca, Ângela Salvucci disse que o resultado significa para o corpo docente uma conclusão do trabalho feito ao longo do ano e que é motivo de orgulho. Ela ressaltou ainda que o colégio tem uma diferença importante.“Não é uma escola que prepara o aluno para o Enem ou para o vestibular. O compromisso principal é com a formação de técnicos. É um trabalho feito com muita seriedade. Aqui o aluno realmente aprende.” O colégio funciona em período integral e outra diferença é que a escola faz um nivelamento dos alunos pelo vestibulinho. Selecionamos os melhores alunos de Campinas e região, porém, hoje em dia mesmo os melhores apresentam muita dificuldade de formação de base e procuramos trabalhar isso.”Silvana de Fátima Ribeiro da Cruz, diretora do Imaculada,atribui o bom desempenho da instituição ao trabalho integrado que vem desde a Educação Infantil. “Trabalhamos de forma muito atenta em todos os segmentos. Quando o aluno chega no terceiro ano traz toda aquela base que desenvolveu ao longo dos anos. Além de uma equipe de professores muito séria e competente, o aluno tem que fazer a parte dele.” Assim como o Cotuca, que subiu da 6ª posição de Campinas na edição anterior do Enem para a 1ª, o Imaculada passou da 3ª para a 2ª posição este ano. A Escola Comunitária,que ocupava a 1ª posição na edição anterior, foi para o 4º lugar.No ranking estadual das escolas, a primeira posição é ocupada pelo Objetivo Integrado, de São Paulo, com média de 740,81— a maior do País. Nesse mesmo ranking, estadual, o Cotuca ocupa a 26ª colocação. Entre as50 melhores do Estado aparecem outras cinco escolas de Campinas.

Para especialista, exame perdeu sua principal marca   (Correio Popular – Cidades – 28/11/13)

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deixou de avaliar o Ensino Médio e analisar a qualidade da educação oferecida para o jovem e passou a ser um indicador para o ingresso no Ensino Superior, segundo afirma a pesquisadora do Laboratório de Avaliação Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Maria Márcia Sigrist Malavasi. Para a pesquisadora, essa mudança tira a característica importante que o exame tinha,  que passa a ser usado pelas faculdades para pontuação de ingresso e pelas escolas particulares que apresentam bons resultados como propaganda. De acordo com Maria Márcia, a forma que ele adquiriu é desnecessária. “Não precisamos de mais um ranqueamento  para ingresso no Ensino Superior. Precisamos de uma boa análise do Ensino Médio, a etapa do ensino em que mais temos tido problemas,que as políticas públicas têm se equivocado e que há menos investimentos. Os dados estatísticos falam o que querem falar e podem ser usados da maneira mais conveniente por determinados setores.” Sobre os melhores resultados estarem nas mãos das escolas privadas,ela afirma que é preciso verificar também a qualidade dos alunos que ingressam.“Não é a escola que faz a diferença, mas o histórico do aluno, o contexto em que vive. Normalmente, crianças de escolas públicas estão em extrema desvantagem porque têm níveis socioeconômicos menores e chegam em situação desfavorável. Aliado a isso, a professora também ressalta a falta de investimento e de políticas públicas, a dificuldade de formação dos professores, o agravante salarial e a falta de recursos pedagógicos.“Temos escolas públicas muito descuidadas do ponto de vista arquitetônico,estético, com lousas quebradas, computador que não funciona, sem biblioteca ou com arquivos pobres.Tudo isso traz para escola pública enormes desvantagens e não podemos esperar que alunos formados nesse cenário tenham excelentes desempenhos. Alunos e professores fazem o que épossível dentro dessas adversidades. ” Sobre a boa colocação das técnicas, ela ressalta que normalmente elas funcionam em período integral e têm recursos. “Justamente o que apontamos que não existe no Ensino Médio público existe na escola técnica pública, que muitas vezes acaba sendo superior às privadas”, completa.



Ensino superior terá de descobrir talentos e investir em tecnologia   (Terra – Vestibular – 27/11/13)

Como serão as universidades daqui a 10, 20 ou 30 anos? Esse foi um dos principais questionamentos lançados a um grupo de pensadores, investidores e empreendedores norte-americanos que se reuniram recentemente na Universidade de Nova York (NYU, na sigla em inglês) para um debate sobre o futuro do ensino superior. Entre os painelistas do encontro estava o presidente da NYU John Sexton, o professor da Escola de Negócios de Harvard, Clayton Cristensen, e Zach Sims, CEO da Codecademy, plataforma gratuita focada no ensino de programação. Todos receberam a mesma missão: levantar seus pontos de vista a respeito do impacto da tecnologia, especialmente do aprendizado on-line, sobre o ensino tradicional. Pela diversidade de formação dos palestrantes, as previsões não poderiam ser mais plurais. No entanto, em um ponto, todos os participantes estão de acordo, conforme ressaltou até mesmo o mais conservador do time, o presidente da NYU. “Vivenciamos um momento de radical reestruturação do ensino superior. O status quo não é mais uma opção”, diz Sexton. Confira as principais apostas levantadas pelo portal Inc.:



O desempenho das escolas    (O Estado de S.Paulo – Opinião – 28/11/13)

Ao divulgar os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012, o governo destacou o desempenho das escolas públicas federais, cujos alunos obtiveram média de 584,23 pontos, enquanto os estudantes das escolas privadas obtiveram uma média inferior, com 577,39 pontos. As médias levam em conta as notas de redação e de cada uma das quatro competências do exame – linguagem e códigos, matemática, ciências humanas e ciências da natureza. Na prova de redação, os estudantes das escolas federais obtiveram média de 613,07 pontos, enquanto os alunos das escolas particulares registraram uma média de 533,48 pontos. A forma como os resultados do Enem de 2012 foram divulgados pelo governo passou a ideia de que toda a rede pública de ensino médio teria superado a rede privada, em matéria de qualidade e desempenho escolar. Essa ideia, contudo, é enganosa. As escolas federais apresentaram um bom desempenho, é verdade. No entanto, elas atendem menos de 3% do total de 683 mil estudantes da amostra analisada pelas autoridades educacionais. E, mesmo assim, as escolas federais cujos alunos tiveram bom desempenho no Enem são ligadas a instituições militares e a universidades e unidades de ponta do ensino técnico mantidas pela União. Nos colégios militares, nas escolas de aplicação e no ensino técnico federal, o processo de ingresso de estudantes é tão disputado quanto o das melhores faculdades do País.  Além disso, o balanço do Enem de 2012 divulgado pelo Ministério da Educação foi elaborado com base numa amostra de aproximadamente 11,2 mil escolas públicas e privadas.



Passo a passo    (Folha de S.Paulo – Opinião – 28/11/13)

Com a aprovação no Congresso e a sanção da lei pela presidenta Dilma Rousseff, o programa Mais Médicos cumpre mais uma etapa. Foram quatro meses de debates, nos quais a participação de estrangeiros, as novas regras para abertura de vagas e mudanças no currículo das faculdades de medicina enfrentaram resistência de entidades. Mas, em nenhum momento, faltou a convicção do Ministério da Saúde de que o programa representa um passo para uma profunda mudança na saúde do país. Essa convicção me acompanha desde os tempos da Faculdade de Medicina da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), quando criamos a Comissão Interinstitucional de Avaliação de Ensino Médico. O objetivo era romper a estrutura que fazia com que os estudantes utilizassem os pacientes do SUS como ferramentas de aprendizado para depois aplicar o conhecimento em consultórios privados. Nosso lema era: chega de aprender com os pobres para depois só tratar dos ricos. A convicção cresceu quando assumi a coordenação de um núcleo de medicina tropical da USP no interior do Pará. Trabalhando com os índios zoé, percebi que, mesmo com a barreira da língua e com falta de infraestrutura, um médico faz diferença. Na época, a tribo corria o risco de ser dizimada pela pneumonia e malária. Com a ação do núcleo, ambas as doenças foram controladas dentro da tribo. Uma década depois, já no Ministério da Saúde, iniciamos as ações para levar médicos para onde não os havia. Começamos com o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica, em 2011, que levou 355 médicos para o interior do país. No ano seguinte, 8.000 médicos se inscreveram, mas muitos não iniciaram o trabalho. A demanda era de 10 mil médicos. Na ponta mesmo, chegaram cerca de 3.500. A partir dessa demanda de prefeitos de todos os partidos, o programa Mais Médicos foi idealizado. Estudamos o que países como Canadá, Portugal e Austrália faziam para atrair profissionais para lugares remotos. Foi então que decidimos continuar priorizando os brasileiros, mas abrindo oportunidades a estrangeiros também. O Mais Médicos está ainda no começo, mas os números dão a sua dimensão. Já são 3.676 profissionais que beneficiam, juntos, praticamente 13 milhões de brasileiros –mais do que toda a população da cidade de São Paulo. Em dezembro, chegaremos a 6.600. No primeiro mês do programa, foram realizadas cerca de 320 mil consultas, o que fez com que aumentasse também o acesso a medicamentos do Farmácia Popular. No período, 13,8 mil pacientes retiraram medicamentos das farmácias populares com receitas emitidas por médicos do programa. Com um atendimento básico de qualidade, será possível resolver mais de 80% dos problemas de saúde, diminuindo as filas de hospitais. A nossa aposta é no atendimento, mas também na infraestrutura. Do total de prefeituras atendidas na primeira etapa do programa, 97% recebem dinheiro federal para melhorar unidades. A presença do médico certamente acelerará esse processo. Para além dos resultados, o Mais Médicos vem ajudando a vencer alguns tabus: que não faltavam médicos no país; que não existiam barreiras à atuação de estrangeiros; que não era necessária a universalização de vagas de residência médica e a presença de estudantes de medicina na atenção básica. Hoje, o país já se deu conta de que a escassez de médicos é um dos nossos grandes problemas de saúde. Essa dificuldade está acima de divergências partidárias. Por isso, prefeitos, inclusive da oposição, inscreveram-se no programa. A única ideologia que existe no Mais Médicos é levar médicos para onde faltam médicos. São bem-vindas as ações estaduais e municipais para levar mais profissionais para a população desassistida. Quanto mais médicos, melhor.

ALEXANDRE PADILHA, 42, médico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é ministro da Saúde