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29/07/2009 / Em: Clipping

 


Negro precisa ser brilhante para se destacar no meio acadêmico, diz antropólogo que motivou política de cotas ( UOL – Educação – 28/07/09)

Em 1998 Arivaldo Lima Alves, estudante do curso de doutorado do Departamento de Antropologia da UnB (Universidade de Brasília), foi reprovado em uma disciplina obrigatória. Em 20 anos daquele programa de pós-graduação foi o primeiro aluno a ser reprovado. Dois anos após a reprovação, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão forçou o departamento a rever a menção e Arivaldo foi aprovado. O episódio, conhecido como “Caso Ari”, estimulou o orientador de Arivaldo, o professor José Jorge de Carvalho, a elaborar no ano seguinte a primeira proposta de cotas, embrião do atual sistema que está sendo questionado no Supremo Tribunal Federal (STF) por ação do partido Democratas. Onze anos após o episódio, Arivaldo, hoje professor adjunto de Antropologia da Universidade Estadual da Bahia, elogia a política de cotas adotada pela Universidade de Brasília (UnB) em entrevista à Agência Brasil.

Para advogada, cor não impede acesso à universidade  (UOL – Educação – 28/07/09)

No dia 20 de julho a advogada Roberta Fragoso Menezes Kaufmann protocolou uma ação de mais de 600 páginas pedindo que o STF (Supremo Tribunal Federal) suspenda imediatamente a política de cotas para estudantes negros e indígenas da UnB (Universidade de Brasília). A ação foi encampada pelo partido Democratas.

Racismo e baixa autoestima levam cotistas a se esconder, diz pesquisadora   (UOL – Educação – 28/07/09)

A pesquisadora da UnB (Universidade de Brasília) Ana Paula Meira afirma que estudantes cotistas, mesmo depois de passar em concorridos vestibulares, ainda se escondem por causa de baixa auto estima e do racismo. “O racismo coloca as pessoas sempre à margem. Você duvida que possa estar fazendo o que é certo, que pode ser bonita e inteligente”, afirma Ana Paula. “É dificílimo achar um cotista, as pessoas se escondem”, descreve a mestranda em Política Pública e Gestão de Educação pela Faculdade de Educação da UnB. Apesar de ter conseguido falar com quase uma centena de alunos, Ana Paula avalia que os cotistas “tem medo dizer” e temem reações que possam causar ao assumir que são cotistas. “Para não se prejudicarem, eles se esquivam”. O comportamento, na avaliação da pesquisadora que deve defender sua dissertação até o fim do ano, guarda relação com a “baixíssima” auto estima dos estudantes e com o racismo.

Criador do sistema de cotas da UnB diz que ação contra a política é “tapetão”  (UOL – Educação – 28/07/09)

Para o professor José Jorge de Carvalho, que junto com a professora Rita Lauro Segatto (ambos do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília) elaborou a proposta de política afirmativa, a ação do Democratas – que pede a suspensão do sistema de cotas na UnB – “é um refrito” do Manifesto dos 113 enviado ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, em 30 de abril do ano passado, e assinado por um “grupo pequeno que tem acesso à mídia”. A ação, segundo ele, apresenta “argumentos frágeis”. O antropólogo afirma que o processo de cotas é um dos mais revolucionários na universidade brasileira. “As universidades funcionaram durante 70 anos, de 1930 ao ano 2000, totalmente segregadas. Há poucos países no mundo que tem um universo tão racista quanto o nosso”, avalia.

UnB envia documento ao Supremo com informações sobre políticas de cotas (UOL – Educação – 28/07/09)

O reitor da UnB (Universidade de Brasília), José Geraldo de Sousa Junior, envia hoje (28) ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, documento em resposta a ofício que solicita informações sobre o sistema de cotas para estudantes negros e indígenas, implementado na instituição em junho de 2003. No último dia 20 de julho, o partido Democratas protocolou uma ação contra a política de cotas. O partido quer que o STF declare a inconstitucionalidade do sistema e, por fim, leve à suspensão da política da UnB e de outras instituições de ensino superior em todo país. A ação é iniciativa da advogada Roberta Fragoso Menezes Kaufmann, que avalia que a provocação ao Supremo é fundamental. “Não é possível que um debate tão importante para o país não esteja sendo realizado pelo tribunal constitucional.” Segundo a advogada, a Justiça tem sido contraditória nos processos sobre políticas afirmativas. “O que vemos hoje são decisões de juízes de 1º grau e de desembargadores de 2º grau, tanto nos tribunais regionais federais quanto nos tribunais de Justiça, decisões discrepantes sobre o assunto. Ao chegar ao Supremo, a questão será pacificada”, acredita.



UnB teme que liminar contra cotas cause insegurança jurídica  (Terra – Educação – 28/07/09)

No final da década de 1980, o então reitor da Universidade de Brasília (UnB) Cristovam Buarque (hoje senador pelo PDT-DF) passeava no campus da universidade com a tradutora de seus livros nos Estados Unidos, Linda Jerome, quando perguntou se ela percebia diferenças entre a UnB e a Universidade de Berkeley (Estados Unidos), onde a tradutora estudou. “Lá tem negros, aqui não vejo negros”, respondeu.  Passados 20 anos daquela cena, o atual reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, acredita que uma visitante de Berkeley não se espantaria mais com a falta de negros universitários. Na sua opinião, a universidade sofreu um “morenamento” a partir da implementação da política de cotas implantada em 2003, que inclusive alterou o “ponto de vista epistemológico” da academia. Segundo o reitor a presença “politicamente transformadora” dos estudantes negros e indígenas ampliou “as formas de interpretação do mundo” na universidade.