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29/10/2008 / Em: Clipping

 


25/10/2008

Foco no professor

RELATÓRIO do Ministério da Educação aponta que a formação precária de professores é crítica nos municípios com os piores indicadores educacionais do país. Para os educadores, esse problema é mais importante do que deficiências de infra-estrutura e de gestão nas cidades com baixo desempenho.
Registre-se, entretanto, que a presença de professores sem qualificação específica, ou com cursos concluídos em área diferente daquela em que lecionam, ocorre também em regiões mais desenvolvidas, como o Estado de São Paulo.
Um novo programa do MEC prevê recursos de até R$ 1 bilhão em 2009 para financiar a graduação e a especialização de professores da educação básica. Parte do dinheiro seria destinada a instituições superiores federais, estaduais e municipais, para custear a abertura de novas vagas. Parte se destinaria ao pagamento de bolsas para que docentes do ensino básico se especializem.
Entre as modalidades em estudo pelo programa federal está o ensino a distância, com a utilização da UAB (Universidade Aberta do Brasil), que articula na esfera federal programas em instituições públicas. Nesse particular, vai ao encontro de outra iniciativa, na esfera paulista. Trata-se da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), que prevê oferecer 6.600 vagas para ampliar a formação de professores em 2009, com o concurso das universidades estaduais.
Bem-vindas, tais iniciativas no entanto não produzirão resultado imediato. Resta esperar que consigam ser financiadas num ambiente menos promissor para as contas públicas. O caráter estratégico desses projetos justifica o corte de verbas em outras áreas, a fim de que possam ser acomodados nos orçamentos.



26/10/2008

A educação do povo, no Brasil, nunca foi um tema fundamental para a constituição da Nação. Como afirmou Darci Ribeiro, havia pouco a se esperar de “uma elite” que foi a última, no Planeta, a abolir a escravidão.

Com a queda dos padrões de qualidade no ensino público, a partir dos anos 70, as elites passaram a se refugiar em escolas particulares. Surgiram as grandes redes de ensino básico (fundamental e médio), organizações empresariais majoritariamente familiares. Em sua formatação empresarial, desenvolve-se a mais notável “anomalia” da história educacional brasileira: o “cursinho pré-vestibular”.

No que diz respeito ao ensino superior, o marco fundamental é a fundação da Universidade de São Paulo, em 1934. A elite paulista, devidamente apeada do poder em 1930 e derrotada na Revolução de 1932, funda uma universidade, buscando na academia européia os parâmetros científicos para o seu desenvolvimento. Derrotada no campo militar, a elite paulista buscou a hegemonia no campo da cultura e da ciência. Tal formato de universidade pública, voltada para a elite política, econômica e social, tratou de se espalhar por todas as instituições públicas de ensino superior. O dinheiro público, como sempre, estava devidamente alocado para os interesses privados das elites proprietárias e de seus filhos.

Na década de 1970, ocorreu uma rápida expansão de instituições privadas de ensino superior, fruto do vácuo de perspectivas de acesso da maioria dos jovens às universidades públicas, que preencheram um pequeno espaço do gigantesco vazio deixado pela elitizada universidade pública.

O quadro formado, que se estendeu até poucos anos atrás, era claro: colégios particulares formando um reduzido número de alunos altamente qualificados para o ingresso nas universidades públicas e um reduzido número de alunos de colégios públicos ingressando em instituições de ensino superior particulares. Não houve mais nefasta simbiose histórica do que aquela que uniu os interesses particulares de empresários privados dos “cursinhos pré-vestibulares” com os interesses corporativos da universidade pública. Claro, a grande massa da população estava excluída do ensino superior.

Vivenciamos, hoje, um processo de crise em instituições de ensino particulares (básico e superior) que passam a ser absorvidas por grandes grupos empresariais caracterizados por modernos modelos de gestão acadêmica e administrativa.

É dentro desse contexto de mudanças e reestruturação, que as massas populares passaram a ter acesso ao ensino superior como meio de formação e ascensão profissional. Claro, tal movimento não ocorre sem contestação dos setores contrariados.

Os mais interessantes argumentos contra tal movimento encontram-se dentro das salas de professores e nas lamúrias de proprietários de instituições em decadência. Um apego central é a preservação da qualidade, percebida como pré-condição para a manutenção da exclusão da maioria. Não interessa a discussão sobre o conceito de qualidade ou também não interessa discutir se é legítimo que os alunos das classes populares estejam alcançando seus propósitos de ascensão social e profissional; importa apenas a manutenção de privilégios históricos, mesmo que isso signifique a continuidade da exclusão das massas.

Outros argumentos beiram o puro preconceito e autoritarismo deslavado: indivíduos das classes populares não precisam freqüentar o ensino superior, pois precisam apenas saber trabalhar; um bom ensino técnico seria suficiente. O ProUni seria, assim, um mal irreparável para a educação e para o ensino superior de qualidade, afinal tais proprietários de escolas nunca tiveram compromisso com a massa de desvalidos da Nação.

O mais impressionante é que tais argumentos são formulados por atores sociais pretensamente “progressistas”, o que demonstra o caráter de conveniência dos discursos. A preocupação é muito mais mesquinha: a universalização do acesso ao ensino superior é o fator primordial para a crise dos cursos pré-vestibulares e de muitas escolas particulares.

Adauto Damásio é mestre em História pela Unicamp, professor do Colégio Anglo Campinas e assessor acadêmico da Anhangüera Educacional.

29/10/2008

Educação é refém da falta de recursos

O elenco de serviços colocados à disposição dos cidadãos tem o pressuposto de oferecer igualdade de condições e oportunidades em todas as faixas sociais, suprindo as necessidades da sociedade em termos de formação educacional, preservação da vida e garantia de direitos individuais e coletivos, tratados nas disposições constitucionais. No Brasil, o Estado tem a função de se atribuir a organização dos poderes, de sua defesa e das instituições, organizar o sistema tributário, regular a atividade econômica, e tratar da ordem social, o que inclui disposição de instrumentos de saúde, educação, cultura, esportes, comunicação, meio ambiente, entre outras preocupações.

A educação formal está entre os mecanismos mais eficientes de se promover o desenvolvimento, aliando o crescimento individual, a prescrição de comportamentos, o cabedal de conhecimento para a promoção social, além de oferecer instrumental para a convivência e o exercício pleno da cidadania. Mesmo assim, a educação está apenas em sétimo lugar entre as prioridades dos brasileiros, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), o que pode ser explicado pela priorização de questões como emprego, segurança, transporte e alimentação, setores sensíveis de uma sociedade plena de carências.

O dilema de oferecer uma educação de qualidade é uma constante na vida de muitas pessoas, que reconhecem a importância de somar créditos educativos na construção de uma carreira e na aspiração de uma ascensão social. Optar entre a escola pública ou particular muitas vezes é questão de dispor de parte considerável do orçamento doméstico, sacrifício de investimentos, em troca de uma base educacional de qualidade que, a rigor, deveria ser oferecida a toda a sociedade pelo governo em igualdade de condições, conforme mostrado no Correio de domingo.

A rede pública de ensino tem pontos de excelência. Campinas tem três escolas estaduais entre as melhores do Estado, segundo a avaliação do sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). Mas a regra mais geral são escolas mal conservadas, com grade curricular que se arrasta na falta de investimentos, de estrutura, material didático adequado e professores motivados. Bons resultados, muitas das vezes, se apresentam a partir de iniciativas e estruturas que se renovam a partir do quadro de professores dedicados, do envolvimento dos pais e das cobranças da clientela.

Do Estado espera-se atenção redobrada com a renovação do quadro do ensino público oficial, para que se tenha de volta o conceito desfrutado no passado de um padrão de qualidade e de alto nível dos professores, que se inverteu em favor das escolas particulares que oferecem um sistema imitável de qualidade e preparação. E que floresçam iniciativas que visem derrubar as barreiras da desigualdade, como o projeto que incentiva a concessão de bolsas universitárias para estudantes carentes a partir de descontos em impostos. O Programa de Inclusão Social pelo Ensino Superior (Procampis), que deveria entrar em vigor no início de 2009, tramita há quatro meses na Câmara de Campinas à espera de aprovação e ao sabor da omissão dos vereadores



29/10/2008

Cresce matrícula de ensino médio no País, aponta censo

Dados apontam um aumento de 400 mil alunos, o que representa quase 7% mais estudantes do que em 2007

AE – Agência Estado

SÃO PAULO – Números preliminares do censo da educação 2008 mostram que o ensino médio voltou a crescer no País, ainda que modestamente. Os dados, que serão publicados nesta quarta-feira, 29, no Diário Oficial, apontam um aumento de 400 mil alunos no ensino médio estadual e municipal, o que representa quase 7% mais estudantes do que em 2007. Já no ensino fundamental, a tendência de queda se mantém, com 1,37 milhão de alunos a menos do que no ano anterior – redução de 4,8%.

Municípios e Estados terão 30 dias para fazer correções – só então o MEC terá os dados definitivos. Já se sabe, por exemplo, que 1,2 mil escolas de São Paulo e 210 de Goiás não conseguiram enviar informações a tempo. Os dados são publicados agora justamente para que as correções possam ser feitas, já que servirão de base para a distribuição dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica.

Os dados preliminares também mostram uma redução na educação infantil, mesmo que de apenas 2,8 mil crianças. De acordo com a diretora, isso provavelmente aconteceu com a introdução do ensino fundamental de 9 anos. A partir desse ano, crianças de seis anos, antes matriculadas no ensino infantil, passaram para o fundamental. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



“Física moderna é tendência na prova da Unicamp”, aponta professor

Gabriela Agustini
Em Campinas

Assuntos de física moderna devem aparecer na prova do vestibular 2009 da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). A dica foi dada no “Encontro com os Professores do Ensino Médio”, promovido pela universidade no início no mês.

O evento reuniu cerca de 500 professores, no campus da Unicamp em Campinas (SP), com o objetivo de entender as provas do vestibular da universidade. Oficinas sobre as matérias foram ministradas por pessoas ligadas ao vestibular, que participam ou participaram de bancas de correção ou elaboração de provas. A pedido da universidade, os nomes não foram divulgados.

Segundo o professor responsável pela oficina de física, a física moderna não integra o conteúdo do ensino médio e por isso é novidade para praticamente todos os alunos. “A idéia em colocar questões desse tipo é medir a capacidade do aluno de pensar diante de um problema novo”, diz.