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30/03/2009 / Em: Clipping

 


N Novo formato do vestibular das federais será conhecido por reitores nesta segunda

Novo formato do vestibular das federais será conhecido por reitores nesta segunda  (UOL – Educação – 27/03/09)

A proposta de substituição do vestibular das universidades federais será entregue à Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) na próxima segunda-feira (30). O documento será analisado pela entidade, que reune os 55 reitores das universidades. Os reitores já receberam informações preliminares sobre as mudanças. O objetivo da medida é que a prova, nos moldes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), seja aplicada num único dia em todo o território nacional, atendendo todas as instituições de ensino superior que aderirem ao novo vestibular. A iniciativa quer que a prova ajude a reorganizar o currículo do ensino médio, permitindo maior mobilidade de estudantes entre as universidades e que o benefício seja estendido a instituições públicas e privadas, mediante adesão. O novo exame deve exigir dos candidatos mais análise e raciocínio, ao contrário da memorização exigida no modelo de vestibular aplicado hoje. A ideia é que o novo modelo de prova combine a abrangência de conteúdos clássicos com o modelo de questões do Enem, que privilegia a análise.



Veja as possíveis mudanças no vestibular Fuvest 2010  (IG – Último Segundo – 28/03/09)

O projeto de mudanças no processo seletivo da Universidade de São Paulo (USP) ainda está no papel e aguarda a aprovação final. Segundo a universidade, em fevereiro as alterações foram apresentadas por uma comissão que analisou o projeto no Conselho de Graduação. A expectativa é que o documento seja aprovado até maio.

Formato atual

  • 1ª Fase:

Elimina e rende pontos para a classificação final dos candidatos

  • 2ª Fase:

Apenas as disciplinas específicas do curso escolhido são avaliadas. O candidato faz até quatro exames e todos realizam a prova de português no 1º dia.

Possíveis alterações

  • 1ª Fase:

“O mais generalista possível”, diz o projeto. Quem não atinge a nota de corte é eliminado e o desempenho do candidato não conta para a segunda etapa.

  • 2ª Fase:

Restrita a três dias e o primeiro não sofreria alteração – o candidato responde a 10 questões de Português e elabora a Redação. Já no segundo, o candidato realizaria uma prova com 18 questões de biologia, matemática, química, física, geografia, história – seis interdisciplinares (questões que avaliam mais de uma disciplina). No último dia, o candidato faria a prova específica com dez questões, cinco perguntas de duas disciplinas do curso escolhido.

  • Habilidades Específicas:

Seriam realizadas após o 3º dia de exame, considerada uma 4º prova da segunda fase.



MEC propõe nesta segunda trocar vestibular de federais por novo Enem  (Globo.Com – G1 Vestibular – 29/03/09)

O Ministério da Educação apresenta nesta segunda-feira (30) proposta a reitores de universidades federais para substituição do tradicional vestibular por um novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A ideia é unificar o acesso às vagas em 55 universidades federais, mas as particulares também poderia aderir ao sistema.  A intenção, de acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, é selecionar que está mais bem preparado. “Os vestibulares da maneira como são feitos hoje mais desorientam do que orientam em função da ênfase, sobretudo, na memorização e na informação e pouca ênfase na formação e na capacidade analítica dos estudantes”, disse.  O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Amaro Lins, destacou que para a mudança vigorar, os reitores precisam aderir. “É importante frisar que as universidades federais têm plena autonomia. Então, elas não são obrigadas a participar do sistema”, disse.  Pela proposta do governo, a mudança seria colocada em prática a partir do ano que vem. O reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mauro Mendes Braga, afirma que a alteração pode exigir mais tempo. “A UFMG não estaria pronta para iniciar um processo como este no ano de 2010, é impossível.”



A racionalidade da unificação   (Folha de S.Paulo – Tendências/Debates – 28/03/09)

AS PRINCIPAIS universidades requeriam que seus futuros alunos passassem por um exame de seleção. Por demanda de seus dirigentes e devido à dificuldade dos estudantes para se preparar para diferentes provas, criou-se uma comissão para realizar um único exame de admissão. Esse fato ocorreu nos EUA, no ano de 1900, quando surgiu o College Entrance Examination Board.  Hoje, praticamente todos os países desenvolvidos têm um exame nacional que serve para as universidades realizarem a seleção de alunos. A prática de exames de admissão descentralizados é peculiaridade brasileira. Exames descentralizados são ineficientes por limitar o número de instituições a que um estudante pode concorrer. Hoje é difícil pleitear uma vaga numa universidade distante. Na presença de um exame centralizado, o estudante poderia realizar a prova em sua cidade e se candidatar para qualquer universidade do país. Mas a dificuldade logística para os estudantes não é o único inconveniente dos vestibulares.  O objetivo das boas universidades é selecionar os candidatos mais promissores. Assim, elas precisam encontrar indicadores que as auxiliem na tarefa de prever o desempenho acadêmico dos candidatos. Os exames de seleção têm essa função, mas acabam por interferir no currículo do ensino médio. É muito difícil para dirigentes educacionais adotar um currículo que, embora considerem o mais apropriado, reduza a probabilidade de seus estudantes de ingressar numa boa universidade.  No Brasil, os vestibulares convergiram para um formato padrão: baseiam-se no acúmulo de conteúdos, exigindo dos estudantes um conhecimento enciclopédico e com ênfase exagerada na memorização. As escolas acabam por se preocupar mais em cobrir os conteúdos exigidos pelos vestibulares do que em aprofundar e consolidar os conhecimentos e habilidades mais fundamentais. O resultado é tornar a escola desinteressante para muitos estudantes. Como os vestibulares chegaram a esse formato não é fácil explicar, mas, uma vez nele, pode ser difícil sair. Elaboradores dos vestibulares têm pouco incentivo para alterá-los de forma isolada. Se os estudantes se preparam para um tipo de prova, a universidade que adota outro tipo pode perder candidatos. Isso ajuda a explicar por que os vestibulares não mudam, apesar de as críticas serem generalizadas. A proposta do MEC é a de haver um exame nacional para seleção de candidatos às universidades. O Enem já cumpre, ao menos em parte, essa finalidade. Ele é usado por diversas instituições de ensino superior como critério de seleção, parcial ou exclusivo, e é obrigatório para se inscrever no ProUni (Programa Universidade para Todos).
O Enem possui a vantagem de não exigir excesso de memorização e se concentrar em aspectos fundamentais, como a construção de argumentações consistentes e solução de problemas. Mas, ainda que busque aferir habilidades importantes, o Enem acaba por se relacionar menos diretamente com o saber escolar. O desempenho dos participantes nesse tipo de prova dificulta discriminar bons alunos de alunos excelentes, o que pode ser necessário para a seleção nos cursos de alta demanda. Tal característica faz com que muitas universidades resistam a utilizar o Enem como critério exclusivo de seleção. Por não abordar conteúdos de disciplinas específicas, o Enem também falha em organizar o currículo do ensino médio. A proposta é modificar o Enem para incluir mais conteúdo escolar e possibilitar a separação de alunos com diversos níveis de proficiência. O exame seria algo entre o atual Enem e os vestibulares, a exemplo do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), mas com questões que permitam discriminar bons estudantes de estudantes ainda mais preparados. Isso ajudaria a orientar o currículo do ensino médio e possibilitaria um critério mais racional de seleção de candidatos para as universidades. A ideia, ainda, é caminhar para um sistema de seleção mais parecido com o do resto do mundo. Nesse caso específico, nossa peculiaridade se aproxima de uma anomalia.

REYNALDO FERNANDES, professor titular do Departamento de Economia da USP em Ribeirão Preto, é presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação.

Vestibular como anomalia?   (Folha de S.Paulo – Tendências/Debates – 28/03/09)

O CONSENSO sobre a educação pública básica, oferecida para a maior parte da população de nosso país, é que ela está longe de ter a qualidade que deveria ter. Enquanto isso, o ensino superior público vai em sentido oposto e continua atraindo milhares de estudantes, retendo regularmente os mais preparados. Entre esses dois (des)níveis de ensino fica o vestibular.  Centenas de milhares de estudantes, a cada ano, procuram -por meio do vestibular- um lugar entre as melhores vagas oferecidas. Com o poder de recusar, por vezes, mais de 95% dos inscritos e de proporcionar a poucos o privilégio de ter uma educação superior gratuita e de qualidade, os exames vestibulares ficam sob luzes intensas dos veículos de comunicação -sobretudo entre dezembro e março.  Assim, embora não seja propriamente um processo de natureza educacional, o vestibular se torna o mais visível e comentado elemento do sistema de ensino. Por causa disso, muito se fala sobre as características dos vestibulares, algumas reais, outras apenas mitológicas. O problema é que, prejudicando a qualidade dos debates e decisões, em muitos setores as características míticas ainda predominam. Apenas para ficar nos mitos mais comuns sobre o vestibular, temos o seguinte trio. 1) As questões de múltipla opção não selecionam pelo conhecimento, pois podem ser respondidas com dicas e truques ou sorte. 2) O vestibular atual pede conhecimentos desnecessários que praticamente só exigem memorização. Os mitos um e dois levam ao mito três: Escolas de ensino médio e cursinhos, pela influência malévola do vestibular, oferecem, no lugar de conhecimentos, dicas, truques e “decorebas” para seus alunos terem sucesso. Cada um desses mitos não resiste ao confronto com a realidade da seleção realizada pelos grandes vestibulares. Mas são muito bem-sucedidos em reuniões político-acadêmicas que não se embasam em estudos sérios.  Nos vestibulares de medicina da Fuvest, Unicamp, Unifesp, Unesp e UFSCar, que têm praticamente os mesmos 10 mil candidatos, encontramos invariavelmente a coincidência dos aprovados. Certamente isso não se deve aos aprovados terem sido treinados com truques e dicas para cada um desses exames. Eles mostraram, isto sim, firmes conhecimentos básicos em todas essas avaliações a que foram submetidos -tivessem a forma de testes ou de questões analíticas.  O vestibular é uma das instituições de maior credibilidade em nosso país. Ao longo do tempo, milhões de estudantes -e não é força de expressão- têm se submetido a esses exames de seleção sem obter sucesso, mas sem questionar a lisura e a transparência do processo que os eliminou.
O estudante da escola pública de ensino médio nunca questiona o vestibular, alegando ser ele ilícito. Ele reclama é do fato de não ter sido aprovado porque não teve acesso ao conhecimento que deveria ter sido proporcionado a ele. Por isso, mudanças nos vestibulares não devem ser aplaudidas por serem mudanças. É fácil acusar o vestibular de problemas que não são atinentes a ele. É fácil valer-se de mitos de trânsito comum para ver valor em qualquer mudança. Ao contrário do que diz o editorial desta Folha de 23 de março, o vestibular não deve ser visto como anomalia. A má qualidade da educação básica pública, sim. Quanto ao ensino particular, pode-se dizer com certeza que não está sofrendo pressão para atender exigências absurdas ou indevidas do vestibular. O que o vestibular atual passa é a necessidade de uma formação ampla em ciências e humanidades -que não seja apenas blablablá superficial. E sobra, sim, tempo para a escola incluir seus valores.  Quanto a valores, o vestibular tem outro grande mérito: o de passar aos jovens a ideia de que, no Brasil, existem processos seletivos sérios e respeitados. Isso pode não ser grande coisa em países escandinavos. Mas, em nosso país, é algo muito, muitíssimo raro. O vestibular não precisa ser atacado. Precisa ser preservado.

CARLOS EDUARDO BINDI, 61, educador, é diretor do Etapa Ensino e Cultura.

Sem enfeites, o MEC conserta o vestibular   (Folha de S.Paulo – Brasil – 29/03/09)

ELIO GASPARI

A PROPOSTA de reformulação do vestibular preparada pelo MEC pode atolar, vitimada pela Síndrome das Reivindicações Sucessivas. Trata-se de uma doença da burocracia. Nela sempre há alguém dizendo que não se pode fazer A (legalizar lotes urbanos) enquanto não se fizer B (sanear a área) e não se pode fazer B enquanto não se fizer C (corrigir o arruamento). Ao fim, nada se faz. A ideia é reformar o processo seletivo do vestibular transformando um novo modelo de Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, num substituto daquilo que hoje é a primeira fase do processo. Nela são massacrados dois em cada três candidatos. Está embutida na proposta do MEC a vontade de englobar num só exame o que hoje são as duas fases do vestibular. Essa consolidação não excluiria a realização de um exame complementar, a juízo de cada universidade.Para reduzir as desigualdades regionais, a nova nota federal permitiria a um aluno da Bahia que conseguiu boas notas matricular-se em São Paulo. Um baiano de família pobre poderá vir para São Paulo com suas boas notas, diminuindo as desigualdades regionais. E como fica a situação quando um paulista de família rica ocupar a vaga de um baiano que teve nota menor? Aumentam-se as desigualdades regionais. O projeto do MEC ecoa o SAT americano. Ele é um dos muitos elementos que determinam a entrada de um garoto numa boa universidade, mas não tem o peso absoluto das notas do vestibular. Tanto um atleta como um filho de ex-aluno têm mais chances de entrar em Harvard que os outros mortais, mesmo com notas mais baixas no SAT.
A ideia de um exame federal para substituir a primeira fase do vestibular é excelente. Ir além disso é entrar na Síndrome das Reivindicações Sucessivas. Seria mais fácil revolucionar a vida da garotada que passa um ano inteiro sob a ansiedade de um dia de exame. Bastaria fazer com que, algum dia, o novo exame federal fosse aplicado em três ocasiões ao longo do ano. (O SAT é oferecido sete vezes.) O aluno é obrigado a fazer uma só prova, mas, se quiser, faz as outras e manda a melhor nota para a universidade. O primeiro exame será gratuito, mas os demais poderiam ser financiados por taxas cobradas aos candidatos. (Coisa de menos que R$ 100.) A ideia pode ser boa, mas, se for o caso, deve esperar. O essencial é acabar com o massacre da primeira fase.



Vestibular único polemiza opiniões  (Diário de Cuiabá – Educação – 30/03/09)

O Ministério da Educação (MEC) apresenta amanhã aos reitores das 55 universidades federais brasileiras, entre elas a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), uma proposta de unificação dos vestibulares. Sob novo formato, semelhante ao do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o vestibular consistiria numa única prova aplicada em todo o território nacional no mesmo dia, conforme informou preliminarmente o ministro Fernando Haddad. Após discussão nas universidades, se aprovadas, as mudanças devem valer para o ingresso de alunos já em 2010.  À primeira vista, para os pré-vestibulandos, a mobilidade entre instituições é o grande atrativo assegurado pela proposta, tal qual ocorre com o modelo vigente nos Estados Unidos. Desta forma, o estudante poderia, com uma única nota, candidatar-se a vagas em mais de uma universidade. Por outro lado, conforme o Diário apurou, o novo formato do exame gera controvérsias por parte dos profissionais da educação.  Para estudantes como Lucas Salles, de 17 anos e no terceiro ano do Ensino Médio, a proposta convence. “Para mim, pelo menos, a mudança é positiva”. Ele pretende tentar vagas para o Curso de Formação de Oficiais (CFO) em instituições federais como as de Mato Grosso e a de Mato Grosso do Sul. A opinião favorável é perfeitamente previsível. Atualmente, os estudantes pertencentes a famílias com condições financeiras suficientes promovem um verdadeiro turismo na época das provas entre as cidades que abrigam instituições federais, de olho numa vaga para o ensino superior.  Isso não é novidade para ninguém, mas a unificação das datas de provas preocupa parte considerável dos estudantes pré-vestibulandos, como relata o professor de cursinho particular Carlos Roberto Leão. A repercussão da proposta de Haddad em sala de aula já é grande. Esclarecida a proposta, os estudantes se tranqüilizam, diz Leão. A preocupação fica é com os profissionais do Ensino Médio.



Prova padronizada  (Revista Istoé – Comportamento – Última Edição)

Uma prova feita na mesma data, no País inteiro, para todos os cursos, em qualquer instituição de ensino superior. Esta foi a proposta apresentada pelo Ministério da Educação (MEC), na semana passada, para substituir o atual modelo de seleção das universidades. Seria um teste único, um Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em novo formato. Em vez da enorme quantidade de questões que caracterizam os vestibulares, o novo Enem seria formado por uma prova de redação e quatro de múltipla escolha – português, matemática, ciências humanas e ciências naturais. O objetivo do MEC é modificar uma situação maléfica, segundo diversos educadores: o efeito negativo que o vestibular exerce no ensino brasileiro ao privilegiar o aprendizado baseado na memória de dados em detrimento do pensamento crítico. Este é exatamente o ponto forte do Enem. A ideia é manter esse espírito, mas também reforçar a avaliação de conteúdo do exame. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) considerou a proposta bem-vinda. “Hoje o aprendizado nas escolas está voltado para o treinamento para o vestibular”, diz a professora Malvina Tuttman, reitora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), que esteve presente à reunião com o MEC na semana passada. “Se conseguirmos mudar isso, poderemos inverter a lógica do ensino médio, pois o Enem tem um objetivo pedagógico”, diz ela. Na Unirio, hoje, metade dos alunos é selecionada pelo vestibular e metade pelo atual Enem. A proposta também tem críticos. Para o professor Henrique Garcia Sobreira, coordenador do programa de pós-graduação em educação, cultura e comunicação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), é um equívoco pensar que um teste de seleção para as universidades possa ser usado também como parâmetro de avaliação do ensino médio. Para ele, o efeito do novo Enem seria ainda pior do que o do vestibular.