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30/08/2017 / Em: Clipping

 

Encceja tem mais de um milhão e meio de inscritos; provas serão dia 22 de outubro (Agência Nacional – Educação – 30/08/2017)

Mais de um milhão e meio de brasileiros estão inscritos para fazer as provas do Encceja – Exame Nacional para Certificação das Competências de Jovens e Adultos no dia 22 de outubro. Desse total, mais de 300 mil farão os testes para o Ensino Fundamental e mais de um milhão e 200 mil para o médio. O exame é direcionado a jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de concluir estudos em idade própria. A participação é permitida para pessoas com, no mínimo, 15 anos de idade, para quem busca a certificação do ensino fundamental  e 18 anos para o ensino médio. A maioria dos candidatos é do sexo feminino e dar cor parda. O estado de São Paulo foi o que apresentou o maior número de inscritos para obter o certificado do ensino médio. Seguido de Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. No dia do exame, os candidatos terão que responder a quatro provas objetivos com 30 questões cada. Também haverá uma redação. Serão aprovados aqueles que acertarem 50% das questões de múltipla escolha e tirarem cinco pontos ou mais no texto escrito.

 


Filme sobre ensino médio retrata a rotina dos jovens brasileiros (O Globo – Sociedade – 30/08/2017)

Documentário será exibido no evento internacional ‘Educação 360’

“Nunca me sonharam sendo psicólogo, nunca me sonharam sendo professor, nunca me sonharam sendo um médico, não me sonharam. Eles não sonhavam e não me ensinaram a sonhar. Tô aprendendo a sonhar sozinho”. De tão impactante, o depoimento do jovem Felipe Lima, de 18 anos, morador de de Nova Olinda, no sertão cearense, deu nome ao documentário “Nunca me sonharam”. O filme sobre o ensino médio brasileiro será exibido no Educação 360, encontro internacional realizado pelos jornais O GLOBO e “Extra”, com parceria do Sesc, patrocínio de Fundação Telefônica, colégio pH e Fundação Itaú Social, apoio da Unesco e Unicef, e parceria de mídia da TV Globo, do Canal Futura, da revista “Crescer”, da revista “Galileu” e do TechTudo. — O filme mostrou que educação de qualidade é feita por gente engajada, pessoas que são encantadas pela magia do conhecimento. A primeira coisa que a gente precisa pensar é replicar as experiências positivas que são realizadas em situações adversas. Não existe uma regra absoluta. É vontade, força, o capital humano é o principal — analisa o diretor Cacau Rhoden, que participará do debate no Educação 360 no dia 21 ao lado do economista Ricardo Henriques, do Instituto Unibanco, que patrocina o filme.

ANGÚSTIAS DE ADOLESCÊNCIA

O documentário retrata jovens de dez diferentes estados brasileiros, com depoimentos que apresentam as angústias comuns da adolescência. Como o de Jamile Melo, de 17 anos, moradora de Santarém, no Pará: “É difícil ser de menor, ser mulher, ser negra e ser pobre”. Ou o de Ana Luisa Nunes, de 15 anos, que vive em Juazeiro do Norte, no Ceará: “Tem que se esforçar muito para poder ver se consegue alguma coisa”. — Esse é mais que um filme sobre educação. É um filme sobre desigualdades que mostra como a educação fundamental para diminuir essas desigualdades — diz a estudante Thaianne de Souza Santos, que deu depoimento à obra e também participará do debate com o diretor Cacau Rhoden. Para ele, aliás, o principal problema do ensino médio não está necessariamente só na escola, que não é eficiente, mas na falta de políticas públicas para a juventude. — A maioria dos jovens do ensino médio tem seus direitos violentados. A educação é uma porta de entrada para garantir outros direitos. Na escola, a gente se entende como ser humano dentro da sociedade e tem repertório para poder conectar a complexidade da vida — observa. Moradora de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Juliana Queiróz, de 16 anos, expõe no filme alguns reflexos dessa falta de políticas públicas: “Eu já vi muita violência e gente morrendo. Eu cheguei na adolescência vendo amigos meus entrando para esse mundo do tráfico. Esses dias mesmo um amigo meu morreu e ele tinha mal entrado nisso”. O ensino médio tem as maiores taxas de abandono e reprovação no país — é o ponto de ruptura, no qual menos brasileiros aprendem e mais saem da escola. Em 2016, 7,5% dos jovens deixaram as salas de aula. Isso significa que quase 500 mil adolescentes abandonaram a matrícula no país, de acordo com dados do Censo Escolar, do Ministério da Educação. No segundo segmento do ensino médio (do 5º ao 9º ano), essa taxa cai para menos da metade (3,5%). “Teve uma desmotivação minha também. Uma impressão de que o trabalho seria mais prático, mais rápido”, explica, no filme, Francisco Ronildo da Silva, de 18 anos, de Campos Sales, no Ceará. — O ensino médio é uma situação complexa. O aluno olha para o conjunto de informações e não vê nem sentido, nem significado. Isso certamente isso está vinculado de alguma forma com a falta de expectativa de futuro: o esforço não compensa e ele abandona. É preciso trabalhar com os alunos mostrando o quanto a participação no ensino médio pode trazer sentido, significado e gratificação no futuro — analisa o especialista em educação Alvaro Chrispino, que aborda também um problema de gestão: — Tem escolas mal posicionadas geograficamente, escolas em mau estado de conservação, faltando professor, etc. Os educadores que tiverem interesse levar essa discussão para dentro da sala podem montar exibições do “Nunca me sonharam” através do site . Lá, eles conseguem uma cópia gratuita da obra.