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31/08/2017 / Em: Destaques, Notícias, Releases

 

O Grupo de Trabalho (GT) que estuda novas formas de ingresso nos cursos de graduação da Unicamp apresentou no último dia 31 de agosto, em reunião da Câmara Deliberativa do Vestibular, a proposta a ser adotada a partir do Vestibular Unicamp 2019. O GT está recomendando a ampliação das possibilidades de ingresso, de diferentes maneiras. A próxima etapa é a discussão da proposta nas unidades de ensino e pesquisa da Unicamp, para eventuais sugestões e ajustes, e posterior encaminhamento para votação no Conselho Universitário da Unicamp, em novembro. O documento completo está disponível na página eletrônica da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest). Com as alterações sugeridas, o preenchimento das vagas do Vestibular Unicamp 2019 ficará assim:

80% DAS VAGAS VIA VESTIBULAR;

20% DAS VAGAS VIA SISU.

Acesse o documento completo da proposta do GT

Ir para a página Cotas Unicamp

No vestibular, 65% das vagas serão preenchidas pela ampla concorrência e 15% pelas cotas para autodeclarados pretos ou pardos. No SISU, 10% das vagas serão reservadas para autodeclarados pretos ou pardos (sendo 5% para autodeclarados pretos e pardos que cursaram escola pública e 5% para pretos e pardos de qualquer escola) – e 10 %das vagas serão reservadas para candidatos que cursaram o ensino médio em escolas públicas.

Desta maneira, a Unicamp estabelece para o Vestibular 2019 25% de COTAS ÉTNICO-RACIAIS, mas com a meta de ter a representatividade da diversidade étnica da população do Estado de São Paulo.

Já os indígenas serão contemplados por um vestibular próprio, o Vestibular Indígena, mas também poderão participar da seleção pelo SISU nos 5% de escola pública reservada para os autodeclarados pretos e pardos.

O objetivo das mudanças é promover a diversidade acadêmica e diminuir a desigualdade no acesso ao ensino superior. Além das propostas (explicadas abaixo), o GT sugere a criação de uma Secretaria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade, e de consistente política de permanência estudantil e desenvolvimento acadêmico que acompanhe o funcionamento das propostas apresentadas.

PAAIS – Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social

O PAAIS, que prevê pontos extras na nota do vestibular para alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas, vigora desde o Vestibular Unicamp 2005 e será mantido, mas terá sua pontuação e público alterados. A pontuação, adicionada à nota final da primeira e da segunda fase do vestibular, passa a ter a seguinte distribuição: 40 pontos para estudantes que cursaram todo o ensino médio na rede pública; 20 pontos para estudantes que cursaram todo o ensino fundamental II na rede pública. Para aqueles estudantes que fizeram tanto o ensino fundamental II como o ensino médio em escolas públicas, a pontuação será cumulativa, ou seja, serão adicionados 60 pontos às notas das provas. Em relação ao público, o PAAIS deixará de abranger os autodeclarados pretos, pardos e indígenas, que passarão a ser contemplados pelas outras formas de ingresso propostas.

Vagas pelo SISU

O Sistema de Seleção Unificada (SISU) é um processo de admissão para o ensino superior organizado pelo INEP/MEC do qual podem participar os estudantes de todo o país que se submeteram ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) tendo obtido nota na redação diferente de zero. Esse processo acontece duas vezes por ano – em janeiro e em junho. Na Unicamp, a adesão ocorrerá no oferecimento de janeiro, coincidindo com o processo do vestibular e em tempo hábil para as matrículas de ingressantes no primeiro semestre de cada ano letivo. Assim, a Unicamp passará a ofertar 20% das vagas pelo SISU nos cursos em que haja, no mínimo, 10 vagas oferecidas a cada ano de ingresso e que não exijam provas de habilidades específicas. As vagas oferecidas pelo SISU serão distribuídas da seguinte forma: 10% para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escola pública; 5% para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escola pública e que sejam auto-declarados pretos, pardos ou indígenas; 5% para os demais estudantes auto-declarados pretos e pardos. Cada curso da Unicamp poderá, a seu critério, estabelecer pesos diferenciados para as diferentes áreas de conhecimento avaliadas pelo ENEM, além de definir notas mínimas de desepenho dos candidatos no ENEM.

 Adoção de cotas étnico-raciais

A adoção do princípio de cotas étnico-raciais, aprovada pelo Conselho Universitário em 30 de maio de 2017 (Deliberação CONSU-A-08/2017), foi amplamente debatida pela comunidade universitária e expressou o reconhecimento de que a Unicamp deve definir políticas para ampliar a diversidade étnico-racial do seu corpo discente de modo a garantir que os diferentes grupos da sociedade estejam representados entre os estudantes admitidos na instituição, permitindo, assim, acesso a uma formação de qualidade a grupos tradicionalmente excluídos. O objetivo da proposta é, a partir do percentual estabelecido e das demais propostas nas outras modalidades, atingir a meta de representação da população autodeclarada preta e parda no Estado de São Paulo (37,2%, segundo o IBGE).

Todos os candidatos serão classificados em ordem decrescente no vestibular. 15% das vagas totais no vestibular serão disponibilizadas para autodeclarados pretos e pardos que optem pelo ingresso por meio de cotas. Os candidatos autodeclarados pretos e pardos optantes pelo sistema de cotas que tenham obtido nota superior à nota mínima estabelecida pelos cursos, serão classificados e convocados, se houver número de candidatos suficientes, até que se alcance a meta de que o percentual de ingressantes seja similar ao percentual de autodeclarados pretos e pardos do Estado de São Paulo. As reservas de vagas no vestibular (15%) representam o mínimo de participação por curso. Portanto, caso não haja candidatos aptos suficientes para preenchimento dos 15% das vagas reservadas, serão convocados também candidatos optantes por cotas com nota inferior à nota mínima.

OBS.: As vagas não preenchidas nas chamadas do SISU serão transferidas para o vestibular, considerando-se a redistribuição entre optantes e não optantes por cotas. Caso um curso não tenha optantes por cotas aprovados, nas diversas chamadas, a vaga será transferida para a ampla concorrência.

Vestibular indígena

A proposta de criação de um vestibular específico para os povos indígenas é fundamentada a partir de recomendações legais, da implementação de políticas públicas e da mobilização dos estudantes indígenas para o acesso desses grupos ao ensino superior no Brasil. Apesar da inclusão de autodeclarados indígenas estar prevista na Política de Ações Afirmativas da Unicamp desde 2004 (PAAIS), o número médio de ingressantes por ano é baixo (com variação de 7 a 17 estudantes matriculados/ano) e não houve uma política institucional específica para a inclusão e permanência desses estudantes. Assim, a proposta do GT é que sejam reservadas, no mínimo duas vagas, a serem preenchidas após a primeira chamada do vestibular. Ou seja, o curso subtrairá duas vagas das sucessivas listas do vestibular. Na implantação gradativa, até 2021, recomenda-se, após ouvir as unidades de ensino e pesquisa, a oferta de vagas nos seguintes cursos: Medicina, Ciências Biológicas, Farmácia, Enfermagem, Educação Física, Nutrição, Ciências Sociais, Letras, Linguística, Pedagogia, Geografia, História, Filosofia, Administração, Comunicação Social – Midialogia e Engenharia Agrícola. Serão admitidos autodeclarados indígenas que possuam vínculo com sua comunidade como critério de inscrição de indígenas de todas as unidades da federação (residentes em Terras Indígenas, Reservas e/ou cidades). O calendário do vestibular indígena deve ser autônomo em relação ao Vestibular Unicamp. Recomenda-se que o vestibular ocorra de forma descentralizada, em no mínimo três capitais de diferentes regiões do país e que seja elaborado pela Comvest e realizado junto com outras universidades públicas no Estado de São Paulo. Cada vaga disponibilizada para estudante indígena deverá ser acompanhada de bolsas-permanência ofertadas pela Unicamp.

ProFis

O ProFIS é uma experiência original e que significou uma forma alternativa ao vestibular para ingresso na Unicamp. Criado em 2011, o programa oferece 120 vagas para curso sequencial a dois estudantes de cada escola pública de Campinas. São selecionados os dois estudantes cada escola que tenham obtido as melhores notas no ENEM. Após o cumprimento dos créditos no ProFIS (em dois anos), os estudantes fazem suas escolhas para o ingresso nos cursos de graduação, que oferecem, atualmente, entre 1 e 10 vagas para os estudantes do ProFIS. A proposta do GT é ampliação das vagas para os municípios de Limeira e Piracicaba e para a região metropolitana de Campinas. Além disso, sugere-se considerar abertura de vagas pelo SISU para atrair possíveis interessados em um curso de formação geral e que haja expansão de vagas nos cursos de graduação da Unicamp para contemplar as expectativas dos concluintes do ProFIS.

Edital de vagas para olimpíadas de conhecimento

Com o objetivo de atrair estudantes de alto desempenho em áreas de conhecimento específicas, preencher vagas que não tenham sido ocupadas na primeira lista de chamada do Vestibular Unicamp (nos cursos que aderirem a esse formato) e atrair estudantes com bolsas de pesquisa já outorgadas como parte de suas premiações nas olimpíadas, o GT sugere a oferta de vagas extras (até 10% a mais das vagas regulares dos cursos interessados) para estudantes que tenham sido premiados em olimpíadas ou competições científicas de grande reconhecimento pela comundidade acadêmica. Algumas das competições científicas mais conhecidas são a Olimpíada Brasileira de Matemática, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e a Olimpíada Brasileira de Física.

As vagas adicionais serão objeto de oferta pública de um edital anual, com calendário específico e que contemple critérios pré-definidos. A seleção seguirá princípios de isonomia e transparência de critérios quanto aos procedimentos da disputa.