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09/11/2012 / Em: Clipping

 


Vestibular 2013 da Unicamp começa no domingo; consulte locais de prova   (Globo.Com – G1 – Vestibular – 09/11/12)

A Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realiza no domingo (11) a primeira fase do Vestibular 2013 da instituição. No dia 1º de novembro, a comissão disponibilizou os locais de prova para a primeira etapa. A relação dos endereços pode ser consultada pelos candidatos na página na internet da comissão. Neste ano, são 3.444 vagas em 68 cursos da Unicamp e dois cursos da Faculdade pública de Medicina e Enfermagem de São José do Rio Preto (Famerp).



Ensino medíocre  (Folha de S.Paulo – Editorial – 09/11/12)

Em mais um atestado de que o ensino médio brasileiro está em petição de miséria, o cientista social Simon Schwartzman, após analisar dados do Enem, revela que apenas 27,9% dos que fizeram a prova em 2010 obtiveram mais de 450 pontos em todas os testes (as notas máximas variam em torno dos 900). Os 450 pontos, vale assinalar, são o novo limiar definido pelo Ministério da Educação para conferir diploma de nível médio a quem não concluiu essa etapa da educação básica numa escola. Ou seja, quase três quartos dos alunos ficam aquém do mínimo aceitável. As variáveis socioeconômicas, como a escolaridade na família, pesam muito no desempenho. Entre os estudantes cujos pais não têm nenhuma instrução formal, apenas 12,1% alcançaram os 450 pontos. Já entre aqueles cujos genitores cursaram o ensino superior, a taxa vai a 49,6%, e chega à maioria (66,4%) só no caso dos filhos de pais com doutorado. Como observa Schwartzman, para a maioria dos estudantes que fazem o Enem, a prova é “uma ilusão cruel” -seu resultado já se encontra em grande parte predeterminado por suas condições socioeconômicas e pela má qualidade da educação que tiveram até aí. A única maneira de quebrar esse círculo vicioso é oferecer um sistema público de ensino com qualidade suficiente para permitir que o nível de instrução dos ancestrais não signifique uma condenação irrecorrível ao péssimo desempenho. Nessa matéria, os avanços dos últimos anos ficam entre o mínimo e o inexistente. Se é verdade que as avaliações mostram algum ganho nas séries iniciais do ensino fundamental, elas também indicam que a melhora desaparece quando o aluno chega ao nível médio. Infelizmente, no lugar de encarar o problema e procurar resolvê-lo com mais ousadia, autoridades educacionais têm preferido a saída fácil de apelar para cotas raciais e outras pirotecnias populistas, que apenas contribuem para mascarar a questão principal. Pior, os esquemas adotados não vêm sem efeitos colaterais. Um deles é obrigar universidades públicas a criar sistemas de apoio para compensar lacunas na formação dos alunos, uma tarefa para a qual elas não estão preparadas.

Aluno que boicotar exame terá ‘ficha suja’, diz conselho de medicina de SP  (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 09/11/12)

Estudantes de medicina que boicotarem o exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) poderão ficar com a “ficha suja” no conselho. A prova, que passou a ser obrigatória para os alunos do sexto ano, é pioneira no país e acontece no domingo em São Paulo. Sem o certificado de participação, o estudante não obtém o registro profissional no conselho paulista. Lideranças estudantis de três universidades (Unicamp, Unesp e Faculdade de Medicina de Marília) estão recomendando que os alunos boicotem o exame (leia nesta pág.). A orientação é para que marquem, em todas as questões, a alternativa “B”, de boicote. Segundo o Cremesp, o “ato de rebeldia” ficará arquivado no conselho, na pasta do futuro médico. “Esses colegas estão entrando na profissão agora. Será que vão querer começar já cometendo uma infração ética?”, questiona o conselheiro Bráulio Luna Filho e um dos coordenadores do exame, referindo-se à resolução que tornou obrigatório o exame. Ele diz que a adesão ao boicote poderá ter um “impacto negativo” na carreira do futuro médico. “Não pretendemos fazer nenhum uso disso agora. Mas [a prova] vai ficar guardada, se precisar.” Criado em 2005, o exame era optativo até o ano passado. Nos últimos anos, foi sendo esvaziado. Em 2011, apenas 418 alunos (contra 998 de 2005) se inscreveram. A taxa de reprovação foi de 46% -índice médio dos últimos sete anos. “Temos absoluta convicção de que o recém-formado que não consegue acertar 60% da prova não tem condições de sair atendendo as pessoas sem colocar em risco a saúde delas”, afirma Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp. O teste não exige nota mínima para aprovação. O aluno só precisa comparecer no dia da prova e responder a todas as questões. Por força de lei, o Cremesp não pode condicionar o registro à aprovação em um exame. Isso exigiria uma lei federal.

NOVO MODELO

A Abem (Associação Brasileira de Ensino Médico) e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já se posicionaram contrários ao exame do Cremesp. Eles defendem uma avaliação seriada do aluno: no 2º, 4º e 6º anos do curso. À Folha Padilha disse que os ministérios da Saúde e da Educação estão discutindo um novo modelo de avaliação permanente dos estudantes e das escolas médicas. “É preciso avaliar aluno e faculdade. Se não houver evolução, o aluno não pode ser o único penalizado. A faculdade deverá ser proibida de ofertar novo vestibular.” Azevedo Júnior, do Cremesp, afirma que o conselho é favorável que as escolas de medicina avaliem seus alunos permanentemente, mas que haja uma avaliação externa no final do curso, nos moldes das que existem nos EUA e na Inglaterra. “As escolas são ineficientes nas suas avaliações. O ministério e a Abem defendem o exame progressivo, mas não o fazem”, diz Luna Filho. A despeito da polêmica, o exame tem recebido apoio de médicos renomados, como o cardiologista Adib Jatene e o oncologista Drauzio Varella, que também defendem avaliações externas periódicas. Para Jatene, o teste não deve ser encarado como punição, “mas como uma das formas de obrigar a escola a ensinar, e o aluno a aprender”. Drauzio Varella diz que o exame do Cremesp é o primeiro passo para aprimorar a formação dos médicos. Ele apoia avaliações periódicas também para os médicos já formados. “Médicos desatua-lizados colocam em perigo a integridade dos pacientes.” 

Contra

Prova culpa só aluno por falhas, afirma líder  (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 09/11/12)

Aluno do segundo ano de medicina da Unicamp, André Citroni, do Centro Acadêmico Adolfo Lutz, é um dos líderes do boicote.

Folha – Por que o boicote?

André Citroni
– Defendemos uma avaliação continuada, para que os problemas sejam corrigidos ao longo do tempo, e não uma prova só no final do curso. O currículo tem muitas falhas, mas a prova só responsabiliza o aluno. Escola e professores também têm uma grande participação.

Qual é a principal crítica?

A prova só avalia o conhecimento teórico, não o prático, o humanístico. Não dá para dizer que o aluno é bom ou ruim só porque acertou 50%, 60%, 70% das questões. O curso de medicina é prático. A gente defende prova continuada, a cada dois anos.

Por que então vocês não defendem uma reformulação?

A prova não não vai sofrer mudanças, o Cremesp já sinalizou isso.

A favor

É melhor ter isso do que não ter, diz estudante  (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 09/11/12)

Aluno do 6º ano de medicina da USP e ex-presidente do centro acadêmico, Flávio Taniguchi defende o exame do Cremesp, mas critica o seu modelo.

Folha – Por que você defende o exame?

Flávio Taniguchi
– Não é a avaliação ideal. Gostaríamos de uma avaliação continuada e que, no 6º ano, houvesse uma prova prática nos moldes da residência. Um exame teórico é incompleto. Mas é melhor ter isso do que não ter.

O boicote foi discutido?

A gente fez um plebiscito, mas a maioria votou contra. É melhor participar e tentar melhorar a prova do que boicotar.

O Cremesp diz que o boicote é defendido mais pelos alunos do início do curso do que os sextanistas.

Quando eu estava no 3º ano, era contra. Quando estamos na linha de frente do sistema, vemos que é preciso fazer algo para melhorar a qualidade da assistência.