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01/10/2012 / Em: Clipping

 


O que você sabe sobre os conceitos básicos da Sociologia?   (Terra – Vestibular – 30/09/12)

Em 1971, por imposição do governo militar que governava o Brasil de 1964 a 1985, os alunos de ensino médio perderam o direito de aprender sobre sociologia na escola. Trinta e sete anos depois, através de uma lei sancionada pelo vice-presidente da República José Alencar – na época no exercício da presidência -, Marx, Weber e Durkheim encontram seu caminho de volta ao currículo escolar, com o retorno da obrigatoriedade da disciplina.  “O professor de sociologia do ensino médio tem como tarefa tentar desenvolver um aluno com conhecimento voltado para a cidadania”, explica Emerson Ricardo Girardi, professor de Sociologia do colégio FAAB, em São Paulo. De acordo com ele, a disciplina tenta fornecer conhecimento ao estudante para que ele realize intervenções na sociedade, no intuito de formar cidadãos mais críticos.  Girardi afirma que, desde o retorno da obrigatoriedade da matéria, a sociologia tem enfrentado uma dupla realidade: de um lado, a aceitação, e de outro, a resistência. “A resistência parte mais das estruturas escolares do que dos alunos”, diz. 

Pesquisa: jovens estudam humanas, mas o mercado pede exatas   (Terra – Vestibular – 30/09/12)

As profissões das áreas exatas e técnicas estão com a demanda em alta no Brasil, segundo estudo baseado nos Censos de 2000 e 2010 realizado pelo economista Naercio Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e Universidade de São Paulo (USP).  Por outro lado, o aumento da oferta de profissionais acima da demanda do mercado fez com que os salários caíssem entre 2000 e 2010 em profissões não ligadas à área técnica, como Administração, Comunicação e Jornalismo, e Marketing e Publicidade, com quedas de respectivamente 17,8%, 14,1% e 7,4%. No topo da remuneração entre todas as formações universitárias em 2010, estavam profissões como Medicina, graduados em academias militares, Engenharia Civil e Odontologia, com salários mensais médios de respectivamente R$ 6.952, R$ 6.359, R$ 4.855 e R$ 4.854. “Há mais demanda na área de exatas, mas a oferta está crescendo mais rápido na área de humanas”, comenta Menezes.  O detalhadíssimo trabalho leva em conta um amplo conjunto de informações sobre os 10,6 milhões de brasileiros de 18 a 60 anos que detinham diploma universitário em 2010 (e os 5,4 milhões na mesma situação em 2000). O estudo foi feito por encomenda da BRAiN Brasil, uma associação de bancos, BM&F, Federação dos Bancos Brasileiros (Febraban) e outras entidades, que tem como objetivo transformar o Brasil num polo internacional de investimentos e negócios.  A pesquisa partiu de um aparente paradoxo. Apesar de se constatar no Brasil um apagão de mão de obra qualificada, o salário real médio de quem tem o ensino médio completo caiu de R$ 1.378 em 2000 para R$ 1.317 em 2010. Da mesma forma, os diplomados no curso superior viram seu rendimento médio cair de R$ 4.317 em 2000 para R$ 4.060 em 2010. Se o ganho de quem tem o ensino médio ou grau universitário caiu, é um sinal de que a demanda por qualificação recuou – o que aparentemente contradiz a o fenômeno do apagão de mão de obra.  O estudo detalhado de mais de 40 tipos de formação universitária porém, explica a contradição. Na verdade, há algumas profissões de grau universitário extremamente demandadas, nas quais a oferta de mão obra cresceu insuficientemente de 2000 a 2010. “São as profissões que o País está pedindo”, diz Menezes Filho.



Universitários não mostram interesse em carreira docente   (O Estado de S.Paulo – Educação – 28/09/12)

Pesquisa realizada na Faculdade de Educação (FE) da USP mostra que metade dos alunos dos cursos superiores de licenciatura em Física e Matemática não se interessam ou tem dúvidas em se tornarem professores de educação básica. O estudo da pedagoga Luciana França Leme também ouviu alunos de Medicina, que manifestaram interesse pela profissão, mas que não a seguiram devido aos salários e as condições de trabalho. A pesquisadora recomenda que a licenciatura seja mais valorizada nas áreas de física e matemática, e que os alunos de Pedagogia tenham mais oportunidades de vivenciar a experiência de ensinar em sala de aula. Ao todo foram aplicados 512 questionários para ingressantes nos cursos das licenciaturas em Física, Matemática e Pedagogia e do bacharelado em Medicina da USP. As questões verificaram se os estudantes tinham interesse em ser professores da educação básica, que abrange a educação infantil (de zero 5 anos de idade) e os ensinos fundamental (de 6 a 14 anos) e médio (de 15 a 18 anos). “A maior motivação da pesquisa foi a escassez de professores no Brasil, em especial na área de ciências exatas, pois estudos indicam que poucos jovens querem seguir carreira docente”, diz Luciana. A porcentagem de alunos que não pensavam em ser professores ou tinham dúvidas sobre essa opção foi de 52% na licenciatura em Física e 48% na Matemática. “Os estudantes apontaram que entraram nos cursos por interesse em Matemática e Física, pelo fato de a USP ser gratuita e dos recursos que oferece e que poderão ser úteis no mercado de trabalho, sendo que este último argumento poderia ser usado para justificar o ingresso em qualquer outro curso da Universidade”, afima a pegagoga. Na Pedagogia, 30% descartaram seguir o magistério ou estão em dúvida. “O índice é menor porque muitos alunos ingressam nessa carreira pensando em ser professores, além de outras razões, como a possibilidade de trabalhar com crianças”. A questão salarial apareceu como uma das principais razões pensadas para se optar ou não pela profissão. “Normalmente, quem queria entrar no magistério sabia exatamente o valor dos salários pagos aos professores, enquanto os que não tinham interesse estimaram valores fora da realidade, ou muito altos ou muito baixos”, diz a pesquisadora. “A decisão também é influenciada por outros fatores intrinsecos à profissão, como a liberdade para trabalhar, pois boa parte dos alunos alegou que só seria professor se conseguisse ingressar numa escola reconhecida por ter bom trabalho educacional, onde pudesse ter relativa autonomia e ensinar com certa liberdade”.



Engenheiros e capital   (Folha de S.Paulo – Opinião – 30/09/12)

Em artigo publicado nesta Folha em 27/8, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira escreveu sobre a falta de engenheiros no Brasil. Editorial do mesmo jornal em 11/9 voltou a tratar do tema, defendendo a importação de engenheiros para atender à carência de profissionais. É notória a falta de engenheiros na produção industrial, na construção civil e nas obras públicas. A solução a curto prazo pode ser a importação de profissionais, mas precisamos pensar nisso como parte de um projeto amplo de desenvolvimento. Não devemos nos limitar a trazer os “cabeças de obra” (engenheiros, projetistas), mas também aproveitar a situação internacional para atrair capitais externos de risco e tecnologia, formando o tripé: mão de obra, recursos e know-how. Devemos começar a pensar nisso hoje. Não podemos ficar dependentes de mão de obra e tecnologia importadas se quisermos ser uma nação realmente desenvolvida. Precisamos incentivar a formação de profissionais brasileiros nas áreas exatas, para que possam atender às necessidades do processo produtivo e também desenvolver tecnologia e inovação. Esse apagão de engenheiros se deve ao fato de que no Brasil, historicamente, cultivou-se estudar ciências humanas e não exatas. Isso em razão das dificuldades impostas pelas exatas, que requerem muita técnica e estudo, e também da valorização do bacharelismo. Cristalizou-se a ideia de que o estudo de exatas era difícil e enfadonho, o que permeou tanto a cabeça dos estudantes como dos professores, que passaram a “fugir” para as ciências humanas. Por isso, o número de candidatos aos cursos de exatas é proporcionalmente reduzido em relação às oportunidades do mercado de trabalho. A carência de professores habilitados a lecionar exatas nos ensinos básico e fundamental é outro fator. Em razão dessa mentalidade, o sistema de ensino não responde à oferta de emprego como seria esperado, gerando uma defasagem que pode se constituir em gargalo para a execução de projetos de infraestrutura. Para um projeto amplo de desenvolvimento do país, com investimento em capital humano e infraestrutura, existe um caminho: as parcerias público-privadas (PPPs), com associações entre os governos e investidores estrangeiros. As empresas internacionais podem trazer recursos financeiros, tecnologia e pessoal técnico para atuar em obras em parceria com governos. Mas a principal vantagem da PPP é que ela traz investimentos em forma de capital de risco e não de empréstimos. Enquanto o mundo desenvolvido está em crise, o Brasil é um país-continente, que necessita urgentemente atualizar e expandir sua infraestrutura. A PPP é uma oportunidade para a parceria “ganha-ganha”. Ganham as empresas, os governos e o cidadão. Vamos importar capitais, tecnologia e engenheiros com as PPPs e atacar o problema estrutural do ensino das ciências exatas, a fim de que o país possa ser capaz de conduzir seu desenvolvimento. O mundo nos oferece muitas oportunidades no curto prazo, mas o futuro nós precisamos construir a partir de agora. Não há mais tempo a perder.

GUILHERME AFIF DOMINGOS, 69, é vice-governador de São Paulo e preside o Conselho Gestor do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas. Foi secretário do Emprego e Relações do Trabalho de SP (gestão Serra)



“A Cidade e as Serras” aborda o consumismo desenfreado  (Jornal Agora – Dicas – 29/09/12)

Publicado em 1901, “A Cidade e as Serras” faz parte da fase madura de Eça de Queiroz e é sua última obra. O romance realista mostra uma tentativa de conciliação entre a tradição e a justiça social, com críticas aos excessos de uma sociedade pós revolução industrial.”Ele tenta conservar o urbano sem que haja destruição ao meio ambiente. É um tema bem atual”, diz Roberto Juliano, professor de literatura do Cursinho da Poli. Narrado em primeira pessoa por José Fernandes, um personagem secundário, o livro conta as mudanças que ocorrem na visão de mundo do protagonista Jacinto, um fidalgo que vive em Paris na fase da “belle époque”.



O drama de estudantes – e famílias – afetados pelas cotas   (Veja – Educação – 30/09/12)

A família de Monique Silveira, de 15 anos, tem uma renda mensal de 3.000 reais. Graças a uma bolsa de estudos, a jovem cursa o 1º ano do ensino médio em uma escola privada no município de Formiga (MG), onde vive a família. Luciana, mãe de Monique, sempre viu a bolsa como uma chance de a filha escapar da má formação oferecida pelas escolas públicas locais e, assim, chegar a uma universidade federal. Desde o dia 29 de agosto, porém, o otimismo da família cedeu lugar à incerteza. Com a entrada em vigor da lei das cotas, que assegura metade das vagas de federais a egressos de escolas públicas, Monique viu os obstáculos rumo à universidade dobrarem. Como aluna de escola privada, ela só terá direito a disputar a metade das vagas restantes. “Não procurei uma escola particular para minha filha por desfrutar de uma vida confortável: foi a má qualidade da rede pública que me obrigou a buscar uma alternativa”, diz Luciana. “Agora, Monique está sendo punida por isso.” A lei das cotas traz em si uma decisão temerária: estabelece que 120.000 das 240.000 vagas mantidas nas federais não serão mais ocupadas segundo o mérito acadêmico dos candidatos.