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03/11/2009 / Em: Clipping

 


”Vamos ter a Fuvest do MEC” (O Estado de S. Paulo – Vida & – 01/11/2009)

Entrevista: Fernando Haddad: ministro da Educação

IMPRENSA: “A prova não foi realizada, isso é importante dizer, graças ao bom jornalismo que temos no Brasil”

PESADELO: “Às vezes acho que sonhei isso tudo. E o Enem não foi adiado, ocorreu normalmente”

CONTRATAÇÃO: “Se nós mantivermos o modelo, temo que as pessoas possam desconfiar da segurança da prova”

“Às vezes acho que sonhei isso tudo”, diz o ministro da Educação, Fernando Haddad, aparentemente mais magro. “E o Enem não foi adiado.” Há exato um mês, a prova tida como promessa para acabar com os vestibulares no Brasil foi cancelada depois que o Estado avisou o ministério do vazamento dos cadernos de questões.

O desabafo foi feito após entrevista exclusiva em que Haddad fez sua autocrítica sobre o escândalo que atingiu 4,1 milhões de estudantes. Ele lamenta não ter insistido para mudar as regras de contratação da empresa que aplicaria o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Sua ideia agora é eliminar licitações e ter uma entidade no Ministério da Educação para executar o exame todos os anos, a partir de 2010. “Será a Fuvest do MEC”, disse, em referência à fundação que realiza há mais de 30 anos o vestibular da Universidade de São Paulo (USP).

”A autocrítica é por não ter mudado forma de contratar”

Quem é:
Fernando Haddad

É advogado, mestre em Economia e doutor em
Filosofia pela USP, onde é professor

Foi chefe de gabinete de João Sayad na Prefeitura
de São Paulo e assessor no Ministério do Planejamento

Foi secretário no MEC na estão Tarso Genro antes de se tornar ministro da Educação

O ministro Fernando Haddad acredita que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi vazado porque o consórcio contratado por R$ 116 milhões não trabalhou direito. Segundo ele, o preço pedido pelo Connasel para ganhar o negócio foi menor que o esperado, de cerca de R$ 150 milhões. “Onde você economiza? Em remuneração de fiscais, em segurança, em escolta armada. Tudo isso acarreta vulnerabilidade.”

Em entrevista ao Estado, ele ainda diz achar “estranho” o fato de os responsáveis pelo furto da prova terem tentado vendê-la para jornalistas. Mas não fala diretamente em motivação política. Também nega que objetivos da mesma natureza o tenham levado a mudar o Enem em apenas seis meses.