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09/10/2017 / Em: Clipping

 

Com 70% de isentos, Enem conta com verba federal (O Globo – Educação – 09/10/2017)

Gasto do governo com aplicação do exame será menor que em 2016 após troca de consórcio

O aumento na taxa de inscrição, no número de pagantes e a mudança de consórcio para aplicação da prova não foram suficientes para que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não precisasse contar ainda com dinheiro da União. Mas, por outro lado, fez com que o tesouro federal gastasse menos em relação aos últimos anos. A dificuldade por trás desta já complicada equação é que novos fatores surgiram na edição deste ano. O custo estimado para cada candidato que prestará a avaliação nesta edição é de R$ 87,54, sendo que a taxa de inscrição foi de R$ 82. Só neste cálculo simples, o governo federal teria um prejuízo de um pouco mais de R$ 5 para cada um dos mais de 6 milhões de estudantes que realizarão a prova em novembro. No entanto, 70,3% dos inscritos tiveram isenção deste valor, o que faz com que a maior parte do Enem seja custeado com verbas públicas. — Cerca de dois terços do custo do exame são pagos com o tesouro nacional para atender as isenções previstas em lei. Este ano, tivemos percentualmente um aumento de pagantes — afirma Eunice Santos, diretora de Gestão e Planejamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia que aplica o Enem. As isenções são dadas para candidatos que estão concluindo o terceiro ano do ensino médio em escolas públicas ou com bolsa em escola particular e possuem renda menor do que 1,5 salário mínimo per capita. Além disso, pessoas de baixa renda também podem pedir o benefício que teve mudanças nesta edição. Na prova do ano passado, os candidatos nesta categoria só tinham que declarar terem renda inferior a 0,5 salário mínimo per capita (R$ 468,50).

Menos inscritos

Para ser isento este ano, foi necessária a apresentação do Número de Identificação Social (NIS), utilizado para programas sociais do governo. — Ocorreram duas mudanças no Enem que podem ter impactado na arrecadação das inscrições e no seu custo. O primeiro deles é a obrigação da apresentação do NIS. Isso inibe algumas fraudes e é na isenção que o governo federal tem seu maior gasto. O outro ponto foi o aumento da taxa de inscrição, junto com o fim da certificação do ensino médio pelo Enem e a nova regra para os “treineiros”. Isso fez com que o número de candidatos diminuísse — analisa Eduardo Silveira, professor de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV). No ano passado, o exame teve 9,2 milhões de inscrições. Em 2017, são 6,7 milhões confirmadas. A diferença nesta edição, como apontou Silveira, também está na volta do Encceja, como prova exclusiva para fornecer certificação do ensino médio, e a divulgação do resultado individual para menores de 18 anos que não concluíram o segmento só depois de dois meses dos demais. A medida foi para evitar a antecipação da entrada destes estudantes na faculdade caso atingissem pontuação suficiente. Com isso, o crescimento dos pagantes foi de 23% dos inscritos, em 2016, para 29,7% nesta edição. Outro fator que atenuou os custos do governo federal foi a polêmica troca de consórcio para aplicação do exame. Até ano passado, o Cebraspe era responsável junto com a Cesgranrio. Em junho, o Inep anunciou que o consórcio foi trocado por Vunesp e FGV por ter apresentado “condições jurídicas vulneráveis”. O rompimento já trouxe problemas para o exame deste ano. Governo e antigo parceiro disputam 81 mil detectores de metais na Justiça, que o Cebraspe afirma serem de sua propriedade e o Inep, nega. Apesar disso, a autarquia federal garante que a segurança do exame está garantida no mesmo modelo de 2015, com 29 mil equipamentos. O Inep também afirma que todas as outras responsabilidades do consórcio para evitar fraudes foram mantidas aos atuais e que esta área não teve redução de custos. — Todos os insumos relativos à segurança do exame, sob a responsabilidade do consórcio, foram mantidos. Os itens que impactaram positivamente nessa nova composição dos custos foram outros, ocasionando uma pequena diferença em relação aos custos de 2016 — informa Eunice Santos.

Corte de gastos

Com Vunesp, FGV e Cesgranrio, o governo federal elaborou um novo contrato que não teve reajuste da inflação, o que gerou uma economia de R$ 16 milhões. A própria mudança na dinâmica das provas gerou diminuição de gastos. Ao não aplicar o exame no sábado e ter um custo com os sabatistas, a previsão é que não se gaste R$ 1 milhão. Apesar de tantas mudanças nos custos e após ter aumentado a taxa de inscrição de R$ 68 para R$ 82 em um ano, o Inep afirma que somente avaliará uma possível mudança nesse valor ano que vem.

 


 

6 dicas para quem vai estudar em outra cidade (Universia – Notícias – 09/10/2017)

Correr atrás da faculdade dos sonhos implica, muitas vezes, viver em outro lugar. Confira alguns toques importantes de economia e segurança para essa nova etapa

O sonho de cursar uma universidade significa, em alguns casos, mudar de cidade. Nem sempre a faculdade dos sonhos é localizada no mesmo município onde você vive. Ou seja, nesses casos, a transição passa a ser dupla: além de iniciar uma nova etapa nos estudos, é necessário também se acostumar a outra localidade. Se por um lado esse cenário pode ser encarado com otimismo e boas expectativas, por outro, trata-se de um quadro que pode apresentar dificuldades e, se o calouro não estiver preparado, se converter em um primeiro obstáculo na vida acadêmica. Quando se fala em preparo, nesse caso, existem dois pontos a serem observados: tanto o lado psicológico quanto o financeiro da questão. Pensando nisso, selecionamos 6 dicas para quem vaiestudar em outra cidade. Dicas para quem vai estudar em outra cidade:

  1. Fique atento ao mural da faculdade

Mesmo em tempos tão conectados, o bom e velho mural presente em todas as faculdades costuma ter boas oportunidades para sua nova fase de vida. Desde anúncio de vagas, móveis usados até vaga como músico em bandas de rock – todo tipo de interação é válida para se acostumar ao novo ambiente.

  1. Peça ajuda aos veteranos

Os rituais de recepção de calouros são excelentes oportunidades para trocas de informações sobre o dia a dia no campus, na cidade e na vida universitária. Horário do restaurante universitário, bons preços de refeições e mantimentos na cidade, papelarias e livrarias. Enfim, toda troca de conhecimento é válida.

  1. Informe-se sobre a futura cidade

Na era da informação, se você vai estudar em outra cidade,não é nada saudável simplesmente desembarcar em sua nova cidade sem nenhum conhecimento sobre o lugar. Pesquise pontos turísticos, atrações e curiosidades da nova morada. Certamente vai te preparar para os primeiros impactos.

  1. Analise as distâncias

Nem sempre a universidade fica localizada em uma região central. Tente pesquisar se vale a pena morar próximo ao local de estudos – e, consequentemente, ficar mais distante do centro e do agito. Ou o contrário: entender as vias de transporte público e mobilidade, como por exemplo, as bikes.

  1. Faça um test drivenas repúblicas

As decisões sobre moradia vão influenciar sua rotina pelos próximos anos na nova cidade. Sendo assim, é importante não tomar atitudes precipitadas. Nesse caso, existe a opção de morar, mesmo que temporariamente, como “agregado” em alguma república de estudantes já estabelecida. Pode ser o tempo necessário para conhecer a rotina da universidade e, só então, fazer sua escolha.

  1. Mantenha contato com a família

Mesmo em sua nova rotina, não deixe de estabelecer contato com sua família e amigos da cidade natal. Pense, na medida do possível, em um cronograma de visitas e viagens para casa – e não deixe de telefonar e mandar mensagens. Certamente, todos estarão com saudades!

 


 

Como jovens tentam transformar o ensino público sem depender só do governo (Época – Educação – 08/10/2017)

Com a vontade de levar educação de qualidade a todos, jovens enxergam nas ferramentas tecnológicas uma arma poderosa para a transformação

Tábata Amaral, de 23 anos, se abre em sorrisos ao falar sobre transformar a educação no país. “Um dia, quero ocupar um cargo eletivo no Congresso Nacional”, diz. Sua mãe, a recepcionista Maria Renilda, deixou a Bahia para morar em São Paulo e, grávida de três meses de Tábata, conheceu o carioca Olionaldo, cobrador de ônibus, que assumiu as duas como sua família. Na escola, na periferia da Zona Sul da cidade, Tábata sempre se destacou. Despontou na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), que lhe proporcionou uma bolsa de estudos numa escola particular. Coleciona cerca de 40 medalhas em olimpíadas estaduais, nacionais e internacionais, o que a levou a conquistar uma vaga na universidade mais sonhada do mundo: Harvard. Foi aceita lá com bolsa integral em 8 de março de 2012. Quatro dias depois disso, o pai morreu. E a mãe estava desempregada. A situação em casa levou Tábata a desistir de estudar fora para ficar no Brasil e trabalhar.  Ao mesmo tempo, soube que fora aprovada em outras duas universidades também com bolsa integral: Yale e Princeton. Ao saber da decisão de Tábata de desistir das universidades, a direção da escola privada em que ela estudara no ensino médio bancou uma viagem para ela para conhecer essas universidades. “Graças a eles, não desisti”, diz ela. Tábata formou-se em ciências políticas com ênfase em astrofísica em Harvard e voltou ao Brasil para aplicar o que aprendeu. Hoje, lidera duas iniciativas: o Mapa Educação, plataforma que fiscaliza propostas políticas de ensino, e o movimento Acredito, que propõe renovar a política brasileira. “Sempre acreditaram em mim mais que eu. Hoje, tento usar os privilégios que tive para que mais pessoas tenham oportunidade e eu deixe de ser exceção”, diz. Tábata faz parte de uma geração que, ao se indignar com a ineficácia das políticas públicas ou com a ausência delas, não espera que o problema se resolva sozinho. Além de idealizar um futuro, essa juventude coloca a mão na massa para mudar a realidade de acordo com o que já existe. Eles enxergam nas ferramentas tecnológicas – e suas possibilidades de compartilhamento – uma arma poderosa para a transformação. Assim como Tábata, outros jovens acreditam que a educação é a única maneira de erradicar os principais problemas do país. De forma criativa – como a de Caio Dib, que percorreu o país de ônibus para conhecer escolas –, eles rastreiam as questões com as quais querem trabalhar e encontram alternativas com os recursos de que dispõem. Com menos de 30 anos de idade, bem instruídos e bem informados, os jovens das próximas páginas contam por que, no que depender deles, a educação brasileira nunca mais ficará na lanterna dos rankings internacionais.

Ensino para mudar

Uma oportunidade pode modificar o futuro de alguém. Foi o que percebeu Francielle dos Santos, de 24 anos, primeira a conquistar um diploma em sua família. Criada pelos avós em Sertãozinho, no interior de São Paulo, Francielle chamou a atenção dos professores após ganhar uma medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia, na antiga 4ª série (hoje 5º ano). Duas crises fortes de depressão tiraram Francielle da escola, apesar do excelente desempenho da estudante. “Com materiais doados por colegas, eu estudava em casa sozinha”, diz ela. Para tirar o diploma do ensino médio, fez as avaliações do Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) (antigo supletivo). Ao mesmo tempo que fazia essas provas, Francielle prestou vestibular e entrou no curso de matemática aplicada a negócios da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto. O contato que teve com alunos do EJA e com outros calouros na universidade fez com que ela percebesse a enorme defasagem de conhecimento de alunos que vinham de contextos vulneráveis como o dela. No final de 2016, se inscreveu e foi selecionada para integrar a ONG Ensina Brasil – parte da rede global Teach for All (Ensinar para Todos), que mapeia lideranças na área da educação em todo o mundo – e ser professora numa das escolas públicas do programa por dois anos. Francielle leciona em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Ela criou com outros professores o Hortear, para engajar os alunos a cuidar da escola com o cultivo de hortas e, ao mesmo tempo, criar atividades pedagógicas fora da sala. A vivência em aula endossa a crença de Francielle de que a educação muda a perspectiva de futuro: “Um aluno não sabia qual era seu sonho. Ele veio me perguntar se dava para estudar para mexer com carros. Hoje, ele quer ser engenheiro”.

Andanças pelo país

A vontade de Caio Dib, de 26 anos, trabalhar com educação surgiu durante a graduação em comunicação, em São Paulo. Um curso extracurricular sobre educação e tecnologia o fisgou para a área. Escolheu o tema como seu trabalho de conclusão de curso, com foco na investigação de como seria a escola do futuro. De acordo com as conclusões de Caio: a escola do futuro é um espaço para desenvolver habilidades sociais, a autonomia, o protagonismo e a comunicação dos alunos. Ao finalizar seu trabalho de faculdade, Caio percebeu o que queria fazer: ver de perto como são as escolas brasileiras – e entender o que e quanto falta para elas virarem uma escola do futuro. Ele mapeou regiões do Brasil para visitar e, com todas as economias que juntara por anos, fez jus ao nome de seu projeto, que nascia ali: o Caindo no Brasil. Deu início a um mochilão, que durou de março a setembro de 2013. “Jantava cenoura para economizar dinheiro. Visitei 30 escolas. Hoje, já foram mais de 150, em várias partes do Brasil”, diz. Na viagem, descobriu que a escola do futuro já existia. “O que acreditei que aconteceria em cinco anos, era o que já ocorria em muitas escolas”, afirma. Além de se tornar um livro com essas histórias, o Caindo no Brasil virou uma plataforma que reúne boas práticas de ensino no país. Ele criou também o drops, conteúdo que pincela teoria com exemplos de práticas que segue por WhatsApp para quem se cadastra. “É uma pegada mais introdutória, para o professor que quer ideias para aplicar na aula imediatamente.” Sua motivação e inspiração, sem titubear, são os alunos. “É uma galera muito especial, que vai mudar o Brasil.”

Uma chance no pódio

Nascido em São Paulo e criado em Florianópolis, André Servaes, de 22 anos, não teve dificuldade para passar no vestibular de engenharia e no de administração de empresas, ambos em universidades públicas. No processo do vestibular, no entanto, percebeu que alguns colegas não conseguiram ingressar na faculdade. “Todo jovem sonha grande, independentemente de qual seja sua origem. A questão é que a origem ainda é um determinante no Brasil para ele conseguir ou não realizar o sonho de cursar uma boa faculdade”, afirma. Logo no começo da faculdade de administração, o curso que escolheu fazer, André se juntou a outros dois amigos para dar aulas preparatórias para o vestibular e o Enem para a população de baixa renda. “Fizemos um vídeo de 50 segundos pedindo ajuda e, em duas semanas, tínhamos 72 voluntários para dar aulas”, diz ele. Dessa iniciativa surgiu o cursinho pré-­vestibular popular Einstein Floripa, onde universitários dão aulas voluntárias aos vestibulandos. André tinha, então, 18 anos. Hoje, ele dirige uma rede de cursinhos populares, o Brasil Cursinhos, com 13 unidades espalhadas pelo Brasil, tocadas por mais de 900 voluntários universitários que atendem 2.500 alunos. “A entrada para a universidade rompe um ciclo de falta de oportunidades que assola famílias pobres por gerações”, diz André. “Muitos desses jovens viram inspiração para suas comunidades.” Para ele, o programa tem um papel educativo também entre os voluntários. “É um treinamento de liderança e engajamento que levaremos para toda a vida”, diz.

 


Negligência com Educação explica desníveis sociais (Boa Informação – Brasil – 08/10/2017)

Sinônimo de desigualdade social, o Brasil, a partir da redemocratização, em 1985, na prática elegeu por voto direto governos para resolver este contratempo. Os nós a desatar que aguardam qualquer novo mandatário no Planalto são amplos. Há problemas na economia, na infraestrutura e muitos outros. Mas, não existe impasse de que, os desníveis de renda e de padrão de vida numa população gigantesca como a brasileira são o desafio central para governantes e toda a sociedade. Na verdade, um plano responsável, sério de combate à pobreza e, por decorrência, a todas as suas mazelas, é necessariamente multidisciplinar. Envolve investimentos amplos em infraestrutura, como saneamento básico; igualmente no transporte urbano, fator relevante na formação do poder aquisitivo das famílias mais pobres; igualmente política econômica, para que a inflação seja mantida sob controle e a fim de que haja recursos para programas assistenciais de fonte não inflacionária e fiscalmente saudável. Enfim, o combate à pobreza requer um programa de governo, com o envolvimento de muitas áreas. Nestes 32 anos depois do fim da ditadura, desenvolveram-se vários mecanismos para mitigar a pobreza. Antes de mais nada, a inflação foi debelada, a partir de 1994, pelo Plano real, lançado além disso no governo de Itamar Franco e conduzido pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, presidente nos dois mandatos seguintes. O Bolsa Família de Lula se originou em programas de FH, e que foram aprofundados. Avançou-se muito, mas está claro que a principal alavanca propulsora da melhoria da qualidade de vida da população, no sentido mais amplo, a Educação, além disso não recebeu o impulso de que necessita. Reportagem do GLOBO cita estudo do ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Sergei Soares, que revela que o ensino público é além disso mais eficaz para melhorar a renda do que se imaginava. O estudo observa que, em 1995, quem havia cursado a primeira fase do fundamental recebia salários 53% maiores que os analfabetos. Já em 2015, com a escolarização tendo avançado, a distância em relação a quem tinha baixa escolaridade caíra para 19%. O mesmo ocorreu com o ensino médio: o crescimento das matrículas neste nível foi reduzindo as disparidades. O ensino médio, porém, tem sido estreito gargalo para a ampliação da escolarização do brasileiro, dificuldade que igualmente ocorre no ensino superior. No Brasil, segundo um relatório da ONG Oxfam do Brasil, de Rafael Georges, 34,6% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos estão matriculados numa faculdade e apenas 18% deles se formam. Nos países desenvolvidos a taxa dos que se formam é de 36%. E além disso há a decrepitude do chamado ensino profissional. A esperança é que a reforma do ensino médio seja bem implementada. Esses números explicam a diferença de níveis de desenvolvimento. Daí, insiste-se, a melhoria da educação pública básica ser estratégica. O Bolsa Família é relevante, mas avanço estrutural, só com uma população bem instruída.

 


 

Não basta escrever, tem que ser pró-ativo (Folha de Pernambuco – Folha Educa – 08/10/2017)

Sonho para a maioria esmagadora do concorrentes do Enem, nota máxima é possível se observadas as 5 competências

Por seu caráter subjetivo, a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se tornou um dos maiores desafios para os concursandos. Em 2016, apenas 77 concorrentes obtiveram a nota 1.000 nessa avaliação. Ainda assim, professores e alunos defendem que, se observadas e trabalhadas as cinco competências que regem a disciplina – critérios de avaliação pelos corretores -, é possível atingir o conceito máximo. Como competências, entende-se: domínio da escrita formal da língua portuguesa; compreensão do tema e utilização das várias áreas de conhecimento em seu desenvolvimento; saber selecionar, relacionar, organizar e interpretar o conteúdo defendido; estruturação lógica e formal; e proposta de intervenção para o problema abordado. Parece difícil, contudo, todos esses itens são trabalhados ao longo da vida escolar do aluno e ainda mais enfatizado no ensino médio. “A cada ano, as notas caem, os alunos têm dificuldade de chegar a essa nota máxima. É porque o Enem está querendo do aluno um texto que tenha autoria e que consiga realmente dar conta dessas competências”, explica Sandra Lima, professora de produção textual do Colégio Marista São Luís. “O aluno tem que reconhecê-las e ter a capacidade de aplicá-las ao texto. Se não consegue, fragiliza sua nota. Cada competência vale 200 pontos. O estudante tem que fazer uso no texto uma a uma”, alerta. Destaque na disciplina, Ariel Campos, 17 anos, aluna do 3º ano do ensino médio, diz que tem como cuidado principal atender às competências e se familiarizar com o estilo do Enem. “Escrever todo mundo sabe quando chega ao 3º ano. Mas também é preciso se saber mudar uma proposta, problematizar um tema e se posicionar diante da sociedade”, diz. A prática, de acordo com Sandra, faz com que o estudante crie um condicionamento. “Chega um momento em que consegue identificar naturalmente cada competência”, atesta.

Assuntos

Outra angústia frequente para os concursandos é a expectativa sobre o tema. A princípio, parece até uma loteria. Entretanto, como em tudo no Enem, há critérios a serem seguidos. “Atentem para os assuntos atuais”, indica a docente. “Leiam sobre a questão política do País, as questões sociais, sobre os Ministérios que atuam nas áreas sociais. Isso vai ajudar na proposta. Uma coisa é você sugerir para o governo, de forma geral; outra coisa é sugerir aquela questão social para uma pasta ministerial desse governo. Você vai conseguir agregar valor a essa sugestão”, conta. “Sempre pensando nas outras áreas de conhecimento.” Quanto ao desenvolvimento do tema, Ariel cita como o exemplo uma ideia sobre “o esporte como fator transformador da sociedade”. “É um tema que pode cair, por causa das Olimpíadas e porque está muito presente no nosso dia a dia”, fala. “Uma referência literária que pode alavancar, e muito, sua nota é “Harry Potter”, que você cresceu lendo e vendo filme. O que transformou Harry? Ele entrou no time de quadribol, que era o esporte da escola, e fez com que ele se destacasse, adquirisse amizades, fosse para a frente. Foi um transformador na vida dele. É um exemplo diferente, porque acho que poucas pessoas pensariam nisso, mas é a primeira coisa que vem quando penso em esporte”, finaliza.