×
12/04/2013 / Em: Clipping

 


Redações : o Enem em xeque   (Correio Popular – Opinião – 12/04/13)

Causou espécie a notícia de que redações para o Exame Nacional de Ensino Médio Enem, corrigidas por especialistas,ou pelo menos assim deveriam ser, remunerados pelo erário público, com erros ortográficos e inserções nas tais redações de textos aleatórios ao tema proposto foram surpreendentementes bem avaliadas. Cópias de receitas de macarrão ou hino de time de futebol, totalmente descontextualizados, também obtiveram avaliações positivas. O tema solicitado era imigração no Brasil no século XXI. Textos grafados com “trousse”, “enchergar” e “rasoavel”e palavras sem o devido acento ortográfico, obtiveram avaliação positiva. Quem são esses corretores? É algo da maior gravidade, e que não pode ficar no campo das brincadeiras e piadas. O fato precisa ser apurado, com absoluto rigor, as responsabilidades e tamanha falta de profissionalismo requerem esclarecimentos e providências, para que não se comprometa ainda mais a credibilidade desse importante exame nacional, que tem obtido número exponencialmente ampliado de inscrições, mesmo com seus mecanismos de inscrições e de funcionamento abalados por sucessivas falhas em seu sistema de segurança e no zelo de informações cadastrais dos inscritos que, em 2012, foram mais de quatro milhões. Os corretores selecionados pelo Ministério de Educação (MEC) deveriam atentar para cinco competências, cada uma delas valendo 200 pontos. Uma dessas competências seria o domínio da norma padrão da escrita. Outra competência deveria aferir a capacidade do examinado em selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Cada texto, pelo que se divulgou, foi lido por dois revisores. Os professores que atuam no Ensino Médio ficam em situação difícil no esforço de convencer os alunos, diante das falhas divulgadas, no trabalho de preparo e de incentivo para o exame. Com frequência, os alunos apontam as fragilidades do exame e questionam a seriedade das correções. O Enem, que teve início como indicativo avaliador, visando melhoraria do Ensino Médio, e também das etapas que lhe antecedem, vem ganhando dimensões cada vez maiores, como selecionador para o Ensino Superior, público e privado. Tem peso relevante em processos seletivos de diversas universidades federais. Programas como o Programa de Formação Integral Superior (Profis), da Unicamp,seleciona de acordo com o desempenho no exame.No referido programa,por exemplo, os alunos das escolas públicas de Campinas, com a melhor nota no exame em questão, ganham acesso ao Programa. Considerando essa dimensão selecionadora do Enem, é preciso,diante do ocorrido, haver esclarecimentos e providências corretivas, objetivas e transparentes. O trabalho dos professores, sobretudo daqueles que lidam diretamente com produção de textos nos anos finais do Ensino Médio, é árduo. Começa pelo permanente incentivo à leitura, algo bastante desafiador. E a elaboração de um bom texto requer desses professores novas abordagens e reforço de vários aspectos. Questões de fonologia, morfologia, sintaxe, variação linguística, concordância e o uso coloquial da língua são tratadas na buscado domínio da norma padrão na escrita, variedade em que seus textos deverão ser avaliados nos vestibulares e, claro, para o Enem. Técnicas específicas de redação considerando a estrutura do texto, a argumentação que fundamenta a idéia em relação ao tema proposto, coerência no trato do assunto, concisão e coesão textual também fazem parte do conteúdo trabalhado. Há incessante busca dos professores na melhoria desse importante elemento de dimensão inter e multidisciplinar,a produção textual, presente em todas as etapas da formação e do aprimoramento educacional, trabalho que precisa ser respeitado e valorizado.O que não houve, pelas situações divulgadas nas redes sociais e na imprensa, e que ainda repercutem com força entre os alunos. Providências são esperadas, inclusive no tocante ao processo de seleção dos corretores das redações. Sem isso, o Enem estará, uma vez mais, em xeque, num componente de grande relevância, a redação.

Edison Cardoso Lins é mestre em
Educação, professor da rede estadual e
funcionário da Unicamp



Direito, Medicina e Poli querem cotas na USP, mas recusam plano do governo   (O Estado de S.Paulo – Educação – 13/04/13)

As faculdades de Medicina, Direito e a Escola Politécnica – as principais e mais tradicionais unidades da USP – rejeitaram o projeto de cotas proposto pelo governo estadual, batizado de Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Público Paulista (Pimesp). As unidades se posicionaram favoravelmente à adoção de uma política de cotas, que imponha metas a serem alcançadas, mas não como o Pimesp projeta. Medicina, Direito e Engenharia estão entre as unidades com as menores proporções de alunos da rede pública na USP. Porta-voz do Pimesp, Carlos Vogt, da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), admite que o programa precisa de mais reflexão e a adoção pode ser adiada. O governo queria as cotas em vigor já no próximo vestibular. A deia é que, em três anos, 50% das matrículas em cada curso sejam de alunos da escola pública, com reserva de vaga para pretos, pardos e indígenas. Mas a maior discordância da proposta é a criação de um college – curso semipresencial de dois anos pelo qual parte dos cotistas passaria.  Lançado em dezembro, o Pimesp foi feito pelos reitores da USP, Unicamp e Unesp a pedido do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A proposta seguiu para debate nas unidades, antes da definição nos Conselhos Universitários – cabem a eles a decisão final, mas, na USP, o posicionamento dessas unidades pode ser decisivo. Na USP, as unidades têm até quinta-feira para se pronunciar.