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13/11/2017 / Em: Clipping

 

‘Maratona’ não acaba após Enem, e alunos acumulam até 37 h de provas (Folha de S. Paulo – Educação – 13/11/2017)

Depois de redação e quatro provas com um total de 190 questões, enfim o Enem terminou neste domingo (12). A maratona do vestibular, entretanto, ainda envolve horas de exames pela frente. Com o Enem sendo realizado em dois domingos a partir deste ano, vestibulandos que tentam vaga nas principais universidades públicas de SP terão todos os finais de semana do mês de novembro comprometidos com provas. Nesta quarta (15), já tem o vestibular da Unesp. Nos próximos dois domingos (19 e 26), é a vez de Unicamp e Fuvest, respectivamente. Uma sequência que configura para estudantes, além de testes de conhecimentos, uma verdadeira prova de resistência. Para o vestibulando Valdemir de Carvalho dos Santos, 21, a via sacra de processos seletivos vai representar mais de 37 horas de provas. Além dos exames do Enem, USP, Unesp e Unicamp, ele presta os vestibulares da Famema (Faculdade de Medicina de Marília) e Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) -ambas também são públicas estaduais. “Isso gera muita pressão”, diz ele. “Prova é como se fosse uma atividade física, um esporte de competição, em que você está concorrendo com outras pessoas muito preparadas”, complementa. Em busca de uma vaga no concorrido curso de medicina, o estudante, oriundo de escola pública, está no 4º ano de cursinho no Etapa, em SP. “Cada prova exige dedicação diferente, porque são exames com características próprias.” A rotina de estudos tem sido pesada, o que, avalia, funciona como preparo de resistência. Ele mora em São Bernardo. Acorda às 4h30 para ir ao cursinho, na região central da cidade. Só chega em casa depois das 23h. Neste ano, percebeu o quanto estar descansado na véspera pode fazer a diferença. “Nos últimos anos ficava estudando e percebi que isso não dava muito certo, me deixava muito nervoso. Neste ano, investi no descanso. No dia antes da prova, vou ao shopping ou ao parque e, à tarde, fico em casa de boa.” Para o coordenador do Etapa Edmilson Mota, a prioridade agora é o psicológico e o motivacional. Ele explica: “Não vai ter tanto tempo para estudar. E tem que tentar desvincular uma prova da outra”.Correr ou até meditar está entre as atividades da estudante Beatriz Aires Lopes, 18, para aguentar esse período e “liberar o nervosismo”. Além do Enem, ela prestará Unesp, Unicamp e USP. Quer cursar ciências biológicas. “A mente tem que estar relaxada para ter concentração. Acredito que o que era para ter estudado, já foi”, diz ela, que está no 2º ano do cursinho da Poli. Entre uma prova e outra, sua estratégia é focar em algumas revisões, “mas com tranquilidade”. Como vestibular é muito treino, ter estratégias para desligar a cabeça, como praticar esportes ou jogar videogame, é muito importante para ter sucesso, defende o professor Renato Tresolavy, do Ético sistema de ensino. “Esse espaço entre as provas tem que ser mais dedicado a rever pontos importantes, com aqueles temas que escolas e cursinhos já mapeiam que caem mais na prova.” Sofia Fonseca, 17, que vai fazer um vestibular por semana neste mês, diz dedicar seu tempo aos mais desejados. “O Enem não era minha prioridade. Nas próximas semanas, vou prestar FGV e Fuvest.” Se tudo der certo para os estudantes, a maratona continua no início do ano que vem. Os vestibulares da USP, Unicamp e Unesp, por exemplo, têm provas de segunda fase, que vão acontecer em janeiro. “Estou tão focado em passar. Nem penso em férias”, diz Valdemir Santos.

DIA DE ENEM

Neste domingo, os alunos fizeram as provas do Enem de ciências da natureza (com perguntas sobre biologia, química e física) e matemática. Professores de cursinhos avaliam o nível de dificuldade aumentou em relação a anos anteriores. Coordenador do curso Etapa de São Paulo, Marcelo Dias defende que o exame “não é mais só uma prova de interpretação como antes”. O maior desafio deste ano, avalia, foi gerenciar o tempo. Balanço do Inep aponta que, dos 6,7 milhões de inscritos, 32% não compareceram neste domingo. No dia 5, foram 29,8% -dentro da média de 30% de abstenções, segundo o ministro da Educação, Mendonça Filho. No total, 853 candidatos foram eliminados, a grande maioria por descumprir regras, como levar objetos proibidos. Pelo menos 3.500 farão a reaplicação da prova em dezembro, principalmente por causa da falta de energia em locais de prova. Duas operações da Polícia Federal pelo país na última semana resultaram em 59 mandados de busca e apreensão, 42 conduções coercitivas e cinco prisões. Na ação deste domingo, em 13 Estados, foram investigadas fraudes em anos anteriores. Os grupos são suspeitos de passar o gabarito por ponto eletrônico aos alunos.

 CALENDÁRIO

Onde, quando e quanto tempo devem durar os próximos vestibulares

UNESP

15.nov

4h30 de prova

UNICAMP

19.nov

5h de prova

FUVEST

26.nov

5h de prova

FAMEMA

10.dez

5h de prova

FAMERP

11 e 12.dez

4h de prova em cada dia

 


Exame Nacional do Ensino Médio de 2017 foi o mais seguro dos últimos anos, afirma ministro (Jornal Dia a Dia – Cultura e Educação – 13/11/2017)

As mudanças na aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) este ano consolidaram uma edição bem sucedida e marcada por mais tranquilidade e segurança para todos os que participaram. “Este foi o Enem mais seguro dos últimos anos. Todo o planejamento foi seguido à risca e a gente conseguiu alcançar o objetivo de um exame tranquilo, com mais conforto para os estudantes, no qual se premia o mérito e o bom desempenho”, disse o ministro da Educação, Mendonça Filho, em coletiva de imprensa realizada ao final do último dia de provas, ocorrido neste domingo, 12. No evento, o ministro anunciou que aqueles que fizerem a prova do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e obtiverem nota mínima terão gratuidade garantida na inscrição do Enem 2018. Além disso, agradeceu o envolvimento de todas as instituições que participaram do processo, em especial o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação responsável pela aplicação do exame. “MEC e Inep estão de parabéns por este sucesso, bem como todas as instituições que cooperaram para que a gente alcançasse os resultados de hoje. Sucesso absoluto”, enfatizou. A presidente do Inep, Maria Inês Fini, também comemorou a realização das provas dentro deste novo modelo. “As mudanças foram extremamente positivas”, afirmou. Para aplicar as provas para 6,7 milhões de inscritos, o Inep mobilizou 600 mil pessoas em todo o país.

Mudanças – Entre as novidades na edição deste ano, esteve a divisão da prova em dois domingos, ponto reforçado por Mendonça Filho durante a entrevista coletiva. “Pode-se dizer claramente viável essa aplicação. É um legado que fica para além de 2017, com uma grande adesão e simpatia por parte dos estudantes. Algo que se traduz em mais tranquilidade e menos pressão para os estudantes.”

Números – O balanço final do Enem 2017 registrou 4.574.895 candidatos presentes na prova deste domingo, o que corresponde a 68% dos inscritos. No primeiro dia de exame, em 5 de novembro, o total de presentes foi de 4.724.519, totalizando 70,2% de presença. Ao todo, foram feitos 58.576 atendimentos especiais. O número de eliminados nos dois domingos foi de 842 participantes, inferior a outras edições. Foram registradas apenas 158 ocorrências nos dois dias de aplicação, sendo 45 neste domingo e 113 no domingo passado.

Segurança – A parceria entre MEC, Inep e Polícia Federal teve êxito no monitoramento de quadrilhas dedicadas a fraudar concursos públicos e processos seletivos. Neste domingo, foi deflagrada a Operação Passe Fácil, que teve por objetivo coibir fraudes no exame. Foram cumpridos 62 mandados – 31 de busca e apreensão e 31 de conduções coercitivas – nos estados de Pernambuco, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte e São Paulo e no Distrito Federal.

Este ano, o Enem estreou a prova personalizada e o uso de detectores de ponto eletrônico, e teve a maior cobertura de detectores de metal desde que o recurso começou a ser usado: 100 participantes por detector. A coleta de dado biométrico completa o esquema. Desde 2016, o MEC, o Inep e a PF atuam juntos, em um trabalho de inteligência a partir dos dados do Inep, enfraquecendo a atuação de criminosos e garantindo a isonomia entre os participantes.

Reaplicação – Pelo menos 3.581 pessoas farão a reaplicação do Enem, nos dias 12 e 13 de dezembro, quando as provas também serão aplicadas para as pessoas privadas de liberdade. O grau de dificuldade da prova é equivalente. São 3.570 casos de participantes afetados pela interrupção de energia em seus locais de prova no último domingo, 5, em Teresina, Olinda (PE) e Uruaçu (GO). Houve outros 11 casos de decisões judiciais para aplicação em classe hospitalar, e decisões da Comissão de Demandas do Inep para atender participantes que tiveram problemas com identificação ou por não terem solicitado os recursos que necessitavam para fazer a prova.

Áreas – Neste domingo, as áreas de conhecimento avaliadas foram matemática e suas tecnologias, e ciências da natureza e suas tecnologias. Os participantes tiveram 4 horas e 30 minutos para resolver 90 questões objetivas. É a primeira vez que as duas áreas são aplicadas no mesmo dia. A nova divisão organiza a demanda cognitiva do participante de maneira mais inteligente e integrada. Candidatos com direito a tempo adicional e os surdos e deficientes que escolheram o recurso de videoprova traduzida em Língua Brasileira de Sinais (Libras) tiveram uma e duas horas a mais, respectivamente, para encerrar o exame.

 


Com 32% de faltas, Enem 2017 tem a maior abstenção em sete anos (G1 – Educação – 13/11/2017)

Ministro diz que 38% das abstenções são de alunos que tiveram inscrição gratuita no exame. Uma das condições para a isenção da taxa é estar concluindo o 3º ano na rede pública.

O segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 teve 32% de abstenção, a maior desde 2010. Houve uma alta de 3 pontos percentuais em sete anos. Em 2010, o índice de ausentes foi 28,8%. A média histórica é em torno de 30%. O número que foi divulgado no primeiro dia, na revisão, chegamos a 29,8% e historicamente o primeiro dia tem menos abstenção que o segundo dia. Então, [a taxa de abstenção] repete um comportamento mais ou menos padrão de anos anteriores”, explicou o ministro da Educação, Mendonça Filho. Em 2016, a abstenção foi de 31,2%, e no ano anterior, 27,6% (veja todos os índices abaixo). O recorde foi em 2009, com 37,7%, quando a prova foi furtada e precisou ser cancelada e remarcada.

Maioria não paga a taxa

Neste ano, 70% dos inscritos não pagaram a taxa de inscrição, no valor de R$ 82. Eles estavam enquadrados em três grupos que tinham direito à gratuidade: alunos do terceiro ano do ensino médio em escola pública; candidatos inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e candidatos de famílias de baixa renda. Segundo o ministro, Mendonça Filho, entre os ausentes deste ano, 38% não pagaram a taxa de inscrição. Entretanto, as medidas criadas pelo governo para tentar coibir este tipo de problema ainda não surtiram efeito. Desde 2015, o MEC suspende a isenção de quem falta no exame e não apresenta uma justificativa. O candidato que prestar o Enem mais de três vezes sem pagar a taxa também perde o direito à gratuidade na quarta tentativa. Neste ano, o Ministério da Educação também aumentou o rigor para os pedidos de isenção da taxa. Os estudantes que tinha direito à isenção por serem de famílias de baixa renda e que estejam cadastrados em sistemas de benefícios sociais do governo federal precisaram inserir mais documentos de identificação no sistema de inscrição do Enem.

Confira a abstenção do Enem:

2009 – 37,7%

2010 – 28,8%

2011 – 26,4%

2012 – 27,9%

2013 – 29,7%

2014 – 28,9%

2015 – 27,6%

2016 – 31,2%

2017 – 32%

 

Candidatos com pontuação mínima no Encceja terão isenção de taxa para Enem 2018, diz ministro (G1 – Educação – 12/11/2017)

Prova, que será utilizada para fornecer certificado de conclusão do ensino fundamental e do ensino médio, será realizada no próximo dia 19. Anúncio foi feito neste domingo por Mendonça Filho.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, anunciou neste domingo (12) que os candidatos que obtiverem pontuação mínima no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos para residentes no Brasil (Encceja), previsto para o próximo dia 19, terão isenção da taxa de participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018. “Tomamos a decisão de que para o Enem 2018 garantiremos a gratuidade para todos os que fizerem o Encceja e tiverem a pontuação mínima, que será aplicado no próximo dia 19”, afirmou Mendonça Filho. O Encceja serve para a obtenção do certificado do ensino fundamental e médio. Desde 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) era utilizado para conceder os diplomas, mas deixou de ter esta função em 2017. O exame pode fornecer o diploma de ensino fundamental ou ensino médio para pessoas que não se formaram na idade escolar correta. Em 2017, será aplicado para 1.573.862 candidatos. Desses, 301.583 farão provas para o ensino fundamental e 1.272.279, para o ensino médio. A aplicação ocorrerá em 564 municípios do Brasil.

Calendário

Aplicação do Encceja: 19 de novembro

Manhã:

Provas do ensino fundamental: ciências naturais e história e geografia

Provas do ensino médio: ciências da natureza e ciências humanas

Abertura dos portões – 8h

Fechamento dos portões – 8h45

Início das provas – 9h

Término das provas – 13h

Tarde:

Provas do ensino fundamental: língua portuguesa, língua estrangeira moderna, artes, educação física e redação; e matemática

Provas do ensino médio: linguagens e redação; e matemática

Abertura dos portões – 14h30

Fechamento dos portões – 15h15

Início das provas – 15h30

Término das provas – 20h30

Como as provas se estruturam?

São quatro provas objetivas, com 30 questões de múltipla escolha cada, e uma redação.

Ensino fundamental:

Prova I: Ciências naturais

Prova II: História e geografia

Prova III: Língua portuguesa, língua estrangeira moderna, artes, educação física e redação

Prova IV: Matemática

Ensino médio:

Prova I: Ciências da natureza e suas tecnologias

Prova II: Ciências humanas e suas tecnologias

Prova III: Linguagens e códigos e suas tecnologias e redação

Prova IV: Matemática e suas tecnologias

Qual a pontuação mínima para o candidato ser aprovado?

O participante deve atingir, no mínimo, 100 pontos em cada uma das áreas de conhecimento do Encceja. Na redação, a nota é de 0 a 10 – e a média necessária para aprovação é 5.

 


Quem quer ser professor no Brasil? (Veja – Educação – 12/11/2017)

O magistério não atrai os melhores alunos do ensino médio, seja para atuar na educação infantil e no ensino fundamental, seja para lecionar no ensino médio.

Pelo critério de oferta e demanda, o magistério é uma profissão bastante atraente. Os cursos de Pedagogia e Licenciatura matriculam 19% do total de universitários. De todas as profissões, é a que ocupa o 8º lugar, com cerca de 3,5 milhões de pessoas, a maioria das quais trabalhando em escolas públicas. O salário médio por hora trabalhada equivale a 70% do salário médio de outros profissionais de nível superior. Na rede pública municipal do Rio de Janeiro, o salário inicial de um professor é de R$ 5.617,04 por 40 horas de trabalho contratado em sala de aula. Já o salário médio de outros profissionais com ensino superior é de R$ 3.994,40. A aposentadoria – até o momento – requer menos anos de trabalho. A taxa de desistência de professores é extremamente baixa, devido, talvez, à estabilidade. Recentes levantamentos do IDados lançam uma luz adicional à questão. Os cursos de Pedagogia efetivamente atraem muitos candidatos, mas o perfil de alunos atraídos (em sua maioria mulheres, egressos do ensino médio público, mães com baixa escolaridade e renda familiar de até dois salários mínimos) é, em geral, dos que tiram as piores notas no ENEM. Alguns dados: 83% dos alunos de cursos de pedagogia provêm de famílias com renda de até três salários mínimos (contra 38% nos cursos de engenharia); 59% têm mães que estudaram até a 4ª série (contra 17% nas engenharias); 93% são mulheres; 60% estudam em faculdades privadas; e pouco mais da metade estudam em curso à distância. No caso das licenciaturas, ou seja, de professores que se preparam para lecionar a partir do quinto ano, o quadro é ligeiramente diferente, mas não muito. O perfil também é de alunas (58% são mulheres), egressas de escolas públicas (83%), negras (53%), que provêm de famílias com até 3 salários-mínimos (77%) e que têm mães que estudaram até a quarta série (42%). Os dados sugerem que a carreira de magistério não atrai os melhores alunos do ensino médio, seja para atuar na educação infantil e no ensino fundamental, seja para lecionar no ensino médio. As razões para isso são várias, mas a questão do salário e as condições de carreira e trabalho não são as únicas variáveis. As discussões sobre magistério no Brasil se concentram na denúncia de baixos salários e condições de trabalho desfavoráveis, e na crença de que tudo se resolve com currículos e estratégias pedagógicas. A novidade agora é a “residência pedagógica”. A evidência internacional aponta para caminhos diferentes: primeiro, é preciso atrair pessoas qualificadas. Segundo, o currículo da formação universitária é menos relevante do que o fato de o professor dominar a fundo os conteúdos do que vai lecionar. Ou seja, não importa muito o curso ou as matérias que o aluno fez – o importante é o conhecimento profundo do que se vai lecionar. Terceiro, o processo de indução deve ser conduzido por profissionais experientes e em ambientes escolares que funcionam. E o nível de perda nesse estágio probatório é elevado – não é fácil ser professor. No Brasil, o foco da discussão ignora as evidências e, assim, permanece equivocado.