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14/01/2013 / Em: Clipping

 


Para professores, tempo foi ‘insuficiente’ para a resolução de questões ‘densas’   (O Estado de S.Paulo – Educação – 14/01/13)

Luís Ricardo Arruda, coordenador-geral do Anglo, pontua que os 240 minutos que os candidatos tiveram para resolver as 24 questões foram insuficientes. Em cada uma das questões havia dois itens e, com isso, o aluno tinha, em média, 5 minutos para resolver cada um deles. “Acho muito difícil que os alunos tenham feito a prova completa”, afirma. “Mas vestibular é uma competição, não é? Então se sairão melhor aqueles que tiverem conseguido resolver mais questões”, diz. O professor de português do Objetivo Nelson Dutra concorda com Arruda. “Algumas questões são densas a ponto do espaço destinado a suas resoluções serem insuficientes para respostas completas”, diz. O professor cita como exemplo a questão de número 11, que levanta questionamentos sobre Memórias de um Sargento de Milícias. “Para responder de modo completo, neste caso, o aluno deveria fazer três dissertações pequenas explicitando características do romantismo brasileiro, dos personagens e do enredo do livro”, diz. Na sua opinião, a densidade das questões deve ter refletido, diretamente, na administração do tempo para a resolução das questões. “Acredito que os vestibulandos tenham se sentido sufocados pelo tempo”, diz. Apesar do problema apontado, Dutra definiu a avaliação como uma prova exemplar no que diz respeito à cobrança de conteúdos de língua portuguesa. “É um exame que exige que os alunos saibam ler o mundo e ler também criticamente os livros”, afirma. O coordenador pedagógico do Etapa, Marcelo Dias Carvalho, discorda da afirmação de que o tempo foi insuficiente para a resolução das questões.


Vestibular da Unicamp tem humanas, artes e inglês nesta segunda-feira  (Globo.Com – G1 Vestibular – 14/01/13)

Depois das provas de língua portuguesa e matemática no domingo (13), os convocados para a segunda fase do vestibular da Unicamp fazem nesta segunda-feira (14) as provas de ciências humanas e artes e língua inglesa. As provas começam logo depois do fechamento dos portões, às 13h. O tempo de duração dos testes é de 4 horas. No primeiro dia de provas a abstenção foi de 12,2%. Dos 15.352 candidatos convocados 1.874 não compareceram, de acordo com a Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest). Em 2012, a abstenção foi de 10,7%. Em Campinas a abstenção foi de 9,1% e em São Paulo, 13,1%.Os candidatos concorrem a 3.444 vagas em 68 cursos da Unicamp e dois cursos da Faculdade Pública de Medicina de São José do Rio Preto (SP).O resultado do vestibular será divulgado no dia 4 de fevereiro.

 

Matemática foi difícil e português, fácil’, dizem candidatos da Unicamp   (Globo.Com – G1 Vestibular – 13/01/13)

Os primeiros estudantes a deixar a prova da segunda fase da Unicamp neste domingo (13) tiveram consenso sobre a impressão do exame. Para os candidatos, a prova de matemática foi a grande vilã do primeiro dia de avaliação. Alguns dos estudantes acharam, em contrapartida, português fácil. O exame do primeiro dia terminou às 17h. Na área de exatas, os estudantes foram cobrados por conhecimento sobre geometria, progressão aritmética e geométrica , e algumas questões abordaram matrizes. Em língua portuguesa, a universidade apostou em muitas questões com poesia, de acordo com os estudantes. O primeiro grupo a deixar a prova no principal local de prova de Campinas, a Unip no bairro Swift, saiu da sala por volta das 15h30. A maioria deixou pelo menos uma questão sem resposta. O treineiro Lucas Toledo, de 16 anos, é um dos que deixou questões em branco. “Deixei um monte de coisas sem responder. Mas português a prova estava muito lírica, e foi mais fácil”, disse. O treineiro Guilherme Henrique Duarte é mais um a confessar dificuldades em matemática.Ele deixou várias questões em branco e espera mais sorte no ano que vem. “Só teve uma que eu fiz bem.

 

Primeiro dia da segunda fase da Unicamp tem abstenção de 12,2%  (Globo.Com – G1 Vestibular – 13/01/13)

O primeiro dia da segunda fase do vestibular 2013 da Unicamp teve uma abstenção de 12,2%. Dos 15.352 candidatos convocados 1.874 não compareceram, de acordo com a Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest). Em 2012, a abstenção foi de 10,7%. Em Campinas a abstenção foi de 9,1% e em São Paulo, 13,1%. Os candidatos concorrem a 3.444 vagas em 68 cursos da Unicamp e dois cursos da Faculdade Pública de Medicina de São José do Rio Preto (SP).O resultado do vestibular será divulgado no dia 4 de fevereiro. O coordenador da Comvest, Maurício Kleinke, disse que nenhum incidente havia sido registrado até o início da noite.



Unicamp 2013: 2ª fase exigiu leitura crítica das obras obrigatórias e conhecimentos profundos de matemática   (UOL – Vestibular – 13/01/13)

Para professores ouvidos pelo UOL, a prova de língua portuguesa e literaturas de língua portuguesa e matemática da segunda fase do vestibular 2013 da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), realizada hoje (13), exigiu dos candidatos uma leitura crítica dos livros obrigatórios e conhecimentos “profundos” de matemática. O tempo foi apontado como “inimigo” dos candidatos. “Não dá para fazer a prova de literatura com resuminhos. Ela cobra com profundidade o conteúdo, precisa ter lido e entendido”, disse Luís Ricardo Arruda, coordenador geral do Anglo Vestibulares. O professor de português do Objetivo, Nelson Dutra, destacou que a prova exigia “conhecimentos críticos dos livros” e que “só contar a história não adiantava”. Para ele, algumas questões estavam muito “densas” e o espaço reservado para a resposta era pouco para que o candidato respondesse tudo que foi pedido.  O coordenador pedagógico do Etapa, Marcelo Dias Carvalho, aponta que foram cobrados “sete dos nove livros propostos”. “Teve uma questão que cruzou “Viagens na Minha Terra” com “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e era preciso ter lido para conseguir responder o que era pedido”, afirmou.



Professores comentam prova da Unicamp; veja resolução   (Folha Online – Educação – 13/01/13)

A primeira prova da segunda fase da Unicamp teve nível bom e foi elogiada por professores de cursinhos pré-vestibulares ouvidos pela Folha. A prova foi composta por 24 questões de língua portuguesa, literatura e matemática. Todos concordaram que as questões foram claras e bem elaboradas. O tempo de 4 horas para responder as questões pode ter sido um problema para os candidatos. Na prova de português, a aplicação da gramática em textos com figuras de linguagem foi uma das características marcantes. “Fizeram uma prova de como deve ser o ensino do português, a língua para entender o mundo, relacionando fatos”, observou o professor Nelson Dutra, do curso Objetivo. As questões de literatura tiveram nível alto de dificuldade e exigiram leitura dos títulos indicados. “Elas obrigam que o aluno tenha uma visão crítica das obras, que ele tenha refletido sobre os personagens. Um resuminho não resolve”, observou o coordenador-geral do Anglo, Luís Ricardo Arruda. Como a maioria das questões tiveram mais de um item a ser resolvido, os professores concordaram que o tempo de prova –4 horas, para resolver e redigir as questões, pode ter sido um problema.  

 

Naomar de Almeida Filho
O modelo paulista de cotas universitárias é bom?
sim
Colégios Universitários no Brasil   (Folha de S.Paulo – Opinião – 12/01/13)

Editorial da Folha (29/12/2012) declara que “a ideia [do Colégio Universitário] é a inovação mais promissora da proposta paulista” de cotas nas universidades estaduais. Eunice Durham (“Veja”, 22/12/2012) considera a adoção de um modelo “college” uma “proposta revolucionária para o ensino superior brasileiro”. Essa iniciativa pode ser revolucionária para o contexto paulista, mas não é novidade histórica no mundo nem no Brasil. Nos EUA, “junior colleges” existem desde 1899 e “community colleges” são implantados a partir de 1940. No Québec, desde 1967, “Collèges d’Enseignement Général” são obrigatórios para quem postula vagas em universidades públicas. Na Escandinávia, “högskolen” oferecem o diploma de Educação Geral Superior desde 1970. Essa variante foi incorporada ao Processo de Bolonha, com a denominação de “short cycle degree”. Em todos os casos, com mais um ou dois anos, o aluno se gradua como “bachelor”, pré-requisito para formação profissional em universidades. Alguns países latino-americanos já adotam o modelo. Na Argentina, a lei da educação superior (1995) prevê Colégios Universitários. A Universidad Bolivariana da Venezuela opera uma rede de “Aldeas Universitarias” (sigla Aldeas: Ambientes Locales de Desarrollo Educacional Alternativo Socialista) em 334 municípios. Em Cuba, desde 2005, Sedes Universitarias Municipales (SUM) garantem acesso universal ao primeiro ciclo no sistema universitário. O modelo pedagógico adotado combina modalidades eficientes de educação a distância (apesar da baixa densidade tecnológica) com avaliações presenciais. No Brasil, o conceito de Colégio Universitário, proposto por Anísio Teixeira, valorizou o projeto de Reforma Universitária da UNE, em 1963. Ciclos iniciais de formação geral foram adotados na UnB (1961) e na UFMG (1965), sendo objeto de dura repressão política. Em 2005, a UFABC foi criada tendo exclusivamente o regime de ciclos na área de ciência e tecnologia. Na UFBA, com o Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), abriram-se bacharelados interdisciplinares em todas as áreas de formação. Em 2009, a Universidade Federal do Oeste do Pará adotou o ciclo básico como entrada única, prévio à carreira profissional. Em 2010, a Unicamp iniciou o Profis (Programa de Formação Interdisciplinar Superior), ciclo curto de dois anos destinado aos estudantes da rede pública da região de Campinas, prévio à formação profissional em segundo ciclo e titulação como curso sequencial. A nova Universidade Federal do Sul da Bahia terá entrada única pelos bacharelados interdisciplinares, com 5.000 vagas em Colégios Universitários em 32 municípios. O Conselho Nacional de Educação aprovou em 2011 referenciais curriculares do bacharelado interdisciplinar e similares, equivalente brasileiro ao modelo “college”. Em 2014, serão oferecidas 20 mil vagas em cursos de primeiro ciclo em 18 universidades brasileiras, incluindo algumas de São Paulo. Ao abrir apenas 2.000 vagas em Colégios Universitários, numa oferta total de 31.430 vagas em universidades públicas estaduais, a proposta do governo paulista mostra-se até tímida. Além disso, é segregacionista, ao propor regime de ciclos apenas para pobres, negros e indígenas. Contudo espero que os conselhos universitários da Unicamp, da Unesp e da USP aprovem o modelo proposto e ampliem sua aplicação a todos os cursos e segmentos sociais. Assim, as estaduais paulistas reforçarão o time de universidades brasileiras que já adotam modelos curriculares compatíveis com a vanguarda acadêmica mundial.
NAOMAR DE ALMEIDA FILHO, 60, pesquisador 1-A do CNPq, é coordenador da Comissão de Implantação da Universidade Federal do Sul da Bahia

 

Marcus Orione
O modelo paulista de cotas universitárias é bom?
não
Um projeto elitista e excludente   (Folha de S.Paulo – Opinião – 12/01/13)

Fernando Henrique Cardoso, recentemente, disse que o PSDB deveria ouvir o povo. O PT, em parte, fez isso -embora limitado pela aliança com setores reacionários. Após o Bolsa Família, lançou um louvável programa de cotas para as universidades federais. Buscando superar o governo federal, o paulista anunciou programa de cotas para as suas impenetráveis, ao povo, universidades estaduais. Segundo a Folha (“Cotidiano”, 21/12/12): “Para atingir a meta de 50% (de vagas destinadas a negros e pobres), o projeto prevê duas ações. A primeira é a criação de curso preparatório semipresencial, de dois anos (…). Ao final do curso, chamado de ‘college’, o aluno com o equivalente à nota 7 receberá um diploma superior. Quem quiser seguir os estudos poderá entrar nos cursos de graduação, sem vestibular”. De forma elitizada, diz que negros e pobres somente podem fazer o curso desejado se considerados, com um esforço suplementar não requerido dos demais, suficientemente merecedores. Em geral, a elite paulista considera que merecem os provenientes de seu seio: jovens brancos, oriundos dos melhores colégios privados. Certamente que, entre pobres e negros, há pessoas que têm mais méritos. Alijados, em especial na perspectiva racial, não acessam os meios adequados para provar suas qualidades. Na meritocracia, se vista com honestidade, os mais capazes, excluídos face à sua condição econômica ou racial, devem ser contemplados com mecanismos que os coloquem em igualdade na disputa. É a velha máxima de se tratar os desiguais na medida da sua desigualdade como forma de se alcançar a justiça. Isso se dá em qualquer ação afirmativa. O projeto, quando reserva um número de vagas para negros e pobres, vai neste sentido. Já, ao impingir um ônus (mostrar, após um determinado curso específico, que estão aptos), afasta-se do propósito. Reconhece uma diferença, para, de forma discriminatória, estabelecer um empecilho ou conceber um diplomado menos qualificado. Ao excluir, discriminando negativamente, fere a Constituição. O certo seria promover o ingresso e, depois, dar acompanhamento aos que dele necessitarem. Pela fragilidade de sua situação, muitos terão dificuldade de completar o “college” e ainda ficar mais anos para realizar o curso que pretendiam. Vários se tornarão diplomados subqualificados, sem qualquer condição no mercado. Tudo com a possibilidade de que as vagas não preenchidas retornem para os concorrentes gerais -ou seja, como hoje, a inclusão será mais retórica do que fática. O projeto não atende ainda às vozes provenientes das ruas. Após rumores de qual seria o modelo adotado, a sociedade civil organizada se posicionou contrariamente por meio de manifesto da Frente Pró-Cotas de São Paulo. O documento, disponível na internet, foi apresentado ao governo estadual, sendo que conta com a assinatura de mais de cem entidades e de vários professores das universidades estaduais paulistas, dentre outros. Ali se encontram a insatisfação com a proposta e a solução do problema, indicadas pelos movimentos e atores sociais. É interessante constatar, por fim, que se fere a autonomia universitária. Ao anunciar pela imprensa modelo já acabado, o governo conta que certamente será aprovado pelas instâncias universitárias. Admitida tal premissa, percebe-se a fragilidade dessa autonomia, já que submetida à vontade do Executivo. Dando as costas, sobretudo, ao povo de São Paulo, o governo paulista manteve a proposta nos moldes elitistas em que foi inicialmente anunciada. Não deu ouvidos ao povo, concebendo arremedo, inconstitucional, de inclusão social.
MARCUS ORIONE, 48, doutor e livre-docente, é professor do Departamento de Direito do Trabalho e da Seguridade Social da Faculdade de Direito da USP