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14/06/2013 / Em: Clipping

 


Engenharia naval ganha espaço   (Correio Popular – Cenário XXI – 14/06/13)

Depois de ficar toda a década de 90 estagnada, a engenharia naval ressurgiu em meados dos anos 2000 com a promessa de exploração de petróleo e gás em águas profundas do Litoral brasileiro. Hoje, há falta de profissionais. O bacharel na área é disputado tanto por companhias que desenvolvem projetos, quanto por empresas de logística e de exploração de petróleo. Para atrair os engenheiros, são oferecidos salários iniciais de R$ 7 mil, além de benefícios generosos. Durante muitos anos, apenas a Universidade de São Paulo(USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) formaram engenheiros para atuar na área. Com a demanda crescente, o governo criou cursos públicos em Belém (PA) e Recife (PE), mas a indústria ainda precisa importar mão de obra de outros países. Por isso, a profissão foi apontada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) como uma das que vão estar em alta até o final da década. O engenheiro naval cuida do projeto, da construção e da manutenção de embarcações e seus equipamentos. Para projetara estrutura dos navios, precisa considerar o uso dos barcos, a quantidade de passageiros ou carga a ser transportada, a distância a ser percorrida e o local de operação —rio, lagos, mares ou oceanos. Pode ainda planejaras etapas do comércio fluvial e marítimo e conceber e aplicar novas tecnologias na operação de sistemas flutuantes. O curso de engenharia naval da USP foca também a parte oceânica, como plataformas marítima se sistemas de transmissão de petróleo. Segundo o professor André Luis Fujarra, o aluno formado pela universidade precisa ter base nas engenharias elétrica, mecânica e mecatrônica. “Ele acaba tendo uma visão bastante ampla e sistêmica de todas as operações dentro do navio. É um dos engenheiros mais completos”, disse.Por isso, muitos formados são requisitados por empresas de outras áreas, como aeronáutica e logística, segundou Fujarra.“Depois da Petrobras, a companhia que mais emprega ex-alunos de engenharia naval da USP é a Embraer”, disse o professor.Cerca de 40% dos alunos da universidade deixam a área naval de lado e acabam trabalhando somente com o planejamento e escoamento de insumos.A alta demanda por profissionais dificulta a manutenção de alunos em cursos de pós-graduação e programas de mestrado e doutorado. Os estudantes conseguem colocação no mercado antes mesmo de se formar. “O que é uma pena, pois os alunos com mestrado e doutorado são os que conseguem os melhores cargos dentro das empresas. Vale a pena um pouco de paciência para ir mais longe dentro da profissão.”

Laboratório

O Centro de Engenharia Naval e Oceânica, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da USP, é o laboratório mais antigo do País no estudo de novos sistemas de transportes marítimos, equipamentos navais e produção de petróleo. Outra importante linha de trabalho é a instrumentação e monitoramento em escala real de navios e estruturas offshore, como provas de mar,medições de forças e movimentos, extensometria e análise de desempenho de equipamentos navais. Os ensaios incluem ouso de equipamentos de alta precisão, capazes de medir o comportamento dos navios e plataformas em ondas. Os testes duram, em média, dois meses, e incluem a construção do modelo, a preparação e o ensaio em si, com conclusões e recomendações. Um robô que vale cerca de R$ 1 milhão constrói os protótipos em fibra de vidro, madeira ou poliuretano em dois ou três dias.