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16/02/2012 / Em: Clipping

 


518 candidatos passaram ao mesmo tempo na Fuvest, Unicamp e Unesp   (Globo.Com – G1 Vestibular – 15/02/12)

Um levantamento feito pelo G1 com base nas primeiras chamadas dos aprovados nas três grandes universidades públicas paulistas – Universidade de São Paulo (Fuvest/USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) apontou que 3.958 estudantes passaram em pelo menos duas das três instituições, e 518 candidatos foram aprovados nos três vestibulares. A presença desta “tropa de elite” de vestibulandos nas três listas provoca um contingente de vagas não preenchidas e um grande número de convocados nas segundas e terceiras chamadas. As universidades estudam a possibilidade de criar uma primeira chamada unificada para, na ocasião, o candidato já definir em qual das três instituições vai estudar. Com isso, aceleraria o processo de formação das turmas. Nesta terça-feira (14), a Fuvest convocou mais 2.373 candidatos na segunda chamada do vestibular.



‘Embora (ainda) seja (ainda) mais rápido…’   (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 16/02/12)

Pasquale Cipro Neto

Diga já e agora, caro leitor: onde colocar o bendito “ainda” no trecho que está no título desta coluna? Imagino que, de cara, você já tenha descartado a hipótese do “tanto faz”, visto que não tanto faz coisíssima nenhuma. Se o advérbio “ainda” for posto antes de “seja”, seu papel será modificar justamente essa palavra, isto é, seu papel será o de indicar que X ainda é mais rápido do que Y. Se o advérbio “ainda” for posto depois de “seja”, ou melhor, antes de “mais rápido”, seu papel será o de modificar essa expressão, isto é, seu papel será o de reforçar essa expressão (“X é rápido, mas Y é ainda mais rápido” ou “X é rápido, mas Y é mais rápido ainda”). Ficou claro? De onde tirei o trecho que está no título desta coluna? E qual era posição do “ainda” na frase em questão? O trecho estava num site e integrava uma matéria cujo título era este: “Desorganização ‘rouba’ até 30% do tempo de viagem do usuário de metrô em São Paulo”. Destaco o trecho do qual faz parte o excerto que está no título da minha coluna: “Usar o metrô de São Paulo em dias úteis -segunda a sexta-feira- é um pouco de todas essas experiências acima descritas, embora o meio de transporte seja ainda mais rápido que os carros e ônibus que inundam o trânsito mais intenso do Brasil”. Como o leitor deve ter percebido, a palavra “ainda” não está na posição em que deveria estar. Com a redação adotada, não se transmite a ideia que se quer transmitir. O que se quer é informar que, apesar dos problemas, o metrô paulistano ainda é mais rápido do que os automóveis e os ônibus, mas, ao pé da letra, não se informa isso. Está aí um prato cheio para bancas de vestibulares e concursos que evitam questões do tipo “certo ou errado”, “assim ou assado” etc. Numa dessas provas, far-se-ia uma questão mais ou menos assim: “Há no texto uma passagem em que a posição de uma palavra altera o sentido pretendido pelo redator. Qual é essa palavra? Qual é o sentido pretendido e qual é o efetivamente transmitido pela frase original? Reescreva o trecho, pondo essa palavra em outra posição, de modo que se transmita o sentido desejado e cabível, levando em conta o contexto”. O caro leitor notou que comecei esta coluna já explicando, mostrando o que ocorre com a alteração da posição da palavra “ainda”. Numa prova, o candidato não recebe nenhuma “dica”, ou seja, tem de ler e reler até achar, sozinho, o nó. Nessas horas, é fundamental ser atento e, já que se trata da posição, buscar as pistas tradicionais nesse tipo de questão. Quando menciono “pistas tradicionais”, refiro-me a palavras clássicas, como “também”, “só”, “ainda”, “simples” etc. A Fuvest e a Unicamp já fizeram muitas questões sobre esse problema. Lembro aqui um caso que comentei há muitos anos e que ainda se ouve a bordo de aviões Brasil afora, na hora do desembarque em alguns aeroportos: “Informamos que o desembarque também poderá ser feito pela porta traseira da aeronave”. Duma leitura rigorosa e radical da frase pode-se concluir que, além do desembarque, outra(s) coisa(s) pode(m) ser feita(s) pela porta traseira da aeronave. A frase que não admite contestação é esta: “Informamos que o desembarque poderá ser feito também pela porta traseira da aeronave”. Como se vê, se a intenção é incluir outra porta (a traseira), o ideal é colocar a palavra “também” o mais perto possível da expressão “porta traseira”. É isso.