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19/07/2010 / Em: Clipping

 


País tem 148 instituições públicas de ensino superior com sistema de cotas  (O Estado de S.Paulo – Vida& – 17/07/10)

São 148 as instituições públicas de ensino superior do País que adotam algum tipo de cota em seus processos seletivos. A maioria das políticas de reserva de vagas identificadas é socioeconômica, mas uma parte é de cotas raciais – especialmente para negros. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Estado, foi feito pela entidade Educação e Cidadania de Afro descendente e Carente (Educafro). Enquanto o projeto que prevê 50% das vagas para alunos de escolas publica e para negros tramitam no Congresso, as universidades tem autonomia para criar seus próprios sistemas de cotas. Entre os vários tipos de ações há reserva de vagas para negros, quilombolas, indígenas, ex-alunos de escola publica, pessoas com deficiência, filhos de policiais mortos em serviço, estudantes com baixa renda familiar, professores da rede publica e residentes da cidade onde se localiza a instituição. O aumento de nota nas provas de seleção para determinados grupos também e considerado em grande parte das universidades publicas. O estudo mapeou ações afirmativas no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro,  Minas Gerais,  Espírito Santo, Amazonas, Roraima, Para,Acre, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Pernambuco, Bahia,  Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte,  Piauí, Sergipe, Ceara, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Defensores das cotas comemoraram a adesão das universidades. “A mobilização dos negros para o debate das cotas esta movimentando outros setores”, Diz frei David Raimundo dos Santos, da Educafro. Para ele, o principal desafio esta nas grandes universidades, como a Universidade de São Paulo, que oferece, por meio do Programa de Inclusão Social da USP, o acréscimo na nota do vestibular para candidatos do ensino médio publico. Para Rafael Ferreira Silva, professor e pesquisador de ações afirmativas, as cotas são necessárias para suprir as desigualdades sócias econômicas dos Pais.  “Temos de resgatar as conseqüências de fatos históricos como a escravidão e a abolição. “As diferenças sao extremas”, diz. Para Valter Silvério, da Universidade Federal de São Carlos, a adesão das instituições se deve também ao respaldo popular que as ações afirmativas apresentam. “Os diferentes tipos de cotas refletem que as universidades estão discutindo seus próprios perfis. ”Preconceito. A advogada Allyne Andrade, de 24 anos, que ingressou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro pelo sistema de cotas, diz que ainda existe preconceito no ambiente acadêmico. “Muitos professores achavam que a qualidade do ensino ia cair. A sociedade e racista. ”Apesar de ser cotista, Maria de Lourdes Aguiar, de 24 anos, estudante de Medina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, critica o sistema. “Eu apoio ate certo limite, porque isso pode acabar tampando o sol com a peneira”, opina. Jose Carlos Miranda, do Movimento Negro Socialista, concorda. “Isso mostra a incompetência do Estado, que não oferece educação básica de qualidade”, diz. “Cotas só são boas para quem usufrui delas. Elas não acabam com o racismo nem melhoram a mobilidade social. Motivo para comemorar e quando um estudante pobre entra na universidade publica sem cota.”

Desempenho de cotistas fica acima da média

Estudos realizados pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro  (Uerj) e pela Universidade de Campinas (Unicamp) mostraram que o desempenho médio dos alunos que entraram na faculdade graças ao sistema de cotas e superior ao resultado alcançado pelos demais estudantes.O primeiro levantamento sobre o tema, feito na Uerj em 2003, indicou que 49% dos cotistas foram aprovado sem todas as disciplinas no primeiro semestre do ano, contra 47% dos estudantes que ingressaram pelo sistema regular. No inicio de 2010, a universidade divulgou novo estudo, que constatou que, desde que foram instituídas as cotas, o índice de reprovações e a taxa de evasão total permaneceram menores entre os beneficiados por políticas afirmativas. A Unicamp, ao avaliar o desempenho dos alunos no ano de 2005, constatou que a media dos cotistas foi melhor que a dos demais colegas em 31 dos 56 cursos. Entre os cursos que os cotistas se destacaram estava o de Medicina, um dos mais concorridos a media dos que vieram de escola publica ficou em 7,9; a dos demais foi de 7,6.  Mesma comparação, feita um ano depois, aumentou a vantagem: os egressos de escolas publicam tiveram media melhor em 34 cursos. A principal dificuldade do grupo estava em disciplinas que envolvem matemática.

AÇÕES AFIRMATIVAS  

Cotas raciais
Consistem em reservar parte das vagas da instituição de ensino superior para candidatos que sejam afros descendentes ou indígenas, por exemplo.

Cotas sociais
São a reserva de vagas do vestibular para alunos formados em escolas públicas, pessoas com algum tipo de deficiência, estudantes com baixa renda familiar ou professores da rede pública, entre outros

.● Bônus
É o acréscimo de pontos, por meio de valores fixos ou de porcentagens, na nota do vestibular de candidatos de determinadas condições sociais.



Ensino Médio pede socorro  (Correio Popular – Opinião – 17/07/10)

A qualidade da educação básica brasileira, da qual o Ensino Médio é etapa final, é pauta permanente no conjunto de temas relevantes para o país. Segundo dados do Censo Escolar de 2009, o Brasil tem 52.099.832 estudantes matriculados na educação básica — desde a creche, passando pela pré-escola, pelo Ensino Fundamental, culminando com o Ensino Médio, que inclui ainda a educação especial, educação de jovens e adultos e educação profissional. O número, preliminar, constou dos resultados, divulgados no final do ano passado. Se os números são expressivos, as questões qualitativas reforçam as preocupações que perpassam tais números em diversos indicadores. Os resultados recentemente divulgados de avaliação sobre a educação básica brasileira, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2009 reiteram o cenário de problemas qualitativos da educação. Segundo tal levantamento, apenas 5,7% das escolas públicas brasileiras alcançaram a média 6, patamar mínimo de referência qualitativa educacional. Percentual que expressa a dimensão do desafio gigantesco a ser enfrentado para que se tenha no Brasil, a médio e longo prazo, uma educação de efetiva qualidade. Mesmo apresentando alguma melhoria, a situação da nossa educação básica continua muito preocupante. No chamado segundo ciclo do Ensino Fundamental, compreendendo da 5ª à 8ª série, apenas 109 escolas, isto é, apenas 0,3% do seu total, atingiram índice 6,0. Entre essas escolas melhor posicionadas, 28 unidades estão localizadas no Estado de São Paulo. A maior preocupação, de forma reiterada, está sobre o Ensino Médio, segmento que há tempos representa o que há de mais complexo e desafiador no sistema educacional básico brasileiro. Os resultados do Ideb, neste segmento, deixam claro, não obstante os gargalos consideráveis em todas as etapas da nossa educação básica, que está no Ensino Médio a situação mais desafiadora e preocupante. Nesse cenário negativo se destaca o lamentável índice de evasão. Considere-se que o atendimento à demanda prevista para o Ensino Médio está bastante comprometido. Dos 7,5 milhões de jovens que deveriam estar matriculados no Ensino Médio, somente 3,6 milhões o estão. Desses apenas 50% concluem o Ensino Médio. Em relação a isso, seria de supor que a desistência fosse majoritariamente provocada pela necessidade que o adolescente brasileiro tem, após concluir o Ensino Fundamental, de trabalhar para seu sustento ou como complemento na renda familiar. Isso ocorre e reforça a necessidade, sempre apontada, para que se tenha um Ensino Médio noturno de qualidade, incluindo o chamado EJA, versão atual do antigo supletivo, voltado para um segmento específico, com características e condições diferenciadas em relação ao aluno do diurno. Entretanto, não é esta, a necessidade de trabalhar, o fato preponderante e determinante para a evasão. O desinteresse é apontado como o fato que mais provoca o abandono, em princípio por faltas continuadas, que resulta na evasão. O desinteresse perdeu apenas para problemas de saúde como a razão das ausências.
O desinteresse se relaciona, conforme pesquisas, ao conteúdo oferecido que, segundo os jovens ouvidos, não tem relação com as necessidades e interesses para a faixa etária que vai, em média, dos 15 aos 17 anos. O atual formato com grade de disciplinas organizadas com o propósito de aprofundar o que já se verificou na etapa anterior, o fundamental, padece com a ausência de uma visão interdisciplinar e com um currículo defasado, o Ensino Médio enfrenta muitos problemas resultando na impressionante evasão e no déficit de aproveitamento. Alguns especialistas acham que o Ensino Médio deveria preparar os alunos para o mercado de trabalho, especialmente para cargos de nível técnico. Outros entendem que o Ensino Médio deve preparar para o vestibular. Esta dicotomia é histórica e há tempos carece de equacionamento com inserção mais objetiva e planejada, no currículo, de leituras e reflexões críticas, incentivo ao desenvolvimento de competências, ampliação da bagagem cultural dos alunos, preparando-os para as diversas possibilidades que se colocarão em sua trajetória de vida como cidadão e profissional.

Edison Cardoso Lins é mestre em Educação, funcionário da Unicamp e professor da rede estadual paulista



Unicamp decide aderir ao Enade já a partir deste ano  (EPTV – Virando Bixo – 16/07/10)

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) vai participar do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) já a partir deste ano. A decisão foi formalizada nesta quinta-feira (15), em cerimônia com representantes da universidade e do Ministério da Educação (MEC). A edição de 2010 será aplicada em 21 de novembro. Neste ano, terão de fazer o exame estudantes matriculados no primeiro e no último anos dos cursos de bacharelado em agronomia, biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social, terapia ocupacional e zootecnia, além dos cursos superiores de tecnologia em agroindústria, agronegócios, gestão hospitalar, gestão ambiental e radiologia. O Enade faz parte Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que se propõe a avaliar a atuação da instituição de ensino superior em relação a ensino, pesquisa, extensão, responsabilidade social, desempenho dos alunos, gestão, corpo docente e instalações, entre outros aspectos. A adesão ao sistema foi aprovada na reunião da Comissão de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Unicamp de 1º de junho, com base nos subsídios apresentados por um grupo de trabalho composto por 10 docentes e que promoveu reuniões por quase um ano para debater a questão.