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23/02/2015 / Em: Clipping

 


Entrar antes na faculdade é risco para adolescente   (Gazeta do Povo/Curitiba – Educação – 23/02/15)

Entrar na faculdade sempre foi sinônimo de atingir a vida adulta, mas alguns adolescentes têm seguido um atalho. Aprovados no vestibular antes de completar o ensino médio, eles conseguem na Justiça o direito de virar universitários. Especialistas em educação, no entanto, defendem a importância de não pular etapas. A boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) colocou Alberto Flangini, aos 16 anos, entre os aprovados em Sistemas de Informação na Universidade Federal do Acre (UFAC) em 2014. A Justiça exigiu que ele completasse o ensino médio. “Estudava na faculdade de manhã, trabalhava à tarde e ia à noite a uma escola estadual”, diz ele, hoje com 17 anos e que foi aprovado quando estava no último ano. “Não chegou a prejudicar as notas, mas foi um sufoco.” Flangini enfrentou outras batalhas depois de entrar. Sem o trânsito em julgado da decisão (quando se esgotam as possibilidades de recurso), sua matrícula chegou a ser cancelada no meio do semestre. Com isso, ele deixou de ir às aulas durante um mês até que outra liminar garantisse a vaga. A legislação exige que, para cursar o ensino superior, o aluno precisa finalizar o médio. Depois de alterações no Enem em 2009, o exame passou a valer também como certificação do ensino médio, mas essa possibilidade só vale para maiores de 18 anos. Nos últimos cinco anos, o advogado Edilberto Dias, de Goiás, moveu mais de 300 ações em quatro Estados para que jovens entrassem na universidade sem concluir o ensino médio. Segundo ele, é mais fácil garantir a vaga em cursos privados. Já em federais, o caminho é mais complicado. “A Justiça entende que se tem candidatos com ensino médio completo, por que entrar alguém que ainda não tem?” Nestes casos, o pedido é para que a Secretaria de Educação local aplique uma prova de proficiência.



16 Estados gastam menos do que o mínimo indicado com aluno de ensino médio   (IG – Educação – 23/02/15)

O valor investido pelo governo federal em alunos do ensino médio de 16 Estados do País em 2015 não é suficiente para garantir a qualidade mínima de educação. Nas redes públicas de Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, entre outros, o gasto estimado pelo governo federal ficará abaixo dos R$ 3.771, valor mínimo do Custo Aluno-Qualidade (CAQi), referência aprovada no Plano Nacional de Educação.  O valor mínimo necessário por aluno para garantir uma educação de qualidade foi atualizado a pedido do iG por José Marcelino de Resende, professor da USP e presidente da Fineduca (Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação) com base em parecer aprovado pelo Conselho Nacional de Educação em 2010. Neste custo estão inclusos o custo de professores com formação e salário adequados, limites mais baixos no número de crianças por sala, escolas com biblioteca, laboratórios de ciência e informática e quadra esportiva. Em dez Estados, o valor investido por aluno do ensino médio será de R$ 3.220,46 – gasto mínimo estipulado pelo Fundeb em portaria publicada no dia 29 de dezembro de 2014. Apenas 11 Estados têm valor superior ao mínimo de qualidade para o nível, entre eles estão Rondônia, Roraima, São Paulo e Rio Grande do Sul.  O ensino médio é a fase escolar que mais tem provocado preocupações em relação ao mau desempenho dos estudantes. Na última avaliação do MEC, o país ficou abaixo da meta. Os estudantes tiveram, em média, nota 3,7, de dez pontos possíveis. E em 16 Estados, houve piora nos resultados de 2013 em relação a 2011.



Da retórica aos resultados   (Folha de S.Paulo – Opinião – 23/02/15)

No momento em que um novo ano letivo se inicia, com um novo ministro afirmando que a prioridade de sua gestão será a qualidade da educação no Brasil, é fundamental que a sociedade brasileira tenha maior clareza de que um sistema educacional de qualidade exige muito mais do que os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) podem mostrar. Estudos apontam como componentes que contribuem para a qualidade da educação a formação e qualificação dos professores, gestão por resultados com metas e expectativas de aprendizagem, currículo e material didático diversificado, acompanhamento personalizado dos estudantes, uso de novas tecnologias e a participação dos pais. No entanto, são as diferentes combinações dessas dimensões e, sobretudo, o modo de implementá-las, que faz com que algumas redes alcancem qualidade e outras não. A complexidade da questão educacional pode ser evidenciada pela dificuldade de encontrar parâmetros comuns entre os dez países mais bem colocados nas avaliações do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), para além da prioridade da educação e da valorização dos professores.  No Brasil, passamos a atribuir, a comparar e a classificar a qualidade das redes de ensino e das escolas brasileiras a partir dos resultados do Ideb. Apesar do avanço do índice, ele é um indicador composto pelas notas de língua portuguesa e matemática da Prova Brasil e pelas taxas de aprovação, reprovação e abandono escolar do 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. Ou seja, não estamos medindo condições vitais para a qualidade da educação como as diferenças na infraestrutura física das escolas, sua localização e tamanho, a qualificação dos docentes e diretores, além do currículo e da ausência de avaliação das demais disciplinas e séries. Isso sem mencionar o clima escolar e a capacidade da escola em preparar seus alunos. É, portanto, reducionista comparar o Ideb de um município com menos de dez escolas com os resultados dos sistemas de ensino de grandes cidades e metrópoles, com diversidade e complexidade maiores.



Cursos on-line atraem centenas de milhares de brasileiros e abrem debate sobre a prática   (Globo On Line – Sociedade – 23/02/15)

Quando a estudante universitária Monica Aragão, de 28 anos, teve um filho, ficou cada vez mais difícil conciliar as aulas com a maternidade. Os atrasos se tornaram constantes e o tempo para estudar não poderia ser mais o determinado pela faculdade. Foi neste momento que a moradora de Marechal Hermes, zona Norte do Rio, começou a utilizar sites de cursos on-line e passou a assistir aulas com professores das mais diferentes instituições, desde a Universidade de São Paulo (USP) até a americana Harvard. — Sempre fui contra disciplinas on-line porque acho fundamental a presença do professor, mas passei a ver que é algo que complementa. Com as limitações de horário que tenho desde que virei mãe, eu agora posso ver a aula, parar e voltar quantas vezes eu quiser até entender a matéria — afirma Monica, que começou utilizando as plataformas para eliminar horas obrigatórias na faculdade de Administração, que frequenta, mas, por ter gostado da experiência, acabou fazendo outros cursos. — Já fiz “Gestão de Recursos Humanos”, “Nova reforma ortográfica”, “Liderança e coaching” e “Inglês”.  Em meio ao debate sobre a validade destas novas plataformas de ensino, os cursos on-line tiveram uma expansão no mercado brasileiro, chamando a atenção das principais empresas do setor. O Coursera, principal página de aulas pela web no mundo, já conta com mais de 400 mil usuários brasileiros, o que fez com que o país passasse o Reino Unido no número de inscritos no site. O Brasil fica em quarto lugar na lista, somente atrás de China, Estados Unidos e Índia. A grande presença nacional num site que não tem aulas em Português levou a página a investir mais em traduções. Além disso, o grupo passou a fazer parceria com a USP e a Unicamp para criar cursos voltados a professores brasileiros, que devem entrar no ar nos próximos meses. — Cerca de 50% dos brasileiros que fazem o Coursera querem ganhar novas habilidades para suas carreiras — afirma Daphne Koller, presidente da empresa. — De fato, os brasileiros são três vezes mais propensos que os chineses e duas vezes mais que os americanos a conseguir as certificações emitidas pelo site, para mostrar publicamente o ganho que obtiveram.