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24/01/2018 / Em: Clipping

 

Último ano do Ensino Médio: o que faço do meu futuro? (O Globo – Sociedade – 23/01/2018)

 

A pergunta pode soar ambiciosa, mas de modo algum desconectada da realidade. O que o jovem sonha nessa fase pode definir o cidadão que ele será em vida adulta, tanto em termos produtivos quanto sociais. Ou seja, essa é uma discussão da qual a escola não pode se esquivar. Nunca é demais relembrar, aliás, o objetivo último das instituições de ensino. Há por aí muitas opiniões equivocadas sobre para que serve a Educação formal. Embora o Brasil não venha obtendo pleno sucesso nesse processo, a escola serve para movimentar os projetos de vida dos jovens, sejam esses planos quais forem. Infelizmente, a falta de uma base curricular que empodere as instituições e a insuficiência de políticas públicas de apoio para a entrada no mundo do trabalho articulada à Educação resultam em um funil de oportunidades determinado pela classe social e pelo acesso à cultura. Ainda assim, há como superar tais barreiras. Mas é preciso buscar informação sobre o que há disponível para apoiar os egressos da escola básica. Uma pesquisa do Todos Pela Educação divulgada no ano passado mostra que a maioria dos jovens concluintes do Ensino Médio estão perdidos quanto às oportunidades para o futuro. Os dados indicam que muitos deles desconhecem as opções de Ensino Técnico e revelam ainda que muitos gostariam de prosseguir os estudos na Educação Superior, mas enfrentam impedimentos financeiros. Há uma série de alternativas para prosseguir estudando, independentemente das condições financeiras, aprendendo uma profissão ou vivenciando novas experiências que nem sempre estão no radar dos pais ou dos alunos. Abaixo, veja nove dicas sobre o assunto.

1) Ensino Técnico-Profissionalizante: Muitas pessoas ignoram a existência dessa modalidade de ensino. Bons cursos técnicos-profissionalizantes podem ser uma boa alternativa para quem não sabe ainda no que investir a longo prazo, ou quer aprofundar os conhecimentos em uma área específica de interesse em que já trabalha. Também serve para aqueles que querem aprender um ofício mais técnico. Seja qual for o motivo, vale a pena ficar de olho na qualidade do ensino, o diferencial em qualquer processo de aprendizagem. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) tem parceria com milhares de instituições de ensino por todo o Brasil e subsidia cursos gratuitos para estudantes de baixa renda. Tire suas dúvidas sobre o projeto.

2) Sisu: O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é um programa do Governo Federal (lançado em 2010) que seleciona candidatos para diversas universidades públicas e privadas do País por meio das notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). É imprescindível que o candidato tenha prestado o Enem 2017. As inscrições 2018 vão de 23 a 26 de Janeiro.

3) Prouni: Lançado em 2004, o Programa Universidade para Todos (Prouni) garante bolsas de estudo em universidades privadas aos alunos que não têm condições financeiras para arcar com as mensalidades. As bolsas podem ser parciais ou totais, de acordo com a renda per capita da família do estudante. Inscrições 2018: 6  a 9 de Fevereiro.

4) Fies: O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) é uma oportunidade para os estudantes que não atingiram as exigências do Prouni, mas que ainda enfrentam dificuldades para custear o Ensino Superior. Com ele, os alunos podem postergar o pagamento das parcelas do curso. Confira as especificações dessa política que financia o valor do curso em muitos anos. O programa também exige a nota no Enem.

5) Universidades públicas: As universidades federais (como a Unifesp) e as estaduais (como a USP) têm vestibulares próprios com vagas de ampla concorrência, vagas para concorrência via nota do Enem e também vagas reservadas às minorias (cotas raciais e sociais). Essas instituições oferecem ainda bônus para os estudantes oriundos do sistema público de ensino. Os vestibulares acontecem no final do ano e os estudantes de baixa renda podem solicitar isenção nas taxas de inscrição. Fique atento às datas de inscrições para as universidades públicas de seu estado!

6) Bolsas de estudo em universidades privadas: As instituições privadas de Educação Superior costumam ter seu próprio programa de bolsas de estudo para alunos que tiram boas notas no vestibular ou de baixa renda. Se você está interessado em alguma delas, entre no site da instituição e procure pela àrea de incentivo ou assistência social.

7) Cursos de línguas: O conhecimento de línguas não serve apenas à conquista de uma boa vaga de emprego. Ele pode ser porta de entrada para experiências culturais riquíssimas, que vão desde um curso à distância na Universidade de Barcelona, por exemplo, até um intercâmbio. Para aprimorar a aprendizagem de outras línguas, procure pelo centro de línguas das universidades públicas (como a USP) que costumam ofertar cursos por valores baixos. Você também pode investir em conteúdos online de qualidade: confira uma lista de podcasts e uma de sites online gratuitos. No Estado de São Paulo, há mais de 200 unidades do Centro de Estudo de Línguas, com oferta de ensino gratuito a estudantes da Educação Básica.

8) Bolsas para intercâmbio acadêmico: O intercâmbio acadêmico é uma oportunidade para conviver com outras culturas. Para realizar essa modalidade de intercâmbio, é necessário estar matriculado em alguma universidade. O estudante precisa também ser aprovado pela faculdade no exterior e, caso deseje, concorrer a bolsas de estudos estabelecidas por convênios entre as instituições. Outro caminho é checar as bolsas dadas por empresas ou organizações, como a do Banco Santander, da Organização das Nações Unidas (ONU) ou da instituição espanhola Fundação Carolina. Mas atenção: geralmente é solicitado nível básico ou intermediário da língua do país de destino. Outras modalidades de intercâmbio oferecem cursos de línguas, trabalho ou voluntariado. Confira mais dicas no site do Estudar Fora.

9) Ciências sem Fronteiras: Esse programa do Governo Federal fez muito sucesso no País entre os anos de 2012 e 2015 ao ofertar bolsas de estudos para estudantes da Graduação e da Pós-Graduação de todo o Brasil. Porém, as alterações implantadas pelo governo Temer fizeram com que muitas bolsas fossem cortadas e hoje o programa oferta custeio somente para estudantes de pós-graduação. Não deixa, ainda, de ser uma opção para quem está planejando o percurso formativo lá na frente.