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26/01/2011 / Em: Clipping

 


Vagas não preenchidas (O Estado de S.Paulo – Notas e Informações – 26/01/11)

Elaborado pelo Ministério da Educação com base em dados de 2009, o ultimo Censo da Educação Superior revela que 39,5 mil vagas oferecidas em vestibulares de universidades publicam não foram preenchidas naquele ano. O numero representa cerca de 10% do total de vagas oferecidas por instituições municipais, estaduais e federais. O Censo também mostrou que, em relação a 2008, a ociosidade nessas instituições teve um crescimento de 7,7%. A maior parte da ociosidade esta em instituições mantidas por municípios (27,6 mil) e Estados (10 mil). Nas universidades federais, onde o custo médio de uma vaga e estimado em R$ 12 mil por ano sobrou cerca de umas mil vagas. São no Estado de São Paulo, 9,8 mil vagas deixaram de ser ocupadas em 2009. Isso significa que municípios, Estados e União pagaram professores e funcionários, sustentaram bibliotecas e laboratórios e arcaram com vultosas despesas de custeio, mas tanto o dinheiro quanto os recursos humanos acabaram sendo desperdiçados por falta de alunos. “E vergonhoso, uma coisa que não deveria acontecer nuns pais com um numero relativamente baixo de oferta de ensino superior”, diz o professor Oscar Hipólito, do Instituto Lobo de Educação. Segundo ele, o problema da ociosidade nas universidades publicas e maior do que parece, uma vez que, alem do não preenchimento das vagas, elas registraram na década de 2000 uma taxa de evasão de 20%. São alunos que foram aprovados no vestibular, mas abandonaram o curso sem se formar. A ociosidade nas universidades publicas decorre de vários problemas. O mais importante deles e a conjugação entre demagogia, inépcia administrativa e falta de planejamento. Nas dezenas de discursos que pronunciou em dezembro, para apresentar um balanço de sua gestão, o então presidente Lula afirmou que foi o governante que mais investiu na expansão do ensino superior publico, tendo inaugurado 15 universidades. Muitas delas, porem, foram construídas as pressas, com objetivos eleitorais, sem que se levasse em conta levantamentos sócios econômicos e estudos de mercado. A ociosidade revela que algumas dessas universidades eram desnecessárias– por falta de demanda ou por terem sido instaladas sem regiões já atendidas por outras instituições publicas, confessionais ou privadas. Das novas universidades federais, varias oferecem cursos fáceis de serem organizados em áreas onde o mercado de trabalho esta saturado – como, por exemplo, psicologia, pedagogia e comunicação. Por isso, elas não atendem nem as necessidades dos estudantes mais pobres nem as dos mais abastados. Da primeira turma que entrou na Universidade Federal do ABC, em 2006, por exemplo, 46% dos estudantes desistiram dos cursos. Alem de não preencher as vagas oferecidas em seus vestibulares, algumas dessas universidades não conseguem reter nem os estudantes beneficiados pelo sistema de cotas, que chegam despreparados e não tem condição de acompanhar as aulas. Os especialistas em ensino superior chamam a atenção para as diferenças existentes entre as instituições publicas. Segundo eles, a ociosidade nas faculdades mantidas por municípios decorreria do fato de estarem desaparelhadas, em termos de laboratórios e equipamentos, e currículos que não acompanharam a evolução tecnológica. Já nas instituições mantidas pelos Estados e pela União, a ociosidade decorreria da ma qualidade do ensino médio, que não forma estudantes qualificados em numero suficiente para preencher as vagas propiciadas pela desordenada expansão do ensino superior, e do descompasso entre a formação técnica exigida pelo mercado de trabalho e aquela proporcionada pela maioria dos cursos oferecidos. A função do Censo da Educação Superior e dar às autoridades as informações necessárias para orientar investimentos públicos. A taxa de ociosidade detectada pelo Censo nas universidades publicas mostra que o poder publico continua gastando mal o dinheiro dos contribuintes, por não saber planejar.