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28/02/2018 / Em: Clipping

 

Só duas disciplinas compõem a base do ensino médio (Estadão – Educação – 27/02/2018)

Documento do MEC detalha apenas Português e Matemática. O restante é interdisciplinar

 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino médio terá apenas as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Todas as outras – como Biologia, Inglês e História – aparecerão dentro de áreas de conhecimento, de forma interdisciplinar. O documento, que será concluído até o fim de março, também não vai abordar a parte flexível do currículo, prevista pela reforma do ensino médio. Segundo a lei aprovada no ano passado, cerca de 40% da carga horária da etapa será destinada ao aprofundamento em áreas específicas optativas. O estudante poderá escolher entre cinco itinerários formativos: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e Profissional. O restante tem de ser destinado a disciplinas comuns a todos os alunos. A estrutura da Base do ensino médio foi apresentada pelo Ministério da Educação (MEC) ontem a secretários estaduais de Educação em São Paulo. O Estado teve acesso a parte da apresentação, que mostra Português e Matemática como únicos componentes curriculares, como são chamadas as disciplinas. Essa parte da Base foi separada do texto referente ao ensino fundamental e infantil – homologado em dezembro –, por causa da reforma.  “A interdisciplinaridade é tendência no mundo todo. No exame (internacional) do Pisa não se vê, em Ciências, o que é Biologia, Química ou Física, tudo está ligado”, disse a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, referindo-se a avaliação feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A Base do ensino médio será dividida em quatro áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza. Segundo ela, a divisão detalhada por disciplinas do que deve ser ensinado nas escolas poderá ser feita pelos Estados, responsáveis pelos sistemas de ensino, que vão precisar elaborar currículos para as redes.

Receio

“É preciso tomar cuidado para não induzir que só Português e Matemática são importantes e o restante não ser dado com qualidade”, diz o presidente da comissão que discute a Base no Conselho Nacional de Educação (CNE), Cesar Callegari. A obrigatoriedade apenas das duas disciplinas já havia causado polêmica durante a discussão da reforma do ensino médio. A Base era aguardada para que se pudesse entender como as outras disciplinas entrariam no currículo. Callegari também acredita que, por não fazerem parte da Base, muitas escolas sequer ofereçam as disciplinas flexíveis do novo ensino médio. “No nível de precariedade que funciona o ensino médio público do Brasil, não especificar os itinerários formativos é deixar os direitos de aprender ao campo da incerteza.” Depois de finalizado pelo MEC, o documento ainda será enviado ao CNE para discussão. Assim como ocorreu com a parte do ensino infantil e fundamental, o texto passará por cinco audiências públicas e pode receber sugestões. Segundo Callegari, a aprovação do texto final deve acontecer apenas no fim do ano.  Autonomia. O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e secretário do Ceará, Idilvan Alencar, diz que o documento dá autonomia aos Estados. “A parte flexível tem de ser feita mesmo em discussão com os atores em cada Estado, estudantes, professores.” Mas, para ele, é preciso haver uma boa discussão com os docentes para que não haja mal entendido com relação às disciplinas obrigatórias. “O professor de Biologia vai olhar para a Base e dizer que não se vê lá. Mas ele tem de entender que a Base é macro e ninguém vai ser demitido. Cada Estado precisa dar conta de colocar a relação mais direta com a disciplina.”

 

 


Ferramenta on-line gratuita prepara alunos para vestibular (Portal Governo SP – SP Notícias – 27/02/2018)

Inscritos no cursinho pré-universitário podem escolher entre focar nos estudos para o Ensino Médio ou voltar os estudos para vestibulares

 

O Estado de São Paulo tem uma ferramenta on-line para ajudar nos estudos dos alunos do Ensino Médio. O site Escola Virtual permite que os alunos estudem por matérias ou foquem nos estudos voltados exclusivamente para vestibulares. A ferramenta é para todos os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do Ensino Médio da rede. O curso pré-universitário on-line é gratuito. O interessado precisa fazer a inscrição informando seu RA (Registro de Aluno). “É uma plataforma de apoio para que os estudantes consigam estudar sozinhos para o vestibular, incluindo dois grandes simulados. O primeiro só para Enem e o outro só sobre USP, Unesp, Unicamp e as principais universidades Federais, além dos vários conteúdos”, explica Ana Carolina Lafemina, coordenadora da Escola Virtual de Programas Educacionais. O curso preparatório on-line é uma ferramenta voltada para o desenvolvimento do conhecimento dos alunos. Como muitos têm o objetivo de passar em vestibular, a ferramenta busca prepará-los para o primeiro passo da vida profissional. E, também, fornece apoio aos que desejam apenas focar nos estudos do Ensino Médio. “Isso é muito importante para o nosso aluno do Ensino Médio, especialmente para os do 3º ano, porque começa o cursinho pré-vestibular gratuito on-line. São cerca de 520 mil vagas. Os alunos terão ali todas as matérias, e mais dois simulados”, diz o governador Geraldo Alckmin. A plataforma é lúdica e autoexplicativa e surgiu para expandir os estudos para além da sala de aula. Também é possível acessar o portal de casa, na escola, ou mesmo através de “lan houses”. Para a diretora da Escola Estadual Von Humboldt, Maria de Fátima Braz Aragão, a novidade vem como um novo meio para aprendizado. “É um investimento em todo o Ensino Médio onde os alunos possam se apropriar de mais um saber para a sua formação”, avalia. A aluna da E.E. Von Humboldt, Daphine Ferreira, aprova os estudos feitos por meio da plataforma on-line. “No virtual é como se fosse games. Então, é melhor de praticar e é mais interessante de fazer um cursinho preparatório para vestibular”, conclui Daphine.

 

 


 

Aos 17 anos, ex-aluno de escola pública passa ‘de primeira’ em engenharia na UFPR, Unesp, Unicamp, UFSCar e PUC (G1 – Piracicaba e Região – 28/02/2018)

Jovem é o segundo a cursar ensino superior na família e os pais não completaram o fundamental; ele optou por estudar na Unicamp.

 

Um ex-aluno da rede pública de Saltinho (SP) se surpreendeu ao receber os resultados dos vestibulares que prestou no fim de 2017: passou “de primeira” em cinco universidades, sendo quatro delas instituições públicas. Aos 17 anos, ele não esperava alcançar tão rápido o sonho que sempre teve: cursar Engenharia Civil. Higor Daniel de Oliveira contou que passou o último ano do ensino médio se dedicando aos estudos para os vestibulares. Ele ia para a escola no período da manhã, passava cerca de duas horas estudando em casa no período da tarde e fazia um cursinho noturno. “Foi uma mescla dos dois. O cursinho foi mais para me aprofundar”, afirmou. Depois de receber parte dos resultados, o trabalho foi escolher em qual delas ia estudar. Primeiro ele optou pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e foi se matricular, mas quando estava a cerca de 30 quilômetros de Curitiba (PR), recebeu uma mensagem e ficou sabendo que tinha passado também na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Dei meia volta, porque era meu sonho”, contou. A Unicamp era a “cereja do bolo” do ideal de cursar Engenharia Civil, mas ele não esperava ser aprovado no curso que teve concorrência de 31,7 candidatos por vaga. Além de seguir o que sempre quis, a vantagem de estudar em Campinas (SP) é ficar próximo à família, como disse o jovem. “É mais próximo de casa e também é uma das melhores”, disse. Além da UFPR e da Unicamp, ele passou também na Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Camp). Ele também prestou o vestibular para entrar na Universidade de São Paulo (USP) e foi o único que não “emplacou”.

Apoio dos pais

Higor é o segundo da família a fazer ensino superior, mas o primeiro em instituição pública. A mãe dele é costureira e o pai caminhoneiro, e ambos não concluíram o ensino fundamental. “Eu sempre gostei de estudar e também sempre tive apoio dos meus pais”, contou. “Eles falavam que se eu não passasse, tentava de novo depois”, completou. Mas nem sempre foi tão “leve”, segundo ele. Até abril de 2017, os pais cobravam mais do filho, mas depois aliviaram para o lado dele. E foi uma boa escolha, já que a rotina de estudos de Higor já era “puxada” sozinha. “Eu estava bem apreensivo no final do ano, com medo de não passar”, lembrou. Com o estresse pré-vestibular virando passado, agora o jovem entra em uma nova fase. Ele se matriculou na Unicamp e já começou a frequentar as aulas para se tornar um engenheiro na última segunda-feira (26). Está sendo puxado, mas não impossível. Eu sempre gostei de exatas”, disse. O “segredo” para ter conseguido, tão jovem, ter passado em cinco instituições, foi o apoio. Segundo ele, nem em casa e nem na escola teve muita pressão. “Minha escola é muito boa se comparada com as outras escolas públicas, te dão um preparo e é humanitário”, elogiou. A realização do sonho veio em boa hora. Higor completa 18 anos na próxima sexta-feira (2) e brincou: “foi um presentão”.