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28/03/2014 / Em: Clipping

 


Alunos não sabem nem o básico em Português (O Estado de S.Paulo – Educação – 28/03/14)

Quase quatro em cada dez alunos chegaram ao fim do ensino médio na rede estadual de São Paulo sabendo menos do que o básico em Português. No 9.º ano, essa proporção é de três em cada dez. Como o Estado revelou nesta quinta-feira, 27, a qualidade da educação caiu no ensino médio e ficou estagnada no fim do fundamental, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp).  Os níveis de proficiência são organizados a partir da pontuação dos alunos nas provas de Português e Matemática no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). São quatro níveis: abaixo do básico, básico, adequado e avançado. A Secretaria de Estado da Educação considera como suficiente o desempenho dos alunos que fiquem entre os níveis básico e avançado. A pasta não informou, no entanto, as médias alcançadas pela rede nas duas provas – não é possível saber se houve piora nas duas avaliações.

‘Dificuldade é no mundo inteiro’, diz Alckmin após piora do ensino médio de SP   (O Estado de S.Paulo – Educação – 27/03/14)

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) comentou na manhã desta quinta-feira, dia 27, o resultados do desempenho da rede estadual de São Paulo – que apresentou queda no ensino médio e estagnação nos anos finais do fundamental, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo. “O ensino médio é uma dificuldade no mumdo inteiro”, afirmou o governador pela manhã. Os dados são do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Ainda sem divulgação oficial, os dados foram obtidos com exclusividade pela reportagem. Alckmin defendeu que o ensino técnico e em tempo integral são ações do governo que vão impactar na qualidade da etapa. Os índices do ensino médio da rede estadual se mantêm praticamente estáveis pelo menos desde 2010. Entre 2012 e 2013, o Idesp caiu de 1,91 para 1,836 nessa etapa.



Hélio Schwartsman
Porta de saída (Folha de S.Paulo – Opinião – 28/03/14)

A Câmara aprovou um projeto de lei que reserva 20% das vagas em concursos públicos para negros. Não sou um entusiasta de cotas. A ideia de que o Estado possa classificar pessoas por suas características fenotípicas e com base nisso definir seus direitos tem algo de arrepiante. Admito, porém, que, em certas situações e observados alguns cuidados, a coisa pode funcionar. Um problema inerente a toda política de cotas é o de quando parar. Nem o mais ferrenho defensor desses mecanismos pretende que eles sejam eternos, já que encerram um paradoxo: têm como ponto de partida o reconhecimento de distinções raciais, que são justamente aquilo a que as ações afirmativas visam pôr fim. Cotas, assim, só se justificariam como algo provisório, a ser mantido até que grupos que sofreram discriminação superem desvantagens históricas. Determinar quando o passado deixa de atuar sobre o presente é um problema metafísico insolúvel, daí que se buscam outros expedientes. No caso do projeto de lei, o prazo de validade foi arbitrariamente fixado em dez anos. É melhor do que mantê-lo em aberto, mas esse tipo de disposição quase nunca é respeitado, como o prova a zona franca de Manaus, criada em 1967 para durar 30 anos. Há quem recorra à demografia. Por essa lógica, como mulheres são 50% da população, só haverá igualdade quando elas compuserem 50% do Legislativo. Se negros e pardos são 52%, devem atingir tal proporção em todas as esferas, do serviço público, à TV passando pelo esporte. O problema é que seres humanos são complexos. É possível que mulheres, num lance de sabedoria, não prezem tanto quanto homens a carreira política ou que negros, imbatíveis no atletismo, não sejam tão bons nadadores. Levar a ferro e fogo a lógica demográfica implica que, em algum momento, estaremos induzindo pessoas a fazer o que não querem. Pior, o que fazer quando a cota é excedida? Nas universidades, mulheres já são 60%.

Mais alunos do ensino médio de SP têm nota ruim   (Folha de s.Paulo – Cotidiano – 28/03/14)

Mais alunos do ensino médio e do fim do ensino fundamental têm conhecimento insuficiente em português na rede estadual de São Paulo.  Por outro lado, há menos estudantes do início do fundamental nesse nível crítico. Divulgadas ontem pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), as constatações provêm do Saresp, exame anual aplicado nas escolas mantidas pelo governo paulista. A rede concentra quase metade de todos os estudantes do Estado. No 3º ano do ensino médio, a proporção desses alunos com conhecimentos considerados abaixo do suficiente pelo governo aumentou 15% entre 2012 e o ano passado (de 34,4% para 39,6%). As notas desses alunos indicam que eles não sabem, por exemplo, interpretar textos jornalísticos ou publicitários que tenham gráficos. Os resultados serão os mais recentes divulgados até a campanha eleitoral deste ano, em que Alckmin deve tentar a reeleição. O dado positivo para o governo é que a proporção de alunos no patamar insuficiente diminuiu 11% no 5º ano do fundamental. Ficou agora em 16,1%. Em matemática, houve leve recuo na proporção de alunos com conhecimento insuficiente, tanto no fundamental quanto no médio. A prova compõe o Idesp, indicador que considera também a taxa de aprovação dos estudantes e é usado como baliza para pagamento de bônus aos professores. Conforme o jornal “O Estado de S. Paulo” informou ontem, o Idesp melhorou na primeira etapa do fundamental, mas piorou no médio.

REPERCUSSÃO
“Tivemos do 1º ao 5º ano uma melhora importante. É o melhor índice de toda a série histórica”, disse Alckmin. “Significa que no ciclo 2 [do fundamental] eles vão melhorar e no médio também.”  A diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, afirma não ser possível garantir que a melhora obtida pelos alunos mais novos será mantida pelo restante da vida escolar. “Há anos o primeiro ciclo do fundamental melhora no país, o que não é refletido nas outras séries”, disse. “A partir do 6º, quando o aluno começa a ter diversos professores, fica mais evidente a má formação dos educadores, o currículo inchado com muitas matérias”, disse. Ela ressalta que a Secretaria da Educação implementou ações que podem melhorar a situação a médio prazo, como o programa de escolas de tempo integral –hoje em 182 das 5.300 escolas da rede, mas que deve crescer. Pesquisador da USP, Ocimar Alavarse destaca que a pontuação exigida pelo governo para considerar um aluno como satisfatório é menor do que o recomendado por diversos especialistas. Na escala sugerida pelo Todos pela Educação, para ser considerado satisfatório o aluno do ensino médio precisa tirar nota 20% maior que a exigida em SP (métrica que teve a participação de membros da secretaria estadual). “O ensino médio sofre com falta de identidade. Ele quer formar para a universidade, para o trabalho, para tudo. Não dá”, disse a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Maria Izabel Noronha.