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29/07/2013 / Em: Clipping

 


Erro de percurso   (Folha de S.Paulo – Opinião – 29/07/13)

O Brasil já teve algumas faculdades de medicina que eram notórias linhas de produção de médicos despreparados, que descobriam na clínica as falhas de sua formação, resultado, majoritariamente, da falta de treinamento prático e supervisão.  A partir de 2006, com a definição de um novo marco regulatório na educação superior, baseado na avaliação, criou-se fundamento para maior exigência tanto para autorização como para o reconhecimento de cursos, combinada com as disposições jurídicas necessárias para o fechamento daqueles com qualidade insatisfatória, ou pelo menos a redução de suas vagas.  O instrumento de avaliação para autorização de cursos de medicina, contendo as condições mínimas para o seu funcionamento, exige a “disponibilidade de serviços assistenciais, incluindo hospital, ambulatório e centro de saúde”, visando oferecer aos alunos locais de “prática desde os estágios iniciais”.  Essa disposição concretiza objetivo apontado nas Diretrizes Curriculares Nacionais de Medicina, de 2001: “A formação do médico incluirá, como etapa integrante da graduação, estágio curricular”, que deve corresponder a pelo menos 35% da carga horária do curso. O processo de supervisão de cursos de medicina realizado pela Secretaria de Educação Superior, em 2008, para avaliar as deficiências dos cursos com desempenho insatisfatório no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) revelou que o que mais explicava os resultados negativos era a precariedade do internato, nos dois anos finais do curso, em que se concentra o aprendizado prático. É a fase mais cara e complexa do ensino médico. Essa experiência embasou um redirecionamento da formação médica de fortalecimento da residência. E hoje esse serviço chegou a locais que até poucos anos atrás eram desassistidos. As iniciativas do programa Mais Médicos desorganizam profundamente a sua evolução. Também está em risco a possibilidade de racionalização da formação médica baseada em estudo sobre a distribuição geográfica dos médicos no Brasil, que identifique as localidades realmente carentes e oriente a abertura de novos cursos, mediante chamada pública. O Brasil hoje forma, por ano, cerca de 15 mil médicos. Qual a necessidade e o sentido de quase dobrar o número de ingressantes? E por que fazê-lo em menos de quatro anos? A criação de 23 novos cursos de medicina, entre 2011 e 2013, somada à anulação dos cortes de vagas efetuados nos processos de supervisão de 2008 retiram toda a credibilidade da promessa de qualidade. A abertura de mais vagas em cursos de medicina não irá proporcionar a melhoria dos sistemas de saúde locais. Talvez traga algum prestígio às cidades que sediarem esses cursos; há muitos prefeitos que acreditam, de boa-fé, que a presença de uma faculdade de medicina valoriza a cidade e cria um fato que depois justificará romarias a Brasília pedindo hospitais, verbas, pessoal, enfim, toda a estrutura que hoje falta à saúde pública e que faltará também ao curso nascente. Mas quem certamente ficará satisfeito com a perspectiva das novas vagas são as instituições privadas, cujo retorno financeiro virá não apenas dos cursos de medicina, mas também do ganho marginal com outros cursos da área da saúde que a instituição ofereça. E depois desses desacertos, voltaremos a ouvir as velhas promessas de melhoria da qualidade da educação superior. Esse problema, o país já demonstrou que pode e quer enfrentar.
MARIA PAULA DALLARI BUCCI, 50, é professora livre-docente da USP e do Mackenzie. Foi secretária de Educação Superior (2008-10) e consultora jurídica (2005-08) do Ministério da Educação

Univesp oferecerá 5 mil vagas de graduação a distância em 2014   (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 29/07/13)

O governo de São Paulo anunciou ontem que pretende oferecer cerca de 5.000 vagas de graduação a distância em 2014 pela Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) –que quer ser a quarta universidade estadual paulista, além da USP, da Unicamp e da Unesp. O anúncio foi feito durante a conclusão do primeiro curso de graduação a distância feito em uma universidade estadual de São Paulo. O curso de pedagogia da Unesp em parceria com a Univesp formou 992 professores ontem. Eles estudaram pela internet e tiveram 40% das aulas em polos presenciais espalhados em 20 cidades. A advogada Moema Arruda dos Santos, 35, dava aulas no ensino fundamental quando ingressou no curso. Hoje, formada, pretende trabalhar na coordenação pedagógica. “O fato de o curso ser semipresencial facilitou para quem trabalha. Mas isso não significa que não éramos uma turma. Éramos muito unidos, íamos uns à casa dos outros.” O curso de pedagogia teve início em 2009. Na época, a demanda foi grande: 5,9 candidatos por vaga, quatro vezes maior que a média. Dos 1.350 inscritos, 992 se formaram. “É uma taxa de evasão baixa [de 26%]”, diz o coordenador do núcleo de educação a distância da Unesp, Klaus Schlunzen Júnior.

NOVOS CURSOS
Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a Univesp vai oferecer agora cursos de graduação em biologia, física, química, pedagogia e matemática, além de duas engenharias: de computação e de produção. O governador assinou um decreto de criação das 40 primeiras vagas para a Univesp. Os concursos para o preenchimento das vagas devem acontecer até o final deste ano. Carlos Vogt, presidente da fundação, disse que a Univesp está dando início ao pedido de credenciamento ao MEC para ter status de “universidade”. Isso permitirá que a instituição ofereça cursos de graduação a distância sem depender da USP, Unicamp ou Unesp.

Aluno de graduação a distância fica mais jovem   (Folha de S.Paulo – Especial – 29/07/13)

A necessidade de trabalhar em dois turnos, cuidar da casa e ainda estudar afastou da universidade a estudante de pedagogia Tatiana de Lacerda, 24. Em 2011, ela largou o curso sem previsão -e tempo livre- para voltar. Com a ajuda da tecnologia e o crescimento da oferta de cursos de educação a distância, ela diz que vai retomar as aulas em agosto, dessa vez acompanhando as matérias pelo computador de casa. “Era muito cansativo sair antes das 7h de casa e, com a aula a noite, chegar depois das 23h”, afirma ela, que trabalha com educação infantil. O caso de Lacerda, que vai apostar nessa modalidade de ensino estando na faixa dos 20 anos, não é único. O perfil do aluno que cursa a graduação de maneira remota, pelo computador, está mudando, de acordo com João Vianney, conselheiro da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância).”Até 2007, esse estudante tinha mais idade e nunca havia tido a chance de chegar ao ensino superior”, conta. Nos últimos anos, os cursos a distância ampliaram a oferta e começaram a atrair um público mais jovem. Em 2011, a média de idade dos alunos de EAD (Educação a Distância) era de 33 anos. “Mas essa média já foi de 40 anos na metade da década passada”, analisa Vianney. No ensino presencial, a média de idade do ensino superior presencial é de 26 anos, de acordo com o MEC. Também existe a questão do preço. De acordo com o especialista, os cursos remotos chegam a custar 76% menos em escolas do Estado de São Paulo que oferecem o mesmo programa nas duas modalidades.

QUEM FAZ
José Manuel Moran, pesquisador em gestão de projetos de educação na USP, diz que o EAD atende a uma demanda de alunos que precisam de um diploma de curso superior ou querem atualizar seus conhecimentos profissionais. “É um publico que normalmente está empregado, tem família, não começou a graduação aos 17 anos e não pode ir todos os dias à faculdade”, diz. “O diploma, para essas pessoas, é uma saída para melhorar a qualidade de vida e a empregabilidade.” É o caso de Simonica Ferreira, 31, que está no primeiro semestre de administração de empresas, após 13 anos longe da escola. “Senti necessidade pela parte profissional, porque hoje as empresas pedem cada vez mais conhecimento”, afirma Ferreira. “Sempre trabalhei e tenho experiência em carteira, mas precisava continuar me atualizando para meu currículo ser mais apresentável.”

FUTURO INTEGRADO

A tendência é que os cursos presenciais passem a incorporar mais características das aulas a distância. A penetração da internet e o avanço das tecnologias de comunicação, como redes sociais e o armazenamento de dados em nuvem, vão levar a uma transformação no próprio ensino presencial. O empreendedor Gustavo Angimahtz, 28, já era formado em comunicação social quando sentiu necessidade de entender mais de administração de empresas para tocar o próprio negócio, uma empresa de cicloturismo. Ele optou por uma pós-graduação presencial com alguns módulos on-line -aqueles voltados ao conteúdo mais técnico, como matemática financeira e economia. “Consegui ganhar dinheiro com a empresa após o curso, porque aprendi a montar um fluxo de caixa e preparar uma estratégia consistente.” Para Vianney, o EAD não se sobrepõe ao presencial, porque “quando o jovem pode, ele quer ir ao presencial para manter a interação com os colegas”. Para Moran, “à medida em que essas plataformas tecnológicas vão se ampliando e ficando mais baratas e eficientes, elas chegam à sala de aula tanto na mão do aluno quanto na do professor”. Nesse cenário, o profissional deve atuar mais como mentor que compartilha sua vivência para ajudar o aluno a entender o conteúdo.



Filmes podem ajudar os vestibulandos no estudo  (Jornal Agora – Dicas – 29/07/13)

Mesmo as pausas nos estudos para relaxar podem ser aproveitadas pelo vestibulando. Professores de cursinhos pré-vestibulares indicam uma série de filmes que podem ajudar na preparação para o vestibular. Essas obras auxiliam a fixar os temas, principalmente nas disciplinas de história, de geografia e de literatura.  Nesta última, inclusive, há diversas obras de leitura obrigatória nos vestibulares da USP e da Unicamp que contam com adaptações para a telona.



Promessa de abrir milhares de vagas de medicina em faculdades federais esbarra em obstáculos conhecidos   (Veja – Educação – 28/07/13)

Ampliar a assistência médica pelo interior do Brasil, onde ela é escassa, é uma necessidade antiga. Na metade do terceiro ano do governo Dilma Rousseff, virou prioridade de estado. Entre as promessas para combater o problema contidas no controverso programa Mais Médicos, lançado logo após a onda de protestos de junho, está a criação até 2017 de 11.447 vagas de graduação em medicina distribuídas por 117 municípios, especialmente no Norte e Nordeste (“o objetivo é desconcentrar a oferta de cursos”, diz o Ministério da Educação). Das 11.447 novas cadeiras universitárias, 3.615 deverão nascer dentro de instituições federais de ensino. É uma promessa e tanto. Ou “utopia”, na visão do dirigente de uma das próprias federais. “É proposta de quem não sabe nada de medicina”, diz Antônio Carlos Lopes, diretor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma das referências no ensino no país. Os números apoiam a descrença do diretor da Unifesp. Segundo dados do Censo da Educação Superior, entre 2000 e 2011, foram abertas apenas 1.391 vagas de medicina em todas as faculdades públicas do país — a cifra inclui unidades municipais, estaduais e federais (não há dados individualizados disponíveis). Ou seja, em onze anos, a União certamente abriu menos de 1.391 vagas; agora, em cinco, promete criar 3.615. É fazer mais do que o dobro na metade do tempo. A dificuldade em expandir aceleradamente o número de vagas longe dos grandes centros pode ser resumida a dois obstáculos: escassez de professores e problemas de infraestrutura para o treinamento dos futuros médicos.