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30/04/2013 / Em: Clipping

 


Cotas e notas   (Folha de S.Paulo – Editorial – 30/04/13)

Há sinais de que se alarga o espaço para objetividade no sensível debate sobre cotas em universidades públicas, como mostrou reportagem de Érica Fraga, nesta Folha, sobre notas obtidas por cotistas. Instituições oficiais de ensino superior consomem verbas públicas para formar recursos humanos de qualidade. A seleção com base no mérito acadêmico, medido pelo vestibular, era a forma usual de escolher os jovens privilegiados com esse investimento social. Como os melhores alunos do ensino médio no Brasil costumam sair de escolas particulares, o vestibular e as faculdades públicas tornaram-se um mecanismo reprodutor de vantagens sociais. Surgiu então a pressão, fora e dentro da universidade, para torná-la socialmente mais diversa e inclusiva. Um movimento legítimo, mas infelizmente distorcido pelo viés de raça, importado dos EUA. O critério racial para cotas padece de dificuldades éticas e práticas insuperáveis, como inscrever a discriminação (ainda que bem-intencionada) em lei e ter de arbitrar a raça dos muitos mestiços brasileiros. Por tal razão, este jornal advoga cotas sociais, como bônus para estudantes oriundos de escolas públicas, no pressuposto de que o critério favorecerá de modo automático os mais pobres e os integrantes de contingentes étnicos. Como promove a inclusão de alunos mais despreparados, era de prever que o sistema redundasse em menor rendimento acadêmico de sua parte no curso universitário. Foi precisamente o resultado encontrado por Fábio Waltenberg e Márcia de Carvalho, da Universidade Federal Fluminense, com base no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) de 2008. As notas de 167.704 alunos que concluíam a graduação revelaram que os cotistas tiveram avaliações 9% a 10% menores que não cotistas, dependendo da instituição. Salta aos olhos que a defasagem não seja muito significativa. Para comparação, basta mencionar que estudantes do sexo feminino costumam ter notas 10% superiores às de colegas masculinos. Outro estudo, com egressos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (pioneira na introdução de cotas), encontrou diferencial similar (8,5%) e uma tendência surpreendente: mais cotistas (47%) se formam do que não cotistas (42%). Essas pesquisas, ainda preliminares, sugerem que as cotas não ocasionam o desastre acadêmico previsto, de um lado, e talvez até melhorem a eficiência do gasto público (diminuindo a evasão). Montar um sistema de acompanhamento meticuloso dessas variáveis é crucial para o governo federal revisar periodicamente o experimento social das cotas.

Hélio Schwartsman

A medida das cotas   (Folha de S.Paulo – Opinião – 30/04/13)

Os estudos que mostram que o desempenho médio de estudantes beneficiados por programas de ação afirmativa é inferior ao dos demais não deveriam causar surpresa. Se fosse tão fácil para cotistas apresentar rendimento superior ao de não cotistas, como sugeriram alguns trabalhos divulgados com alarde poucos anos atrás, ninguém estaria discutindo cotas. É justamente porque são piores que a ideia de ação afirmativa se coloca. Também não é o caso de tomar tais resultados como demonstração insofismável de que essas iniciativas deveriam ser rejeitadas “prima facie”, já que serviriam apenas para aniquilar a meritocracia dos vestibulares clássicos. Dá para sustentar, como o fez Fábio Waltenberg, responsável por um dos estudos, que o desnível da ordem de 10% verificado entre os dois grupos é um preço baixo a pagar pela maior inclusão. Toda a dificuldade em torno das cotas vem do fato de que universidades desempenham um duplo papel. Elas se tornaram a principal mola de ascensão social do mundo moderno e também têm a missão de formar os quadros que estarão à disposição da sociedade em todas as áreas. Enquanto o primeiro critério admite salpicadas da tal de justiça social, o segundo recomendaria uma adesão mais forte à excelência acadêmica. O desafio é encontrar um jeito de conciliar os dois princípios. Não sei se isso é possível, mas a resposta, se existe, não são os 50% de vagas exclusivas para minorias e pobres do novo modelo federal de ação afirmativa. Sua implementação aumentará o “gap” entre cotistas e não cotistas, inflacionando o preço da inclusão. A única conclusão forte a tirar disso tudo é que é urgente melhorar o nível da escola básica. Uma das características do conhecimento acadêmico é que o aluno só progride bem quando domina as etapas anteriores. O lugar certo para combater o desnível são os primeiros anos do ensino fundamental, não a faculdade.

Governo não vai desistir de cotas, afirma ministro   (Folha de S.Paulo – Cotidiano – 30/04/13)

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse ontem que o governo “não vai recuar” da política de cotas, mas que as universidades precisam “trabalhar” para que cotistas tenham o mesmo desempenho dos alunos que ingressaram pelo sistema tradicional. Reportagem da Folha de domingo mostrou que, segundo estudos recentes, beneficiários de cotas e bônus apresentam resultados piores do que os demais na graduação. As pesquisas também concluem que a diferença de notas perdura até o fim do curso. “A universidade tem que preparar tutoria, trabalhar com esses jovens para eles terem o mesmo desempenho, mas nós não vamos recuar dessa política”, disse o ministro da Educação, em discurso durante a cerimônia, em Campo Grande, de entrega de ônibus escolares para prefeituras de Mato Grosso do Sul. “Vamos combater essa visão elitista de que educação é só para quem pode pagar ou nasceu numa família rica.” Na fala, Mercadante incluiu a política de cotas entre as ações bem-sucedidas do governo na área da educação. Ele defendeu a lei que destina metade das vagas em universidades federais para alunos egressos de escolas públicas –porque, justifica, 88% dos alunos do ensino médio, etapa anterior à universidade, estudam na rede pública.

Estude na Unicamp sem vestibular   (Folha Online – Educação – 30/04/13)

Gilberto Dimenstein

Já não há dúvida – nenhuma dúvida – de que a educação do futuro estará em algum lugar entre o ensino presencial e virtual. Aí é que se vai encontrar a fórmula. Nos EUA, a experimentação é monumental e envolve muito dinheiro. A mais relevante experiência, batizada de EDX, unindo Harvard e MIT, promete para o próximo semestre entregar sua plataforma para ser usada por qualquer universidade. A prova de que o Brasil já está seguindo essa onda é que, nesta semana, a Unicamp inaugurou seu portal com conteúdos abertos com vídeo-aulas e já planeja colocar apostilas e textos dados em sala de aula ( mais detalhes aqui ). Pequenas experiências brasileiras têm feito um sucesso razoável como as aulas de português criadas pela PUC-SP ( mais detalhes aqui). O fato é que, gostem ou não, a sala de aula como a conhecemos morreu – só ainda não foi enterrada.

Unicamp cria portal que reúne conteúdo de aulas de seus professores   (Folha Online – Educação – 29/04/13)

Com o objetivo de divulgar a produção da universidade e de auxiliar professores na preparação de suas aulas, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) criou o portal e-Unicamp. O portal, que começa a funcionar nesta segunda-feira (29), reúne materiais das áreas de exatas, humanas e biológicas criados pelos próprios professores da Unicamp em único local em que será possível realizar consultas por meio de vídeos, animações, simulações, ilustrações e aulas. O portal já conta com 50 vídeos, 300 animações e mais de mil imagens licenciados em Creative Commons –que permite o livre compartilhamento sem fins comerciais– e das condições estabelecidas pela Lei 9.610/98 quanto aos direitos autorais. “O projeto é resultado de esforço relevante, no sentido de aproximar a comunidade da produção técnico-científica que as disciplinas dos cursos de graduação da Unicamp refletem”, destaca a professora do Instituto de Biologia e coordenadora-associada do GGTE (Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais), Vera Solferini. A ideia do projeto é impulsionar o uso de tecnologias educacionais que permitem a criação de novos relacionamentos entre professores, alunos e comunidade. “A ideia começou há um ano e, nos últimos seis meses, intensificamos o trabalho. Queremos ajudar professores de Ensino Médio e Fundamental a preparar suas aulas e ajudar os alunos em sua preparação de estudos”, diz Solferini. O portal criado pela Unicamp segue uma tendência mundial que amplia a relação entre a instituição e a comunidade, como ocorre no MIT (Massachussets Institute of Technology), dos Estados Unidos, por meio do projeto MIT OpenCourseWare, o qual disponibiliza à comunidade mundial conteúdos didáticos de suas disciplinas em vários formatos. Segundo Vera Solferini, a intenção agora é de abastecer o portal com mais resumos, apostilas, roteiro de aulas práticas. “Trata-se de um portal dinâmico que recebe conteúdo de diversas naturezas e esperamos que aos poucos fique cada vez mais completo”.



Unicamp lança portal com conteúdo de aulas dos professores  (Globo.Com – G1 Vestibular – 29/04/13)

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) lançou, nesta segunda-feira (29), um site para reunir o conteúdo de aula criado pelos professores por meio de vídeos, animações, simulações e ilustrações. O acesso ao que é publicado é livre e são disponibilizados materiais das áreas de exatas, humanas e biológicas. Segundo a universidade, a ideia do e-Unicamp é estimular o uso de tecnologias na área de educação e incentivar o relacionamento entre docentes, alunos e a comunidade em geral.



Unicamp lança site com videoaulas gratuitas pela internet   (Terra – Vestibular – 29/04/13)

Parece que as universidades brasileiras estão realmente de olho no movimento, que tem ganho força internacionalmente, de oferecer conteúdos gratuitamente pela internet. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é uma delas e lançou nesta segunda-feira o portal e-Unicamp, uma plataforma aberta com conteúdos livres e gratuitos produzidos pelos professores da instituição. O portal entrou no ar com 50 videoaulas de diferentes cursos da graduação e pós-graduação, animações e um banco com mais de mil imagens. “Desde que a internet surgiu, a gente vê o quanto é difícil manter algo fechado. Precisamos abrir todos os conteúdos. Isso é uma coisa fantástica, já que permite às pessoas o acesso a arte, cultura e ciência”, afirma Vera Solferini, professora da Unicamp responsável pelo projeto. Segundo Solferini, a iniciativa de criar o portal surgiu há pouco mais de um ano, quando, em conjunto com uma equipe de professores, decidiu reunir diferentes conteúdos produzidos na universidade em um só local. Ao fazer isso, esperava fortalecer relações dentro da própria instituição ao mesmo tempo em que disponibilizar para a sociedade o conhecimento produzido na universidade.